segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Álcool, fingimento e divindade.

Tens algumas escolha.
e beijas o chão pelo álcool que derramastes.
Uma mulher.
a amplidão vertical.
a vida é melhor com ela.
mas não exista tanto assim
faça de conta,
que às vezes,
você gosta de ser invisível.
porque às vezes.
eu faço de conta,
que você não existe.
E você não existe.
Não agora.
Porque agora tenho controle.
Quando você existe, não tenho.
E Deus está lá.
talvez continue até o fim.
Ou nos abandone de vez.
Mas tanto faz,
às vezes é bom ser invisível.
E você ouve: tum-tum-tum.
é que,
na invisibilidade,
minha boca é meu coração.
que te chama.
e você ouve.
ou não!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Boceta ambulante.

Havia encontrado um gênio. Oferecera-me três pedidos. E eu disse que um me bastava. Queria uma boceta ambulante, que falasse, mas que só falasse quando fosse me elogiar, porque era assim que eu queria as mulheres, queria que só falassem quando precisasse enaltecer o ego. E falar a verdade, o ego é a parte feminina de todo homem. O que nos faz sentir humanos, essa bosta é um estraga perfil. Quem dera eu mantivesse somente a minha consciência que passa 75% do tempo vivendo em 100% do período bestial e arruinado dessa vida que nada mais é que uma espera dolorida de algo melhor; a morte por ex. ou o sexo. Ou desordem. ou aposentadoria. ou paixão. Ou fábula. Ou lenda. Ou o inferno. Sentir-se humano é tão desagradável quanto ter consciência de que és urubu e és símbolo de algo escuro e muito podre. O gênio me deu a boceta, mas disse que eu precisava fazer os outros dois pedidos. Falei pra que voltasse na outra semana que eu articularia a bem-feitoria dos meus outros dois pedidos. Talvez quisesse que todo mundo fosse feliz, talvez quisesse ser famoso, talvez artista, talvez jogador de futebol, talvez músico, talvez amigo de Reinaldo Moraes e Bortolloto. Talvez dono de bar. Cervejaria. Boca de fumo. Talvez ordem. Mas quem precisa de ordem pra morrer? Nem o tempo seria a favor disso. Passei um dia inteiro passeando com a minha boceta embaixo do braço, era fervorosa e quente. Pingava o tempo todo, como era meu desejo, me excitava, e às vezes eu entrava no banheiro dos lugares e fazia sexo rapidamente, depois continuava o passeio. Tive que comprar uma bolsa, pelo tamanho da valia do produto tinha que comprar algo bom. Comprei uma bolsa cara, Louis Vitton, ela merecia. Levei a casa dos meus amigos, ela não disse nada, pegamos o ônibus e ela ficou seca. Joguei no banco ao lado e ela virou pra janela sem nem piscar pra mim. E ficamos uma semana nessa briga de casal e quando o gênio voltou eu disse: Cara, não há diferença alguma das mulheres que tive. A única é que as outras ao menos falam comigo, mas essa não. Não sou tão cretino assim, mereço um elogio às vezes, ao menos no sexo. E essa deve ter algum problema. Pode matar essa vagabunda; depois queima. E lá se foram meus outros dois pedidos e continuo na mesma merda com as mulheres. Gastando dinheiro, brigando, sem elogios e sendo taxado de marginal machista. Todas à merda. Desde que me dêem sexo.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O problema é a demasia.

A agonia se reflete muito em mim.
e eu não sei o motivo.
talvez o fato de os gatos terem uma vida sexual mais ativa que a minha
e ainda conseguirem dormir 20 horas por dia, explique.
Talvez não.
Mas a realidade é que sob o sol não me dou muito bem
e sob a lua a vida parece demasiadamente incólume.
E não gosto de nada virgem, ileso ou salvo.
O risco que o sol me faz não é aventureiro
e a lua imaculada é tão chata quanto assistir, às onze da manhã, um filme de terror.

sábado, 13 de novembro de 2010

Vida, morte e merda seca.

Não me disseram jamais a finalidade de trabalhar. Não acordo cedo há décadas, às duas e meio que estou a viver. Não gosto de ser um empregado quando sei que meu dom não é esse. Beber e fumar o inferno é o que tem sido repentinamente exclusivo, isso não me falta, nem às vésperas do despertador que tilinta meu cérebro que dói, depois de beber e fumar o inferno e dormir duas horas diárias. E ao chegar à empresa me dizem: para com isso, Téo. Isso um dia lhe matará. – e quem disse que eu to fugindo dessa desgraça toda? Um câncer, uma cirrose ou um enfisema seria somente uma batalha que eu adoraria por à prova. Ou você pode ou não pode. Daí vem o diagnóstico, ou melhor, o prognóstico – ou se é forte ou se é fraco, pra qualquer um dos dois, o protocolo tem um só resultado: a vida ou a morte que não têm diferença alguma de merda seca.
Você passa a vida toda procurando por explicações pra essa causa, e entre tantas organizações não governamentais, não há nenhuma que te dá assistência mortal. Seria ótimo ter um lugar que te desse coragem pra seguir em frente caso quisesse desistir. Corda, facas, 38, casa com gás encanado, sem janelas, abrir e boom... Estourar seu cérebro com a mesma coragem que encara um copo de cerveja. As pessoas são hostis e burras demais, não há ninguém que encare com naturalidade a perda da vida. Um aborto, uma legalização de droga, qualquer droga, e a política vai acompanhando esse processo de banalização da inteligência, não há um nesse mundo, quem vá contra os princípios caóticos, se preferir; católicos e delinqüentes. Minha mulher me diz que a morte é doída e ingrata e eu a esbofeto toda vez que blasfema em vão. Falar da vida pode, afinal, todo mundo sabe o sentido que essa coisa mais-ou-menos traz pra quem passa, injustiça, trabalho, mulheres apaixonadas e broxadas. Às mulheres deixo minha lápide, ao bar minha conta, aos amigos minha ausência e ao demônio o desafio: tenta sorte.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Paixão, umbigo e verruga.

No bar, o conhaque, a cadeira vazia.
- Téo, posso me sentar?
- sentai, Johnny.
- Téo, conheci uma mulher, que, cara...
- Comeu?
- Comi, Téo. Mas tem um diferencial.
- Qual?
- ela é uma aberração!
- como assim?
- nos beijamos, conversamos sobre Sartre e Coates, sim, cara, ela gosta de Coates, me disse que Valse Serenade é melhor que trepar e tocar o umbigo. Não entendi, claro, jamais entenderia até ver.
- entendo.
- então, aí ela me chamou pra casa dela, do nada, sem sequer um conhaque. Entramos, ela arrancou minha roupa, me chupou e disse pra eu esperar... foi ao banheiro, e voltou de roupão e a beijei a boca, estava apaixonado, olhava nos olhos dela e dizia que a amava, era tudo que eu queria. Era linda; aí ela tirou o roupão, e tinha um umbigo maior que meu pau, cara.
- e você gostou?
- no começo achei estranho, mas depois fui me acostumando, ela me disse que era pra eu descobrir o ponto fraco dela, e adivinha onde era?
- no cu?
- não, Téo, caralho... ... no umbigo.
- e você chupou o umbigo dela?
- então... comecei com receio, mas depois a beijei loucamente, afinal, eu havia dito que a amava e quando a gente ama alguém, pouco importa a cara, quiça o umbigo. E nos jogamos na boca, já havia gozado na boca dela, ela havia dito que me amava também e fomos nos tocando, nos conhecendo, definitivamente. Pediu pra eu parar e colocou Coates, pedi Mahler, já que aquilo era estranho pra mim, Mahler cairia melhor. Não obedeceu, acabou colocando a Missa Solenis do Beethoven, era de fato uma aberração, Téo. Quando a penetrei, ela estava molhada e estimulava o clitóris enquanto a comia. Mas ela não quis nem saber, colocou minha mão no umbigo e mandou eu mexer bastante, e a mina gozou mais que do que eu já havia esporrado na minha vida toda, Téo.
- e essa moça é de onde?
- ela me disse é que de B’612.
- porra, mas esse é o planeta do Pequeno Príncipe, não é?
- pode ser, Téo.
- mas lá só tinha o Pequeno Príncipe, a rosa e os jatobás que ele matou.
- talvez ela seja a rosa, Téo. Ou o Pequeno Príncipe, talvez um jatobá morto. Mas o que e impressiona mesmo é o umbigo...
Levantei e fui pra casa, chegando em casa contei pra minha mulher que eu não era maluco, havia gente pior que eu por aí, todos os dias, em todos os bares e ela mandou eu estimular a verruga que tinha na altura da terceira costela.

sábado, 30 de outubro de 2010

Luz, sombra e Mahler.

Embora a vida me limitasse costumava a atingir outros níveis de radicalismo. Às vezes o extremo não passa da esquina. Você pode passar a vida rindo, voando, amando, sorrindo, bebendo, fodendo, querendo, ganhando... ...mas jamais vai tirar aquele vazio que te faz suicida. Porque se há alguma coisa que cabe na vida é a morte. E cabe muito bem, é tão perfeito o encaixe que não há um sem o outro. Mas há muitas coisas piores que a morte, não é, Bukowski? Vícios, mulheres independentes, cervejas quentes e uma porção de frango à passarinho sem alho.
Desferir mentira é tão congratulante quanto a conquista. Uma mulher bem dominada por uma porção de palavras é como se fosse serva. Você um deus. Um Baal, sua arte é ressurgida a cada novo encontro. A cada sorriso diferente. Ser homem só não deve ser melhor que ser o dedo médio de uma mulher; o toque e a garantia de um orgasmo. O que nem sempre estás disposto a dar.
Conhaque, vinho, cerveja e essa mente não para de martelar o futuro. Alguns livros, o Retorno dos heróis de Whitman fazendo com que cada vez eu o ache a bicha mais foda de todos os tempos. E não que seja preconceito, mas as bichas, em sua maioria, se resumem em reclamar, se você é uma, se recolha na sua acepção, és humano, e sabes muito bem que não tens valor algum, como qualquer outro ser humano. Nasce, caga e morre e vai feder no inferno. E essa quinta do Mahler, hein? Faz esse vinho e esse conhaque arderem feito fogo. Arroubo de paixão!

sábado, 23 de outubro de 2010

Rock, conhaque e fígado forte.

