sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Não estava tão feliz daquela vez, sentado num canteiro, à beira do posto de gasolina, enquanto passavam travestis e prostitutas, estava na décima nona lata,esperava a vigésima e iria pra casa, havia um pouco, o suficiente pra dois goles, queria um amor, amar era dificil, queria ser feito aqueles idiotas lá no canto, amississímos de todas as mulheres do posto, dançando funk, indo até o chão, rebolando nas pontas dos cascos, belas éguas, vadias, a revolta com elas talvez fosse porque davam bolas pra eles, não pra mim.
Sentia-me feio, havia ficado com tantas mulheres, fui de tantas outras mulheres, a maioria feia, confesso. Tive umas bonitas, duas ou três lindas de morrer, não tinha mais. Meus olhos deviam estar vermelhos, no caminho havia visto dois rapazes morrerem n'um acidente de carro, minha cabeça pesava, a cena foi feia, eu tinha ódio de Deus, eu tinha ódio de mim e daquelas vacas dançando bonde do tigrão porque queriam dar pra eles e não pra mim.
- Alô!
- Téo, aonde você está?
- Bebendo.
- Vem em casa, comprei algumas cervejas, há uns dois ou três filmes, vamosassistir.- Não quero filmes.
- Como você está?
- Vestido, e você, nua?
- Como você é deselegante, Téo.
- Se achas, por que ainda me procura?
- Porque acho que você precisa de cuidado.
- Não sou criança, ainda não sou velho, pelo que sei sobrevivi por 25árduos anos, acha ainda que necessito de cuidado?
- Vem pra minha casa, Téo. Vamos conversar, há tempos não te vejo, tenho saudades de olhar pros teus olhos.
Desliguei o telefone, odiava melação, queria alguem que colaborasse com os meus palavrões diante do mundo, alguem que apontasse aquelas moças do funk e dissesse algo mais pesado que o que eu poderia ser capaz de pensar ou dizer.Lembrei-me de uma certa vez que um amigo que tive disse que eu era o extremo da maldade, talvez eu não achasse mais alguem capaz de servir o meu vocabulário com coisas novas, neologismo estava fora de cogitação, eu não era mais o surpreendido, a cerveja estava acabando com as minhas idéias, fumei um cigarro, virei o resto da cerveja no chão, a vi escorrendo até o ralo, será que se misturaria com a gasolina, as moças delá me olhavam com caridade e desdem, os rapazes com ironia, a vida me olhava com fervor, as mulheres com dó, os amigos com interesse - em quê não sei! A familia com delicadeza de um viciado, com olhares furtivos e mórbidos, como à espera de um milagre, andava, começara a chover, eram cinco horas da manhã, havia um corpo jogado perto da casa que eu morava, a polícia havia acabado de chegar, não havia tumulto, por uma noite já havia visto o suficiente, o sol apareceria dentro de alguns duradouros minutos, era hora de dormir.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Amiga.

Éramos dois corpos numa cama, duas mentes em outro mundo. Ela me dizia que talvez aquilo tudo estivesse errado, eu dizia que aquilo tudo não nos podia fazer pior. Ela dizia que poderíamos ter problemas, eu dizia que poderia ser depois, mas na hora poderíamos ter prazer, ela sorria, eu a beijava, ela prendia, eu libertava. Éramos duas amebas à espera da osmose.
- pega uma cerveja pra gente.
- não pego.
- pega logo essa porra, aproveita e traz um cigarro.
- você acha que sou quem, Téo?
- você é qualquer coisa que se habita, mas você é insana.
- o que isso quer dizer?
- que você é adorável, mas deve ser porque é tão boba quanto.
- só porque beijei sua boca, achas que tens o direito de não me olhar nos olhos?
- acho que você sabe que não somos mais tão amigos assim, Téo.
- então não quero mais sua amizade, quero cerveja e cigarros. E se puder, na volta, me dê um pouco de sexo.
- você acha que sou o quê, Téo?
Levantei, fui à geladeira, peguei uma lata de cerveja, cocei o saco, olhei, não havia nada pra comer, o cinzeiro estava cheio, o amigo dormia no colchão da sala, a janela aberta, um sofá no canto - verde com coisas rosas - era a coisa mais caipiria que havia visto nos ultimos anos, o sol estava alto e forte, as paredes eram azuis, o banheiro era grande, a casa era grande, pensei que poderíamos morar ali, os dois, pensei estar mais louco ainda, acendi o cigarro, queimei o dedo, gritei, mandei alguem tomar no cu - reação instantânea - ela veio correndo ver o que havia acontecido, mandei-a à merda e ouvi o tilintar do anel na lata de cerveja, tomei num gole, caiu um pouco na camiseta dos Beatles que sempre usava, estava descalço, chão frio, de repente pisei na porra do cigarro que havia caído no chão, xinguei a deus agora, uma bolha do caralho no pé e na mão, depois de um banho pus a roupa, escovei os dentes sem pasta - queria beber mais e sem a porra do gosto ruim da pasta na boca - dei um beijo nela, não falei com o amigo que dormia, peguei a bolsa marrom que sempre usava, pus a alça no mesmo lado que o resto, olhei pros céus, o sol ainda estava lá, um pouco de ressaca, sem muito ânimo pra ir embora, fui até o meio da rua, voltei, dei um beijo nela e disse que iria dormir um pouco, pra ela não me incomodar, merda. Mas ela não parava de falar, ela falava muito, lembrei-me da minha mãe,lembrei de todas as outras que tive, eu era um confessionário incrível, desisti de dormir, ela levantou, ligou o som, tocava placebo e enquanto Brian Molko cantava: Without U i'm nothing, ela me beijava.

sábado, 28 de novembro de 2009

Hora de dar no pé!

Já não aguentava mais acordar com a minha companhia. Era fruto podre de um amor desmedido e consequentemente era pouco maduro, suave feito a neve incondicional da rocinha, suave e endemoniada. Eu tinha dores pelo corpo, meu estômago doía, não tinha pra onde ir, parecia um coitado, estudara a vida inteira a fim de... virar mendigo.
Eu não me sentia bem naquela condição, até porque o que me deixava muito confortável eram cobertores, adorava me cobrir e nem isso eu tinha mais, a vida havia se tornado uma gangrena bem da filha-da-puta dentro da alma, e todo dia era como acordar depois de um sonho muito legal e descobrir que aquele presente que você havia ganhado no sono era de mentirinha e que a porra do papai noel não existia, que o coelho da páscoa não podia trazer-lhe os ovos, cara. Coelhos não punham ovos, no saco do papai noel – havia descoberto – que só cabiam duas bolas, era um saco igual a de qualquer outro, papai noel era qualquer um, a máscara divina havia caído sob minhas condições, eu jamais fui digno daquela bobagem toda de homenagem e menage à trois que foi me prestada no decorrer destes anos. Havia agora lugar algum pra ir, havia chances desmoronando, dívidas correndo, curva de rio do caralho que era minha vida agora.
Deus não foi muito legal, havia mantido a idéia de que se ele tivesse evitado o casal de humanos na arca de Noé, talvez a vida fosse diferente, aliás, poderia ter deixado pra trás mais alguns bichinhos comuns e tolos. Cachorros, gatos, baratas, ratos, formigas – formigas são chatas pra caramba – mas sem o sexo ninguem viveria, meu Deus eu não sabia mais criar expectativas, novas idéias, eu estava perdido e como diria Bukowski morrer não era ruim, ruim era estar perdido e pra onde iria agora? Virar um falante de ratês, andar no submundo, em meio a esgotos. Talvez fosse o lugar certo pra mim, porque era o que todas as mulheres que já havia tido agora queriam. Mas um dia eu voltaria pra fodê-las novamente. Uma com cada toque, algumas à base da porrada, pra todas as outras o Téo que merecessem.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cocaína VI!

Pensar na minha vida anterior me matava, eu tinha saudades de quando eu não tinha relação nenhuma com o vício apesar de não lembrar-me muito bem como eu era quando sóbrio. Eu não era mais um homem, não era mais um menino ou um jovem, eu já era velho. Tinha algumas dores que o vício me causava, dores no estômago, nos rins, meus pulmões já estavam condenados há tempos pelo médico, há pelo menos vinte anos eu já sofria de pneumonia eosinofílica crônica; era um caos, eu não sei como permanecia vivo.
Eu tinha medo de me manter vivo, mas tinha medo de morrer, encontrar todas as mulheres que eu já tivera algo que agora estavam mortas no inferno e elas contarem ao diabo o quão mal fui com elas, eu sofreria retaliações ou seria tratado como um deus no inferno, eu não queria morrer e encontrar a que deixei morrer e fugi, eu havia cheirado muito, meu coração batia a mil, eu estava no mínimo esperando a minha morte, dizendo adeus ao amor, já havia encontrado pessoas boas na vida, que puderam me ajudar a ser um novo homem, um bom homem, sem vícios, acontece que éramos duas vidas andando no juntas no aquário, ou éramos várias, e eu preferi me manter sozinho, feito um predador esperando a presa mais fraca pro meu bote, pro meu prazer, eu tinha prazer em estar com alguem, mas era raro, na hora da trepação, na hora do desabafo. Não tinha mais dinheiro, havia uma carta sobre a cômoda que fazia dias que não abria, resolvi abri, se fosse alguma doação de alguem eu ficaria feliz. Era uma ordem de despejo, por fim eu não tinha pra onde ir, era tudo ou nada, era eu, viciado e a cocaína meu vício, eu não tinha familia, não tinha amigos, não tinha pra onde correr. Fui ao bar, bebi tudo que podia na minha velha nova conta, mais de vinte garrafas de cerveja, mais de dez doses de conhaque. Faltava-me somente o pó. Fui ao caixa do banco, peguei todo o dinheiro que ainda tinha pra um limite de cheque especial, uns trezentos reais, comprei tudo de cocaína, cheirei metade daquilo, coloquei tudo no espelho do banheiro que havia retirado e colocado sobre o chão, sob o teto, aquilo me dominava tanto, eu era tão feliz quando cheirava, eu era tão sobressalente, eu era tão homem, meu coração acelerado ainda mais, sentia minhas mãos tremerem, fedia, fedia muito, não tomava banho há muitos dias, minha barba estava muito grande, meu cabelo ainda maior, via isso pelo reflexo do espelho a cada vez que abaixava pra cheirar, fui à rua, olhei pro céu ainda vivo, minha visão da lua era extremamente única, era como se eu tivesse alcançado-a por namorada, as estrelas eram tão estreitas, me cativavam, deitei na calçada, minha boca borbulhava, passei a mão pelo nariz e não vi nada alem de muito sangue jorrando, meu braço esquerdo adormeceu, um cachorro lambeu meu beiço, achou péssimo o gosto de sangue que escorria do nariz e foi embora, morri ali, por fim, sem condições, sem ter uma vida, sem alcançar meus objetivos, eu sabia que sentiria falta da cocaína no inferno, eu não queria ter morrido tão cedo, queria mulheres, uma ultima trepada, um ultimo delírio, um ultimo beijo, um ultimo abraço da minha garrafa de conhaque, mas nada mais surtira efeito, talvez fosse ser enterrado como indigente, não tinha documentos, ninguem sabia de onde viera, ninguem nunca soube por fim.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ela e o mar.

