domingo, 25 de julho de 2010

Beber e suportar.

E era meu desejo. Ia ao bar, tomava cervejas, conhaques... O sono imperava, não dormia há uns três dias, mas não tinha nada. Ela me deixava acordado. Era uma ótima mulher, uma pessoa que não estava ali só por se fazer presente, mas não parava com as cervejas, conhaques...
Você pode passar pela vida, sendo radical com seus princípios, sendo abissal com suas idéias, absoluto em tuas ideologias, mas jamais ser único no teu corpo. Lembrava das filosofias gregas e romanas a fim de digladiar sobre qual o princípio do sentimento: cérebro ou coração? Os dois.
Quando não a via meu cérebro pensava, quando a via, meu coração pulsava. E lembro dela dizer que não acreditava em tudo que eu havia dito, sobre querer, desejar e permanecer. Mas eu estava ali a sentindo descendo amarga a cada gole de conhaque e saborosa nos goles de cerveja.
Levantei, fui pra casa, bêbado e sem ter ideia do que dizer quando a visse novamente. Você sabe que está dizendo a verdade quando não tem mais o que dizer por congestionamento cerebral. Lobotomia. E você passa por estes períodos se surpreendendo com a destreza da tua fraqueza. E você forte, homem e vil. Passa a perder as duas primeiras qualidades por invalidez. Hora do sono. Lá vem ela novamente.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

E...

Falar contigo, liberar esse astral darwinista que habita a idéia de onde vim. Se me lembro bem, amor. Você faz um café como ninguém. Você ainda fuma lucky strike? Acenda e bafore, isso, eu adoro cheiro de cigarros, você sabe bem disso. Você ainda faz sorvete? Você ainda chupa daquele jeito? Ah, sem essa, eu não consigo sentir saudades dos teus beijos sem pensar no sexo. A família deixou de existir, a cocaína também. O conhaque se faz presente, mas você jamais adoraria saber disso. O álcool, meu amor, é a brisa divina que soprou no momento de maior calor. É um estágio, que nos ensinava que ensinar é necessário, mas aprender é ainda mais; ruiu. Cheguei ao limite. Estes dias um menino aqui perto se enforcou, veja, eu já quase velho e não consigo me condicionar aos desejos. Que moleque danado, me matou de inveja. Você sabe que quando escrevo assim, sem parágrafos e espaço de dois dedos, lembra, que você aprendeu assim na escola e sempre me cobrava? Enfim, você sabe que quando escrevo assim é que estou falando como Dona Maria em botequim. E que talvez ainda haja muito desespero nesse caos que há dentro de mim. E que estender a mão não adianta muito quando estás à beira do precipício e já estou lá embaixo. E se você pudesse sentir o cheiro podre que vem da casa ao lado, se você pudesse ver que tem frio demais aqui e só ando nu. Se visse que tenho aspirações pela morte e que deus tem me acompanhado a vida toda, um passo de cada vez, pra saber se fiquei marcado de fato como pecador. E se visse como fiquei bonito nesse terno, se visse como é envernizada minha cama. E se visse como cheira bem essa terra que me jogam. E se sentisse como é foda morrer arfando, sabendo que passou a vida sem amar e que foder não te fez homem completo...

domingo, 18 de julho de 2010

Faz de conta.

Você passa a sonhar com deus,
E se furta da realidade.
Põe o pé no chão e pisa em ovos,
Fede dos pés às cabeças
E não tens noção disso.
Seu pensamento é curto,
A paciência não existe.
Perseverança é um pedido de paz,
Mas é preciso lucro.
E pra lucrar: guerra.
Teus dois mundos.
O real e o surreal.
És abstrato, Pollock.
Sou abstrato, John Squire.
Somos irreais.
Duas extremidades confusas,
o eixo é infinito.
Das coisas simples,
você faz sonhos.
Das complicadas,
Caipirinhas.

sábado, 17 de julho de 2010

ish!