Estávamos num concerto, um show de uma grande banda de metal, não sei, não me lembro dos acordes, das músicas. Não sei. Ela não era flor que se cheirasse, era um espinho dos diabos. Eu bem que sabia, mas não hesitava em chegar por perto por causa disso. Dizia que a diferença entre deus e o diabo era somente a fé que lhes era despejada. Um que precisava de muita coisa boa com certo recalque da maldade e outro que precisava de muita coisa ruim com certo recalque de bondade pra que as pessoas elevassem a fé no mais alto estima do dogma.
Era bem gostosa, tinha seios pequenos e gostosos, na palma da mão cabiam feito jóias e eu insistia em beijá-los como se fossem achados em uma mina, por um escravo sem chefe, a liberdade conquistada, o futuro não previsto; o milagre divino.
À bunda não sobraram elogios, mas de fato era a mais bonita que havia visto, redonda, maior que a impressão que os seios passaram, mas havia visto outras bonitas também, logo, isso não surpreendia muito, não tanto quanto as jóias que beijei durante o show inteiro, num banheiro químico.
- me leva pra casa, Téo?
- levo sim.
Quando entramos no carro, perguntei o endereço, não havia muita gasolina no carro, havia bebido demais e não gostava de dirigir embriagado, não que ligasse pra policia ou a vida de outras pessoas, é que quando eu bebia temia a minha vida. Por mais que a vida não era muito agradável ultimamente, morrer não seria muito legal. Aquele show, aquela bunda, aqueles seios...
- qual seu endereço?
- vamos pra sua casa, Téo.
- tudo bem.
Chegamos em casa, mandei-a subir, fui ao bar, comprei duas garrafas de conhaque, estava bastante empolgado, esperava que aquela vadia estivesse me esperando de pernas abertas, afinal, era assim que ela se mostrava bela. Cheguei na porta, bati, ela mandou eu entrar, às vezes eu era educado com algumas mulheres, até em casa, visto que poderiam ser recíprocas na cama.
- comprei conhaque.
- tem copo?
- não.
- onde bebo então?
- comprei duas garrafas, bebe na porra do gargalo.
Ela bebeu tudo, bebeu um litro de conhaque num espaço de 15 minutos e eu fiquei abismado. Informei que o meu quarto era na porta à direita. E que poderia deitar por lá.
- você não vai me comer, Téo?
- não.
Deitei no sofá e dormi. Jamais comeria uma mulher que bebesse mais que eu. O perigo pode estar num show de rock ou num fígado mais forte que o seu.

domingo, 17 de outubro de 2010

Quero que continue!

Estamos perto de uma mudança drástica ou somente uma continuidade. Uma continuidade não tão somente continuada, um governo que reduz a miséria de 14% pra 4,6% em oito anos não é um governo de péssimos resultados visto que isso tudo em apenas oito anos. Um presidente do povo, que passou por toda a miséria que a classe que mais evoluiu no Brasil já passou um dia. Presidente Lula foi o mais populista de todos os presidentes e também o mais keynisiano, o mais social e o mais competente. Tendo Dilma Roussef e Mantêga dois grandes aliados pro crescimento acima do previsto lá em 2002!
Um país respeitado, com grandes manchetes mundialmente a favor do crescimento e apontando o Brasil como o país do futuro. Como dissera uma vez o Jornal El País: Brasil só depende do próximo presidente pra ser um país de primeiro mundo. E pros que dizem que o governo Lula foi continuidade do governo FHC pode ser claro agora. Dizer que o Governo Lula foi espelho é um erro. Não houve sequer uma privatização, houve prós. O Pré-sal por exemplo que está a nosso favor. Enquanto José Serra privatizou a Nossa Caixa em São Paulo, que por sorte, o Banco do Brasil que foi uma das poucas coisas que o FHC não privatizou em seu governo, comprou e o manteve no estado! E a Petrobras que teria seu nome mudado pra Petrobrax a fim de ser privatizada, o nome seria mais internacional, hein? O comando Delta dessa vez pode estar voltando a ativa. Bierrenbach dando entrevista e comparando Serra a Maluf é assustador, visto que Bierrenbach foi um dos grandes aliados do José Serra lá na época da ditadura, quando esse senhor fugiu de barquinho com medo da repressão e voltou 14 anos depois e agora diz que lutou contra a ditadura? Nem na casa do caralho!
Se votarmos em Dilma pra presidente, teremos talvez, entre todos os presidentes, a mais inteligente que se aliará ao social do mais populista e enfim estaremos prestes a chegar ao Primeiro Mundo. Enquanto países de primeiro mundo se corroem de inveja do nosso poder financeiro, social e democrata. É angustiante o jeito como a boataria tem influenciado os eleitores que tiveram os cérebros murchados depois da ditadura, do jeito que o Serra gosta.
E como diria o Lula: Democracia não é somente ter o direito de protestar, mas também ter o direito de ter, no mínimo, três refeições diárias.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sexo, morte e boom...

As pessoas me rodeavam, o bar estava cheio, não sabia ao certo o que havia acontecido, mas havia muito sangue, as cervejas já vazias tremiam sobre a mesa e a mesa, a mesa parecia feita de papel. Ouvia gritos parecia que em algum momento poderia piorar, um homem cortado pela metade ao meu lado, duas mulheres que se beijavam no canto do bar, dois homens que trepavam em cima do balcão e eu no chão. Não sabia como agir, alguns que ligavam pro homem que definhava ao meu lado, alguns que cuspiam na minha cara e outros que elevavam o prazer carnal. Um fetiche, ou estavam simplesmente se despedindo do jeito que podiam. Achara que fosse o fim do mundo, achara que o homem que tocava um folk ao lado de fora estivesse à espera da vinda de Jesus Cristo. E as mulheres que me odiavam estavam todas ali, olhando pra mim, cuspindo em mim, pisando em mim, meus olhos inchados, meu nariz sangrando, o caos, a arte, o desejo, o sexo, as mortes, tudo no mesmo lugar. A humanidade deixara de ser humana há muito tempo e eu me corrompia, gritei ao dono do bar que me servisse a ultima dose de conhaque, ao menos era o que eu achava que seria, você pode fazer qualquer coisa quando acha que está prestes a morte, então faça qualquer coisa como se esperasse a morte; independente do que esteja acontecendo. Se sua saúde estiver boa, se sua fé se mantem intacta, se seus poros não fedem tanto quanto acha que deveriam feder numa situação de morte. Se seu ego não é o mesmo de anos atrás, se você está feliz, se não está feliz, se a morte estiver distante, simplesmente faça. E entrou uma mulher linda, de cabelos ruivos, de olhos grandes e castanhos, de um sorriso imenso e contagioso, com unhas bem feitas, um esmalte bonito, marrom, uma blusa branca, uma calça jeans e um tênis, a roupa pouco importava, porque se não fosse de gala, ainda assim parecia que tudo era uma festa. E ela saca uma arma, aponta pra mim e diz: é na cara, seu filho da puta. Na cara, pra entrar no cérebro, desgraçado. – O cara do bar gritou pra antes esperar eu tomar meu conhaque, trouxe, me segurou pela cabeça, me levantou, me deu o conhaque, se afastou e boom...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cerveja, frango e cigarros.

Quando a encontrei sabia exatamente o que queria. Fato é que as cervejas não estavam tão aguadas aquele dia e que o frio posterior ao calor era impactante. Que não existia o diabo, que deus era um ponto de referência e que o amor, ah, o amor, não se podia ter certeza. Numa cidade em que você vive a vida sem muitas relações com as pessoas que se garoam mais que o tema, que escorrem no asfalto, que entram pelo bueiro e somem e depois vai saber se encontra num carnaval, numa praia, depois de uma caminhada pelo rio Tietê! Talvez fosse a primeira vez e ultima. Talvez não fosse nem a primeira vez, você tinha tanta certeza que ali, aquele encontro, entre cervejas e frango a passarinho, cigarros de filtro branco e outros de filtro vermelho, vermelho pelo bairro rodeando o tema japonês, a fim de não sei o que a não ser brilhar teus olhos, você poderia morrer. Agora sim, você pode morrer e eu sorria.
Ter a oportunidade de se lançar ao acaso que ela correspondera, ter a oportunidade de amar uma mulher pelo sorriso e sem ter a exata precisão do corte, sentir seu coração pulsando na palma da mão e perdera aquele seu extinto tão somente libertino pra aprender que agora, agora já não era tão tarde quanto se imaginava, ela segurava minha mão e me dizia que estava com cara de derrotada e não sabia como eu a poderia achar linda. Mas achava.
Fumar um cigarro, ter a sorte de reencontrar o ex-namorado dela passando por ali, um amigo, quiçá. E você vai andando pelo pensamento e relembra que muitas vezes teve mulheres num tom esclerosado e que não tinha desejo de deitar ao lado de outras, mas se ela quisesse o colo tava livre, o coração quase cheio dessa felicidade toda. E que a boca era linda, os olhos brilhantes o cheiro como nenhuma outra. Não se pode resistir: Cala a boca. E beijei, é, era mais do que esperava. Era macio, preciso e arredio. Acabei caindo em tentação e não paramos. Por fim, sete cervejas, frango a passarinho, cigarros, frio e um monte de beijinhos. E nos despedimos. “Belezas são coisas acesas por dentro” (Otto) – e o metrô não era chato cheio, o trem não demorou muito e o bar foi o próximo destino, desacompanhado.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ladainha pra boi-dormir!

Fazia as coisas se aprofundarem mais divinamente, era de fato uma das minhas qualidades, minha imaginação fluía lentamente, como quem quisera conquistar o cabo das tormentas. E se deus não se fazia presente, era minha vez de abençoar a água que pungia minha vida de esperanças: a cerveja.
E todas estavam presentes ali, na minha frente, qual quisesse, entre o amor e a alma, o dilúvio no navio era quase que um dos destinos de Hitchcock. Há muito tempo não pensava em nada que pudesse desfazer minha sensação anestésica, as mulheres, as dividas, o sexo, a dor do corpo, mas chegava uma hora que bastava extirpar e extirpar a mim era a única coisa que não sabia fazer divinamente. Falta de coragem, talvez.
E bebia, a mesa cheia de garrafas vazias e eu pedia mais, e o garçom, muito meu amigo, trazia duas e cobrava uma, ele sabia o que eu passava, na verdade ele havia me dito que fazia isso porque tinha raiva do dono do bar, mais tarde descobri que o dono do bar era ele mesmo. E pensava que todas as pessoas, todos os seres humanos, tinham nojo de si mesmos em algum momento na vida, fosse pelo que fosse e fazia questão de cutucar a ferida pra que a coisa fosse mais realista. Você pode passar pela vida tocando sinos, ouvindo sermões, tentando seguir uma vida mais confortável e ter à frente um motivo pra acreditar que essa clausura é incontestável porque tens o céu logo adiante. Entre o inferno e o céu, qual? Ou você pode simplesmente esquecer tudo isso, deixar de lado, sentir-se bêbado pela cerveja que foi criada pelo homem mais filho-da-puta do mundo e que devo agradecê-lo até a morte. Sentir-se feliz pelas mulheres que desfilam nuas à sua frente na zona que freqüentas desde os seus dezoito anos e cada semana tem uma mulher diferente à sua espera. Você tem que passar a vida com seus problemas, é inevitável, porem, entre martirizar-se à espera do perdão divino e aproveitar enquanto há tempo na sua única chance de viver pra ser o que és de fato, o que fazes? Eis seu “eterno retorno” e Nietzsche há de concordar com essa ladainha dos infernos.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Aznavour e o acaso.

