tag:blogger.com,1999:blog-15276191360979944422024-03-05T01:44:57.840-03:00Notas de um velho chapadoAlguém há de dizer que são palavras fortes, mas tamanha é a força do texto de Téo e do seu grito, que não haveria como dizer deles, se não fosse com força. Se você é capaz de enxergar a ternura encoberta pelo mito do forte que tem medo de que percebam sua doçura, então é capaz de amar este blog.
por Ana da Cruz.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.comBlogger199125truetag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-92116687596594171862013-05-07T10:58:00.002-03:002013-05-07T10:58:49.869-03:00Tristessa.A primeira vez foi quando eu estava triste, a segunda tambem e a partir da terceira fazia por comodidade. Você vai pensando no dia seguinte e depois no outro e depois no outro e quando vê, ja está no que nem imaginou. A primeira vez foram duas ou três doses, a segunda vez foi um caminhar sem fim e totalmente zigue-zagueoso, se é que me entende, até a cama. Lembrava-me de algo que alguem havia me dito que não seria alcool ou mulher que me curaria daquela tristeza crônica. Era um Kerouac já velho que não prestava pra nada, não aguentava beber, um copo de conhaque e tudo parecia a morte. Aí lembrava que havia coisas piores que a morte, graças ao Buk, e bebia mais um pouco. Por algumas vezes tive a companhia de algo divino, mulheres, mulheres e suas vestes que me provocavam. Ou era mulheres ou eram bebidas ou era a cama. Ah, e era tristeza tambem. Abria a janela do quarto e a o sol estava lá, fechava novamente, no decorrer do dia arriscava abrir mais duas ou tres vezes, mas vou te contar, quando você está de ressaca até um vampiro aguenta mais sol na cara que você. E o sol não parecia feliz tambem. Ele me olhava e piscava pra mim como quem dissesse: estamos-na-mesma-meu-brother. Era dificil imaginar o sol tomando alguma coisa. Cerveja gelada então, me parecia impossível. Até que ontem foi a ultima vez entre a primeira e a segunda e todas as outras. Fechei a janela, só abro quando passar a ressaca. E que nenhuma daquelas mulheres me façam companhia novamente. E eu espero que o sol esteja lá tambem, curado. E que você diga que me ama a cada copo que eu arriscar de tomar daqui pra frente.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-75164324485736104562013-04-14T15:15:00.003-03:002013-04-14T15:15:33.360-03:00Cervejas, tilintares e aquilo que chamamos de amor. Acordara durante alguns dias indisposto. Era um final de ano e isso era como se não houvesse mais fim. Aquele clima chato de pessoas à espera de festas e churrascos e cervejas e uma ameaça de morte no telefone. Aquele tilintar angustiante dos aneis de latas de cervejas que se faziam barulhentos como se estivessem se despedindo daquela vida perversa que levara durante 28 anos. Amigos preocupados com sua provável morte e um homem a dizer: você não terá muito tempo, vou te pegar. E eu lá, à espera do que era inevitável. Bebia conhaques e cervejas. E era tudo. <br />
Você pode passar anos pregando permissividades luxuriosas e se divertir com elas. Tendo mulheres em que minutos depois esqueceria para sempre. Fazer listas de quantas pessoas levou para cama e se orgulhar por esquecer dezenas delas. Não havia leucotomia que desse jeito naquele silêncio sufocante dos finais de semana em que não sabia pra quem ligar, muito menos havia alguem que te procurasse. O silêncio do telefone era tão dolorido que nem o despertador ativado era pontual. Era você, ali, um homem sem escrupulos e cheio de culpas. As mulheres da tua vida ou da paralelidade daquilo que chamara de vida, acreditavam tambem, com muito afinco e fé, que sua morte enfiaria milhares de tridentes no seu rabo e isso as emocionava e felicitava. <br />
Eis que num estado fisico de matéria, sua vida gasosa para solida, nesse estado de sublimação peculiar, aparece um par de olhos daqueles e seu coração dispara e suas cervejas tomam gosto e nada-mais-parece-estar-morto-ainda-que-sua-vida-esteja-sob-ameaça-perpétua-de-um-cretino-tambem-quase-morto. O telefone lhe faz companhia, há um som forte e claro no fim do tunel musical. E Mahler volta com a sua mais bela sinfonia e tilinta bonito dessa vez. Cada prato da orquestra se compassa com o anel da cerveja e você dança com aquele par de olhos o que nunca antes lhe foi tão dançante. E a vida renova e você não se parece mais com um Mort Rainey à espera de matar o que lhe ameaça. Viver lhe basta e isso é tudo. Uma cerveja, alguns dias de musica, uns projetos de medo. E: você quer se casar? - Sim, eu quero. E acordar ao lado dispensa qualquer telefonema. Amor, prepare nossa cerveja que hoje vamos tilintar a casa inteira. <br />
<br />
Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-29820679132036496172013-01-28T18:39:00.003-02:002013-01-28T18:39:37.805-02:00Ca.<br />
<div class="MsoNormal">
Há um tempo em que tudo não passa de desistência e desamor.