Eu tinha um desejo enorme por ela, não sei se havia me apaixonado. Tinha
alguns desejos insolentes, quando ela tirava a roupa pra mim; eu fazia o que jamais
fizera antes, dizia que a amava, que a curtia, que a aspirava, que queria casar com ela. Mas logo gozava, íamos dormir e no outro dia era a mesma coisa. Jamais casamos.
Num certo dia fui trabalhar logo cedo, ela ficou arrumando a casa, abri o
guarda-roupas, não havia reparado que as roupas dela não estavam lá, mas jamais iria reparar eu a amava sem roupas e quanto menos ela tivesse, melhor era pra mim.
Trabalhei muito aquele dia, tomei duas ou três cervejas no almoço, dois
copos de conhaque. Paquerei a garçonete, comi dois torresmos fritos ao puro óleo, eram óleo puro.
Não queria voltar pra casa, passei na zona, tomei uma cerveja, depois um uísque, meu
dinheiro era escasso, resolvi não gastar com nenhuma trepada, talvez fosse melhor pra
comprar uma garrafa de vodca.
Cheguei em casa, havia uma carta dela dizendo que tinha ido embora pro mar, não sei, talvez ela foi pescar, voltaria alguma hora daquele dia, algum dia daquele mês,
mas voltou num ano dá próxima década.
- Amor, posso voltar e morar contigo?
- Se quiser, ficaí, mas tenho outra mulher.
- Tudo bem, mas eu ainda te amo, voltei por sua casa e vou te reconquistar.
- Tudo bem.

A outra mulher foi embora, eu não queria mais que ela visse a casa com
cheiro salgado de mar que a outra houvera trazido. Peguei a outra, tirei a roupa dela, disse que a amava, trepamos por noites inteiras e dias ativos, sol no céu, quentura na cama. Mas ela voltou tão débil e menina que perdi o encanto.

- faço uma proposta. disse ela.
- não aceito propostas, não quero mais nada.

Ela não havia percebido que era enjoativa, menina e puta. Todas elas eram
putas, algumas gostavam às vezes de alguma adoração. Como diria Anaïs Nin.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Cocaína V!

Eu tinha muita ressaca, aliás, a ressaca me tinha. Resolvi me levantar e ir à casa da Patricia, pedir desculpa pela atitude do dia anterior, claro que por interesse, eu tava morrendo de vontade de trepar com ela, ela de fato fazia falta, era uma das poucas mulheres que me incitavam a mentir só pra eu ter a presença dela. Eu tava com uma puta vontade de cheirar, eu passei na boca, mas era cedo, tive que me virar, pedi pro índio me dar alguma coisa ainda que fosse a sobra. Eu precisava muito, ele me deu, eu disse que pagaria depois. Era um pouco mais que três gramas, daria até a noite, eu esperava que desse mesmo, minha cabeça explodia, eu queria algo pra aliviar. Meu nariz estava doendo, inflamado talvez. Aquele dia não estava legal, era muito sol, muito vento, minha mãe havia ligado, como sempre eu não atendi, o que será que ela continuava pensando de mim? Lembro-me que uma vez ela me disse que eu era diferente dos meus irmãos, que eu era incomum, um bastardo, uma discrepância, que não parecia filho dela, que não tinha futuro, que eu não ligava pros sentimentos dela, nem da família. Aliás, eu não ligava pra sentimento de ninguem, e não era bem assim, eu ligava pros MEUS sentimentos e já era muita coisa.
Cheguei à casa da Patrícia, porta aberta como sempre, barulho de água caindo no banheiro, não quis incomodar, sentei no sofá, havia uma mesa no centro da sala, uma bagunça do caralho, eu era muito organizado, até pra cheirar eu precisava enfileirar bonitinho, enrolar o canudo com uma nota boa, não muito suja, mas a casa dela tava uma bosta mesmo, mas era uma casa muito bonita, como será que ela havia conseguido aquela casa? Ou, ainda que alugada, como ela fazia pra pagar o aluguel? Pensei em mim, se não fosse o dinheiro das coisas que eu escrevia alheio à título, pra qualquer bobagem, até discurso de vereadorzinho de cidade de 200 habitates, se não fosse ao menos isso, eu moraria na rua. Eu tava com vontade de ouvir música, liguei o som da Patricia, tocava Black Sabbath, aquilo me chapava ainda mais.
Ela saiu do banho, tão linda, tão cheirosa, com as bochechas rosadas, coçava o nariz incessantemente, a vagabunda tinha dado um tiro e não me chamou, mas foda-se, saiu do banheiro linda, eu pedi desculpas, ela mandou eu calar a boca, sentou no meu colo, abriu meu zíper, me beijou – ela sabia que beijar me excitava – e meu pau foi ficando duro, ela me beijava, estava pálida, coçou o nariz e desmaiou, vagabunda do caralho, não iria terminar o serviço? Há tanto eu esperava por mais uma trepada e a mina desmaia agora? Começou a tremer, enrolar a língua e quando dei por mim ela sem pulso, fria, e eu lá... com vontade de meter. Olhei pra ela, pensei em dar mais uma antes de lígar pra policia; mas lembrei do Jim do Buk, dar uma com uma viva às vezes já é foda, com uma morta deve ser cruel, liguei pra policia, passei o endereço, saí, encostei a porta, fui pra casa, tomei um conhaque no bar antes. E nunca mais a Patrícia apareceu, não sei se morreu de fato, não sei o que houve, sei que fiquei sem a porra da trepada, punheta não me agradaria aquela noite. E nunca mais conheci uma mulher daquela.
Abri os olhos, lembrei que com 25 anos a vida era melhor que com 48, meu estado era deprimente.
Ter uma vida vivida num cofre, tentar adivinhar o que a vida tinha de melhor sentido, já não era mais pra mim, que tem gente que confunde luxo com luxuria, sempre fui luxurioso, porém nunca luxuoso.
Já não comia muitas mulheres, aliás, não comia nenhuma, não tinha amor, tinha dois pulmões que me martirizavam, meus livros haviam vencido, a língua que eu falava mudara de sentido, haviam regras que não permaneciam mais, eu queria ler Bukowski, mas Bukowski não tinha mais. Queria uma casa, mas não tinha paredes, nem teto, nem rede. Queria um amor, mas não existia coração, até que não quis mais nada. Só um ou dois cigarros pra eu não passar a noite sem companhia.
Nunca tinha conhecido alguem mais doente que eu, mais debilitado, havia algum momento na vida em que eu tentava levantar, mas era só pra sentar na latrina outra vez e cagar tudo que tinha vivido, eu queria morrer, mas morrer não vingava – era de propósito que Deus me ressuscitava toda vez que eu morria.

sábado, 24 de outubro de 2009

Téo

Ainda tinha muito tempo antes da chegada da visita, mas por precaução se arrumara com antecedência, olhadinha rápida no espelho, “nada mal”, pensou consigo mesma, queria estar bonita aos olhos dele. Olhou para o relógio, tinha muito tempo mesmo, deveria estudar, em cima da cama uma montanha de papéis, livros, textos de leitura obrigatória, mas nos quais não conseguiria se deter, não naquele dia, estava ansiosa. Decidiu ao menos organizar tudo, que bagunça estava aquilo ali!
A campainha toca estridente, num salto ela põe-se de pé, já seria ele? Abre a porta ainda um pouco hesitante... Ele era realmente um belo exemplar de homem, tinha uma cara de safado como ela sempre imaginara, e bastou um primeiro olhar para que seu desejo de beijá-lo, de estar em seus braços, de se entregar fosse despertado. Convidou-o para entrar, ainda um pouco embaraçado por se dar conta que não havia organizado as coisas que deveria, mas “tudo bem, tudo bem...” Conversaram sobre amenidades, ele perguntou sobre sua estadia na cidade, ela ofereceu-lhe uma cerveja, que foi prontamente aceita, enquanto retirava o material de estudo de cima da cama e levava-o para a mesa próxima à janela.
Mesmo de costas percebeu que ele se levantara e vinha em sua direção, enfim, “já haviam conversado demais mesmo”! Seus braços envolveram-lhe a cintura, agilmente ele puxou-a para si, sentiu seus lábios quentes roçando-lhe a nuca, e o volume de seu cacete em sua bunda.... “Gostosa”, sussurrou ele ao pé do seu ouvido enquanto suas mãos deslizavam por baixo da blusa que lhe tirara sem a menor dificuldade. Virou-se para ele, queria sua boca, queria seu beijo, sentir seu gosto, beijou-o com vontade, com fome mesmo, e que deliciosa era aquela boca! Já estava maluca de tesão, tanto que buscou seu corpo, sua roupa, e ela própria tratou de tirar-lhe a camisa, abrir-lhe a calça, queria logo libertar aquela pica! Beijou-o todo, mordendo. chupando-lhe o pescoço, descendo pelo peito, barriga, enquanto ele a incentivava, pedia que a “menina” mostrasse o que sabia fazer.
Ajoelhou-se diante dele, segurou aquele pau lindo.. “pau de ruivo”, lembrou que certa vez havia lhe dito que nunca havia ficado com um ruivo, enfim sua curiosidade estava em parte satisfeita, em parte, por quê aquilo era apenas o começo. Ensaiou uma punhetinha, levantou a cabeça e o brindou com um sorriso safado, deliciou-se provocando-o, lambia de leve só a cabecinha: “Que gostoso que você é, Téo!” e continuava seu ritual, agora contemplando aquele pau por inteiro, enquanto ele mostrava que queria mais: “vai, chupa gostoso safada!” Depois abocanhou-o, sentindo aquele pulsar em sua boca, tentando engoli-lo por inteiro, mas ainda precisava adquirir uma certa prática. Por ela chuparia até que a porra inundasse sua boca, mas ele a conteve, afastando-se: “calma mocinha, sem afobação!”, ela levantou-se e recebeu mais um beijo daqueles, delicia! Só pensava em sentir aquele homem possuindo-a.
Conduziu-a para a cama e arrancou-lhe rapidamente o short branco e a calcinha, beijou-lhe a boca com febre e dedicou-se a explorar seu corpo, primeiro saboreando aqueles seios, mordiscando os mamilos, arrancando gemidos a cada centímetro que sua boca percorria. Acariciou-lhe a boceta, estava totalmente molhada, latejante, pedia para ser invadida: “vou fazer você gozar na minha boca, delícia!”, e, abrindo-lhe as pernas, começou a chupar gostoso, sua língua invadia cada centímetro, ora lambendo, ora mordiscando de leve só com os lábios, fazendo-a gemer alto até alcançar o gozo estremecendo em sua língua. Subiu, beijando-a de novo, e posicionou seu pau na entrada daquela bocetinha apertada, olhou-a com um ar sério, perguntou se era isso mesmo que queria e disse que se queria tanto teria que pedir. Obteve resposta mais que satisfatória: “Vem Téo, quero sentir esse pau gostoso todinho em mim, me fode!”, penetrou-a de uma só vez, aumentando cada vez mais a intensidade dos movimentos, fazendo-a gemer forte apertando suas costas, acariciando-lhe a nuca enquanto ouvia o quanto era gostosa. Ela mordia os lábios, se contorcia, procurava sua boca, se encontrara naquele beijo, seu corpo vibrava, e entre gemidos anunciou que mais uma vez alcançara o êxtase. Apertou suas costas com mais força, fechou os olhos enquanto ele continuava os movimentos de vai e vem, até que ela relaxou e ficou parada, ouvia-se apenas sua respiração ofegante.
Nunca se sentira tão devassa e tão solta na cama, ficou de quatro pra ele, tinha cara de quem queria mais, muito mais: “Cumpre o que tu tanto me prometeu, que me daria uma canseira, vem, me fode até a exaustão!”. O safado meteu de uma vez só, sem dó, segurava-a pelos quadris, as estocadas eram tão fortes que ela sentia choques de prazer, delirava entre tapas e puxões de cabelo, rebolou gostoso naquela pica até que seu corpo mais uma vez estremeceu de prazer. Ele também chegara ao seu limite, nem precisou pedir, ela fez cara de gulosa e, ávida por aquele “leitinho”, engoliu tudo, sem desperdício! Realmente estava exausta: “tudo bom demais, que cretino gostoso!”, recebeu mais um beijo “caliente”, permaneceu deitada ali, estava exaltada demais para adormecer, logo ele veio deitar-se ao seu lado. Tinha vontade de aconchegar-se em seus braços, sentir o calor do seu corpo, mas, temendo uma recusa, não o fez. Não sabia muito sobre aquele homem, só sabia que ele a fez se sentir mulher do início ao fim, de resto, seu silêncio e a personalidade peculiar constituíam um mistério, o mistério que ela começara a desvendar naquela tarde.