Ela havia acordado num dia diferente de todos os outros. E pensava que ali, aquele momento, num domingo o acaso lhe seria mais grato que o normal. Era vaidosa, tinha mais de 300 tipos de esmaltes, creme pras mãos, cabelos, tinha um espelho grande no quarto, era a fim de soluções diversas pros cabelos, agora, estava dourado. Pintou as unhas com um vermelho inconfundível, abriu as mãos, olhou bem e pensou: muito puta? Claro que não. Depois do banho, uma espichada de Poivre Caron, lingerie negra, mais que provocante, um vestido roxo, uma bela analisada no decote e se diz gostosa o suficiente pra enfrentar o acaso. Frente ao espelho, olha pro teto, como se acreditasse em deus o suficiente pra agradecer pela beleza que houvera feito.
Ele liga pra ela, e diz que não está bem, mas ela não precisa se importar, ela pede pra dizer o que acontece, ele diz que não está bem, e não sabe muito bem de onde vem e que pensar efusivamente tem condicionado o coração a bombar no mesmo sentido. E que ela é apaixonante, que seu cheiro de baunilha vara as madrugadas acompanhado no vento sulista e blablabá e ela desliga o telefone pra não ouvir nada que pudesse desfazer o acaso. Ele ouve o tun-tun-tun como se fossem passos de um bicho na floresta vindo aterroriza-lo, não faz sentido, bebe mais um pouco de uísque, acende um cigarro, sente o corpo fedido, lembra de não tomar banho há três dias e que ela faz tanta falta que parece que já faz parte do passado enquanto azvanour toca “she” no lado oposto do long play e ouve o barulho dos riscos mas que tanto faz também porque agora-é-a-hora-que-deus-castiga-pelo-tormento-do-amor-aquele-que-desdenhou-tanto-tempo-mulheres-em-troca-de-conhaques.
Ela chega na temakaria, ouvira no táxi que estava bela demais pra estar desacompanhada, mas não esquecera que o acaso estava preparando algo, e que algo seria mais que uma companhia boa e um salton. Comeu um shimeji, limpava delicadamente com guardanapos pra não tirar da boca o desenho que o batom havia feito divinamente, o garçom simplesmente adorava aquela que estava ali sentada, com olhos brilhantes à espera do acaso. Telefone toca e ela olha, pensando que pode ser o idiota novamente querendo se declarar. Atende a fim de exalar menosprezo, mas não, é outro, ela o convida, ele aceita, o acaso estava firmado. Quando chega, senta ao lado dela, da-lhe um beijo no canto da boca, ela olha no espelho pra ver se manchou, sente a calcinha umedecer, pensa no que estava ruim ao telefone, sacode a cabeça, como um gesto possível de esquecer algo que angustia, chama o rapaz pra sair dali, ele diz querer um temaki antes, ela fala que depois, vão pro quarto dele, cheira sexo, bebidas e cigarros, ela o ama, como se fosse o acaso, lisonjeando e o adorando pela chance do prazer, ouvindo save your scissors do Dallas Green que o ouro havia apresentado, mas que agora este lhe estocava unicamente um pinto, que era o único sentido que ela queria naquele domingo.
Acordou dolorida, ressacada e com um gosto de cogumelos na boca. Que shimeji delicioso aquele – refletia, enquanto abria o sorvete corneto que gostava e se deliciava como se fosse criança. E se lembrava d’Ele, com dó, por ter enchido a cara, ouvido Aznavour e ter tido à fora a chance de ter se entregado ao amor, que ela preferia nomear de acaso. Ele fuma o ultimo cigarro, bebe o ultimo gole de uísque, quebra o Aznavour e dorme durante o dia, mais um, sem tomar banho.

sábado, 28 de agosto de 2010

Que se fodam Shakespere, Pessoa, Wolfe e outros.

Tinha 26 anos, meu quarto estava sujo, muito bagunçado, há mais de um mês não havia limpeza por aqui, livros jogados por todos os lados, papéis rasgados de poemas ou contos que em nada se pareciam com algo que prestasse. Tossia muito, tinha febre e as garrafas de conhaque que ganhava dos conhecidos feito esmola estavam vazias e cheias de vermes bêbados pelo tempo que já se encontravam no chão.
Não comia ninguém, não porque não havia mulher que quisesse me dar, mas é que as que queriam me dar eram burras, mulheres inteligentes não queriam me dar, mulheres independentes não queriam me dar, eu não queria que me dessem, se quisesse, estaria lá, tentando. Algumas diziam que me amava. Outras escreviam textos a fim de me conquistar, mas eu não acreditava no amor e a diferença entre elas era visível: umas me expunham a alma. Outras a boceta. E pra um homem que crê na materialidade a boceta é sempre mais apetecível. Você pode passar anos comendo uma mulher que não te acrescenta nada ou várias delas e isso te sustentar o ego. Mas depois que vê, que pras mulheres mais inteligentes você não passa de um mesquinho desgraçado que bebe e fuma , deve haver algo que aspira com mais eloqüência.
E via muita gente reclamando da vida, inclusive eu que sempre costumava beber invés disso. Não tinha trabalho, nem dinheiro, nem amigos, nem mulheres que prestassem e a vida estava à espreita da manifestação incólume literal. Meu telefone tocou e a moça me disse que estava nervosa, TPM fora de época, precisava fumar um baseado, mas se ela soubesse que eu odiava baseado não teria falado nada disso pra mim, não gosto das coisas que me deixam mais retardado do que sou. Exatamente por isso não lia Shakespeare, Wolfe, Jô Soares e afins. Era hora de parar de reclamar, mas eu queria dizer que se você for uma mulher inteligente e quiser me dar, me procure, no mais, se não for, vá à merda, leia Pessoa e chore horas a fio por um sonho idiota que sustenta sua alma romântica e perdida. Sua Tola.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ah, mas eu tô tão feliz!

Tinha alguns desejos impressos toda vez que fechava meus olhos. Amar-te era mais que real desde a nascença. Você me dava paz, me fazia chorar, eu tinha uma percepção incrível dos teus atributos e isso me deixava pasmo. E pensava: será que um dia amarei alguém como te amo, meu amor? Você passava dilacerando meu coração quando não estava no ápice da peleja. E me lembrava que o álcool ajudava a curar as dores que me impunha quando derrotado. O levava a todos os lugares, ia pra qualquer lugar atrás de você, minha paixão era mais que visível e todos diziam: para com essa com essa obsessão. Mas era em você que eu conseguia forças pra seguir. Nos nossos 90 minutos de sexo, entre preliminares, orgasmos e realizações tu me fazias o homem mais feliz do mundo. Nas vezes que broxavas, eu não via intenção alguma de continuar. Mas você sempre me surpreendia com tua cor verdejante pelos quinhões da minha alma. E hoje, tenho 26 anos de amor por você, meu sentido. E fazes 96 anos, meu Palmeiras. E jamais vou deixar de amá-lo como se ama um passarinho morto referido por Bandeira. Parabéns, o presente é sempre meu, alviverde querido!

domingo, 22 de agosto de 2010

uísque barato, quarto fedido e o mesmo bêbado!

Ela me chamou de amor o tempo todo, era uma mulher muito bonita, tratava-me como a seus gatos, tinha um mais recentemente, entregara a alguém por aí. Você pode passar uma vida digladiando com os opostos, mas o extremo mesmo é de se variar. Uma idéia não é conjectura quando se trata de um bêbado, dizia ela. Eu agradecia com leves beijos e goles grandes do conhaque que sempre acompanhava.
Estava distante, não como sempre, agora mais. Não nos separavam os quilômetros, mas a presença. Havia se esquecido do homem que fui, havia me esquecido de não haver nada, mas era normal, um homem deseja e almeja muito quando impressionado. E isso pode partir de novos jogos, como o jogo da vida, dos sentimentos, do sexo, quando um pau encaixa bem numa boceta, tens a maior prova de que finalizou o jogo corretamente, mas entre estar bem posto ou não, não exige que o jogo permaneça intacto ou que ainda haverá novos truques a serem descobertos, o jogo pode simplesmente parar por ali, levantar-se, destruir a torre construída, ir ao bar e dizer: foda-se. Ir ao bar, e ter a companhia da melhor peça do jogo da vida: a bebida.
Havia ido a uma cidade distante, pra esquecer um pouco do viés da ilusão, dizer a ela que iria a trabalho, com uma companhia familiar, parentética, mas não, ir visitar outro país, beber uísque barato e pirata que havia comprado pela manhã, não sair pela cidade durante todo o dia, beber, encharcar-se, dormir no hotel como se fosse seu velho quarto fedendo ao seu corpo rude e vil, lembrar-se que ela poderia estar presente, mas não, a solidão é mais fugaz que a vida, seu uísque te provou isso.
Acordei bem, visitei as Cataratas, nada que me impressionasse muito, como o gosto do uísque, por exemplo, que parecia ser melhor que o original. Os cigarros fedidos e sem filtro, sem impostos, pelo valor de um pão que eu já não comia há muito tempo, voltei pro hotel, tomei mais uma garrafa de uísque, meio zonzo, levantei, fui à rodoviária, perdi o ônibus, embebedei mais um pouco, tomei tudo que a vida havia provido, o outro ônibus chegou, embarquei, bebi mais na viagem, a culpa do sentimento está diretamente relacionada à fragilidade e falta de capacidade de lidar com ele, pronto mensagem via inferno: lembrei de você, saudades. Acho que ainda se lembra quem sou. Talvez lembrasse. Fatídico e ocioso. Esquecer é fácil, mandar a dó pro escanteio que é mais complicado.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Mulheres.

Um sol frio.
Assim como hoje, ela me parece.
Conversávamos sobre tudo,
Agora sobre mais ainda.
Ela é muito inteligente,
Sinto falta do conhaque
Quando meus pulmões estão assim.
Uma febre forte,
Quatro dias.
“deve ser paixão”
Passo o quinto fervendo,
Ela diz que sonhou
Dormindo no meu colo.
Eu sem casaco, frio,
Havia sido filantropo.
Mulher é um bicho ruim,
Ela sabe,
Mulheres são como deuses,
A obrigação delas é amar-nos,
A nossa é adorá-las.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

medo do medo que dá!

Eu havia de fato me denunciado,
ela tinha um jeito qualquer de não sei o quê!
e por fim era ela quem me conquistaria por uns tempos.
Eu não acreditava em amor pra vida inteira,
muito menos no amor.
Ela tinha um nome, vários desejos e eu um sonho.
Eu a chamava de Dindi, mas servia Cass e tantos outros.
Nikki de Irvine Welsh, com aquele cabelo bonito,
boca sexy e bunda redonda. Eu sou louco por ela.
E eu dizia à ela: aqui é festa, amor.
E ela me dizia: covarde.
E eu dizia: gostosa.
e ela: covarde.
Por fim eu me apaixonei devassamente.
Se ela estivesse ao meu lado, depois do amor e do sexo,
talvez me cobrasse alguma coisa.
Eu não teria como pagar! Compraria pães.
Por tantas sopas que pudessem haver.


- Por que justo eu?
- Porque eu gosto de homens feios.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mulher do inferno, companhia divina.