Você é pego pelo pé ou pelas mãos ou pelos pêlos do seu genital e isso te
arrasta ou te machuca ou te corrompe. E você continua porque a ideia é chegar
até o fim. No meio do caminho você encontra algumas garrafas, como se tivesse
em um cômodo que fizera festa durante toda a semana e agora é domingo e agora é
frio e agora está nublado e agora você precisa limpar a casa; com garrafas
pelos cantos, pelo centro, em cima das suas coisas, da sua cama, da sua
estante, todas vazias. E há algumas mulheres deitadas nuas e alguns de seus
amigos ainda bêbados e cheirando a sexo e você não se reconhece ali, você
sempre foi aquilo, mas você não se reconhece ali. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E você limpa sua casa, tira as garrafas vazias do canto, do
centro, da estante, comunica o fim da festa, mulheres nuas se levantam - podres
- e seus amigos, ainda mais podres já esperam a próxima. Mas você sabe que
alguma coisa aconteceu e você não estará na próxima. E sua casa não terá outra
festa deste nível.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alguem te liga e te oferece companhia. Você nega. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Alguem te liga e sugere uma bebida. Você nega. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E agora há um rádio ligado, Tom Jobim canta algo que sempre
te surpreendeu. E você pega seu telefone, liga pra alguem e diz: sinto sua
falta, sou apaixonado por você. E <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
ela tem medo, você tem medo. Cada é um responsável pelo seu
passado, pelos suas dores e não há quem vá chegar e tratar de cura-lo sem
distinção. Há de ser julgado e você torce pela absolvição. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ela é uma linda mulher e seus cabelos curtos não chegam aos
pés da grandeza de seus olhos. E você se lembra de Bukowski dizendo: um par de
olhos capaz de nocautear o sol. E você continua, ela esta lá. "você quer
vir em casa?" e ela vem, e a sua casa está limpa, há uma garrafa na
estante, um Cabernet - tão romântico que seus amigos negaram - digno de um
compartilhamento, mas agora sem mulheres nuas e amigos podres. Ela chega, o
chão reflete seu brilho, suas mãos tremem e sorri com o canto dos lábios. E
agora, depois da casa limpa, pode andar descalço e afagar seus cabelos suaves;
não há mais desamor ou desistência. Ela vai precisar de uma cópia destas
chaves.<o:p></o:p></div>
Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-91558801036546654142012-07-01T23:23:00.002-03:002012-07-01T23:23:48.600-03:00Conhaque e dor.Ela chegou<br /> de volta<br /> com meus dedos. <br /> E me aninhou em seus cliques<br /> de pneumática.<br /> Você sabe<br /> quanto é duro<br /> pra mim<br /> escrever um<br /> poema?<br /><span class="text_exposed_show"> E o <br /> quanto me <br /> dói<br /> quando simples-<br /> mente<br /> me confesso<br /> nesse<br /> pedaço <br /> vil de <br /> palavras?<br /> Ela não sa-<br /> beria.<br /> E quando<br /> me ani-<br /> nhava<br /> no conhaque, <br /> doía nela.</span>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-1281955271086961272012-07-01T23:22:00.002-03:002012-07-01T23:22:31.649-03:00Espalhado.você se <br /> espalha<br /> por aí.<br /> Quando<br /> alguem<br /> reconhece<br /> seus pedaços.<br /> Você não é<br /> mais <br /> tão inteiro.<br /><span class="text_exposed_show"> Os dias<br /> os meses<br /> os anos<br /> faz você<br /> virar<br /> menos<br /> a cada passo.<br /> Quem te <br /> respira<br /> não respira<br /> só você<br /> tambem <br /> o pouco<br /> dos que respirara<br /> antes<br /> de se<br /> espalhar<br /> por aí!<br /> Quando?<br /> o tempo todo!</span>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-32658292591343018102012-07-01T23:21:00.004-03:002012-07-01T23:21:44.110-03:00Três dias.Havia alguma coisa<br /> de errado.<br /> Era a terceira vez,<br /> que ela virava a cara<br /> e ia embora.<br /> Devia ter percebido,<br /><span class="text_exposed_show"> que quando troquei<br /> todas<br /> as fechaduras<br /> da casa,<br /> menos uma,<br /> era pra ela voltar.<br /> Ela tinha aquela chave.<br /> E quando eu<br /> dizia,<br /> que amava o<br /> costume que tinha<br /> com a minha solidão,<br /> não era sempre.<br /> Três dias que<br /> havia saído por aquela<br /> porta.<br /> Três dias<br /> que não voltara.<br /> Minha solidão<br /> era angustia.<br /> Você devia<br /> ter voltado,<br /> agora<br /> tarde da noite,<br /> ligo a tevê,<br /> e a moça do tempo<br /> diz que amanhã<br /> a previsão<br /> continua a mesma.</span>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-89163698103228147192012-07-01T23:21:00.000-03:002012-07-01T23:21:04.755-03:00Um velho e um amor."Você me pergunta: por que você me deixou quando eu te amava? Eu te
respondi: é que eu não te amava. Mas a verdade é só uma; é que o tempo
passa, agora você me ama, daqui a pouco me amassa e quando eu tiver sem
condições você vai deixar de <span class="text_exposed_show">me amar.