conto que ganhei de uma amiga!:)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Cocaína IV!

Acordei com uma sensação de um péssimo gosto na boca, meu nariz escorria, mas estava escuro, eu não sabia o que era, levantei-me rápidamente, fui ao banheiro, tropecei em algumas coisas, fiz barulho, ela ouviu e perguntou se eu tinha algum problema, se passava por algo, eu disse que tava tudo bem, no espelho vi que meu nariz sangrava minha boca tambem, na real eu não sabia o que era tudo aquilo, foda-se, vou cheirar, talvez a coca ajude a cicatrizar, peguei uma carreira, estiquei na pia do banheiro, ela veio pra ver se havia acontecido algo, viu meu nariz sangrar, assoprou o pó e eu mandei-a tomar no cu, ir se foder, filha da puta do caralho, todos os palavrões que houvera aprendido no decorrer de 25 anos soaram hostis de fato num intervalo de dez segundos. Coloquei as calças e ela disse: espera, Téo. Você precisa saber o que há. Não esperei, coloquei a camiseta nos ombros e saí, não morávamos tão longe, andei, andei, passou uma senhora por mim, me olhou, mas minha barba era grande, pensou ser um drogado, um mendigo, um nóia e estava certa, eu parecia sujo, minha roupa estava fedida, há três dias eu não tomava banho, há três dias que eu só cheirava, trepava, bebia e ouvia musica, ouvia Wagner. Fui pra minha casa, na minha casa as coisas eram mais arrumadas, parecia o inverso, minha casa parecia a dela, eu sabia onde estava o algodão, onde estava o soro fisiológico, lavei, limpei, o sangue estava grosso, ressecado, quando passei o algodão senti uma dor fodida. Agora eu podia cheirar em paz, enfileirei uma carreira, cheirei, liguei o som – era tão viciado em música quanto em cocaína – ouvia city and colour a musica: forgive me.

- Téo, pelo amor de Deus, abre a porta, eu quero saber como você está.
- Estou bem, Patrícia.
- Abre a porta.

A porta estava aberta, ela sabia que eu não trancava, empurrou a porta, veio, viu que eu estava bem, eu havia cheirado, estava pego, com uma vontade do caralho de transar, eu queria que ela fodesse bem gostoso comigo, como na primeira vez, agarrei-a, tentei beijá-la, ela tentou se soltar, tentei absorvê-la, ela tentou fugir, como todas as vezes anteriores eu tentava, acontece que eu tentava fugir e agora era ofício dela. Eu não sabia se estava apaixonado ou a porra da carência infiltrava meu ego. Ela disse que me ajudaria, eu disse que a única ajuda possível era trepar comigo, ela não se lembrava de muita coisa dos dias anteriores e eu também não, tinha um abscesso no nariz, talvez a morte atracava-me, talvez eu tivesse medo e queria terminar a minha vida do melhor jeito possível, queria de qualquer jeito sentir aquelas mãos, aqueles seios na minha boca, aquela boceta latejando no meu pau, carreguei-a pro quarto e por fim desmaiei na minha cama, com aqueles lençóis brancos e a bandeira do Palmeiras na parede exposta: Libertadores 99!
Ela não chamou ambulância, ela não me conhecia, ela não gostava tanto de mim a ponto de tentar me salvar, eu faria o mesmo por ela se fosse o contrário, acordei e não sabia o que havia acontecido, estava deitado, na cama, com lençóis brancos, a minha bandeira do palmeiras estava ali na parede e escrita: libertadores 99! Era um orgulho pra nossa torcida, um título incrível, era ainda mais um orgulho pra mim, porque eu sabia que estava em casa. Levantei-me, fui ao banheiro, tomei um banho, não havia me olhado no espelho, me lavei a água ainda desceu um pouco suja de sangue, normal, pensei que tivesse sido do nariz e era. Ela dormia, dormia no sofá, um sofá de dois lugares, pequeno, laranja e encostado à única janela da casa. Fui à minha caixinha, um souvenir que houvera ganhado de uma amiga que trouxe de Londres, era onde eu guardava meu pó, mas a porra estava vazia.

- Patrícia, acorda, acorda, porra, você cheirou tudo o que tinha aqui?

Acordou assustada, com os olhos grandes, que me dominavam se olhando pra mim e disse:

- Joguei fora, joguei tudo fora, você não fará isso novamente, nem eu. Você foi a primeira pessoa que conheci aqui que gosto de sair, gosto de estar, que me realiza, não vou deixar você morrer, não vou aturar que se mate.
- Sem falsas delongas, eu quase morri, você me deixou deitado no mesmo lugar que estávamos quando apaguei, era meu quarto, eu sabia, eu havia te trazido pra cá.
- Não chamei a ambulância porque havia muita droga na porra da caixinha, fiquei com medo da polícia achar algo e nos acusar, mas eu estive contigo, cuidei de você, fiz curativo no seu nariz, você tinha um coágulo na boca, quase morreu sufocado de tanto sangue, você é injusto, Téo. Estou vendo a hora de começar a te odiar antes de amar.
- Eu nunca tive esperanças de que você me amasse, Patrícia. A minha única esperança era morrer trepando contigo.

Ela saiu, bateu a porta, esqueceu o casaco, era o mesmo casaco que usava todas as vezes que nos víamos, talvez sentiu frio, abriu novamente a porta, pegou o casaco em cima do sofá laranja e encostado à única janela da casa. Eu não tinha mais forças pra sair atrás dela, eu não tinha vontade, talvez sentisse falta mais tarde, mas agora eu sentia falta de ficar louco. Fui ao bar, bebi, dessa vez não cheirei, voltei pra casa e tocava city and colour – forgive me.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Cocaína III


Acordei, dessa vez eu dormi, não tinha dinheiro pra muito, bebi muito pouco, cheirei menos ainda, logo, tive sono depois de tantos dias sem dormir e dormi.Até sonhei.
Sonhei com a Patricia, acordei com uma vontade do caralho de trepar, ela foi uma das melhores trepadas que tive na minha vida, era uma mulher incrível, inteligente, viera de um estado distante, formada em jornalismo, tentava a vida em São Paulo, mas jamais conseguiu ser uma pessoa bem sucedida, éramos de fato a contrapova da física em que os opostos se atraem, éramos muito parecidos, singelamente ela era capaz de tudo, sinceramente era uma pura vadia.
Certo dia estava bebendo em um bar na Vila Madalena, a vi de longe, era um tesão de mulher, muito bela, branca, bochechas rosadas, cabelo escuro, vermelho pintado, olhos verdes, tatuagem no pescoço, camiseta dos Beatles, bebia cerveja - eu adorava mulheres que bebiam cerveja - eu não era de se jogar fora, só estava, como sempre, com os olhos fundos, nariz coçando, medo de que escorresse algo do meu nariz, limpava de dez em dez minutos, ainda que não estivesse sujo. Peguei um cigarro, pus na boca, procurei incessantemente meu isqueiro, não encontrei, tirei o cigarro da boca, coloquei novamente na mesa, não tinha como acender. Ela percebeu, veio até minha mesa, com passos cautelosos, charmosa, uma calça jeans escura, apertada, mas era mais apertada ainda do joelho pra baixo, usava um tênis branco e tinha os cabelos lisos soltos. Não me disse nada, chegou perto, me ofereceu o isqueiro já aceso em sua mão. Fiquei estático.
Pedi pra ela sentar, me acompanhou em duas cervejas, ela questionou o por quê eu estar sozinho num lugar onde todo mundo tem companhia, por que eu não participava das rodas de conversa das mesas ao lado, e eu disse que morava por ali, a cidade no centro era muito solitária, as pessoas que estavam sentadas às mesas vinham de longe, traziam amigos, mas os moradores da região eram solitários, eu era muito solitário, talvez por isso tenha arrumado esta desculpa, talvez eu tivesse vergonha de falar que não tinha amigos, eu não tinha amigos e a questionei sobre ela estar só, ela me disse que por escolha, pedi a terceira cerveja, a quarta, queria cheirar, mas ficava tímido e ela me disse:
- queria um pó, você usa? Eu adoro cocaína, me deixa bem, feliz, faceira, me deixa com tesão, você gosta de mulheres que dão no primeiro encontro?
Eu fiquei com vergonha, confesso, mas a vergonha não me impediria de comê-la naquela noite, eu era novo, tinha uns 25 anos, tinha toda euforia do mundo, tinha todo tesão do mundo, tinha todo pique, toda droga que quisesse, talvez por eu ser calmo, de poucas amizades, era bem confiado na boca de fumo.
- eu gosto, na real não tenho muita percepção pra isso, a maioria das mulheres que saio, ou quase todas, fica muito louca e dá no primeiro encontro, e se você quer cocaína, vamos à minha casa, tenho um pouco aqui, toma, vá ao banheiro, mas cuidado, ponha na mão, cheire rápido e volte, deixe um pouco pra mim, a gente fica mais um pouco, toma uma cerveja e depois vamos pra casa.
Assim ela fez, ela voltou coçando o nariz e sorridente, me deu um beijo no rosto, colocou o restante na minha carteira de cigarros, fui ao banheiro, na esperança de que ela ainda estivesse na mesa quando eu voltasse, ela era tão linda, tão irreal, que eu achava que não era pra mim. Voltei, ela ainda estava lá, fomos à minha casa depois de mais três cervejas, pedi ao dono do bar que me vendesse mais algumas, me vendeu junto ao litro de conhaque, tomamos algumas cervejas, cheiramos, não conseguimos transar, meu pau não subia, ela chupava, mas nada de render, a masturbei, ela gozou, fiquei acordado, ela conseguiu dormir, dormiu lindamente, rosto rosado, branca, como uma princesa. Mal via a hora da minha brisa passar, pra acordá-la e comê-la, tentei dormir, não consegui, tomei mais conhaque, tomei muito conhaque, tomei todo conhaque. Chapei, dormi, acordei antes dela, na real eu não a entendia, ela não cheirava?
Como ela conseguia dormir tanto? Acordou insaciável, me pegou, fez tudo comigo, o melhor sexo que já tive na vida, eu não queria deixar que ela fosse embora. Pediu mais coca, era insaciável tambem com a droga, éramos de fato um pro outro, trepamos mais umas nove vezes aquele dia, ela disse que precisaria ir pra casa, eu a pedi pra morar comigo, eu disse que a amava, ela sorriu e disse que voltaria mais tarde, pra mais diversão.
Não consegui dormir mais, dessa vez não pela droga, mas pela moça, não exatamente pela moça, mas pelo sexo da moça. Ela fodia tão bem quando as bonecas infláveis que tivera sem nunca ter tocado, sei disso, porque jamais abriu a boca pra falar merda, ela falava tudo que eu adorava ouvir enquanto fodiamos.
Ficamos mais alguns dias indo à minha casa, quase dois meses entre encontros, drogas e muita putaria, me convidou pra ir à sua casa, um purgueiro, uma merda de lugar, não tinha contato com ninguem, não havia família, ela jamais falara de família comigo.