E eu vinha perdendo companhias, estava entre Kerouac, Bukowski, André Santanna, Caio F Abreu, mas quem estava vivo estava longe. Enfim, ela me disse que não queria barba, nem bigode, que achava ruim, eu disse pra se foder e trocasse de homem, fosse dar pra um viado. Reclamava de eu estar acordado há quase 48 horas com a minha sonolência ébria e febril. E eu mandava se foder novamente. Porque você pode ter duas coisas na vida: briga e sexo. E confesso que quando juntava as duas coisas a fodia com mais intensidade, mas também, tanto fazia, se eu não a comesse bem numa noite, durante o dia ela procurava alguém pra dar, se resolvia, fingia que me enganava, chegava mais relaxada e não me enchia o saco, eu queria encontrar o cara que a come, ah, como queria, pra dar um abraço bem forte e dizer que ele faz meus dias mais felizes, quando a leva pra longe.
Sentava no computador, não saía nada que prestasse, era um martírio com meus pulmões, a cabeça dolorida da ressaca, o dia seguinte era sempre impregnante, era como meus cigarros, há muito, cigarros, conhaque e cerveja deixaram de ser companhia, pra se tornarem inimigos, toda vez que se faziam presentes era pra me denunciar: mau cheiro, danos aos pulmões e fraqueza, ah, como o álcool sabia me dominar, era sempre assim, entre o bem e o mal, você escolhe o meio termo, fecha a cara, fica mal humorado, manda a vida à merda, a mulher se foder e ela usa o termo crítico, literal sai às oito da manhã e volta seis horas da tarde, mais sorridente que hiena, abre a bolsa, me dá um novo livro, dessa vez foi um Whitman, tenho uma nova companhia.

Louco, Louco, Louco.

Não quero que você esteja disposta a me levar nos corredores da tua alma, não quero que seja ensejo em uma peça qualquer. Você abre os horizontes, tira o tempo nublado, você ergue o sol, você o põe, o céu vermelho, é nítida a sensação sonar do coração gritando pela vida.
Quero que de repente faça sentido, porque pra mim, ler isso, te transforma numa imagem natural diante dos meus pensamentos.
Você é linda, cativante, apaixonante e amorável, de todas as coisas me sobra só um sentimento, aquele inexplicável, que faz o coração tingir o corpo de vermelho e verde, a fim de paixão e esperança.
Mas essa vida tem me posto à prova, tudo tão louco, tão senil, tão amplo, que a vida tem andado paralela aos corredores de um hospital psiquiátrico. Louco, louco, louco...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Caos!

Duas coisas homeopatas e indizíveis à beira da loucura. Você quer um projeto mental de respeito, mas aí vem o CAOS, o caos é protuberante, como sua barriga cheia de cerveja, que transpassa o limite do cinto de suas calças, sua barriga cobre seu pau, o CAOS cobre sua vida.
O CAOS te tele-transporta, vezenquando é bom pra que aprenda a pensar com mais carinho, mais distúrbio, uma mulher te acompanha o fim-de-semana, mas não te agrada. Cerveja está no limite, entre crer e sonhar beba bastante pra que creia, o álcool não te faz maior ou menor, mas te faz mais homem e verdadeiro. Digo: se fores do ápice ao pé da montanha em questão de horas, está certo, se manter no alto é perigoso, a queda pode ser dolorida. Um homem que bebe demais e ama todo mundo é tão mentiroso quanto Karl Marx. E se Nietszche diz que abençoados são os esquecidos, taí mais um motivo, encha a cara e se divirta com sua amnésia no dia seguinte. E como num acesso divino, pegue suas coisas, venda e me siga, eu segui Kerouac de fato é um profeta. Menos polvoroso e mais aceitável.
Vá do norte ao sul, caminhe sob condições ébrias, mantenha-se em pé, durma duas horas por dia, lute contra moinhos-de-vento, pegue mulheres, trepe em pé, sempre em pé, deitado estará vulnerável, não se esqueça do conhaque, alguma amizade às vezes, uma boa leitura, Boccaccio, por exemplo. Esteja sempre apto às soluções, arrume uma boa desculpa pro erro, não saia por baixo, desminta se te pegarem no flagra, jogue a culpa em alguém, faça do seu CAOS um reflexo do alheio.

domingo, 25 de julho de 2010

Beber e suportar.

E era meu desejo. Ia ao bar, tomava cervejas, conhaques... O sono imperava, não dormia há uns três dias, mas não tinha nada. Ela me deixava acordado. Era uma ótima mulher, uma pessoa que não estava ali só por se fazer presente, mas não parava com as cervejas, conhaques...
Você pode passar pela vida, sendo radical com seus princípios, sendo abissal com suas idéias, absoluto em tuas ideologias, mas jamais ser único no teu corpo. Lembrava das filosofias gregas e romanas a fim de digladiar sobre qual o princípio do sentimento: cérebro ou coração? Os dois.
Quando não a via meu cérebro pensava, quando a via, meu coração pulsava. E lembro dela dizer que não acreditava em tudo que eu havia dito, sobre querer, desejar e permanecer. Mas eu estava ali a sentindo descendo amarga a cada gole de conhaque e saborosa nos goles de cerveja.
Levantei, fui pra casa, bêbado e sem ter ideia do que dizer quando a visse novamente. Você sabe que está dizendo a verdade quando não tem mais o que dizer por congestionamento cerebral. Lobotomia. E você passa por estes períodos se surpreendendo com a destreza da tua fraqueza. E você forte, homem e vil. Passa a perder as duas primeiras qualidades por invalidez. Hora do sono. Lá vem ela novamente.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

E...

Falar contigo, liberar esse astral darwinista que habita a idéia de onde vim. Se me lembro bem, amor. Você faz um café como ninguém. Você ainda fuma lucky strike? Acenda e bafore, isso, eu adoro cheiro de cigarros, você sabe bem disso. Você ainda faz sorvete? Você ainda chupa daquele jeito? Ah, sem essa, eu não consigo sentir saudades dos teus beijos sem pensar no sexo. A família deixou de existir, a cocaína também. O conhaque se faz presente, mas você jamais adoraria saber disso. O álcool, meu amor, é a brisa divina que soprou no momento de maior calor. É um estágio, que nos ensinava que ensinar é necessário, mas aprender é ainda mais; ruiu. Cheguei ao limite. Estes dias um menino aqui perto se enforcou, veja, eu já quase velho e não consigo me condicionar aos desejos. Que moleque danado, me matou de inveja. Você sabe que quando escrevo assim, sem parágrafos e espaço de dois dedos, lembra, que você aprendeu assim na escola e sempre me cobrava? Enfim, você sabe que quando escrevo assim é que estou falando como Dona Maria em botequim. E que talvez ainda haja muito desespero nesse caos que há dentro de mim. E que estender a mão não adianta muito quando estás à beira do precipício e já estou lá embaixo. E se você pudesse sentir o cheiro podre que vem da casa ao lado, se você pudesse ver que tem frio demais aqui e só ando nu. Se visse que tenho aspirações pela morte e que deus tem me acompanhado a vida toda, um passo de cada vez, pra saber se fiquei marcado de fato como pecador. E se visse como fiquei bonito nesse terno, se visse como é envernizada minha cama. E se visse como cheira bem essa terra que me jogam. E se sentisse como é foda morrer arfando, sabendo que passou a vida sem amar e que foder não te fez homem completo...

domingo, 18 de julho de 2010

Faz de conta.

Você passa a sonhar com deus,
E se furta da realidade.
Põe o pé no chão e pisa em ovos,
Fede dos pés às cabeças
E não tens noção disso.
Seu pensamento é curto,
A paciência não existe.
Perseverança é um pedido de paz,
Mas é preciso lucro.
E pra lucrar: guerra.
Teus dois mundos.
O real e o surreal.
És abstrato, Pollock.
Sou abstrato, John Squire.
Somos irreais.
Duas extremidades confusas,
o eixo é infinito.
Das coisas simples,
você faz sonhos.
Das complicadas,
Caipirinhas.

sábado, 17 de julho de 2010

ish!

E preciso pôr em prática a delicada sensação de enfiar o pé na merda. Tenho um pouco de azar por estes dias, a vida tem consumido alguns projetos obscuros da metade clara do meu cérebro. E se por algum acaso, dedico-me poemas, sinto-me auto-suficiente e no bar, peço dois copos, encho-os até a boca, brindo-os e digo: a mim, cheers.
Fico com mulher alheia, bebo do mel que cedem em troca de pouca coisa, uma boa língua, um bom elogio e digo que amo pra que fique menos dolorida a idéia de traição que provocam. Marido em casa, à espera de amor e a puta revolta por aí à espera de um pau que possa ser mais macho que homem. Se por algum acaso, você ajoelhar, não reze, chupe. E me olham com cara tímida e apaixonada. Pervertida e angelical. Confesso que me masturbo pra elas posteriormente, adoro as aventuras da vida que me fazem provocar.
Você não tem mulher, não tem amores e vive muito melhor assim, visto que o amor é uma forma inconveniente de se aproximar do sofrimento. O amor é um jugo, opressão material ou moral. O amor depende de muita coisa pra não passar de começo, meio e morte. Não amar me faz sentir superior aos outros. Faço poemas e não dedico a ninguém. E se eu tenho dois poemas e não ofereço a ninguém, quer dizer que sou egoísta? Mas, os fiz, à minha conveniência!

domingo, 11 de julho de 2010

Capítulo dois. E daí?

Abro as janelas cinco minutos exatamente após tomar meu primeiro gole de conhaque. Pra que ao menos o sol queime minha goela. E bem na hora entra um vagabundo que estava escondido esperando o momento, me dá um solavanco na nuca, me derruba, eu corro à mesa, pego a perna de madeira que é solta e questiono: quer apanhar filho-da-puta? Ele me diz: porra, pensei que era um velho. Você só ouve essa porra dessa música de tiozinho e me disseram por aí que você escreve, não trabalha e só bebe. Pensei que fosse um velho fracassado.
Disse a ele que ouvir Brahms, Wagner e Tchaikovsky não é coisa de velhos. E que isso me deixa mais animado que aquele pagode de quinta-categoria que eles fazem todos os domingos no bar do Joaquim. E que não sou velho como ele pode observar e agora pode dar a volta e ir pra casa. Ou assaltar outra pessoa porque não tenho nada pra que ele leve. Ele disse que não faria, já que estava ali levaria ao menos meus discos, meus vinis eram e são sagrados e ninguém mexe. Aquele filho-da-puta não teria o direito de se meter à prostituta, pra me levar tudo e me deixar rechaçado e com a cara no conhaque.
Peguei o pedaço de madeira e dei na cabeça do vagabundo, caiu feito chumbo, acho que foi certeiro. Não tinha culpa, há tempos não sentia culpa de nada, nem arrumava alguém pra colocá-la. A sociedade e Governo haviam me roubado o pouco de honestidade que tinha, o pouco de caráter já havia sumido com as mulheres e agora deus estava lá, sempre que soube que estava, mas já não acreditava. É como mulher traída, pode desculpar, mas não crê mais em palavras de amor.
Levei o rapaz às escadas, joguei-o, entrei novamente, aumentei meu Idílio de Siegfried e fui ao banho. O Idílio me excitava, toquei uma das melhores punhetas da minha vida. Coloquei roupa, não coloquei cueca, a calça roçava meu pau e isso me fazia sentir mais vivo, era necessário sentir aquilo roçando, como a Alice ao tomar os beliscões, pra saber que eu não estava sonhando. Desci as escadas, pulei o corpo do rapaz ainda lá, jogado, na praça logo à frente havia corpos, muitos, até amontoados. Alguns estourados dos pés às cabeças. Levei o corpo do rapaz até lá e fui ao bar, ninguém olhava na minha cara, haviam me visto levando o corpo pela rua. Mas isso não amedrontava ninguém. Porque eu não era o primeiro. Uma cerveja, um cigarro queimava na minha mão trêmula. Lembro-me que ainda ontem era diferente.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Álcool.

