sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Para quem já não sabe chorar

Qual a composição da lágrima?
De que é feito o choro? Não falo do suspiro que nos preenche a morte do astro do cinema ou das novelas, nem daquele choro falso e cruel de uma desilusão amorosa, que é esquecido com a vinda de um novo amor. Falo do choro dos que desaprenderam a amar, do choro simples e puro daqueles que o coração há muito parou e nada, nada têm. Já não tem a vontade de buscar uma vida melhor, não tem vontade de ver o sol nascer, pois sua vida é um eterno poente.

De onde é que vem esse sopro que de repente nos transborda o peito, deixa um leve desconforto no pescoço e nos faz querer fugir e não ouse escapar pela boca, pelos pensamentos sequer e nos vaza os olhos ainda sem permissão?

Há poucos momentos assim nos quais me sinto impotente...momentos em que sou tão estúpido e minha percepção me alerta para tamanha estupidez e já não há mais nada a fazer, momentos de impotência frente a corrupção e minha incapacidade de enfrentar o corrupto com mais corrupção, nos quais parece que meus valores falam mais alto e me impedem de progredir, orgulho invejado das crenças e valores que se perdem no preço das coisas...a impotência que nem a puta pode vencer, a impotência de não querer ser tratado como carne nem tratar o outro assim.

Nessa hora, em que vemos o que a humanidade é. Do que somos feitos, do mais puro tecido de miséria e sujeira, se alimentando das nossas próprias fezes, defecando ódio e indiferença.
É disso que essa lágrima é composta, de nós mesmos, de um monte de coisas sem sentido que não há como nomear, é feita de nós...de fora pra dentro e de dentro pra fora, estamos mergulhados em um mar de merda.


Por Rodrigo Silva.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

...

Se faltar desejos, os dias serão ríspidos a luz que me vem de qualquer lugar não pode ser verdadeira, as juras de amor muito menos, os tempo que me valem qualquer centavo, são os mesmos que valeriam milhões pra qualquer um de vocês, se eu lutei pra amar e perdi a luta, é um problema meu... Quando eu levantei vi que não tinha mais forças tem um escuro aqui do meu lado, na frente também, e também no resto dos lugares.
Se os amores eram felizes, sorte pro mundo, o meu era demais, capaz de enfartar qualquer coração o meu amor enfartou-me o meu amor foi por ali, e não volta a qualquer dia desses, conto uma estória qualquer pro meu coração dormir, o costume de me ficar agarrado me dilacera com facilidade, o amor que lhe tinha era muito e ainda é, e lhe tem, eu não mais tenho, não vivo, não fico em pé, temo, receio e morro sem coragem.
- Mas então o seu amor não é meu nem seu...
- Só porque eu disse que é divino?
- Sim peça ao divino que lhe pague os centavos pelo tempo que perdeu comigo...
- Sim peço, e peço a ele me julgar e me sentenciar a pena de morte
- Agora não cabe sarcasmo, nem demagogia muito menos choro.
- Sim o fim não representa nada?
- Só mesmo o fim...

Eles não têm culpa, não temos culpa, não sabemos amar, são coisas de premeditadas o erro o amor são grandes vícios, podemos nos perder, e errar poderia nos denunciar, mas queremos o orgulho, não se tem fogo pra abranger uma grande fogueira, não se pode iluminar os céus com um fósforo, aquela luz que vocês vêem durante o dia, é minha alma que tornou luz, por amar demais...

domingo, 21 de dezembro de 2008

Calçada

Praticamente via-se posto ao chão o rapaz que nem nome possuía mais. Possuído.
A uns dois quarteirões à frente a garota andava zonza, com medo de pisar no seu óculo, que havia caído sob forma indevida, não exatamente quando passou a procurar um novo rastro ao chão de alguém que te formava nova, momentaneamente. Há uns meses, anos ou décadas, já não se via tentáculos de felicidade, é-lhe tão impossível tentacular a felicidade; quanto ver aprazado um novo amor na vida do rapaz, sem nome a possuir.
A calçada era suja, mal-tratada, havia ratos por ali a roerem os lixos que ficavam presos nas estacas dos bueiros, a cagarem todo vão buraco que se constituía no concreto do canteiro, não sei, mas penso que o rapaz procurou o melhor lugar para definir o que havia dentro de ti, absurdo, mas encontrou, a calçada.
O óculo era vermelho, havia veia, corria sangue e o estranho: Andava sempre com a menina ao lado esquerdo do lugar onde se encontram os peitos. Era linda a menina, tinha pele, tinha cabelo, tinha pernas, mãos, mas acima de tudo inteligência, afetuosidade, caricia e um montão de coisas boas. A mãe dele, sim, do sem posse nominal, dizia para ela sempre “este é o melhor óculo que é possível ver em alguém, que enxerga a vida de forma perfeita, com previsões perfeitas e congrulações a alguém que ganha o teu podium e recebe troféu perfeito”. - Ela deixava ver o mundo com seu óculo. Havia sonhos no óculo, havia poderes de fazer alguém sonhar também, havia baixas inescrupulosas que outrem provocava a base da enganação que a fazia chorar com os olhos onde já não se encontravam os óculos. Era parte dela o que era parte dele e o sem posse nominal descobriu tão tarde que agora lhe restava, calçada, ratos, lixos e merda que ele se rendia tão obrigatoriamente quanto a justiça te impôs. A vida inteira sentenciado a ficar na calçada.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Um livro.