Imagem: Marianna Rafaella!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Cocaina II

Na verdade a coisa era muito mais real que pela manhã, meus olhosinchados, a boca cortada, dor de cabeça, eu poderia viver mais uns dias assim, mas não suportava, viver superava minha expectativa da morte e isso me matava psicológicamente.Enquanto o mundo rodava, meus olhos estavam vermelhos, peguei um caderno,tentei escrever alguma coisa, mas eu nunca achei bonito o azul no branco,sempre preferi um verde, talvez pelas cores do meu time, eu era fanático por aquele jogo, ia sempre ao estádio enquanto moleque, participava das torcidas, adorava brigas, adorava vê-las, brigar não era comigo, eu era forte no pensamento, mas era todo desajeitado pra brigar, preferia cheirara qualquer outra coisa, preferia beber a defender meu time de outros idiotas que torciam pra times mais idiotas ainda. Não consegui escrever.Havia recebido uma proposta de uma editora, pra lançar um miniconto,alguma desapropriação do meu eu, publicar à revelia o quão tóxicos eram meus pensamentos e ludibriações.Fui ao bar, pedi um conhaque, tomei numa virada só. Olhei no bolso, haviao cartão do banco e mais alguns trocados em moedas, aquilo daria somente pra comprar mais uma dose de conhaque, pensei em pedir fiado, mas fazia pouco tempo que eu estava ali, havia sumido do outro bairro, porque abri conta no bar e não paguei, deixei de pagar dois meses o aluguel.Meus 48 anos me traziam uma alma pesada e a esperança de um bom jazigo quese fazia breve.Na fila do banco esperei dois rapazes que estavam na minha frente,tentaram tirar um dinheiro, não conseguiram e foram embora. Fui, vi que tinha pra dois, DOIS, era incrível, fazia tempo que eu não pegava tão pouco pó, fui à boca, peguei dois pacotes minimos da droga, de no máximo um grama cada, ainda menos talvez, ali mesmo na boca deis alguns passos à frente, peguei a carteira, abri um papelote, coloquei inteiro e cheirei.Meu alívio subia pelas pernas, era como um corpo em chamas que se jogasseao mar e eu insistia em desdizer ao mundo o que diziam, de fato a droga não me fazia mal ou talvez eu não visse o maleficio com tanto esmero. O mal da cocaína era relativo. Fui ao bar, já anoitecia, meu time jogaria, o Palmeiras me faria feliz, era quase campeão, faltavam poucas vitórias pra congragulação. Talvez ali, no auge da velha idade era eu e o Palmeiras se ganhasse era motivo pra comemorar - ia na boca e pegava dez - se perdesse era motivo pra esquecer - ia na boca e pegava vinte.Fui ao bar, sentei, pedi um conhaque - dinheiro ainda era escasso -assisti ao jogo todo com um copo de conhaque somente, Palmeiras havia ganhado novamente, a torcida vibrava, o time jogava como raras vezes jogava, era meu motivo de felicidade. Fui ao banheiro, coloquei mais uma carreira cheirei pela vitória e em homenagem ao time. Estava bem, feliz,sorridente, ao sair um rapaz me disse: Tio, seu nariz tá sujo, cara.Limpei, sorri feliz e segui adiante. Fui pra casa, não hesitei agora, com coragem, em pedir uma conta no bar o dono não gostou muito da idéia, mas talvez por eu ser novo no lugar ele queria me dar as bem-vindezas e aprovou meu crédito, tomei mais dois conhaques, quatro garrafas de cerveja, cheirei o restante do pó e fui pra casa, ao chegar por lá, a vizinha da casa de baixo estava prostrada na janela, fumava um cigarro, me olhou com cara de vagabunda, dei boa noite, perguntou se eu tinha companhia, falei que não precisava. Fechou a janela e nunca mais olhou na minha cara.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cocaína!

Era uma saga, uma relação contínua, era maior que qualquer livro eterno, era uma luta pela libertação do vício das drogas. Era enfim uma guerra nas biqueiras. Lembro que enchia a cara e antes disso dizia: não usarei esta coisa novamente, mas era inevitável, meu nariz pedia, meus olhos ferviam, meu humor mudava, minha vida insana vinha à tona e eu era só feliz se pegasse três ou quatro, colocasse uma inteira na mesa, esticasse a fileira e vruuunnnn, mandasse tudo para o cérebro, a parada era louca, eu sentia bater um tuín, era como um trem descarrilhado no cerebelo.
Tinha uns 48 anos, eu era um homem formado fisicamente, era um pré-velho, minhas mãos tremiam, minha boca se mexia, era como se quisesse morder a orelha, minha visão deturpava, entrava nos bares, bebia cerveja, olhava as mulheres, não era mais o comedor da adolescência, a cocaína havia enfim acabado com a minha estima viril e sórdida, era extremamente desprezível. Não tinha dinheiro pra muita coisa, tomava cervejas e conhaque, quando era menino tomava corote, barris de pinga mínimos, eram eles que me acompanhavam, depois conheci o conhaque, me mantive ali, era o primo pobre do uisque, eu adorava uisque, mas não tinha dinheiro pra eles. Sempre que me lembro no começo do mês me esbaldava em beber e cheirar, afinal, havia dinheiro. Mas da segunda semana em diante, meu vício virava nóia, arrumava um jeito de ganhar dinheiro ou cerrar o pó alheio. Comecei a trabalhar estabilizadamente, ficava nos empregos por pouco tempo, era um homem forte, viril, arrumava mulheres facilmente, lembro-me da ruiva que conheci numa estação de trem, eu estava louco, maluco, tinha cheirado pela noite inteira, levei-a pra um hotel, ela reclamou do estado do hotel, trepamos, acho que fui mau com ela, ela reclamou da minha lascívia, diz que fui intempestivo, ela queria carinho e eu porrada, acabei gozando na cara dela, ela não gozou comigo, levantou-se, foi embora, não me deu telefone - eu pouco ligava se me desse - sabia que arrumaria outra logo ali na esquina; isso veio tudo surgindo e saltando à minha mente de velho, olhei pro lado, vi uma moça bonita, uma morena tão bela quanto a mineira que daria minha vida que um dia houve na realidade ou na mentira que existi, que existiu, fui lá e disse:

- hei, quer sair comigo hoje? - segurei pelo braço dela, ela levantou-se.
- você vai me machucar, me solta, seu velho. Obrigada. Seu nariz tá sujo.

Olhei pros lados, todos me olhavam, não sabia que lugar era aquele, se pertencia aquele lugar, tirei outro pó do bolso, filei na mão, cheirei na frente deles. Alguem me pegou no braço, disse que ali não era lugar, me jogou na calçada, me deu três chutes, chamaram a polícia, corri, corri, corri, suava feito sudorese, meu corpo em chamas, não havia puteiro por perto, entrei numa igreja, um pastor falava, mas nada que eu entendesse. Fui pra casa, fechei a porta, dormi no único comodo, num único colchão no canto, molhado de mijo, mais um dia pro meu cartel de ilusões - era dia, ansiava pra que anoitecesse novamente, era mais um dia que eu não tinha esperança de acordar morto, visto que não dormiria. Queria drogas, mais drogas, mas durante o dia não havia boca, rezava aos céus pra que anoitecesse, eu tremia, minha boca tinha gosto de sangue, os chutes dos rapazes do bar me doíam, eu não iria voltar lá.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Battleships.

Eu poderia tocar o mar, o céu, qualquer indecência criada por Deus. Agora eu era rei. Havia muito de você na inocência da minha órbita, havia um pouco de mim em cada astro que a medicina não criasse. Havia um pouco de mim em cada cura que a medicina alcançasse, havia algo meu em tudo, em nada, no sim, no não, eu era um completo talvez.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Leia mais Machado!