Tenho no coração poças d’água sujas de lama. Tenho afazeres que não dou trela, não há nada que vá me tirar da função de vagabundo por se fazer necessário. Você pode ter na vida amigos, mulheres, sexo, música, adorações e inteligência. Mas nada disso faz sentido, porque na verdade, a felicidade superficial lhe deixa à beira do abismo. É como o amor, se você ama, sabe-se que logo cairá tragicamente hora ou outra. Se você sabe que as coisas que te fazem feliz hoje e amanhã lhe deixarão sob tortura pragmática, pra que se arrisca? Sentar e esperar, a punheta, a cerveja e os olhos. Os olhos filmando aquilo que você porá em pratica num futuro distante. Se escreveres seu roteiro à espera de sucesso, faça besteira. Eu jamais vi um grande homem de sucesso fazendo somente o bem.
Os humanos têm se mantido práticos, levantar às oito – hora que durmo – ir ao trabalho – coisa que não faço – se masturbarem no banheiro do escritório – tragicômico – e por fim chegar em casa com a mulher esperando pro jantar que já deixou de ser romântico há muito. Você não sabe ao certo se a vida é um processo de adoção, se Deus te deu o dom ou o diabo que te reanima pra mais tarde rir da sua cara. Se a cerveja tem esse gosto de calmaria pra te pôr de volta à realidade. A realidade é crua e óbvia: uma merda. Por fim, o álcool é a anestesia porque a vida é um processo dolorido.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dúvida.

Eu não sei exatamente onde me lanço. Ando perdido. É dificil ter que decidir quando as duas coisas são boas. Você vai vagando por aí, sem saber ao certo se o mundo lhe oferece o bem ou o bem. Visto que esta escolha é a mais oportuna, você abre os olhos, vê à sua frente, uma é amor a outra é paixão, uma lhe devassa o cérebro outra lhe acalma o pau. Aí você diz: a da direita.
E pela sua escolha, o conhaque, acaba jogado na cama de sapatos no dia seguinte com a boca amarga. Hoje é dia da da esquerda: Cerveja.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

velho gagá

Como quando a todo momento eu sanava minhas dúvidas via pesquisadores on
line. A qualquer momento posso ir e invadir sua página, não, mentira,
não posso.
Ela estava lá, parecia-me que tal perto do velho pesquisador, em que me
mostrava conhecimento mas era ali, somente on line, na mesa da pesquisa,
na parte visual, a realidade que não se tornava material nem em se
tratando de lágrimas cumplices.
Lembro-me quando fiz a guria chorar, me senti um velho vagabundo safado
que ficara sentado na esquina, frente a quitanda; fazendo menininhas
inocentes se sentirem acanhadas pela tara do pinto mole em que apetecia
meu corpo inteiro. Baby, você esqueceu de tomar seus remédios - Era o
que dizia meu neto em que apelidara em dias anteriores meu psiquiatra; o
meu velho e gagá subconsciente.
Assim me sinto até hoje, um gagá sem idade, ora adolescente o suficiente
pra cagar no tapete de entrada. Ora velho o suficiente pra ser impotente
nas minhas verdades. Por um tempo me senti adulto responsável, quando a
moça esperava de mim algo que alcançara somente ao lado dela. Ao lado
longe, como o resultado de uma página de pesquisas, assim, tão legível,
mas um vidro cheio de manchas de meus dedos. Preciso tocá-la; pelo sexo
ou pela morte

Tudo Certo.

Tudo certo,
Cada um pra um lado.
Você vê
Às ordens.
Um pedaço,
Pernas,
Cabeças,
Corpos decepados.
Você não sabe
Tirar
O Johnny Cash do Play.
A pausa é angustiante.
Tens quinze álbuns.
Cada pedaço
Dos corpos espalhados.
Pede uma música.
Você não agrada ninguém,
STOP!
Impossível,
A música continua.
Indubitavelmente
No córtex.
Lançando um: he
Was
The kind
Of man, who
Would gamble on luck!*
E te virava
Do avesso
E seu corpo se partia
Braços, pernas pro lado de lá.
E um coração rindo,
Da fraqueza do cérebro.



*Trecho de A Thing Called Love - Johnny Cash.
Tradução do trecho: Ele era do tipo de homem que brincava com amor!

DADA!

Coloca um. Um, meio, dois, tanto faz, na vibe que estamos a vida já ficou pra traz. Não é que eu queira viver, mas não quero morrer. E se por acaso houver um meio-termo, qual você há de preferir? Uma vida sóbria com problemas entalados na garganta, ou ainda, um ébrio sem condições de enfrentá-los? Seus problemas a esmo, jogados sobre a mesa, como um carteado de truco, esperando virar o coringa e você dá um sinal: nada.
Você tem duas opções: blefar ou fugir. Mas quando bebe toma coragem, blefar? Não, blefar é pra quem consegue mentir, mas se lembra de alguém dizer: você não sabe mentir porque tem memória fraca. Mas e daí? O jogo é tão rápido, precisa ser posto à mesa em questão de segundos. Você sabe mentir o suficiente pra enganar por segundos? Claro, você já mandou um “eu te amo” pra levar alguém à cama, conseguiu, depois que terminou foi embora. Como um cafajeste. O suficiente pra gozar, deixa-la masturbando e sair por aí dançando na chuva, como um Gene Kelly e se sentiu suficientemente realizado.
As cartas são feitas de realidade e a essa deve sua acepção, porque sua vida é mais dadaísta que Cabaret Voltaire. E termina ingrato, feito DADA, porque a beleza está morta.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

mata-mata

Havia amanhecido, após um final de semana doloroso, não se via uma pessoa nas esquinas, só nos bares. E estar no bar não era uma boa sensação, muita gente me deixa estranho, mal-humorado, você pode passar a vida dentro de um bar, desde que todos os outros estejam do lado de fora. A não ser uma ou duas mulheres bonitas pra não perder totalmente o encanto pela vida. Os amigos já não estavam mais por perto, acho que nunca estiveram. A mulher perfeita deixara de existir, o âmago relutava em existir e as manchetes traziam sangue, as colunas política e o caderno de esportes um mata-mata descomunal.
Fui ao supermercado, comprei um litro de conhaque, voltara, havia brigado com deus e o mundo, aos olhos de deus o inferno não existe, mas ao olho do diabo o próximo morador do inferno já estava se preparando. Havia perdido o medo da morte. Não tinha influência sobre ninguém, os horóscopos eram as consultas prediletas das mulheres, uma de peixes outra de Áries, mas nenhuma ali, na prontidão de ser descrente feito eu. Eram todos felizes, nos bares riam, o que era em demasia fazia minha revelação vir à tona, tudo, tudo era de mentira, exceto a minha verdade. O amor era um pedaço do corpo, do meio pra baixo, como diria o Gabo. A sensação esperançosa havia ruído. Sexo era pecado e amor agora tomava conta. Todos diziam que um bom sexo se fazia com amor. Não deu tempo.
Agora meu nome era “Ridículo” e eu estava no meu canto, no meu quarto, com as janelas fechadas às 14h31min o cheiro forte aninhava meus cabelos e ninava meu sono. Agora era isso; o conhaque, o cheiro e a falta de esperança. Desamor por todos os lados esperando o mata-mata.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Relógio

Não era tempo disso, não era tempo daquilo. Não era tempo. Lia na Bíblia que há tempo pra tudo. Mas não, ali não havia tempo. Meu relógio estava parado, meu copo na metade como quando o tempo parou. Não sabia que horas o tempo havia parado. Tinha na parede um relógio com o mesmo tempo que o meu relógio mostrava. Mas não ia alem, nem aquém, todavia estava lá, pra mostrar que estava parado. Uma senhora ao meu lado se definhava, tinha belas pernas que pra elas o tempo não passava, mas sempre que descia os olhos e subia à face novamente o tempo passava no rosto, olhava o relógio e não, não saía do lugar. Os ponteiros cretinos esperando a correção do relojoeiro, um faquir ao lado, esperando o tempo passar pra que mais um quilo fosse pro limbo. O tempo não me era amigo, eu não tinha amizade com quem me acabasse com o decorrer dos dias, é loucura ser aliado do que lhe envelhece, não havia o que se pensar, nem a maturidade se alcançava, não havia nada pra absorver, minhas pernas não se mexiam, meus olhos sim, olhavam tudo o que pudesse ser visto naqueles noventa graus oculares e eu desesperado pra tomar meu conhaque, o tempo não passava, eu não estava bêbado quando o tempo parou, era meu primeiro copo, não sabia como iria lidar com isso, o tempo parado, sem movimento e eu são. Mas a vida passava, aquela mulher se acabava, rugas por toda a face, os lábios caíam aos poucos, os peitos, as pernas continuavam impecáveis. O que era afinal? Um velho passou por mim, como ele conseguia andar? Como ele conseguia estar com aquele copo na mão? Uma cerveja, duas, três e conhaque à revelia. Eu só queria mais um gole. Mais uma punheta. Mais uma trepada com aquela tia das pernas lindas e do rosto feio. Qualquer coisa que fizesse me sentir envelhecendo mais com prazer. Mas não, estávamos ali, o rosto dela começou a pingar, escorria pelo chão e eu assustado com aquilo, quem era aquele velho sacana? Só ele aproveitara até o fim. Eu me senti pingando, minhas pernas foram se esvaindo, a pele branca e os pentelhos ruivos percorrendo o chão e eu não via mais os relógios.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

ópera

Vamos à ópera.
Não gosto de ópera.
ó-p-e-r-a, Téo.
Não vou à ópera.
Vai sim.
Fui à ópera.
Péssima ópera.
Ela bocejava.
Eu odiava.
Levantei.
Fui pra casa.
O diabo ria.
Ha-ha-ha.
Filha-da-puta.
Havia samba,
na esquina.
Mulatas,
suadas,
exalando sexo.
e o diabo ria.
"é isso que merece,
um belo filho-da-puta,
acabar na punheta,
depois de uma ópera."

