terça-feira, 24 de março de 2009

Fim!

Havia 24 anos que se vivia, tinha uma ansiedade imensa em acabar por ali. Mas não acabava. E questionava a Deus: Rapaz, o que fazes comigo? E Ele nem aí pra resposta.
Lembro-me de tantos amigos que já tive, de alguns que briguei bastante, por bobagem, e se distanciaram de mim. Outros que nunca briguei e tambem se distanciaram, outros que não existiram porque nunca fui capaz de ter imaginação fértil o suficiente pra ter amigos imaginários. Nunca tive amigos. Pedia tambem a Deus algo, mas não me lembro bem se era amor, sexo, álcool ou dinheiro, talvez por isso nunca me deu nada, talvez ficasse confuso com os meus desejos. Queria que alguem me libertasse desse mundo – dizer pra ti sobre meus desejos não aflige seu coração, né? Se sim, azar – mas ninguem me libertava.
Descobri, lendo Henry Miller, que mijar no mundo era solução, cara. Mas minha bexiga nunca estivera cheia, era uma vida de 24 anos que beirava os 70.
Uma vez uma amiga me disse:
- Téo, você não ama, não brinca, não sorri, não é feliz, você só fode, Téo, você só me fode.
- Eu nunca pedi pra você me dar, se você me deu, azar o seu, disse desde o começo que iria gostar e se se apaixonou azar tambem, porque eu sempre disse “se foder uma vez, quererá sempre”.
- você é um grosso, Téo.
- Grosso é o caralho.
Ela saia chorando, correndo ao meio de árvores plantadas dementes na rua, fotossínteseando a porra do mundo, a fênix do mundo, que quando eu achava que já era, vinha e aparecia com novidades, feito SPFW!
Se não fossem as cervejas diárias, as mulheres diferentes, principalmente as que não abriam a boca, eu ficaria tão mais feliz, realizar-me-ia com mais freqüência, agora, se não podes oferecer nada mais que o sexo, não queira cobrar nada alem disso, e se não podes dar nem sexo, apenas faça e agradeça por ter, não é necessário ensinar as pessoas que vivam, cara. Se elas soubessem apenas viver, se as mulheres que não têm nada a dizer ficassem de boca fechada, tipo, mulher melancia, o mundo seria tão melhor e elas tão mais úteis. Se os homens falassem menos coisa chata, se Fernando Henrique Cardoso fosse tão menos político, serviria mais pra política. Mas ninguem nunca serve e quando serve a gente diz:
- sabe quanto me custa assumir que estou apaixonado por alguem, sabe quantas barreiras que tive que transpassar pra dizer: eu gosto de você e penso você o dia todo. Sabe quantos alter-egos tive que persuadir pra que tivesse coragem? Daí vem você e diz: acho que deveria ficar com ela, e é como, se todas as palavras que evitei dizer antes e disse ainda pouco com tanto afinco, fossem como as que você ouve do rapaz, apenas brincadeiras mas isso é seu, não meu. Não tenho direito sobre nada!
Se um dia tiver coragem de assumir minhas fraquezas um pouco mais alem, direi que ela não me quis, que não ficamos juntos e que sofri tanto por não ficar com ela, que, não duvido em nada, que foi uma prova divina ou satânica, que foi um embate de amor com ódio, que todas as macumbinhas que fizeram contra mim surtiram efeito, justo ao final, justo ao final de uma vida de 24 anos.