Eu não diria isso só pelo efeito do prozac, você nutriria bem mais se chegasse mais cedo. E que eu poderia te dizer que quando crescer, se eu resistir a esta vida, eu vou te levar lá aonde vi meu primeiro disco espacial, disseram que eu era maluco, mas sabe? Colocaram um chip em mim, aqui, sabe? Aqui. Bem atrás da nuca, e toda vez que eles estão passando no espaço, passam uma identificação extra-terreste pra obter conhecimento sobre o que estou sentindo. E se eles passarem agora, saiba que vão ter ódio de ti, porque tambem tenho e que essa sua idéia fula de voltar pra porra do mar que você jamais deveria ter ido é idiotamente frustrante, e meu coração é bem tolinho, ele bate mais forte quando você chega e você me diz de uma forma áspera que todas as culpas do mundo são minhas, inclusive o meu hábito com as drogas.
Lembro de ti quando leio Machado de Assis dizendo: E se a borboleta nascesse azul,laranja ou branca? Mas nascer preta é foda. Ele não disse o foda, mas eu diria. Mas ele pensou, eu jamais pensaria.
Sabe, é raro eu parar de pensar em ti, queria mostrar um castelo de areia que fiz quando tinha uns três anos no fundo do meu quintal, mas agora, com quase muitos e tantos, não sei chegar ao castelo com assiduidade. A ultima vez que deixei de pensar em ti foi quando li "misto-quente" hoje enquanto lia Bukowski dizendo: Ela era a puta mais insana daquele bar e dava tudo por mim. Porque você não dá, e és muito menos puta.
Eu fico muito puto enquanto converso contigo, e daria tudo por ti. Talvez você é que se lembra de mim enquanto lê Bukowski.
Leia mais Machado!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Se!

Eu não sou a busca sua incessante de amor premeditado, sou o que não se premedita.
E que se estava dentro da minha alma a sede por você, saiba que agora está fora.
Buscava-te enfim nas latas de alumínio, nas cevadas inconstantes, nas drogas malfeitoras, no mundo que não cabes!
E se fosse pra dizer, diria: Eu quero, quero sem limites!
Mas eu nunca dizia, precisava passar por cima dos meus instantes de homem duro, quebrar meu coração que era de pedra e dizer-te tudo que eu sentia, eu não dizia porque tinha medo e a restauração do meu eu era questão de tempo, questionar o tempo tambem era uma causa muito justa, eu não poderia levar ao céu algo que não precisava ser divino, eu sabia que a nossa busca era desenfreadamente rude e hostil e que se você fosse novamente embora eu não sei o que seria de ti, o que faria por ti e mataria-me juntamente a física ida, dá tua mão, olha pra mim: Foda-se diria eu!, pra manter-me macho dentro da idéia de ter medo de fazer de novo o que foi feito.
E se você viesse eu diria: Eu te amo! Te veria lacrimejar, eu sei das tuas necessidades e das minhas, se fores de novo, e se fores somente, se fores sempre, irás.
Se ficares, me farei novo, minha sede externada é absolutamente dependente do seu corpo, seu corpo matarás a sede, sua alma sustentará meu estômago e essa merda de vida ficará pra trás.
Nada de mentira!

domingo, 17 de maio de 2009

oh, céus.

Que não fosse a alma que me alcançasse, mas que fosse algo. Pedia pra que todo dia os papéis se invertessem, que a alma não fosse lúgubre, que os desejos não fossem repentinos, que a vontade de bater não existisse depois de trepar. Uma alma mais forte, me aparece você, vens de não sei onde, não preciso saber, e que se vens, me faz, e se me faz crio-me, se me crio consigo chegar a maturidade de forma esplendorosa, você é o que não existe.
Você é guerra, você me sangra, você me machuca, você me dói, você me corrompe, você lucra comigo, você tem poder sobre minha paz, você me agita, me ama, me odeia, você não sabe o que quer e quando quer quer tão unicamente que me apaixono, me dominas, me faz novo, carinho, paz, amor, tesão, desejo, desejo, tesão, desejo, carinho, paz, amor, amor, amor... morte.
Você me mata, me ressuscita.
Você é o que desatina!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Conhaque, puta e briga.

Caralho, eu não via sol, nem estrelas, eu não via céu, cara. Era estranho como as pessoas me olhavam, meus olhos estavam fundos, meus supercílios cortados, de fato não eram supercílios, porque no primeiro murro que tomaram já rasgaram. Fui caminhando embora, com o rosto sangrando, havia brigado no bar, mas sei que foi pior pra ele, sim, o cara que me desafiou, foi bem pior pra ele, saiu com nariz quebrado, garrafada na cabeça, sem um puto no bolso e eu caminhava com sua mulher pra minha casa.
- Hei, o que você quer?
- Não quero nada, rapaz. Só achei sua mulher bonita, não estou a assediando, assediaria se estivesse só, respeito, mas não aceito que ela ande com um babaca imensurável como você! – ele me deu o primeiro murro, eu não tava preparado, quando levantei sugeri:
- Vamos fazer algum desafio?
- Para apostar o que, palhaço?
- Apostar sua mulher, rapaz. – e dei um murro no canto direito da boca dele e quebrei a garrafa que estava na mão bem próximo a nuca do idiota. Não poderia deixar passar em branco; eu dava o mundo por brigas, diria então por vingança.
Ele levantou-se, disse algumas palavras que não ouvi direito, mas continuou:
- Conhaque, vamos ver quem aguenta mais uma garrafa, sem tirá-la da boca, quem abaixá-la primeiro, ficará com a mulher.
Ele era tão burro, cara. Que não quis saber do que EU poderia oferecer, eu simplesmente sairia ganhando com ou sem a vagabunda da mulher dele.
- Fechado, desce duas garrafas de DOMEQ, Ramon.
Ramon desceu as duas garrafas de domeq, fomos à competição, eu estava encharcado de conhaque, bebera desde manhã, já era noite ou começo dela, mas eu era herói, meus amigos ficavam impressionados pelo quanto eu bebia, o quanto eu tinha de disposição renal, meu fígado me chamava de garçom de tão servil que eu era a ele. O corno continuava bem, mas eu sabia desde o começo que não teria pra ele, terminei a minha garrafa e ele continuou tomando a dele, ainda havia três quartos da garrafa, bem logo desistiu, mas sem perder a oportunidade de dar uma garrafada na minha cara, bem nos meus olhos, rasgou o supercílio, começou a sangrar, a garrafa não quebrou, peguei logo o conhaque de dentro, joguei nos meus olhos, ardeu pra caralho, mas diziam ajudar no sangramento. Depois tomei todo o resto da garrafa.
Fui pra casa com a mulher dele, que não quisera saber o nome, era graciosa, uma morena alta, cabelo liso, um quadril que ninguem botara defeito, não sei porque frequentava o bar do Ramon, deveria ser puta, mas era uma puta muito charmosa, eu seria capaz de namorá-la!
- Benzinho, chegamos em casa, abra a porta pra mim? A chave está aqui no bolso.
Ela abriu a porta, entramos, pegamos um copo de uísque pra cada, deitei na minha cama, tirei meus sapatos e dormi. Ela permaneceu acordada até cedo, quando acordei, logo perguntei:
- Não dormiu, benzinho?
- Não consigo dormir na casa dos outros logo no primeiro dia, só a partir do segundo.
- Ok, vou ver se arrumo algum trabalho pra fazer, minha bebida acabou, o dinheiro tambem, espero poder te ver mais tarde.
A deixei em casa, sem comida, sem bebida, sem nada, havia a casa pra limpar, algumas roupas por lavar e passar. Ficamos por mais uma semana juntos, não trepamos em nenhuma noite, brinde fácil traz prazer fácil, os homens de todo o mundo não deveriam apostar as mulheres. Elas ficam tão chatas quando troféus! Na próxima escolherei um desafio mais difícil!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fritz.

Téo era o nome dele, Téo Fritz, não tinha nada em comum com alemães, mas adorava chopes aos metros. Tinha uma mulher, chamada Gabriela, Gabriela era linda, tinha olhos claros, sorriso quente, língua quente, corpo esbelto, trepava com ela todos os dias, ainda que alguma das duas mãos.
E dizia a ela que poderiam ser quem fossem de forma diferente, trivial, amorável e tudo mais. Bastava crer que a coisa fluía. Tinha alguns quadros nas paredes do quarto, uma parede azul, alguns blocos expostos pelo lado de fora da residência, era temente ao diabo e a Deus, porque nunca soube a diferença de um de outro a não ser as letras maiúsculas.
Téo Fritz sonhava em amar quando menino, tinha um sonho desesperador de encontrar uma amante que pudesse vertê-lo quando grande, mostrá-lo insano, fazê-lo brilhar os olhos, amá-lo enquanto defeituoso, amá-la enquanto defeituosa, aceitar os defeitos, falar de jogos, virtudes, amores, PALMEIRAS! Ah, o Palmeiras.
O amor era uma busca geniosa pro ego de Téo, Téo não queria encontrá-lo se fosse pra nadar na bosta depois de conhecê-lo, Téo não queria o amor de Shakespeare ou Camilo Castelo Branco, era muita melosidade e idiotice pra uma galera só.

- Eu preciso muito de você, Gabriela. Da forma que venho lidando com nossas vidas, é como se eu não precisasse mais de outra pessoa, você não veio pra me completar, já era um inteiro antes de ti, você veio pra me fazer duplo, um homem mais forte, mais capaz, valente por dois, te fiz um poema:

“E como um gato num alojamento
te incomodo.
Se visses quando ouço Tchaikovsky
o quanto de mim vira cisne a te dançar.

Mas você não vê que te amo tanto,
se possível fosse me ver, verias mal e acabado, triste e indolente.

Por mais furtivo que eu seja, o pecado não me rebaixa
a santidade não me enobrece.

Já que você existe, Gabriela. Deixa de ser pimenta e me arder,
apenas deixe, deixe-nos, aconteça-nos”

E ela nada disse.

sábado, 25 de abril de 2009

Eu sei que parece o que não se diz!

- Abre a porta, caralho. Preciso te contar uma novidade, porra.
- Perdi a chave, pode contar daí mesmo.
- Deixa quieto, até mais.