todoescritor

Sentado, um frio enorme, tomava um conhaque pra esperar a quentura prevalecer. Havia um velho por ali, que escrevia bem demais, eu era seu fã, escrevia crônicas feito ninguém, me apresentou Bukowski, Hemingway, Kerouac, Caio F., Ana Cristina César, Reinaldo Moraes, quer mais? Tem muitos.
- Bom dia, Téo.
Balancei a cabeça, como um sinal positivo, esperando que aquilo servisse pra apartar o assunto, mas aquele dia o velho tava insistente.
- Te observei Téo. Duas horas com esse copo na mão, porque não bebe logo?
- Porque o problema é meu, vai à merda, velho.
- Vamos em casa, Téo, lá tem uísque, vamos tomar e tenho mais algumas coisas pra te apresentar.
Levantei, esperei pelo velho, pagou a conta, fomos pra casa dele, chovia, o asfalto estava molhado demais, escorregadio feito sabão ou eu não agüentava mais que um copo de conhaque. Tomamos chuva, não falávamos nada no caminho, ele subiu as escadas bem mais rápido que eu, disse que um velho de 73 anos não poderia ser mais forte que um rapaz de 26. Eu mandei-o tomar no cu. Ele me perguntou se eu me lembrava do trecho de velho safado quando Bukowski fala que no fundo todo mundo é viado, que todo mundo deveria se assumir, pra ser melhor. E eu dei um murro na orelha do velho, mas ele era forte pra caralho, me segurou pelo pescoço, jogou no chão, quebrou um pedaço de madeira na minha cabeça e desmaiei. Acordei e meu zíper estava aberto, meu pau molhado, aquele velho fodido, disse que eu não prestava nem pra ficar de pau duro enquanto desmaiado, se roçava em algo, ele tinha uma cenoura na mão e enfiava no próprio rabo, aquilo me deixava com asco, mas eu não podia fazer nada. E me dizia que no fundo, todo escritor é assim que se acaba, todo escritor é sempre enrabado por trás, ou pela morte, ou pela loucura ou por uma cenoura.

terça-feira, 15 de junho de 2010

aespera

Era comum, já havia vivido bastante, conversava com sua ultima mulher como se a moça fosse uma criança. Dizia: já fiz de tudo nessa vida, amiga. As drogas, o sexo, o rock’n’roll, a literatura, as noites em claro com um Celine aberto ao alcance das mãos e mais próximo a mente que o coração. Você não sabe muita coisa, moça. É necessário andar com os dois pés, um passo nunca pode ultrapassar a velocidade da alma, você precisa observar, vivi tanto tempo sem observar as coisas, as cores das casas, as mulheres à espera na janela, os rapazes sambando a noite toda em busca de um rabo-de-saia, vezenquando é necessário paz, deixar o seu corpo descansar, depois de uma noite embebedando-se é necessário se ter a ressaca, pra se ter idéia de que tudo que é divertido tem custo.
Você precisa saber distinguir o vinho a oferecer pro seu companheiro, meu bem. O melhor vinho não é o mais vermelho, o mais doce, o mais branco. O melhor vinho é o que te mata menos no dia próximo, aprenda a controlar o sexo, seu corpo precisa de realização tanto quanto sua mente, menina. Não queira ir direto ao ponto, dê mais tesão ao seu cérebro, não dê sempre no primeiro encontro, almeja ser feliz, um mato, duas paineiras, sim, duas pra estender a rede. Laranjas, cigarro de palha e um bom rio pra se banhar. Esperar a vinda de deus ou do diabo é angustiante, você nunca sabe como se vestir.

queda

Até que haja um raio que me parta, ela dizia, estarei contigo pra não esquecer da pacificação do mundo que nos prometemos. Ela dizia que sim, era assim que tinha que ser, ele era absurdamente cretino, ela absurdamente romântica, no começo, depois se moldou a ele e trepavam no andaime construído pra se reformar a igreja que era vizinha.
Pra se viver trepado e trepando no andaime é preciso equilíbrio, é preciso que tire do seu lado esquerdo o que te faz pesar mais que o lado direito, ou ficarás penso e ruirás. O chão não é tão perto quanto se parece, você precisa de um pouco de gordura extra- corporal, alguma proteção divina e uns dois ou três copos de conhaque pra agüentar a queda. E não basta que sejas feliz, felizes também se fodem, dizem que a felicidade é passageira e o que segue a linha da vida é mesmo a tristeza, então se acostume com a melancolia repentina que lhe bate quando ouves alguma música nostálgica ou um perfume de puta que fica na tua mente e te remete àquela vadia que comestes anos atrás.
E vocês, mulheres, se acostumem com o que fica, o cheiro de cigarro de creme que seu homem fumava, o mesmo cigarro que serviu de desculpa pra ele ir à padaria e sumir da sua vida. Aquele cd que vocês botavam no sony de vocês, que ele puxava sua mão, levantava-te e dançavam aéreos feitos dois bobos da corte. O amor não é exatamente o que vocês esperam, se o amor tem algo de bom é ao final, que nos mostra que não era sonho, porque dá uma beliscada, veja, uma bela beliscada. E se o perdeu, não adianta fingir que a vida lhe ajudará com o tempo, o tempo não ajuda em nada, nem um novo amor que o fará chorar após dois anos ou alguns meses. Vá ao bar, beba cerveja, ache um homem e trepe, dê pra ele até o dia raiar, assim esquecerás a merda do sexo mal feito que seu homem te dava já ao fim do relacionamento e verás que tudo se renova em se tratando de sexo e sempre pra melhor.
Por fim ela dizia que primeiro veio receio, depois veio o carinho, no momento havia vontade de cuidar ou de estar junto o tempo que fosse, afinal o saldo era positivo. Ele dizia que o saldo é irrisório, era curiosidade, visto que o enterro seria pago pela prefeitura.

sábado, 12 de junho de 2010

Motel

E daí que os homens constroem pontes se você não tem pretensão de atravessá-las? É que nem sempre tens muita aspiração pras coisas. Você tem duas coisas que mais ama na vida, mas falta saber o quê!
E se há desejos ponha-os à mesa, assume-os. E daí que rola um “saí da sua vida” de Reginaldo Rossi no seu som? É teu lado brega aflorando a futura trepada que planejas.
Ou você é muito homem ou continua sua vida nessa idéia de não conquistar quem te dê respeito. Você não precisa de respeito, precisa só de sexo, sexo move o mundo. É por causa do sexo que amplias teus horizontes, o amor não te dá experiências, o sexo sim.
Dia dos namorados, planejei fazer um motel na minha casa, pra ganhar algum dinheiro, contei sobre a idéia pra uma amiga, ela disse que seria uma boa, pra eu convida-la que ela não conhecia motéis. Eu disse que assim faria, se ela pagasse. Ela pagou por mim e pelo quarto, não sou o melhor puto do mundo, mas consegui dar uma boa trepada com a vagabunda. Foi embora e agora já quer mais.
Não sei saber de muita coisa, meu conhecimento é muito pouco, seja em qualquer área. Há muito frio aqui, há uma quermesse na igreja da esquina, há uma querença no peito que ninguém dá jeito. Há uma pitada de sal no arroz. Um desejo alucinado pela cura. Ainda é dia dos namorados, ainda há essa merda toda de comprar o presente a prazo.
Amantes mentirosos, há tanta gente espalhada por aí mais amorável que os seus. Tá, eu sei, eu não!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Morena

Morena,
Um pedaço do mar, do infinito.
Há dois amores no peito.
Há um gosto por cerveja,
Há um tesão por sexo.
Há duas coisas iguais
Há um contexto igual.
Mas há uma novidade.
Sorriso branco, olhos brancos,
Pele lisa, corpo magro, mas envolto.
Há curvas que são perigosas,
Há uma delicia nas palavras.
Seu sabor vai à ponta da língua.
Seu desejo é um regresso,
Sua presença é um pecado.
Não há o que se fazer.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

barbitúricos

Ela tem barbitúricos,
Diz que é necessário.
Na agitação da alma,
Não há nada resolva.
Eu ofereci um pedaço de pica,
Ela achou engraçado.
Mandei à merda,
Drogada do caralho.
Ela disse o mesmo de mim.
Somo tão parecidos,
Enquanto ela chegou à merda.
Eu voltava.
- olha, não é bom.
Ela não gosta de me ouvir mesmo.
Dá um pouco do seu calmante, vadia.
Ela quis dar outra coisa.
Eu aceitei, não teve muita valia.
Lingerie toda fodida,
Boceta toda fedida.
Era assim que tinha que ser,
Fui pra casa,
Ainda sinto saudade dos barbitúricos,
E toda noite faço uma oração
Pra Adolf Von Baeyer!

covardeteo

Agora eu era herói, mas não tinha cavalo. Um Dom Quixote sem Rocinante é a pior espécie que se pode contratar. Ela queria que eu fosse seu herói, que lutasse por ela, mas não se chamava Dulcinéia, muito menos era de Toboso. Queria mesmo que estivesse perto, não havia moinhos-de-vento, mas havia eu. Não era suficiente.
Dormindo de dia, acordado pela noite, acordado na verdade quase o dia todo, tinha insônia. Tinha um amigo viciado em morder a orelha, pára com isso, vai. Ou se era azul ou se era preto. Normalmente era preto, tudo preto, mesmo de olhos abertos.
Ouve a idéia do Neil Young: Get off of that couch, turn off that MTV!
Caralho, Neil Young, eu nem assisto tevê, na minha casa nem tem sofá. Não tenho nem espada, nem cavalo, não tenho armadura, meus moinhos são de mentira, você tem uma guitarra, eu tenho contra-baixo, você tem dinheiro, eu tenho a alma, sorte que você chegou mais rápido ao diabo. Ele já não tem quisto novas almas.
Não, agora eu não era mais herói. Precisa de muita coisa, principalmente coragem e como diria minha Cass: você é covarde, Téo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Entende

Um pouco
No copo
No corpo
Um sonho
Desejo
Frígido
Repouso.
Agora
O que está
É fora.
O que há
é dentro,
entende?
Amanhã
Verde
Cervejas
E copos descartáveis.
Estamos
Vivendo
O ócio do amor.
E no
Entanto
O que sobra
É resto.
O amor
Também
Oferece
Restos.
Como
Nós
Depois de mortos.
Entende?

oquemaisagora

De manhã o frio, tem sol, mas é frio. Duas cobertas, blusa de moletom, calça de moletom, meias e nada aquece. Nada aquece. Não há mulher, não há conhaque, não há vontade. O que dita o ritmo é ser preterido. Se você é preterido por quem mais gosta, faz frio, você ser preterido por você é o ápice da idiotice. Mas não se arruma jeito de escapar, se não há paz, não há calor, dá-se a impressão de que falta somente ter idéia do que há de se escrever na lápide. Quem irá cavar tua cova, quem jogará a flor por ultimo no seu caixão, se alguém estará lá pra fazer isso. Se sua vida continua ou para por ali. Eu precisava de cigarros, drogas, cachaças, cervejas, mulheres, mas não, nada disso faz sentido, nada disso tira de dentro do âmago o vazio que não se camufla. É necessário deixar duas ou três larvas vivas pra que virem borboletas, não? Não! Três borboletas não mudarão nada sua vida, nem a minha, não mudará o efeito. Se a sinopse da sua vida é o que passa na tua mente quando fecha os olhos é que tua vida é muito pouca. E ser pouco é o espírito do ser humano moderno. Era muito melhor quando a vida se resumia em música, mulheres, cervejas e cigarros. Mas não tens mais efeito diante das mulheres, seus ouvidos entupidos, seu fígado infeccionado impede a cerveja e seus pulmões pretos dispensam cigarros. Olhas pro céu, o sol. E cospes pro alto. O que mais agora?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Donamorteeocaralho