Quando eu ficar velho e solitário. Com meu litro de conhaque e meu maço
de cigarros, bêbado, às três da manhã, ouvindo Chico Buarque, ainda
haverá a lembrança de que te deixei enquanto você me amava. E nada
melhor do que a glória do amor, o amor só é eterno pra quem tem a
coragem de vive-lo sozinho. Eu tambem te amava quando te deixei e tambem
te amo agora quase velho, eu e meu amor, a sós. Por isso estamos vivos e
quase velhos."</span>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-3916407113398155882012-07-01T23:20:00.002-03:002012-07-01T23:20:29.820-03:00Queimar-se.Você se queima, claro que se queima.<br /> Você estará disposto a lardear tuas derrotas?<br /> Passa por limitações,<br /> embebeda-se. <br /> Você não vai se salvar tanto quanto acha que pode.<br /> E então você se entrega. <br /> E a vida está pronta, <br /> cozida, assada, da melhor forma que tens pra comer.<br /> Alguns cachorros latindo seus choros, <br /> algumas mulheres reclamando dos amores impossíveis.<br /><span class="text_exposed_show"> Você está nas listas negras delas,<br /> mas elas tambem estão nas tuas.<br /> Você pode se livrar,<br /> se encontrares a chave do absurdo.<br /> Lamentarás ao divino, <br /> regozijará por ele.<br /> Alimentar-se-á do incrédulo.<br /> E a tua vida voltará à ativa.<br /> Entre duas ou tres palavras, <br /> uma nova mulher.<br /> E quando tudo estava perdido, <br /> quando tudo estava enlameado, <br /> seu coração pérfido, <br /> voltará à lealdade.<br /> flores, sorrisos e promessas<br /> te colocando em pé novamente.</span>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-40107596776154412622012-07-01T23:19:00.002-03:002012-07-01T23:19:14.289-03:00Noite daquelas.Era uma noite<br /> daquelas<br /> ela estava<br /> dentro<br /> de mim<br /> e percebia<br /> e consequente-<br /> mente<br /> me <br /> matava<br /><span class="text_exposed_show"> ela sabia<br /> que eu<br /> a guardava<br /> no meu<br /> coração<br /> cérebro<br /> pulmões<br /> rins<br /> e os <br /> danava<br /> quando <br /> percebia <br /> qualquer indicio<br /> de fraqueza.<br /> Era uma noite<br /> daquelas.</span>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-17922810126904294442012-07-01T23:18:00.003-03:002012-07-01T23:18:39.179-03:00nessa casaNessa casa<br /> o chão<br /> está forrado<br /> de garrafas<br /> vazias<br /> e maços<br /> de cigarros<br /> fedidos, <br /> que servem<br /> de cinzeiros.<br /><span class="text_exposed_show"> Nessa casa<br /> o chão <br /> não passa<br /> de um chão<br /> como em<br /> outras<br /> casas.<br /> E no teto<br /> o forro branco<br /> a tevê<br /> no canto<br /> que nunca liga<br /> a janela<br /> do quarto<br /> que nunca trava<br /> a cama<br /> no canto<br /> que nunca esfria<br /> o sofá<br /> que se<br /> oferece<br /> como companhia.<br /> Nessa casa<br /> metade<br /> das coisas<br /> não são <br /> iluminadas<br /> ha um relógio<br /> na parede<br /> que sempre <br /> aponta<br /> meia-noite,<br /> 'seja mais<br /> otimista, Téo, <br /> pense que é <br /> meio-dia<br /> que ele aponta'<br /> Nessa casa<br /> metade das<br /> coisas<br /> sou eu<br /> e a outra metade<br /> sou eu <br /> tambem.<br /> Nessa casa<br /> ha tempos<br /> não<br /> entrava<br /> alguem<br /> pra arruma-la.<br /> Prazer.</span>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-52255211446099338522012-07-01T23:18:00.000-03:002012-07-01T23:18:01.716-03:00O grande erro.Ninguem diria<br /> que hoje<br /> essa mulher<br /> estaria viva.<br /> Eu não poderia<br /> impedir<br /><span class="text_exposed_show"> que ela <br /> estivesse<br /> aqui. <br /> Mas eu sempre<br /> o tempo todo<br /> a mantive<br /> morta. <br /> Ela não tinha <br /> algo que<br /> pudesse<br /> me tirar<br /> do sério.<br /> Até descobrir<br /> que em vida<br /> a sua morte<br /> não doía.<br /> Seu jeito<br /> de se matar <br /> aos poucos,<br /> era o mesmo<br /> jeito de todos<br /> se matarem aos poucos.<br /> Mas ali<br /> aqueles cabelos<br /> escorrendo<br /> pelo meu rosto<br /> enquanto trepávamos,<br /> era algo divino, <br /> era uma morte feliz<br /> e era a <br /> primeira vez <br /> na vida<br /> que uma futura morta<br /> me dava<br /> sensação de vida.