Dormia muito, o dia inteiro, estava sob efeito de algum alucinógeno que vinha do ar, dá água ou dá cerveja. Bebia muita cerveja.
Não consigo pensar que uma das coisas da vida arcaica é ter que se realizar com algo genial que não qualquer bizarrice, rapaz. Sou tão vanguardista que a vida precisa de necessidades especiais pra ser de fato encarada e que vou ter que carregar uma morte de dois mil anos como motivo pra eu manter minha vidinha sob rédeas de alguem a me ensinar que tudo que é bom é pecado, mas que boceta de puta seca essa.
Acordei, fui ao banheiro, tropecei no piso de acesso ao banheiro, estava encharcado de cerveja e cigarros, meus olhos vermelhos, meu pau mole feito caralho velho, uma vontade da porra de mijar, não conseguia mijar, cara. Sentei no vaso, fiquei uns 15 minutos sentado lá, quando mijei, saíram duas ou três gotas com um pouco de porra junto, lembrei que há muito não trepava e que talvez aquilo tivesse secado dentro do meu canal da urina e isso que me dava dor ao mijar. Logo, bati uma punheta, a porra saiu, consegui mijar direito uns dez minutos depois.
Comecei a ler uma revista que havia chegado há três semanas, não havia lido nada, e dizia na capa: O poder do córtex-frontal.
Lembrei que era algo mais ou menos parecido com o amor, o trauma do córtex pré-frontal, lembrei de Henry Miller dizendo o quanto era bom trepar com Anaïs Nin; o quanto traumatizado ficou Henry por ter se fodido grandemente bem, achado uma mulher que de fato vivesse com ele pelo poder de foder, ah, se todos os homens dessem sorte, o poder de FODER, F-O-D-E-R, até que todos saíssem satisfeitos, mas haveria um trauma, o trauma que não faria com que você soubesse a estratégia certa pra usar, o momento certo de usar a sua estratégia, estaria tudo perdido.
É como o amor, nada dá certo com o amor, o amor é uma tolice:

- Como Shakespeare dizendo em Romeu e Julieta? ‘se essa rosa não se chamasse rosa, o aroma ainda seria o mesmo’

Que coisa mais desvairada, não? O amor é uma idiotice, tolice, o amor é um subjulgamento, o amor é uma variação do humor humano, e humanos envergonham, sou aliado ao espírito-humano, mas o corpo é um lixo, as pessoas sentem com a ponta de seus sexos o amor, o amor na verdade é um dano ao córtex, o amor é um dano ao cérebro, o amor nada é senão uma desculpa pra guerra étnica e religiosa, o amor é bélico, não vou citar o amor quando realmente existir sentimento, o amor é a perda da estratégia do cérebro, é o dano do córtex pré-frontal.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

No mais.

Acho infantilidade o que fizeram no ultimo post, se alguem quiser falar de mim, que me fale, não fique anônimo, é feio.

Essa porra não é um playground, se quiserem se divertir, procurem a casa da mãe.

Triste por muitas coisas, esse é o Téo que de fato existe, querendo conhecerem ou não!

Um beijo, tchau.

"se um homem morre fodendo, quer dizer que tenho que parar de copular? E se Kennedy e Jesus Cristo foram mortos, quer dizer que eu tenha matado? Eu não matei ninguem" Bukowski.

Cof, cof.

Era um purgueiro de primeira, havia uma, duas ou três moscas circulando pelo quarto, extremamente fedido, não havia frigobar, se quisesse pedir uma cerveja pra tomar eles cobravam o dobro, porque era incluso o frete pra ir buscar a cerveja no bar da esquina e levá-la ao quarto.
Tirei um maço de cigarros, havia dois ou três cigarros, meus pulmões faziam cara feia e me atacavam só de pensar em acendê-los, tranquei a porta do quarto, acendi um cigarro, dei um trago, foi tudo perfeito, pedi uma cerveja, dei o segundo trago foi mais perfeito ainda, toc, toc, a cerveja chega, ouço o tilintar do anel no alumínio e bebo um gole, fumo novamente, no ultimo trago tenho um ataque pulmonar, parece-me o King Kong assolando a porra da natureza que são meus pulmões, e tossia, perdia o ar, tranquei a porta, pus o travesseiro sobre a cara pra que ninguem ouvisse aquele terrível incidente, e tossia mais, meus pulmões sangravam, a cama ficou toda ensangüentada, lembrei dos filmes de Zé do Caixão, quase que me verti sangue, quase que tornara-me sangue, até que parou tudo e consegui terminar de beber minha cerveja, quis passear um pouco. Desci ao bar que tinha no subsolo do hotel, havia algumas putas, alguns negros, alguns bêbados, alguns cafetões, como diria Bukowski: Meus mestres estavam todos lá.

- Oi, você não é o Téo?
- Sim, sou!
- Téo, sou sua fã!
- De onde me conhece, guria?
- Uma amiga tem um livro duma edição que você lançou na vergueiro!
- E gosta daquilo?
- Eu adoro, Téo. Sou apaixonada pelo que escreves. Quer uma trepada como aquelas que você descreve de graça?

Eu não estava muito a fim, mas coisas grátis que lhe dão prazer, jamais deverão ser dispensadas.
Enquanto subíamos pro quarto, eu passava mão pelo “dorso” da vagabunda, tinha uma bunda tão redonda e gostosa, eu mal via a hora de enfiar todo meu pau dentro dela. Chegamos no quarto, ela tirou a roupa, enfiou a mão por dentro da minha calça, eu respirava muito mal, meus pulmões estavam extremamente ridicularizados, começou a me chupar, tive um ataque de tosse, tossia demais, sangrava muito, ela ficou com medo, desmaiei, não sabia o que acontecia, preferi não saber, não morri, mas não melhorei, quando acordei ela estava ao meu lado, chorando, como se fosse apaixonada por mim, como se quisesse passar minha doença pra ela!

- O que você ainda faz aqui?
- Téo, estava contigo pra cuidar de você!
- Eu não pedi pra você cuidar de mim, puta do caralho. Sai fora.

Ela foi embora, fechou a porta do quarto chorando, parecia que me amava, não era mais paixão, era amor. Recolhi minhas coisas, fui embora pra outro lugar, havia uns 426 reais na minha carteira, dava pra viver por uma semana ainda.

domingo, 12 de abril de 2009

SJDB!

Tenho aspirações neste mundo que surgem quando acabam. Vertia desejos e almas, havia aparecido linda e sorridente, me pediu em namoro e eu não aceitei.
Passei por poucas e boas, recaídas, momentos estranhos, vindas de E.T.’s, martírios, lutas, batalhas, guerras, tudo sempre perdido. Eu nunca ganhei, talvez eu nunca quisesse de fato ganhar.
Acordava com uma vontade de ir sempre alem do que minha alma branca e nua esclarecia na transparência da minha mentira. Mentira bastante, conquistei umas duas ou três com minhas poesias, depois conquistei outras falando sobre rock’n’roll, umas outras falando sobre literatura e o porcelanato bizarro que era a poesia tosca de Pessoa, mas sempre estava feliz.
Acordava, apenas acordava.
Acordei e vivi, senti falta de algo, estava muito escuro, senti que estava com a cabeça doendo, tinha bebido muito na noite passada, tudo virava, olhei pro lado, não havia ninguem que pudesse viver comigo, passar a mão na minha cabeça ou ir até a farmácia me pegar um remédio pra dor, ainda que fosse pra dor errada, se houvesse talvez não teria dor, mas nada.
Corri, na rua havia um asfalto marejado, cheio de pedregulhos pequenos, desencapado, uma lombada, havia chuva, chovia, o telefone estava na esquina, estava longe de mim, fui correndo em direção ao telefone, descalço, desesperado, escorreguei na guia, machuquei meus joelhos, rasguei meu braço, arranquei o tampão do dedo. Mas levantei, levantei e fui direto ao telefone, não lembrava do número, cara. Onde estaria? Havia perdido minha agenda, voltei, cabisbaixo, triste, senti falta de algo, de alguem, quando cheguei em casa o telefone tocava:
- Alô?
- Téo?
- Eu!
- Precisa de alguma coisa? Senti algo estranho, como se estivesse me procurando.
- Sim, fui ao telefone pra te ligar pra perguntar se você ainda me quer.
- Não, Téo. Você não se cuida, como posso desejar alguem que não liga pra morrer?
- Calei-me! - tinha vergonha de dizer que havia precisado dela pra viver e que se ela me quisesse eu amaria, seria feliz, teria vontade de viver - mesmo que a não vontade fosse involuntariamente - que o sorriso dela era lindo, que amava o jeito dela ter um jeito pacífico, que amava ouvir sua voz, suas carícias de desejo, seus decotes, seus sorrisos filantrópicos deixavam meu jeito frívolo de lado, desejava só amar e respeitar, cara, tinha tanto respeito por ela.
Fiz curativos, passei água mercúrio, ficaram duas marcas nos joelhos, o dedo se recompôs, não uso mais o telefone, não fiz mais agendas, continuo sem companhia! Não minto, mas não falo mais a verdade!

domingo, 5 de abril de 2009

Talvez.

Talvez não fosse como eu pensava, na vida havia acusações ainda mais amplas que as das mulheres.
Não havia felicidade concisa, porque precisava de mais amor, amor era uma coisa consumista, não queria me consumir de forma que meu "eu" pudesse virar um descontrole ainda mais descontrolado do que ja era.
Havia sexo, cigarros, álcool e trabalho, isso já desenfreava o controle do ego, buscava nos alter-egos uma razão social, mas em mim, aqui, tudo soava diferente, todas as formas de poder, todas as formas de contato humano, todo meu respeito, todo meu nome ressoava como nome fantasia. Era eu de fato uma farsa, um Jim de Woody Allen em adultérios, ao menos havia algo de bom, não era nada coerente e Woody diria: Coerência habita mentes fracas! Tinha razão.
Preferia não amar, seria só mais um motivo pra perda do resto da habilidade de viver que eu tinha, que tivera, que tivesse talvez, talvez não.
Desistia com precisão da maioria das coisas de minha vida, sabia que a decisão de não amar pudesse ruir em questão de tempo. Enquanto dizia Jobim que era necessário amar pra viver, continuava eu na duvida de qual amor deveria absorver - por mim ou o romântico?
Era necessário tê-lo pra viver de fato.
Talvez vivesse, talvez morresse sem viver. Talvez tivesse, talvez mendigasse, talvez sim, talvez não!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Yellow Ledbetter