Pra se ler ouvindo: Everybody’s gotta learn sometimes - beck

Estava no bar, balcão molhado, ruiva ao lado, cerveja até o talo no copo, conhaque dessa vez não, isqueiro branco em cima do balcão, pensando na mudança do clima, a ruiva era uma delicia, tinha olhos verdes, um corpo delicioso, seios redondos o suficiente pra caberem nas mãos. Eu tinha um desejo enorme de fumar, uma placa na minha frente dizia que ali não, ali não podia, eu não costumava respeitar esse tipo de coisa, acendi um cigarro, a fumaça subia lentamente escrevendo um nome no ar que eu não conseguia identificar, havia alguns homens no bar, de mulher só a minha ruiva que nada falava, alguém talvez pensasse que fosse acompanhante, talvez fosse, não me lembro muito bem de onde surgira. Eu lia um texto que não havia parágrafos, lia pulp de buk, pensava no time que não ganhava há quatro jogos, queria encher a cara, mas eu não tinha dinheiro. Queria armar uma pindureta como diria o velho Mussum. Eu amava estar diante de tanta pinga, lembrava-me da minha infância rude e hostil, de brigas por causa de pipas, mulheres e time. Era todo verde, era todo comum, ninguém me olhava mais com cara de desejo, só desdém, era por isso que a ruiva deveria ser acompanhante. O garçom falou que não podia fumar ali, eu mandei um foda-se, ele me deu um murro no canto da boca, dei outro logo em seguida, tirou uma arma, atirou em mim, conheci Dona Morte, a ruiva saiu correndo, os caras do bar só me olhavam deitado no chão com a boca cheia de sangue, fechei os olhos, fiquei um tempo desacordado, abri os olhos, lembrei de Chicó de Suassuna, Nossa Senhora e Jesus Cristo, não haviam marcas, não sei o que aconteceu no meio tempo, sei que não sei onde era o bar, nem quem era a ruiva, nem que arma era, nem se de fato acordei da morte ou do sono.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

amoresefodas

Ou eu metia ou parava por ali. Resolvi meter, não é sempre que se encontra uma boceta gostosa pra se por o pau inutilizável.
Nina o nome dela, uma bela mulher, tinha dois filhos, um de seis e outro de quatro anos, o pai da pivetada trabalhava na roça, era somente isso que se fazia por lá, povoado de São João em Pernambuco. Ela era baixinha, tinha poucos dentes, por fim era melhor assim, o que ela fazia sem os dentes mulher alguma no mundo conseguira com.
Eu a deitei na mesa da cozinha, ela gritava pra molecada ficar deitada na sala, eu com um tesão da porra, medo de que o marido chegasse virado na pitu e nem percebi quando o pivete mais velho olhava pela fresta da cortina que dividia os cômodos. E ela gritava:

- moleque do caralho, fica na sala com seu irmão.

Quando menos imaginei o outro também olhava, mas não queria saber, era sexo, e sexo com espectadores não faz tão mal, foda-se que os moleques olhassem, será que contariam pro pai? Será que o cara cortaria o pescoço dela? Na cidade do nordeste é comum os homens andarem com peixeiras na cinta a fim de qualquer briga boa que pudesse haver pela frente. Eu não me sentia tão macho como na minha cidade natal. Eu me sentia nada só um adolescente sem freios, jamais houvera descoberto tanta mulher gostosa num só lugar.

- moleque, seu filho-da-puta, esperai, Téo, vou amarrar estes moleques.

Levantou-se, foi à sala, sumi pela porta dos fundos que contornava a casa e dava ao portão de frente e logo fui embora. Cheguei a casa onde estava, tomei um bom copo de café, era vizinho à casa de nina, eu ouvia cada vez mais forte a mulher socando os moleques na porrada, a vida nestes lugares era de fato uma coisa de doido. Fui ao bar, tomei uma cachaça, comprei algumas cervejas, sentei frente a casa onde estava hospedado, observei a rua, o marido da mulher chegou em casa, mais trêmulo que vara-verde, um bambu em se tratando de altura e tremedeira, estava mais bêbado que porco-cego, agradeci aos céus, eu tinha mais um dia de vida.

- Téo, por que você fugiu de mim?
- Porque tive vontade, ué.
- Você não pode me tratar assim!
- Eu posso e vou.
- Você tem que me levar contigo à São Paulo, eu me apaixonei, acho que tô grávida.
- Nina, nem as mulheres que tive em São Paulo conseguiram me enganar com isso, você não será a primeira que tenta e nem a que vai conseguir.

Com raiva a peguei, joguei no sofá da casa que eu estava, a fodi, danei com a vida dela, no outro dia enquanto o marido saia pra trabalhar eu fui embora, ela me olhava do portão de casa com os olhos cheios d’água. Talvez havia visto chegar e ir embora com a mesma proporção a chance de mudar de vida. Ninguém muda de vida com um cara pior que o que se tem em casa. Deve ter esperanças até agora, enquanto ainda danço o forró que ela tanto me ensinou!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

fodaperigosa

Havia chegado em um bom lugar, Caetés o nome da cidade. Terra de Lula, como estampam as paredes por todas as ruas. Fui ao hotel mais próximo, na verdade não era hotel, era um barraco comunitário, intitulado: seu conforto.
A atendente do hotel era linda, cabelo liso, rosto redondo, cabelo comprido, castanho, pele morena, lembrei de uma mineira que tive há um tempo. Atendeu-me divinamente, quando paguei olhou bem pra minha carteira, viu que eu não tinha muito dinheiro, logo virou a cara. Homem feio, sem dinheiro não faz sucesso em cidade de interior. Muito menos um cara como eu. Parece que o adjetivo de cafajeste me acompanha escrito na testa. E isso faz de mim um homem menos adorado, cafajeste, sem dinheiro, bêbado e sem rumo.
Deixei as coisas no quarto 13, pedi informações pra moça se ali haveria um bar por perto, ela disse que ao lado do hotel havia um bom. Fui ao bar, pedi uma cerveja, tomei, depois a dose de conhaque, tomei, depois mais uma cerveja, tomei. Outras tantas vieram depois, pedi uma porção de tripa, tinha vontade de comer aquilo e sabia que acharia só numa cidade das boas em Pernambuco.
Uma mulata que estava sentada na mesa ao lado veio até mim, perguntou se queria companhia, porque ela queria, e tinha fome. Ela me dava uma má impressão, era suja, mas era bem gostosa, tinha umas pernas lindas, estava com uma saia, uma miniblusa, mas se ela tomasse um banho, se ela deixasse eu a esfregar, comeria fácil.
Ela me perguntou se eu a queria comer, ela tava doida pra dar, aquele sotaque deixava meu pau louco pra invadi-la inteira, uma mulata safada, que me deixava maluco, paguei a conta, peguei na mão dela, a levei pro hotel, a moça da recepção olhou feio pra mim, disse que eu tinha que pagar a diária de um quarto duplo se eu quisesse levar alguém pra lá, então paguei. Chegamos no quarto, a mulata tirou meu pau pra fora, me chupou, ela foi pro banho, se lavou, ficou bem cheirosa, tava outra mulher, e eu maluco, a deixei na cama, a chupei, o cheiro daquela mulata era qualquer coisa alem do maravilhoso, ela gozou na minha boca, disse que adorava homem safado, pediu pra eu come-la, enfiei meu pau naquele rabo gosto logo de imediato, alguém bate à porta, insiste, bate rápido, forte, diz que vai arrombar, é um homem, eu não vou parar de meter, vou gozar, eu fodo rápido, forte, quero gozar e que ninguém me atrapalhe, eu gozo, o homem arromba a porta, tem em mãos uma peixeira, diz que vai matar nós dois, provável que seja esposo dela, a moça da recepção está olhando tudo, o cara enfia a peixeira na mulata, revira dentro dela, é só o tempo de eu fugir e nunca mais saber de nada...

terça-feira, 27 de abril de 2010

úhhhhhhhhhhh

Odeio quem tenta explicar burrada colocando culpa no amor, no destino ou no outro. Felicidade é individual, não coletiva! Há muito eu não especulava o amor, a felicidade, a brisa, a cachaça, o cigarro e a companhia, a ultima delas é de menos importância.
Ou a gente se abre pro mundo ou ele nos arromba.
Ela tinha dois olhos da cor de jabuticaba, era um doce, uma pequena grande mulher. Falávamos de John Mayer, sexo, tequilas e... sexo? É Muito.
Eu não era muito agradável, não fazia a barba, barba ruiva e grande, tinha alguma sujeira embaixo das unhas, não ligava muito pra estética, nem pra higiene, visto que andava deturpado feito o horizonte, desde muito menino aprendi a não ser agradável ou aprendi que ser agradável era questão de mérito e não perspicácia ou unhas cortadas, barba feita, um Azzarro e água perrier.
Um dia ela me disse: quero você!
Um dia eu disse à ela: tudo bem.
Outro dia ela me disse: estou indo.
Outro dia eu disse: tudo bem.
Tinha impressão de que fodia muito bem, uma boca gostosa, um corpo bonito, algumas tatuagens, ficava pensando se me encaixaria muito ou pouco naquele corpo turvo e curvo. Foda-se o que eu imaginava.
Acabei na cerveja, pensando naquilo que havia escrito em um texto uma vez: E se a cerveja não tivesse, ao menos na gente, meu amigo, o poder de dissolver a tristeza dos problemas?

domingo, 25 de abril de 2010

...

Você tenta seguir por caminhos incorretos pra que não haja problema entre o viver, existir e sentir-se humano. Porque se é pra errar, vamos fazer a coisa certa, é preciso que se viva muito alem do limite, é preciso que suba e desça diversas vezes da sua montanha de relação ódio/amor. Quando você se cobra demais tem que se cuidar, porque pode não haver condições de fornecer o troco ou salário. Entre viver e sobreviver não tens apenas duas escolhas.
O maior problema é quando a vida se demonstra mais egoísta que você! Ah, aí você sabe que há alguém sempre pior que tua alma dilacerada, enfadonha e minimalista.
Quando você vê que a vida te rouba tudo, honestidade, sinceridade, competência, força, inteligência, sabedoria, amor, paixão, carinho e capacidade, a vida te furta tudo, só não te furta a culpa, o arrependimento e o desdém.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ज!