Ficara até altas horas com drogas no bolso, com álcool na mente, com marolas na narina, com ela no coração. Havia máquinas de jogos em que nunca apostara, mas sempre havia esperança de ganhar. Tinha um tênis branco, usava-o com calças-sociais escuras, havia uma camiseta do radiohead, uma do velvet underground, uma do pearl Jam, uma do the doors, uma preta, outra verde e outra azul; das quais nunca se separava já havia alguns anos. A barba estava grande, cara, e era ruiva. Tocava um contra-baixo que soava só, a banda era paradoxo; acreditara que os satélites mandariam seu som pra marte e de lá, alguém captaria e botaria no que faltava em alguma banda pra completar.
Tirou um livro de bolso que não cabia no bolso; queria escrever algo àquela que faltara, sentira saudades, mentira tanto antes; que tudo agora era verdade e enfim; no anverso da capa escreveu: Faça o que quiser de mim, me bote pra servir-te, espere que eu chego já, eu não vou chegar. Estou exausto, me ajude a ler este livro? Vejo que não peso mais, não tenho massa, minha alma está mais pesada que meus músculos maltratados. Veja, meu bem. Não há nada que se aproveite em mim, mas me leia esse livro? Prometo que cada vez que falar de amor eu abro os olhos pra te olhar, toda vez que falar de ódio eu os fecho pra me olhar, toda vez que falar de mentira eu prometo abrir minha boca, toda vez que falar de virtudes eu prometo sorrir pra ti - ao sentir que são todas suas. Toda vez que leres a palavra "paixão" prometo sorrir e ao final, quando o rapaz ficar só ou morrer, prometo, mas prometo do fundo do coração que deixo você ir.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Ao fPensamento sobre o curta...

Um rapaz britânico acorda pela manhã, escova os dentes, olha-se no espelho e anda pelo corredor do prédio, um longo corredor, meio obscuro.
Encontra a (Amada – namorada – esposa – amante – amiga) tudo até aí no mais puro silêncio, e começa a tocar fade out do Radiohead, e eles começam a discutir, exatamente quando um passa ao lado do outro, se olham, e ele inicia uma longa briga, para a musica << não foi justo tudo que você fez, a vida esteve por um passo da felicidade.>> Ele diz olhando em direção dela. << nunca nada é justo, justaposto, justamente, injusto, o amor preterido pelo ódio é forma de egoísmo, você foi tantas vezes egoísta, quando amou de verdade, não soube se controlar? O que é este teu sentimento agora? Você aí, passivo, sem planos a não ser fuga de si, si só é só!>> Ele ainda insisti em dizer olhando pra ela. E quando a câmera chega perto, vira como se estivesse olhando pelos olhos dele e vê um enorme espelho entre os dois – ele falava com ele mesmo.
Ela vai, e ele fica. Um Cúpido – pensei que pudesse ser um ET, já que os ingleses crêem de forma insana neles – retira do corpo do rapaz a flecha, com muito esforço, o rapaz briga com o cúpido << O que é? Saia de minha, alma que atenta minha sanidade, saia>>Diz o rapaz. << Tenho que levar a flecha, não cabe-te mais, não é mais sua de direito.>> Diz o cupido. <> Diz o rapaz. << Tenho que ir... >> Diz o cupido.
Quando o cúpido retira a flecha, o rapaz cai em pedaços, todos espalhados pelo corredor, a esta hora um pouco mais iluminado, para que soem visão e o barulho dos cacos no chão... Volta a tocar a música, a alma do rapaz ainda inteira, fica pegando os cacos um-a-um de modo que as peças do corpo que ele pega têm chagas, e vai se montando novamente, a musica para de novo, ele fica se reconstituindo, chorando, e vão caindo as lágrimas nas peças do corpo, que vão se derretendo, escorrendo pelo corredor do prédio << Como assim? Como assim? O que de mim espera? Um amigo assim, um amigo assim? Como assim? “I don’t belong Here” Como assim? Como assim? Nossa vida… Ah, tudo escorre pelo meu dedo, Vocativo, vem cá vocativo. Eu perco a voz na hora do vocativo. Como assim? Como assim? Agonia... Why? Oh God... Como assim Deus? Como assim? Sim, é meu nome, é meu nome quem chamas? >> Diz o rapaz.
<< Sim é teu nome que chamo! >> Diz a morte. Quando a ultima gota cai e a última peça é derretida a musica toca novamente, volta a namorada chorando copiosamente, pisa no liquido que ele virou, vai até o apartamento, pega um pano seca-o, com o pano encharcado vai até o ralo do prédio e torce o pano, ele escorre pelo ralo até misturar-se com a alma e o lodo que está abaixo do ralo...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Curta.