- Estou num hotel, vem pra cá?
- Vou só me arrumar e quando chegar aí, te ligo pra avisar que cheguei, Téo!
Enquanto não chegava, jurava que a vida passava devagarinho, eu mal via a hora de encontrar aquele encanto todo e tê-la em minha boca. Beijar os mais brancos pardos lances de seu corpo, senti-la prestes a por na sua o meu corpo, querer lançá-la ao desejo súbito de trepar desvairadamente.
Tomei alguns goles de vinho, pedi uns copos de run, pedi dois tragos de gin, fumei uns 2 maços de cigarros, era extremamente angustiante a minha espera, doía até em quem via, mas ninguem veria. Não era hora de alguem me ver, com os olhos pesados, um corpo destruído, uma vontade tardia de me recuperar da vida que havia levado, eu amava uma outra, eu amava um amor que não havia sentido antes, tinha minhas limitações, tinha pernas curtas, mentira tanto pra outras que eu já havia virado uma mentira, daí amei de verdade e nada disso impediu que eu pulasse e pulei, mas aí havia a necessidade física, precisaria comer alguem.
Até que o amor ligou:
- Téo, aonde você está?
- Estou comprando tênis!
- Demoras o dia inteiro pra comprar um tênis?
- Ainda há tempo, depois nos falamos, preciso desligar! – E desliguei.
Ela tinha voz linda, um sotaque incrível, eu adorava quando ela me dizia cantando as histórias que ninguem contaria com tanto sigilo ao pé do meu ouvido.
- Téo, cheguei, me busca na porta do hotel? – desci e busquei, ela me deu um beijo no rosto, com carinho, era uma boca rosada, tinha olhos claros, cabelos ruivos, corpo sexy, peitos redondos, tatuagem ao pé da barriga, um nariz desenhado como que quem o tivesse feito tivera muito cuidado em fazê-lo direito.
- Esse quarto é tão pequeno, Téo, como você consegue ficar sempre aqui?
- Não preciso de muito espaço pra fazer sexo, moça.
- Téo, antigamente você era mais amoroso, mais simpático.
- Jura?
- Sim, o que há contigo?
- Nada, cara. Eu sabia que tinha perdido alguma de minhas mentiras, mas não sabia qual, ainda bem que você é inteligente o suficiente pra descobrir. Sou grato.
E como prova de gratidão dei-te muito sexo aquele dia, a fiz estremecer tanto sentada em mim, na minha boca, que creio que aquela paixão que a fez tomar 8 chopes pra poder dizer em um outro encontro qualquer:
- Téo, deixo meu orgulho de lado e assumo que te gosto.
Daí, paguei o hotel, fomos embora, deixei-a na estação do trem, foi embora pra casa, fui embora pra minha, quando cheguei ela já havia entrado em contato com o amor e dissera pro amor que ficamos, e a vida não foi mais a mesma. Não havia matos com gosto de framboesa, traí meu amor, traí o amor, não houve mais perdão, não fiquei mais com a ruiva de olhos claros, não amei outra senão aquela que tanto tento desdizer, mas encontrarás em todas as linhas do que escrevo. Não tenho mais chance, mas sempre nos falamos e sempre dizem:
- Téo, você já foi mais amoroso, mais simpático.
Talvez desaprendi a mentir.

terça-feira, 24 de março de 2009

Fim!

Havia 24 anos que se vivia, tinha uma ansiedade imensa em acabar por ali. Mas não acabava. E questionava a Deus: Rapaz, o que fazes comigo? E Ele nem aí pra resposta.
Lembro-me de tantos amigos que já tive, de alguns que briguei bastante, por bobagem, e se distanciaram de mim. Outros que nunca briguei e tambem se distanciaram, outros que não existiram porque nunca fui capaz de ter imaginação fértil o suficiente pra ter amigos imaginários. Nunca tive amigos. Pedia tambem a Deus algo, mas não me lembro bem se era amor, sexo, álcool ou dinheiro, talvez por isso nunca me deu nada, talvez ficasse confuso com os meus desejos. Queria que alguem me libertasse desse mundo – dizer pra ti sobre meus desejos não aflige seu coração, né? Se sim, azar – mas ninguem me libertava.
Descobri, lendo Henry Miller, que mijar no mundo era solução, cara. Mas minha bexiga nunca estivera cheia, era uma vida de 24 anos que beirava os 70.
Uma vez uma amiga me disse:
- Téo, você não ama, não brinca, não sorri, não é feliz, você só fode, Téo, você só me fode.
- Eu nunca pedi pra você me dar, se você me deu, azar o seu, disse desde o começo que iria gostar e se se apaixonou azar tambem, porque eu sempre disse “se foder uma vez, quererá sempre”.
- você é um grosso, Téo.
- Grosso é o caralho.
Ela saia chorando, correndo ao meio de árvores plantadas dementes na rua, fotossínteseando a porra do mundo, a fênix do mundo, que quando eu achava que já era, vinha e aparecia com novidades, feito SPFW!
Se não fossem as cervejas diárias, as mulheres diferentes, principalmente as que não abriam a boca, eu ficaria tão mais feliz, realizar-me-ia com mais freqüência, agora, se não podes oferecer nada mais que o sexo, não queira cobrar nada alem disso, e se não podes dar nem sexo, apenas faça e agradeça por ter, não é necessário ensinar as pessoas que vivam, cara. Se elas soubessem apenas viver, se as mulheres que não têm nada a dizer ficassem de boca fechada, tipo, mulher melancia, o mundo seria tão melhor e elas tão mais úteis. Se os homens falassem menos coisa chata, se Fernando Henrique Cardoso fosse tão menos político, serviria mais pra política. Mas ninguem nunca serve e quando serve a gente diz:
- sabe quanto me custa assumir que estou apaixonado por alguem, sabe quantas barreiras que tive que transpassar pra dizer: eu gosto de você e penso você o dia todo. Sabe quantos alter-egos tive que persuadir pra que tivesse coragem? Daí vem você e diz: acho que deveria ficar com ela, e é como, se todas as palavras que evitei dizer antes e disse ainda pouco com tanto afinco, fossem como as que você ouve do rapaz, apenas brincadeiras mas isso é seu, não meu. Não tenho direito sobre nada!
Se um dia tiver coragem de assumir minhas fraquezas um pouco mais alem, direi que ela não me quis, que não ficamos juntos e que sofri tanto por não ficar com ela, que, não duvido em nada, que foi uma prova divina ou satânica, que foi um embate de amor com ódio, que todas as macumbinhas que fizeram contra mim surtiram efeito, justo ao final, justo ao final de uma vida de 24 anos.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Alta Voltagem

Não me ames, pois não presto,
sou o resto de tudo o que abominas.
Sou sem causa a prostituta, a louca,
aquela que não quer amar para não morrer.
Não olhes em meus olhos, eles mentem
a doçura que não tenho,
escondem a futilidade que amo.
Não me venhas com lágrimas
ou juras de uma vida cor de rosa
prefiro morder a carne a jurar-te
amor que não podes cuidar.
Se tens ainda amor-próprio esqueças.
Partas para as meninas de olhares miúdos,
donzelas fingidas são mais santas que eu.
Sem olhar para trás sigo pelo meu calvário
e tua lembrança não cabe na fumaça
dos meus relicários pernas&camas.
Te dei do corpo a alma e consumistes
de maneira errada o que era para ser ternura.
Arrume a mala, caía fora que a hora corre
e de todas as mentiras pesque as verdades.
Procuro alguém, outro alguém para amar.
Será?

Eliane Alcântara.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

mande lembraças a Deus.

Adiantava dizer a ela que eu não aguentava nem fumar os velhos cigarros de quem eu tanto gostara a vida inteira? E que ela não bastava mais, e que viver por ela já não rendia mais frutos, que meus sonhos, minhas realizações, que meus tempos dentro dela já não tinham mais valia?
Ter uma vida vivida num cofre, tentar adivinhar o que a vida tinha de melhor sentido, já não era mais pra mim, que tem gente que confunde luxo com luxuria, sempre fui luxurioso, porém nunca luxuoso. Meu estado era deprimente.
Já não comia muitas mulheres, aliás, não comia nenhuma, não tinha amor, tinha dois pulmões que me martirizavam, tinha um amor lá nas Minas Gerais de José que não existem mais, meus livros haviam vencido, a língua que eu falava mudara de sentido, haviam regras que não permaneciam mais, eu queria ler Bukowski, mas Bukowski não tinha mais. Queria uma casa, mas não tinha paredes, nem teto, nem rede. Queria um amor, mas não existia coração, até que não quis mais nada. Só um ou dois cigarros pra eu não passar a noite sem companhia.
Nunca tinha conhecido alguem mais doente que eu, mais debilitado, havia algum momento na vida em que eu tentava levantar, mas era só pra sentar na latrina outra vez e cagar tudo que tinha vivido, eu queria morrer, mas morrer não vingava – era de propósito que Deus me ressuscitava toda vez que eu morria.
Daí descobri que não adiantava dizer a vida que eu não aguentava mais vivê-la, não vou dizer mais. Prometo!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Não sou bom em poemas! [232588471]

Lembraria dela durante o dia e diria: Você é linda.
Aquilo me surpreenderia porque não era pra todas, mas pra uma.




Como uma caixa d'água estava com
a bóia quebrada e em mim transbordava o que viria
dela.

Mas era uma discípula de Anaïs
Nin e me punha a teus pés.
Seus óculos me excitava, mas
sua boca, sua boca era tudo
que fazia minha idéia de - Não
me rendo à beleza- cair por terra.

Era uma mulher, tinha nome,
pouca idade, muitos sintomas,
me conquistava mesmo quieta
e a cada vez que abria a boca era
pra excitar meu coração pela primeira ou milésima vez.





Mas estava lá. - Sem o Téo.



Téo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

woman in a box.

Começamos com ela me corrigindo so“m”brancelhas.
Ela estava muito oculta, não sabia de onde vinha. De repente apareceu n’uma caixa de vidro, nossa, era linda. Não era pálida, mas era branca, não era chata, mas era menina, não era mulher, mas tinha corpo de uma, foi aí que usei a palavra certa pela primeira vez:
- Você tem uma sobrancelha linda.
N’ela continha olhos que sorriam, havia um nariz bem desenhado, parecia feito por um compasso, sorriso lindo e a cada expressão lançava um diferente do primeiro. Ela me excitava, cara. Eu tinha nela o contexto que fora falso pra tantas outras mulheres anteriores que eu pude tocar, mas ela estava ali, na caixa de vidro.
Começou a me seduzir; era tremendamente gostosa, tinha uma bunda redonda, seios pequenos, mas duros, não, diria – medianos. E minhas mãos ansiavam a botá-las na palma, mas encostava no vidro, nada sentira, nada sentiria, nada senti. Queria dar-lhe o céu – eu estava apaixonado – ainda que eu ache que pra ela serviria se lhe desse só as estrelas ou meu pau pra lhe satisfazer. Ela estava tão excitada, ela tirou a roupa dentro do vidro, ficou nua, me mostrou a boceta, enfiou um dedo na boceta, ficou de quatro encostada no vidro – me masturbei pra ela.
Tinha vontade de abraçá-la e a cada vez que sorria tomava mais um canto do centro de mim e sentia-me centrado nela. Queria deixar de ler Bukowski aonde eu estava, queria somente ler Manuel Bandeira e dizer a ela: E te amo como se ama um passarinho morto.
Ela conseguia me ouvir por um fone, um microfone sei lá, eu não sabia a qual andava minha consciência, quais eram meus cinco sentidos, estava me sentindo como que um peixe de dois metros, num aquário de um. Eu gritava, ela me ouvia e acenava com a mão pra eu falar mais baixo então eu disse: Você é tão gostosa – Era o máximo que eu conseguia em se tratando de romantismo.
Imaginava-me junto a ela, ali, na caixa de vidro, que parecia ser mais extensa do que o que me parecia, conseguia ver sofás, quadros, cores, a via tão deliberadamente sem pudor, que era a vida que eu tinha sonhado pra mim, mas acho que não ela à ela.
Logo tirou um telefone de não sei aonde. Uai, ela estava nua e de onde viera? Não consegui ver de onde porque houvera virado a cabeça pra tentar me esquivar de mais paixões.
Tocou o meu telefone e alguem me perguntou:
- Quem é você? – com uma voz extremamente sulista e sexy.
- Sou o Téo.
Ela desligou o telefone e nunca mais vi a caixa de vidro, nunca mais vi a guria dentro da caixa, nem fora, nem eu.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Cheers.