Isso é um pouco de amor,
Não há contra mão na estrada.
Placas que não limitam a velocidade,
Você ao meu lado, estamos a mil.
As árvores movem,
Gente pedindo carona no canteiro.
Rolando All around the world do Oasis no play.
Uma mulher das melhores, confesso.
E não há nada que limite também o âmago.
Sou tão feliz com essa subida de tom, no final, ouça.
O Lian sobe a voz, confesso que nada me deixa tão feliz
Quanto a sua presença e a felicidade da música.
Segura minha mão, ficamos em pé, deixa o carro ir.
Quanto à direção, deixa que a intuição toma conta.
Quanto a mim, você!
Quanto a você, eu.
Quanto a gente, o muito do amor.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

प्रिमिरो capíतुलों, इ daí?

Meio- dia e trinta, acabo de acordar, confesso que dormi sem escovar os dentes, tomei muito conhaque, minha boca amarga à espera do próximo, vou ao balcão, ao bar – como queira – e pego mais uma dose dupla, minha cabeça ainda roda, pela “manhã” a coisa é muito menos natural que à noite, não gosto de companhias quando acordo, eu seria capaz de cometer um crime sexual sem mesmo ter o sexo, estava à espreita, fui ao maço de Lucky strike e só havia um cigarro, acendi, normalmente, pelas manhãs os cigarros que eu fumava me deixavam tonto, esse era mais um. Sentei à mesa, uma mesa velha, com três pernas de ferro e uma de madeira, que improvisei quando caí em cima dela e quebrou semana passada, estava bêbado, pensei que fosse minha cama, a mesa já não era tão nova, se não quebrasse comigo, quebraria com um prato de comida, o próximo que eu colocasse ali em cima. Eu nunca colocava pratos de comida na mesa, lembrei que não comia há uns dois dias, nada, exatamente nada, sequer um petisco, salgado, salsicha, torresmo, qualquer coisa do boteco, não havia nada. Fui à dispensa, nada. Corri pro fogão e uma panela com uma raspa de arroz queimado, torrado, provável que havia esquecido no fogo, pela sorte da divina casa, o gás havia acabado, ou aquilo poderia ser pior.
Havia um sutiã em cima do sofá, duas calcinhas em cima da televisão, pelo que me lembro não trouxe ninguém ontem em casa, saí do bar, não me lembro pra onde fui, não exatamente, havia luzes, mas luzes havia em todos os lugares, era época de natal, aquelas merdas piscando pra todo lado, algumas vermelhas, verdes, azuis, brancas, que inferno era o natal, eu odiava ter que compartilhar a dissimulação alheia, apesar que eu era mais dissimulado que muitos, já havia conseguido comer algumas mulheres pela minha idéia sobre a fatídica vida.
Fui ao banheiro, ainda de cueca: filha-da-puta, quem fez isso com meu saco, caralho? A cueca melada de sangue, um corte artístico bem no meio do escrotal, lavei bem, porra, doía demais, parece que queriam levar minhas bolas de brinde, mas com a graça divina elas ainda estavam lá, era um corte superficial, acho que não me prejudicaria muito. Ah, eu pego quem fez isso, juro que pego. Joguei a cueca na pia, deixei de molho. Saí do banho, me sequei, havia lavado meu saco melhor que meu corpo, mas isso era praxe, talvez por isso ele tivesse mais valor pras mulheres que minha boca ou meu corpo. Coloquei as calças, minha carteira ainda lá, com os mesmos dinheiros míseros, meus documentos não, havia uma copia mal feita do RG, mas nada que pudesse durar o restante da minha vida, a não ser que tivessem me matado. Fui ao bar, cigarros, conhaque, ovos cozidos vermelhos, salsichas, torresmos, tudo dentro do mesmo saco de papel, pela manhã eu não reparava muito nas coisas ou nas pessoas: Joaquim, volto mais tarde pra acertar.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Poema Chulo

E há ainda fio de cabelo no travesseiro,
quando puxei à noite, quando fazíamos amor.
Há um pouco de você no ar,
eu te respiro como fosse vital.
Há um city and colour no play,
há um beijo no canto da boca.
Não é que eu te ame, sabe?
é difícil dar significado a tudo,
é difícil conseguir.
Te levei em casa,
fomos ao bar.
você me disse: eu te amo.
Eu sorri.
você me cortou ao meio,
metafísica, sou o mesmo,
dois dois lados,
dividido, apaixonado.
Dá-me a impressão de gozo,
a cada toque nos teus lábios.
Conhaque, cigarros, gemidos
espalhados pelo chão.
Agora faz sentido,
a bagunça da casa
reflete a bagunça do coração!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Insuficiente.

Você não precisa ficar feliz se
tens algum vinho e uns livros.
Se seu cinzeiro está cheio, se tens ressaca
ou 43 horas sem dormir pensando
na melancolia companheira de toda insônia.
Você não precisa ficar triste, riste e insone
se não tens a mulher que deseja
ou os amigos que já não fazem falta.
Se toca o Ídilio no seu subconsciente
você não ficaria triste por não haver pilhas no seu rádio,
e se tivesse, qual rádio tocaria Nestrosvski pra você?
Há trilogia suja de Havana,
há crônicas de um amor louco,
há Folhas de Relva
Há Melhores Contos de Caio F.
Há Hollywood,
Há on the road,
há meio litro de vinho Casillero Del Diablo
que você ganhou da sua ex-mulher
aquela que te deu um chute na bunda por beber demais.
Ela te deu o vinho pra ter motivos pra dar
à outro aquela bunda redonda e saborosa.
Se tens livros, Vinho, Cigarros e uma mão
pra te bater uma punheta,
por que ainda a vida continua triste?
Porque o problema não é o que tens,
o problema é o que não produzes.
Se tens tudo que é produzido por outrem,
pra que serve a merda da tua vida?
Porque o pior não é o que lês ou bebes,
o pior é aquilo que está por vir,
e o susto é o que te deixa acordado. INSUFICIENTE!

terça-feira, 23 de março de 2010

Alter-ego filho-da-puta!

uma vez dei um tiro na porta do cara que tava comendo minha mulher e disse: Filho da puta, saia daí de dentro e venha aqui pra ver o que faço contigo. Ele saiu, abriu a porta arrombada pelo tiro de doze, ergueu a cabeça, que estava baixa na hora que abriu, me olhou nos olhos e acabei descobrindo que era meu alter ego. Ele sempre foi mais filha-da-puta que eu, eu sempre fui mais bêbado que ele, agora sabia, que as acusações que me apontavam era de fato culpa de parte de mim. Agora vamos trocar de lado ele bebe e eu fodo!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Il Gladiatore - Pavarotti!

Um domingo, um jogo na tevê, novamente um ótimo futebol, mais uma derrota, talvez eu gostasse desse lado sofrível, afinal, sempre torcia pro vilão, porque tinha certeza que sempre morreria ao final, eu me identificava, visto que não havia ninguém que me amasse por aí, a não ser eu, com muito esmero.
Ouvia Pavarotti – Il gladiatore! Era como se não precisasse de mais nada, só algumas cervejas, só a televisão ligada sem som, só a companhia de um amigo que ficava quieto, levantei-me e saí, fui ao bar, deixei o amigo em casa, a televisão ligada e o Pavarotti ainda ressoava nos meus ouvidos, olhei pro lado e lá estava ela, aquela que um dia tinha sido um ótimo gosto meu – “e giustizia sarà fatta per tua mano” – era uma delicia, trepava muito bem, bebia tanto quanto eu, mas havia virado puta, dizia que se era pra dar de graça, era melhor cobrar. Eu apoiei, desde que continuasse me dando de graça. Lembrei-me do passado, do presente, esquecia sempre do futuro, eu queria que ela me desse a ultima vez, eu tinha um pressentimento de morte, estava muito acabado, tossia sangue de meia em meia hora, fumava de cinco em cinco minutos, bebia o dia inteiro, esquecia de dormir, descansar, não precisava mais disso, tinha que aproveitar o restante dos dias. Sentei ao balcão, simplório, inefável, desce-me o conhaque, bebo o primeiro, o segundo, o terceiro, a garrafa, duas, três, levanto-me tonto, acendo um cigarro, não consigo dar o primeiro passo, tusso, pego um lenço de papel, passo na boca, limpo o sangue, dou o primeiro passo, me apóio n’uma mesa ao lado, seguro uma cadeira, faço de andador, paro, tusso novamente, mais sangue, é desesperador o momento, continuo, olho pra ela, ela me vê, se levanta, não consigo mais andar, vem até mim, com passos curtos, cigarro na mão, copo de cerveja na outra, meu cigarro ainda aceso, com uma ponta grande de cinza, cabelos negros, pele branca, batom vermelho na boca, vestido com decote grande, está mais gostosa que nunca, rebola até mim, todos do bar olham, ouço um comentário: será que ela vai falar com aquele cara bêbado, fedido, à beira da morte, como pode uma mulher dessa dar atenção a um cara daquele?. Continuo um passo à frente, ela caminha mais um passo, não estamos tão distantes, nos conhecemos exatamente naquela mesa que está com outro homem, ficamos, namoramos, moramos juntos por dois anos, ela dizia que me amava, eu dizia que não existia o amor, o amor não existia, trepávamos todos os dias, ao menos três vezes, jogávamos pôker por dinheiro, sempre, quando não, trocávamos por sexo, com outros casais, tomávamos ao menos um litro de vodca por dia, ela era apaixonada por isso, não sabíamos data de aniversário um do outro, nem idade, nem nome, chamávamos-nos por apelidos, Cass eu a chamava em homenagem ao conto que eu mais gostava, Romeu chamava-me ela, por ser apaixonada pela bicha do Shakespeare. Continuou em minha direção, passou por mim, deu-me um beijo no rosto, foi ao bar, pediu vodca, passou novamente por mim, disse-me: em sua homenagem. E voltou à mesa. Sentei na cadeira que fazia de andador, cansado, tossindo, mas feliz da vida porque ela ainda se lembrava de mim. Quando ela me largou disse que não poderia ficar com um homem que não falava sobre amor. Acho que eu a amava, amava o suficiente pra me contentar com pouco.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Fodidos.

E que o mundo poderia não ser esse que vivemos,
vai que o mundo fosse o outro que estamos à espera.
E se Deus é o ponto forte das atmosfera,
o que esperar do excesso de calor que faz a terra febril?
E se nossa vida for um começo de tudo,
o que esperamos pra chegar ao final ou à partida.
E se tudo que contamos tenha fim,
e se os números são finitos?
E se a terra girasse sempre em torno de ti,
o que esperar da tua influência absurda sobre o âmago?
E se a cerveja não tivesse, ao menos na gente, meu amigo,
o poder de dissolver a tristeza dos problemas?
E se estes mesmos problemas não voltassem à tona todo dia,
e dormir bastasse pra que tudo fosse resolvido, qual a glória de beber?
Um dia houve Bach, Gaudi, Bakhtin, Dostoievski, Boccaccio, Hank.
E se agora, que somos homens vis, hostis, rudes e pseudo-mortais,
Deus quisesse de fato matar a todos com um dia de chuva ou de calor?
Às vezes acho, meu amigo, que a resposta pra todas as perguntas estejam sob o catre
daquela que um dia dormi abraçado, sobre a cama!
E se eu não voltar lá pra saber? Estaremos fodidos.