E preciso pôr em prática a delicada sensação de enfiar o pé na merda. Tenho um pouco de azar por estes dias, a vida tem consumido alguns projetos obscuros da metade clara do meu cérebro. E se por algum acaso, dedico-me poemas, sinto-me auto-suficiente e no bar, peço dois copos, encho-os até a boca, brindo-os e digo: a mim, cheers.
Fico com mulher alheia, bebo do mel que cedem em troca de pouca coisa, uma boa língua, um bom elogio e digo que amo pra que fique menos dolorida a idéia de traição que provocam. Marido em casa, à espera de amor e a puta revolta por aí à espera de um pau que possa ser mais macho que homem. Se por algum acaso, você ajoelhar, não reze, chupe. E me olham com cara tímida e apaixonada. Pervertida e angelical. Confesso que me masturbo pra elas posteriormente, adoro as aventuras da vida que me fazem provocar.
Você não tem mulher, não tem amores e vive muito melhor assim, visto que o amor é uma forma inconveniente de se aproximar do sofrimento. O amor é um jugo, opressão material ou moral. O amor depende de muita coisa pra não passar de começo, meio e morte. Não amar me faz sentir superior aos outros. Faço poemas e não dedico a ninguém. E se eu tenho dois poemas e não ofereço a ninguém, quer dizer que sou egoísta? Mas, os fiz, à minha conveniência!

domingo, 11 de julho de 2010

Capítulo dois. E daí?

Abro as janelas cinco minutos exatamente após tomar meu primeiro gole de conhaque. Pra que ao menos o sol queime minha goela. E bem na hora entra um vagabundo que estava escondido esperando o momento, me dá um solavanco na nuca, me derruba, eu corro à mesa, pego a perna de madeira que é solta e questiono: quer apanhar filho-da-puta? Ele me diz: porra, pensei que era um velho. Você só ouve essa porra dessa música de tiozinho e me disseram por aí que você escreve, não trabalha e só bebe. Pensei que fosse um velho fracassado.
Disse a ele que ouvir Brahms, Wagner e Tchaikovsky não é coisa de velhos. E que isso me deixa mais animado que aquele pagode de quinta-categoria que eles fazem todos os domingos no bar do Joaquim. E que não sou velho como ele pode observar e agora pode dar a volta e ir pra casa. Ou assaltar outra pessoa porque não tenho nada pra que ele leve. Ele disse que não faria, já que estava ali levaria ao menos meus discos, meus vinis eram e são sagrados e ninguém mexe. Aquele filho-da-puta não teria o direito de se meter à prostituta, pra me levar tudo e me deixar rechaçado e com a cara no conhaque.
Peguei o pedaço de madeira e dei na cabeça do vagabundo, caiu feito chumbo, acho que foi certeiro. Não tinha culpa, há tempos não sentia culpa de nada, nem arrumava alguém pra colocá-la. A sociedade e Governo haviam me roubado o pouco de honestidade que tinha, o pouco de caráter já havia sumido com as mulheres e agora deus estava lá, sempre que soube que estava, mas já não acreditava. É como mulher traída, pode desculpar, mas não crê mais em palavras de amor.
Levei o rapaz às escadas, joguei-o, entrei novamente, aumentei meu Idílio de Siegfried e fui ao banho. O Idílio me excitava, toquei uma das melhores punhetas da minha vida. Coloquei roupa, não coloquei cueca, a calça roçava meu pau e isso me fazia sentir mais vivo, era necessário sentir aquilo roçando, como a Alice ao tomar os beliscões, pra saber que eu não estava sonhando. Desci as escadas, pulei o corpo do rapaz ainda lá, jogado, na praça logo à frente havia corpos, muitos, até amontoados. Alguns estourados dos pés às cabeças. Levei o corpo do rapaz até lá e fui ao bar, ninguém olhava na minha cara, haviam me visto levando o corpo pela rua. Mas isso não amedrontava ninguém. Porque eu não era o primeiro. Uma cerveja, um cigarro queimava na minha mão trêmula. Lembro-me que ainda ontem era diferente.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Álcool.

Tenho no coração poças d’água sujas de lama. Tenho afazeres que não dou trela, não há nada que vá me tirar da função de vagabundo por se fazer necessário. Você pode ter na vida amigos, mulheres, sexo, música, adorações e inteligência. Mas nada disso faz sentido, porque na verdade, a felicidade superficial lhe deixa à beira do abismo. É como o amor, se você ama, sabe-se que logo cairá tragicamente hora ou outra. Se você sabe que as coisas que te fazem feliz hoje e amanhã lhe deixarão sob tortura pragmática, pra que se arrisca? Sentar e esperar, a punheta, a cerveja e os olhos. Os olhos filmando aquilo que você porá em pratica num futuro distante. Se escreveres seu roteiro à espera de sucesso, faça besteira. Eu jamais vi um grande homem de sucesso fazendo somente o bem.
Os humanos têm se mantido práticos, levantar às oito – hora que durmo – ir ao trabalho – coisa que não faço – se masturbarem no banheiro do escritório – tragicômico – e por fim chegar em casa com a mulher esperando pro jantar que já deixou de ser romântico há muito. Você não sabe ao certo se a vida é um processo de adoção, se Deus te deu o dom ou o diabo que te reanima pra mais tarde rir da sua cara. Se a cerveja tem esse gosto de calmaria pra te pôr de volta à realidade. A realidade é crua e óbvia: uma merda. Por fim, o álcool é a anestesia porque a vida é um processo dolorido.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dúvida.