<br /> E ela me abandonou.<br /> Amei a morte<br /> e a morte me abandonou.<br /> Não tinha como se<br /> livrar. <br /> Nunca daria. <br /> Ligo a tevê<br /> e mudo de canal<br /> a cada três<br /> minutos<br /> à espera<br /> da morte.<br /> Foi o erro</span>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-23662463243380887472012-07-01T23:16:00.003-03:002012-07-01T23:16:23.802-03:00Permanecer vivo.você vai se <br /> calar<br /> tua vida<br /> não<br /> fará sentido<br /> por enquanto.<br /><span class="text_exposed_show"> então você<br /> vai beber<br /> e vai escre-<br /> ver<br /> dois ou<br /> três<br /> poemas<br /> essencial<br /> que um<br /> deles<br /> fale de você<br /> da sua fragili-<br /> dade<br /> e você<br /> permanecerá<br /> vivo<br /> então você<br /> beberá<br /> mais<br /> um<br /> pouco<br /> e quando<br /> menos<br /> esperar<br /> sua vida<br /> não<br /> estará<br /> somente<br /> alinhada<br /> na bebida.<br /> outro poema<br /> que fale<br /> de amor<br /> e então<br /> alem de frágil<br /> você<br /> estará<br /> condenado<br /> à<br /> vida eterna.</span>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-5968706831898772882012-06-14T16:47:00.003-03:002012-06-14T16:47:38.809-03:00Ilusões, fé e gigantismo.Poderia ver os moinhos, mas jamais via o rocinante! Estava à espera de batalhas, estava começando a trucidar minhas ilusões, moinhos eram moinhos, burros eram burros, de Pedrês a Rocinante e um Dvorak nos intervalos das batalhas, não restavam armas. Não restavam objetivos. Dulcinéia não era mais de Toboso, no coração agora, havia só um nome. E com isso a realidade se construia... ...'Ei, não é por aí. Eles vão nos atacar, volte. Volte'. E não, ninguem desistia, porque por mais que haviam deixado de acreditar, ninguem deixava de lutar. Era um instinto e lá íamos nós, novamente, armados, pra enfrentar os gigantes de vento soprando lascivia nas nossas faces. Rindo das nossas fraquezas e surpreendidos pelo tamanho do sentimento. Não há gigante que supere a arte de acreditar, a arte de ter fé, Davi há de concordar com isso.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-15392688387304005272012-06-12T20:46:00.002-03:002012-06-12T20:46:09.216-03:00Carla, Hernandéz e Cusco.Ela tinha suas pernas brancas. E entre as pernas, tinha os joelhos mais belos. E um pouco acima dos joelhos, coxas, suas coxas eram brancas, era de um lugar calorento, ensolarado, as pessoas tinham mais cor que ela e quando se olhava no espelho, o que se refletia, nao era o que imaginava que se pudesse ser refletido. <br />Você poderia reparar em suas coxas, em sua cor branca, em seus cabelos amarelados, talvez ali dentro dela, havia algo mais escuro que seus olhos negros. Mas o que tangia sua vida era um emaranhado de cores mortas, era um emaranhado de desavenças com o ego, era uma mulher tão linda, subterfugiada de seus gostos péssimos, uma música detalhada lhe dava asco. <br />Hernandéz viera de Cusco, e quase nao falava sua língua, encontrara-se com Carla num beco qualquer e como uma lasca de desespero lhe esvai uma cantada falível: mira que guapa. E Carla vira os olhos, como se vivesse à espera de um mirabolante príncipe basco e nao precisa de mais nada a não ser uma noite de sono, longe de espelhos e de cantadas obtusas. <br />Henandéz por sua vez, procura mulheres, paga por três delas, se enfia num quarto, trepa até amanhecer e ao meio-dia é encontrado morto. Era o segundo caso de turista morto por prostitutas aquela semana. Uma terça-feira. <br />Carla acorda, ouve por terceiros o caso do turista. Aquela cidade estava realmente violenta. Pensa em sua carreira, Carla é modelo, pensa em ir embora pra outra cidade, pra outro país, lembra-se de outros casos pífios e violentos tambem em cidades vizinhas, países distantes, quebra seu espelho, lembra-se da cantada de Hernandéz e por sua incólume ávidez pelo desdem que poderia, anversa fosse, ter salvado o turista safado. Abre a janela de seu apartamento, coloca Wagner na sua vitrola, olha a rua, tira a roupa, sobe no parapeito e vê um homem todo de preto na praça, olhando seus seios, suas coxas e lambendo os beiços. Não eram as cidades que estavam violentas, nem os países vizinhos, nem os continentes. Havia ali uma constatação: as pessoas é que se traem, se matam e se deliciam ao palpar a morte. E enfim, Carla voa.