Um rapaz britânico acorda pela manhã, escova os dentes, olha-se no espelho e anda pelo corredor do prédio, um longo corredor, meio obscuro.
Encontra a (Amada – namorada – esposa – amante – amiga) tudo até aí no mais puro silêncio, e começa a tocar fade out do Radiohead, e eles começam a discutir, exatamente quando um passa ao lado do outro, se olham, e ele inicia uma longa briga, para a musica << não foi justo tudo que você fez, a vida esteve por um passo da felicidade.>> Ele diz olhando em direção dela. << nunca nada é justo, justaposto, justamente, injusto, o amor preterido pelo ódio é forma de egoísmo, você foi tantas vezes egoísta, quando amou de verdade, não soube se controlar? O que é este teu sentimento agora? Você aí, passivo, sem planos a não ser fuga de si, si só é só!>> Ele ainda insisti em dizer olhando pra ela. E quando a câmera chega perto, vira como se estivesse olhando pelos olhos dele e vê um enorme espelho entre os dois – ele falava com ele mesmo.
Ela vai, e ele fica. Um Cúpido – pensei que pudesse ser um ET, já que os ingleses crêem de forma insana neles – retira do corpo do rapaz a flecha, com muito esforço, o rapaz briga com o cúpido << O que é? Saia de minha, alma que atenta minha sanidade, saia>>Diz o rapaz. << Tenho que levar a flecha, não cabe-te mais, não é mais sua de direito.>> Diz o cupido. <> Diz o rapaz. <> Diz o cupido.
Quando o cúpido retira a flecha, o rapaz cai em pedaços, todos espalhados pelo corredor, a esta hora um pouco mais iluminado, para que soem visão e o barulho dos cacos no chão... Volta a tocar a música, a alma do rapaz ainda inteira, fica pegando os cacos um-a-um de modo que as peças do corpo que ele pega têm chagas, e vai se montando novamente, a musica para de novo, ele fica se reconstituindo, chorando, e vão caindo as lágrimas nas peças do corpo, que vão se derretendo, escorrendo pelo corredor do prédio <> Diz o rapaz.
<> Diz a morte. Quando a ultima gota cai e a última peça é derretida a musica toca novamente, volta a namorada chorando copiosamente, pisa no liquido que ele virou, vai até o apartamento, pega um pano seca-o, com o pano encharcado vai até o ralo do prédio e torce o pano, ele escorre pelo ralo até misturar-se com a alma e o lodo que está abaixo do ralo...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Téo!

Ele acorda, e pronto pra se abster da vida, anda. Logo, ao andar se sente perto do serviço e vai trabalhar, fica o seu primeiro período inteiro na internet vendo sites de inutilidades, porém, muito pessoais. Conversa com os amigos relembra o dia de ontem.
Faz de conta que tudo esta bem, e esta bem e não seria necessário fazer de conta, mas ser falso é sempre mais fácil, brincadeiras daqui, brincadeiras dali, “Téo cara de pasTÈO”, infantilidades que só mesmo o tempo da hora do almoço oferece, prestes a lutar por alguém e prestes a desistir da mesma... ...tudo isso é fato.
Eu acompanhei esse rapaz por uns dias, não foi fácil, sempre longe de si mesmo e de tudo o que sonha, chega a dar agonia, quando se vê que vive, sem viver. Rapaz de paz, amor, adjetivos completos de vida poderia viver perfeitamente como tudo que queria viver, mas sempre tem entre lances de memória, e resgates de desculpas uma frase de um psicoterapeuta chamado Flavio Gikovate “Admiração é fator de escolha, e não de amor!” e sempre acha que o que escolhe não vai nunca poder amar, também pudera, seus gostos são péssimos.
Enquanto um coração queima, a vida se refaz é engraçado como esse pobre coitado sabe reviver sempre, ressuscita todo dia como se tivesse uma vida a cada hora que quisesse viver, e sempre as vivia.
Costumei a seguir sua sombra, e vi que poderia ser igual a ele, de cores, de bastões e palavras, depois de tê-lo, persegui-lo, vivê-lo e morre-lo, tive a ousadia de também ressuscitar, e as ruas não serviram pra andar. As folhas não serviram pra implante de oxigênio, não tive multas de transito, sim as tive e foram à toa, não tive exageros a serem julgados, eu quis viver como um téo viveria, eu quis viver e partir dali tomei posse desse ser, eu fui alma, ele corpo; hoje somos um, adiantaria mais os inteiros juntos, ele me completa, eu o completo vivemos a mesma vida, trabalhamos na mesma empresa, amamos a mesma mulher, ouvimos as mesmas musicas... ...numa cumplicidade de se tornar inveja a outros seres não completos, simplesmente humanos.