Eu não sei exatamente onde me lanço. Ando perdido. É dificil ter que decidir quando as duas coisas são boas. Você vai vagando por aí, sem saber ao certo se o mundo lhe oferece o bem ou o bem. Visto que esta escolha é a mais oportuna, você abre os olhos, vê à sua frente, uma é amor a outra é paixão, uma lhe devassa o cérebro outra lhe acalma o pau. Aí você diz: a da direita.
E pela sua escolha, o conhaque, acaba jogado na cama de sapatos no dia seguinte com a boca amarga. Hoje é dia da da esquerda: Cerveja.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

velho gagá

Como quando a todo momento eu sanava minhas dúvidas via pesquisadores on
line. A qualquer momento posso ir e invadir sua página, não, mentira,
não posso.
Ela estava lá, parecia-me que tal perto do velho pesquisador, em que me
mostrava conhecimento mas era ali, somente on line, na mesa da pesquisa,
na parte visual, a realidade que não se tornava material nem em se
tratando de lágrimas cumplices.
Lembro-me quando fiz a guria chorar, me senti um velho vagabundo safado
que ficara sentado na esquina, frente a quitanda; fazendo menininhas
inocentes se sentirem acanhadas pela tara do pinto mole em que apetecia
meu corpo inteiro. Baby, você esqueceu de tomar seus remédios - Era o
que dizia meu neto em que apelidara em dias anteriores meu psiquiatra; o
meu velho e gagá subconsciente.
Assim me sinto até hoje, um gagá sem idade, ora adolescente o suficiente
pra cagar no tapete de entrada. Ora velho o suficiente pra ser impotente
nas minhas verdades. Por um tempo me senti adulto responsável, quando a
moça esperava de mim algo que alcançara somente ao lado dela. Ao lado
longe, como o resultado de uma página de pesquisas, assim, tão legível,
mas um vidro cheio de manchas de meus dedos. Preciso tocá-la; pelo sexo
ou pela morte

Tudo Certo.

Tudo certo,
Cada um pra um lado.
Você vê
Às ordens.
Um pedaço,
Pernas,
Cabeças,
Corpos decepados.
Você não sabe
Tirar
O Johnny Cash do Play.
A pausa é angustiante.
Tens quinze álbuns.
Cada pedaço
Dos corpos espalhados.
Pede uma música.
Você não agrada ninguém,
STOP!
Impossível,
A música continua.
Indubitavelmente
No córtex.
Lançando um: he
Was
The kind
Of man, who
Would gamble on luck!*
E te virava
Do avesso
E seu corpo se partia
Braços, pernas pro lado de lá.
E um coração rindo,
Da fraqueza do cérebro.



*Trecho de A Thing Called Love - Johnny Cash.
Tradução do trecho: Ele era do tipo de homem que brincava com amor!

DADA!

Coloca um. Um, meio, dois, tanto faz, na vibe que estamos a vida já ficou pra traz. Não é que eu queira viver, mas não quero morrer. E se por acaso houver um meio-termo, qual você há de preferir? Uma vida sóbria com problemas entalados na garganta, ou ainda, um ébrio sem condições de enfrentá-los? Seus problemas a esmo, jogados sobre a mesa, como um carteado de truco, esperando virar o coringa e você dá um sinal: nada.
Você tem duas opções: blefar ou fugir. Mas quando bebe toma coragem, blefar? Não, blefar é pra quem consegue mentir, mas se lembra de alguém dizer: você não sabe mentir porque tem memória fraca. Mas e daí? O jogo é tão rápido, precisa ser posto à mesa em questão de segundos. Você sabe mentir o suficiente pra enganar por segundos? Claro, você já mandou um “eu te amo” pra levar alguém à cama, conseguiu, depois que terminou foi embora. Como um cafajeste. O suficiente pra gozar, deixa-la masturbando e sair por aí dançando na chuva, como um Gene Kelly e se sentiu suficientemente realizado.
As cartas são feitas de realidade e a essa deve sua acepção, porque sua vida é mais dadaísta que Cabaret Voltaire. E termina ingrato, feito DADA, porque a beleza está morta.