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-54322318956350353142012-06-07T18:12:00.001-03:002012-06-07T18:12:04.680-03:00Frio, vinho e santidade.Como era gostosa<br />a sensação do frio<br />subindo pela espinha.<br />Ela se dizia taça,<br />eu me oferecia vinho.<br />Era tudo muito louco, <br />duas pessoas<br />se escorrendo pelo outro.<br />E você não sabia, <br />muito menos eu.<br />No entanto, <br />em breve, <br />como dois gulosos, <br />um se embebedaria do outro, <br />o outro permaneceria são.<br />E você de longe,<br />encontraria um terceiro elemento,<br />quem sabe um anjo mulher, <br />com a marca de batom na taça,<br />que remeteria ao desejo, <br />da tua alma, <br />a frequentar o mènage<br />tão santificado.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-64116427808104358922012-06-04T22:07:00.002-03:002012-06-04T22:07:29.691-03:00Sessão de fotos.Ela queria uma sessão de fotografias, era morena, tinha uma bunda linda. <br />Ele era um fotógrafo feliz, qualquer um seria feliz se pudesse tirar fotos daqueles rabo e decote. <br />- Você quer beber alguma coisa antes de começar, Elisa?<br />- Eu não bebo, Armando. <br />- Então eu vou beber. <br />- Mas não é você quem vai tirar a roupa, Armando. <br />- Mas sou eu quem vai ter que olhar sua bunda, Elisa, só a trabalho e vou ter que suportar.<br />- Como você é bobo.<br />Abriu sua garrafa de uísque, ainda intacta, ela o olhava com um par de olhos que poderia enfrentar qualquer flash. Ele virou o primeiro copo e encheu novamente, deu outro gole.<br />- Pode tirar a roupa, ja deixei o cenário armado, me confirma se está tudo bem pra você. As cores amarelas e vermelhas se encaixarão à sua pele. <br />- Pra mim tá ótimo, Armando. Foi exatamente assim que imaginei. <br />Armando virou o copo novamente. Elisa tirou a roupa. Armando tirou a capa do zoom, a maquina expeliu o zoom, algo crescera tambem em Armando, Armando foi em direção a Elisa, a segurou pelo cabelo, beijou seu pescoço, Elisa tentou resistir, até que Elisa virou e se ajoelhou diante de Armando e Armando continuou sua sessão de fotos, encostou-a no cenário e terminou o que havia começado. <br />- Nunca mais faça isso, Armando. <br />- Nunca mais farei, Elisa. Descontarei seu cheque amanhã pela metade e eu agradeço pela sessão.<br />E recolheu sua máquina, guardou em seu estojo. Elisa o olhava com olhos de quem não suportava mais sequer o flash, nela parecia existir amor, nele parecia existir desespero. <br />No outro dia Armando não conseguiu descontar o cheque, estava de ressaca, descontou então no próximo, o valor inteiro e nunca mais viu Elisa.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-91830636086750241072012-05-02T13:09:00.002-03:002012-05-02T13:09:47.135-03:00Permissão!Essa noite eu permito! <br />
Eu permito que você fique acordada até mais tarde. <br />
Que você esqueça sua cama. <br />
Essa noite eu permito que você me chame de otário.<br />
Que me ache lendário. <br />
Que me desfrute com os lábios. <br />
Essa noite eu permito, <br />
que você ja não durma, <br />
que eu ja não hesite,<br />
que a gente se coce. <br />
Essa noite eu não quero, <br />
que a noite tenha hora,<br />
que o sol dite o fim, <br />
da nossa noite que permito.<br />
Essa noite não, <br />
não aos grilos, <br />
não às estrelas,<br />
não aos carros. <br />
Essa noite eu quero, <br />
que você saiba, <br />
que estar ao seu lado<br />
é como se pudesse <br />
dar um beijo de despedida na dor, <br />
virando de costas, <br />
sorrindo de desdem,<br />
de boca cheia, <br />
armado até os dentes, <br />