Descia degrau por degrau com os olhos marejados, estava triste, desesperado, o coração estava a ponto de explodir. Seu corpo tremia, suas mãos suavam – estava cada vez mais distante do que poderia ser naturalidade. Sentia falta de algo que não sabia, buscava esconder-se em algo que não deveria, tentava-se achar em cada lance de escada, jogado no canto, no reboco da parede, no corrimão enferrujado, nos bocais queimados no teto, no forro cheio de cupim, nos brindes sem gosto de vida, na vida com gosto de morte; onde ninguem houvera procurado.
Foi ao bar, tomou cervejas, viu mulheres, escreveu um ou dois poemas num guardanapo, depois amassou-os e tocou fogo com o isqueiro que acabara de acender um cigarro, estava embebedando-se. Arrumou uma companhia, voltou ao quarto – agora subindo os degraus desesperadamente – levantou a saia da moça, comeu até senti-la escorrendo no pau dele e depois pediu pra que ela fosse embora; ela hesitou, mas foi.
Já não entendia o modo como vivia, ia de um lado pro outro sem contar os passos, eram tão compridos e confusos. Amava toda mulher que ficava, mas só na hora do sexo, queria viver tão paradoxalmente que criava algo que não era possível pra ele e bem que sabia. Estava tão entregue a esperança de amar alguem que viesse da lua, estava tão idiota a procura de um romantismo barato, já não fazia boas coisas. E os dias continuavam.
Descia degrau por degrau com os olhos marejados, estava triste, desesperado, o coração estava a ponto de explodir. Seu corpo tremia, suas mãos suavam – estava cada vez mais distante do que poderia ser naturalidade. Sentia falta de algo que não sabia, buscava esconder-se em algo que não deveria, tentava-se achar em cada lance de escada, jogado no canto, no reboco da parede, no corrimão enferrujado, nos bocais queimados no teto, no forro cheio de cupim, nos brindes sem gosto de vida, na vida com gosto de morte; onde ninguem houvera procurado.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

morta.

Era usual o que se pensava, estava ansioso pra vê-la mais vezes, nos despedimos com um beijo na bochecha depois de fodê-la o dia todo sem beijar na boca, eu morri de medo de me apaixonar e como diria Bill de Bukowski: Se apaixonar por uma viva já é uma idiotice, quem diria por uma morta. – Ela era uma morta de alma e corpo pra mim.
No outro dia ela entrou pela porta, me disse: Bom dia, Téo. E eu disse: Bom dia, Alessandra. Como se nada houvera acontecido no dia anterior, mas minha frieza devia ser atraente, ela abaixou, abriu o zíper da minha calça, abriu o frigobar, deu uma cerveja na minha mão, e com a mão gelada pegou o meu pau – me arrepiei, claro – mas ela continuou com aquele pau na mão e fora colocando na boca, e chupava, como que se fossem acabar os pintos do mundo e não sobrasse nada pra jorrar na boca dela. Por fim, foi a melhor chupada que recebi na vida.
Porra, pior que ela chupava muito bem, ela era muito linda, metia melhor que qualquer puta de zona que eu já tive na vida e continuo sem saber o porquê cargas d’água era ainda apaixonado por uma outra, que conheci tempos antes e que não esquecera jamais. Ela é linda, cara. – a mulher que amo, digo. – Ela tem um charme todo especial, ela faz o que ninguem faz, ela ama como ninguem ama, ela é distante como ninguem, ela me odeia como tantos, ela me esculacha como muitos e ela tem nojo de mim como todas que tive antes dela. Já dissera uma vez: Eu te amo, e por mais que hajam outros corpos sexuais você é o único coração que quero me abrigar, mas não adiantou. Sem querer chamei o nome dela enquanto comia a Alessandra na minha sala, a Alessandra me amava tambem, como algumas outras se atreveram antes, mas ao ouvir o nome da rival levantou, foi até a sala dela, vi pelo vidro pegando um pote de remédios e tomando... corri até a sala, liguei pro hospital, socorreram-na e fui acompanhando na ambulância.
Estava desesperado e quanto mais batia mais insistia em bater e ela pedia pra que – arfando o peito desesperadamente - batesse mais, mais intensamente e batucava, e pulsava e batia, batia até quase sangrar, o coração por fim parou de bater.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

óloga.

Eu achava que aquele lugar não era pra mim, e ela como psicóloga me deixava doido pra saber a quais loucuras ela se doava por inteira, ela tinha cara de sapeca e eu adorava aquele jeito moreno, indiano, sei lá do quê o quê que vinha da face dela, mas me parecia que ela chupava e eu adoraria que chupasse muito bem.
Aquele lugar me parecia uma quarto negro, uma obscuridade imensa, que eu adoraria ficar ali se fosse a sós com ela, mas haviam seis ou sete pessoas a mais, não sei ao certo, porque não dei bola a eles e daria bolas e pau pra ela mais tarde.
Enquanto ela se levantou, me disse: Com licença, Téo. Preciso ir ao banheiro e na frente de todos, eu afastei minha cadeira da mesa – poderia ter puxado pra frente -, mas afastei e ela se reclinou, ficou quase de quatro e passou com aquela bunda maravilhosa quase arrastando na minha cara.
- Às pessoas que passarem eu ligo. Disse a psicóloga. (aquilo era uma entrevista de emprego e eu nem me senti lá).
Enquanto as pessoas levantavam pra ir embora, eu deixava-as passar e me imaginei naquela mesa de mármore, ela de pernas abertas, muito gostosa e eu comendo ali, mas, sei lá, eu tinha que sair da sala ou ficava maluco. As pessoas saíram e ela ficou a sós, ali.
Fui à um bar, pedi uma cerveja que trincava, era frio, estava frio, muito frio, cara. Mas eu estava quente, hot, um cachorro-quente, você não tem idéia do quanto minha salsicha fervia ao imaginar ela dando uma mordida bem de leve, como em comerciais de torradas. Fui ao banheiro do bar, bati uma bela punheta, desejei ela pelos três minutos que fiquei com meu pau na mão. No outro dia ela me ligou, disse que havia passado na entrevista dela e que começaria na próxima semana. Mas não fui, não iria, eu não trabalho nada além do meu pinto, não num lugar que ela não esteja.



Téo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Todo errado.

E de tanto procurar encontrou o mais difícil do mundo; que não podia ter por mais de alguns minutos em alguns dias doloridos.
E tentava achar a sorte em alguma coisa que de nada abria-se ao temor do azar.
E abria seu leque, e procurava um desenho, tentava achar o futuro, uma paisagem de Goethe, um livro de Wagner e uma musica de Modigliani; mas o leque era branco.
E pensava consigo: Poderia ter ido contigo, meu bem. Estourar as bolhas de teus pés, navegar no mesmo barco que as águas te emergem, submergir no teu quarto à meia-noite e ter o teu cheiro na amplitude do meu sexo e fazê-lo, tê-lo, gozá-lo sem deixar escapar um momento do nosso prazer.
Daí veio, e procurava nos milhos uma chance de voar como pombos e de nada havia senão uma merda cada vez mais fedida e hostilizava a Deus como se fosse de tudo culpado, e era.
Não achava a razão dos teus sentidos, era burro, tornara-se burro, fora-se de fato um idiota nonsense, e agora, mais do que qualquer torturado, estava sob tortura da própria razão e a cada minuto que a razão dizia o nome dela, agora era anônimo e ela era a mesma, com o mesmo nome, andando por onde ninguém sabe, ninguém soube ou saberá. Nem ela.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Como conquistar um grande amor

A arte da sedução por milênios é ensinada, alguns desenvolvem habilidades específicas e conseguem tirar melhor proveito desta, somando-a as características de sua própria personalidade.

Farei uma apresentação de como conquistar um grande amor, um amor para toda a vida, eterno.
Não se esqueçam de responder com seus resultados, caros amigos.

A arte de amar pode ser comparada à arte da pesca.

1º É necessário uma vara.
2º É preciso saber usar a vara.
3º A isca é um mero detalhe nesta arte, saber usar a vara é suficiente e muito melhor que a utilização de uma minhoquinha.
4º Deixe a vara bem ereta e os peixes (sereias e bacalhaus) virão até você.
5º Coma o peixe.




Por Rodrigo Silva.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A mim.

Que a mim nada sobra depois da porra toda ejaculada? E que o amor que veio foi o mesmo que foi e que as coisas nunca precisam ter sentido pra acontecerem, mas tiveram.
E procurar com uma visão soturna do que é tão claro é cegar-se lógicamente. E você que é clara, não me substitui nada a falta que já fazes. Se puder ser feliz seja, mas o amor de nada vale. Se a mim que sou tão inconstante e mudo como se muda a cor de um camaleão, justo a mim que mudo como se "nada" pudesse ser "tudo" ao viès de minha crença; como se sempre a sorte é revés pelo meu destino a mim concedido eu lhe imploro - seja feliz, mas não apostando na sorte, nem no amor, pr'os dois é preciso sorte e não temos, meu bem.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Carta à amiga.

Não lembro como chegamos até lá,aliás, eu queria mesmo esquecer tudo, tudo que passamos naquele dia. Lembro que na hora de trepar ele pôs aquele pau pra fora, ele chupou minha boceta, ele fodeu, mas fodeu mesmo, porque tava seca, eu não tinha tesão por ele. Gemia baixinho pra que ele pensasse que meu tesão era introvertido, mas é que se eu gritasse, um pouco mais, ele veria que era mentira.
E de repente - chamei outro homem pelo nome. E ele continuou dizendo: Não sabes ou não lembras meu nome?. Eu não havia o que falar, eu havia me depilado, havia pensado que quando ele me chupasse eu gozaria na boca dele, que quando ele dissesse: Sexo. Eu esqueceria o amor e só quereria sexo. Veja bem, amiga. Escrevo esta carta pra que não me julgue ter brincado com seu namorado; mas não dá pra realizar seu fetiche bem feito de dizer que seu namorado comeu a sua melhor amiga e veja se isso é lá fetiche
que se tenha, é que depois que descobri o amor, não consigo diferenciar o sexo do amor e o homem que amo persiste e perdura em mim aonde quer que eu esteja. Procure
outra amiga pra te dizer que seu namorado é bom de cama, o amor me impediu de fazer isso.


por Téo.