de munição pra viver.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-68941453087091854672012-05-02T03:00:00.003-03:002012-05-02T03:01:13.486-03:00Você sabe morrer? Você não tem colhões pra morrer!Você sabe morrer?<br />Você sabe morrer ao comer batatas fritas?<br />E você sabe morrer ao tomar uma cerveja?<br />Você sabe morrer?<br />Você sabe morrer ao enterrar uma bola de basquete, <br />ou a cobrar uma falta?<br />Você sabe morrer ao quebrar ovos para<br />fazer um bolo?<br />Você sabe morrer ao dormir?<br />Você sabe morrer?<br />Você sabe morrer ao desdizer <br />uma jura de amor?<br />Você sabe matar! <br />Você sabe morrer ao ver um show do Paul?<br />Você sabe morrer ao tocar yer blues, John?<br />Você sabe matar! <br />Sim, eu estou sozinho, mas ainda não sei morrer,<br />nem escrevendo um poema eu sei morrer.<br />Você sabe morrer?<br />Matar você sabe!Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-67246019924465323682012-04-24T18:54:00.000-03:002012-04-24T18:57:44.144-03:00Filho da puta, Vadia e correções.Havia me cansado, qualquer mulher que fazia parte do meu passado me taxa de egoísta, fracassado ou bêbado sem fundamento. Não podia esperar que as coisas entrassem de acordo com o que eu acreditava, as coisas não entrariam em acordo com o que eu acreditava, você sabe em que acreditar quando tudo que você acreditou foi jogado no limbo por alguem?<br /> Certo que havia errado com uma delas, aliás, com todas. Mas jamais deixei de ser sincero, quando se percebe que as coisas estão escorrendo pro ralo é melhor deixar ir, se tampar o ralo, pode inundar sua vida com água suja, de corpos cansados, de suores inúteis e prazeres disfuncionais. <br /> E se é pra ser assim, viva da melhor forma possível, não adote mais as coisas que adotava quando era alguém complacente, você deixa de ser complacente quando a outra pessoa age como uma inútil e faz de tudo pra te causar danos. <br /> O bar era um bom lugar pra se submeter à fuga. Cervejas, mulheres com blusas decotadas, idiotas falando sobre drogas e um pouco musica pra relaxar. Até que uma das mulheres te olha e você a olha também, oferece a ela uma bebida, ela gosta da mesma que você, então já pode leva-la pra cama. <br /> <br /> - Como é seu nome? – pergunto.<br /> - Lídia, e o seu?<br /> - Téo. As pessoas me conhecem aqui, como você não me conhece?<br /> - Não costumo conhecer gente desinteressante. <br /> - Entendo. Quer mais um conhaque?<br /> - Talvez você não aguente me acompanhar, Téo. <br /> - A gente pode tentar, Lídia. <br /> - Prefiro não arriscar. <br /><br /> Ela se levanta, vai ao canto do bar, há um rapaz tocando algumas músicas, um outro a pega pelo braço, ela sorri, começam a dançar, me levanto, a puxo pelo braço, a jogo no chão, aponto meu dedo, a chamo de puta, falo pra ela pagar a porra do meu conhaque, se levanta, senta no lugar onde estávamos e o rapaz que estava com ela se desculpa e vai embora. <br /><br /> - Você é um filho da puta, Téo. <br /> - E você é uma vadia. <br /> <br /> Assim são os homens, em geral, na sua cultura, são péssimos. Subestimam as mulheres em tudo, seus carros, suas peças, seus jogos, seus gestos de amor.E enquanto as mulheres ligarem tanto em demonstrar a verdadeira face deles, continuarão agindo assim, porque os homens são, coma s mulheres que têm, exatamente o que elas amam que não sejam.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-19549166584422088832012-04-18T19:33:00.001-03:002012-04-18T19:36:27.743-03:00Bebida, mulheres e desistência.Não procriava sinapses, meu cérebro estava fora da realidade, nos bares não encontrava realizações, o meu quarto era em mim a constatação de que o mundo não me servia agora.<br />A bebida era uma espécie de fuga, mas não havia nada que eu quisesse desbancar, a bebida ja não era fuga então, a bebida era só um êxtase, um caminho, procedimento esperado para alcançar a alquimia. E não havia limites,era o meu remédio, algo que esperava desde sempre que me curasse. <br />A ausência de mulheres, enfim, estava me fazendo bem. A falta de telefonemas, o excesso de músicas com violões de aço e um contato breve com o mundo cada vez que ia ao banheiro, havia uma janela, o mundo estava vivendo la fora, não o suportava. <br />A falta de suas saias curtas, suas pernas grossas, suas reclamações sobre a vida, seus amigos idiotas, seus apontamentos sobre o meu humor, suas reclamações por eu <br />andar pelado pela casa, por cagar de porta aberta, por me masturbar enquanto assistem programas de fofocas na tevê que um dia eu vou vender e elas jamais me amarão novamente.<br />As mulheres jamais me amarão novamente, creio que qualquer cachorro que eu arrume jamais me amará, qualquer bar que eu vá não haverá alguem pra me salvar. Era isso,as pessoas estavam todas à busca da salvação, mas não havia mais chance. Era assim a vida, você se prepara pra luta, coloca o roupão, o juiz chama teu nome, você sobe no ring, as pessoas te aplaudem, a maioria vaia, a garota passa com a placa do primeiro round, você o suporta, ela sobe no segundo, você com o supercílio cortado, mas ainda consegue ver a bunda redonda dela, aguenta por mais algum tempo e no terceiro round, quando ela sobe no ring, você mesmo joga a toalha. E seu técnico te olha feio, você <br />perde, por desistência. E vai pra casa humilhado.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-81108680663558074452012-04-18T00:57:00.001-03:002012-04-18T00:57:44.734-03:00Mentira e Bach.E na caixa de correios, <br />uma carta.<br />Algo diz: fomos uma mentira.<br />E você finge que acredita.<br />Alguem que cre<br />que sua vida foi uma mentira <br />não te procuraria pra dizer:<br />você foi uma mentira.<br />E você rasga a carta.<br />Entra na sua casa, <br />abre uma cerveja, <br />liga pra outra mulher, <br />diz que sente falta do sexo<br />e desliga.<br />E liga sua tevê, <br />não há nada.<br />Liga seu rádio, <br />Bach não interessa,<br />e termina sua cerveja, <br />dorme e não quer acordar mais, <br />mas sempre acorda.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-55705259546001241822012-04-15T23:59:00.001-03:002012-04-15T23:59:34.403-03:00Sexo, dor de cabeça e sono.<p class="ecxMsoNormal">E são oito horas da noite, </p> <p class="ecxMsoNormal">você repousa nos colchões de solteiro juntados,</p> <p class="ecxMsoNormal">você e sua mulher. </p> <p class="ecxMsoNormal">Ela sente dor de cabeça, </p> <p class="ecxMsoNormal">ela está abalada, </p> <p class="ecxMsoNormal">com um tédio sem fim. </p> <p class="ecxMsoNormal">E você não sabe como prosseguir, </p> <p class="ecxMsoNormal">ela abre a blusa e diz:</p> <p class="ecxMsoNormal">amor, toca meus peitos, me faça relaxar.</p> <p class="ecxMsoNormal">E você toca os peitos dela, </p> <p class="ecxMsoNormal">e lambe os mamilos. </p> <p class="ecxMsoNormal">A vida com dor de cabeça, </p> <p class="ecxMsoNormal">pra alguns, </p> <p class="ecxMsoNormal">pode ser bem pior.</p> <p class="ecxMsoNormal">E ela vira as pernas</p> <p class="ecxMsoNormal">por cima das suas. </p> <p class="ecxMsoNormal">E você se encaixa nela, </p> <p class="ecxMsoNormal">Na tevê, um filme de rock'n'roll,</p> <p class="ecxMsoNormal">você fode sua mulher</p> <p class="ecxMsoNormal">e a dor de cabeça dela.</p> <p class="ecxMsoNormal">Até que você goza.</p> <p class="ecxMsoNormal">Ela pergunta se você realmente a ama, </p> <p class="ecxMsoNormal">e você vira para o lado. </p> <p class="ecxMsoNormal">Ela continua falando, </p> <p class="ecxMsoNormal">sobre a dor de cabeça, </p> <p class="ecxMsoNormal">e você relaxado, simplesmente, dorme!</p>Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-11509552259157704892012-04-13T01:28:00.002-03:002012-04-13T01:32:58.643-03:00Cervejas e sorrisos circenses.Cheguei no bar, eu estava a espera de alguem. Uma mesa de dois lugares. Um deles estava vazio. Uma cerveja e um copo de conhaque.<br />No telefone uma mensagem: Téo, ja chego. Atrasarei-me um pouco. Essa chuva dessa cidade, esse transito, mas prepare a minha cerveja.<br />Ela mal imaginava, que ali, na mesa de dois lugares, algo alem da cerveja a esperava com afinco.<br />- Oi, Téo.<br />- Olá, meu bem. Como vai?<br />- Vou bem, Téo.<br />Levantei-me, dei-lhe um abraço e um beijo.<br />- Senta-se. - eu disse.<br />Ela tinha os olhos mais lindos que ja pude ver, e a tua boca dizia 'tu' como nenhuma outra havia dito. E teus olhos, brilhavam cores circenses, guarda-chuvas de frevo e tua boca tinha a carne que meu olhos adoravam.<br />- Essa cerveja está gelada, Téo.<br />- Pois é, por isso gosto desse lugar.<br />Você pode passar dias longe da felicidade e em poucos momentos você pode passar a felicidade de dias.<br />- Agora que você ja chegou, que ja tomamos a cerveja, poderíamos ir pra minha casa?<br />- Tudo bem, Téo.<br />Paguei a conta, recolhi o maço de cigarros da mesa, despedi-me do dono do bar e segurei sua mão.<br />- Seja bem-vinda.<br />- Gostei da tua casa vazia.<br />- Ela fica assim sempre, ficará sempre.<br />Liguei o rádio, tocava Bach, não era hora, troquei por uma coisa que ela tambem gostava, e Beth Gibbons cantava: give me a reason to love you!<br />- Separei esse vinho pra gente, Luana. É o meu vinho preferido - casillero del diablo.<br />Ela sorriu.<br />- Era tão esperado por ti que eu viesse à sua casa, Téo?<br />- Era.<br />Sorriu novamente.<br />Sentou-se à minha frente no sofá, com um vestido roxo, suas pernas, lindas, talvez havia feito com a intenção de me provocar, visto que eu sempre havia dito que adorava pernas, estavam cada vez mais à mostra.<br />Dado momento, levantou o vestido um pouco mais.<br />- Erga mais um pouco teu vestido.<br />- Ainda mais?<br />- Sim, ainda mais.<br />Tomava meu vinho, olhava tuas pernas, nada dizia, o silêncio não incomodava. Fui até o sofá, beijei sua boca, levantei seu vestido, coloquei a mão por dentro da sua calcinha, estava molhada. Beijei sua boca com mais lingua agora.<br />- Seu beijo é bom, Luana.<br />- Você quer me engolir, Téo.<br />Eu era um adolescente, a joguei na cama, de barriga pra baixo, fiz uma massagem em suas costas, beijei-a na mesma intensidade. Trepamos, gozamos, não uma ou duas vezes, infinitas. O cérebro brindava, o coração palpitava na mesma intensidade do pau. Era uma nova descoberta, era um novo homem, com a experiência de um amor falido e com a perspicácia de um homem fodido.<br />- Você é um puto, Téo.<br />- Tudo bem.<br />Beijei sua testa, com mais sensibilidade que quando beijei sua boca ou seus peitos. Não sabia onde estavam meus cigarros, pouco me importava tambem. Havia cinzas demais dentro de mim, era hora de tornar aquele monte de escuridão e torpor, em luz e sorriso. Ela olhou pra mim e junto à Beth Gibbons cantou: give me a reason to be a woman. Virei o restante do meu vinho, direto na garrafa. Olhei nos teus olhos e sorri. Estava ali, em abril, meu primeiro sorriso desde sempre.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-81193969777737657472012-04-11T05:20:00.000-03:002012-04-11T05:21:22.847-03:00Amor, cérebro e palpitações.Tu não estavas à vista,<br />mas eu te olhava.<br />E meus olhos piscavam,<br />cheios de lágrimas,<br />num ritmo sonar.<br />Havia duas de você,<br />a que segurava o copo,<br />e a que me cedia o colo.<br />Na borda do copo,<br />tua boca.<br />E na borda da tua boca,<br />meu nome.<br />E meu nome sujo,<br />purificava-se<br />nos teus<br />lábios filtros.<br />Já não era mais um homem,<br />e infantilizado<br />pelo sentimento vil,<br />tu não estavas à vista.<br />Eu não te olhava mais,<br />e nas bordas dos copos,<br />minha boca,<br />e na borda da minha boca,<br />outras bocas.<br />E na borda das outras bocas,<br />ilusão.<br />Enquanto meu cérebro<br />palpitava teu nome<br />já limpo.<br />De outras vidas,<br />limpo.<br />De outros homens,<br />limpo.<br />De meus sonhos,<br />limpo.<br />Era então<br />amor.<br />E do amor<br />nascera<br />o sujo,<br />pro amor<br />nascera teu nome a<br />palpitar<br />em meu cérebro.Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1527619136097994442.post-16541690267382584582012-04-11T02:43:00.001-03:002012-04-11T02:43:38.526-03:00sacana, canalha e sexo.- Téo?<br />- Sim.<br />- Te conheço.<br />- legal.<br />- você é aquele cara dos textos sacanas.<br />- nunca escrevi algo sacana.<br />- ué, mas você fala de putaria.<br />- putaria não é sacana.<br />- você quer um conhaque, Téo?<br />- já estou tomando, obrigado.<br />- uma amiga minha já deu pra você.<br />- deve ter sido terrível pra ela.<br />- ela disse que você é canalha, Téo.<br />- eu talvez esteja começando a acreditar.<br />- adoro homens cachorros.<br />- que pena. Sou no máximo canalha.<br />- você mora longe, Téo?<br />- considerável.<br />- Quer carona? Ofereço carona e carinho.<br />- tenho sapatos novos, sabe. Compro sapatos novos só depois de muito usar os antigos, preciso acostumar-me com eles, mas obrigado por oferecer a carona. E quanto ao carinho, sou canalha demais pra merecê-lo.<br />- Téo, você pode me comer hoje?<br />- tudo bem. Garçom, a conta por favor...<br />- eu pago, Téo.<br />- Ok. Te espero lá fora.<br /><br /> ...Notas de velho chapadohttp://www.blogger.com/profile/03065714146738983463noreply@blogger.com0