quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

felicidade, segundo e desfecho.


Da felicidade à queda.

 

 Samantha era feliz, havia arrumado um bom homem, trabalhador, filho de mecânico e doceira, tinha um sogro pra trocar o pneu de seu carro e uma sogra pra adoçar o aniversário dos filhos, quando fosse mãe.
   Era, por hora, feliz. Mas não sabia ou previa o que lhe esperava. Alexandre era seu homem, trabalhador, acordava cedo, chegava tarde, ganhava o suficiente pra sobreviverem, por culpa do amor, iriam se casar.
   A casa seria construída em cima da casa dos sogros, um puxadinho sei lá, estas coisas que costumam inventar. E então fizeram, então construíram, casaram-se. Mas o inesperado, aquilo que ela não constatava na solteirice, acontecera. Alexandre era um péssimo amante, trepava mal pra diabo. Então Samantha procurou fora de casa, e alguns meses depois, um amigo que os fizera visita, vira uma carta em cima de uma cômoda, enquanto Alexandre estava por chegar, e lera, constatara que era uma carta de um amante de Samantha, guardou-a, mostrou ao amigo mais tarde e Samantha então, teve seu casamento amputado, ela amava muito Alexandre, mas ela amava ainda mais o sexo bem feito. Dissera-lhe palavras horríveis, Alexandre não tinha reação, e ela dizia: pra você perceber, Alexandre. Tu és mole até quando és corno. Então fizera a vida dele, um inferno, maldissera seu nome por toda a cidade e saiu da casa em busca do amante. Que a desprezou. Pro amante, Samantha também só servia sexualmente. No fundo pra ela, o amante também.



O segundo.



   Samanta havia deixado o trabalho na hora do almoço e ido ao parque passear. Conhecera então Marcos, e Marcos era miúdo, feio, não tinha graça. Samantha então achara que talvez, por estes critérios, Marcos trepasse bem. E resolveu tentar. A primeira vez foi boa, mas Marcos teve que ir embora. Samantha gostava de apanhar, de um homem que tivesse pegada, e Marcos trepava bem, mas não batia. Não puxava seu cabelo. Então, depois de alguns meses, quando já, involuntariamente, Samantha morava com Marcos. Arrumou então um amante. Edson era um homem viril. Tatuado. Malhava o dia inteiro. Tinha músculos viscosos e Samantha se deliciava com seu pau. Então largou Marcos e foi morar com Edson.



O terceiro, desfecho.



   Samantha não passava bons dias, tinha um ótimo sexo, mas não tinha um homem que trabalhasse por ela, para ajuda-la ao menos, teve que começar a trabalhar mais, e, com isso, cansava-se mais, o sexo não tinha mais tanto prazer.
   Certo dia Edson arrumou uma amante, comia-a sempre. E não procurava mais Samantha em casa. Samantha infeliz, pregou uma armadilha pro Edson; quando chegasse, o provocaria, até ele querer come-la. E assim o fez. Pegou-o numa bela armadilha, Edson socava em Samantha, ela pediu pra ir mais forte, pra bater mais. Ela queria ficar roxa. Então Edson a pegou, bateu, bateu na cara, na bunda, nas costas, nas coxas...
   Ao acordar, Samantha foi até a delegacia mais próxima, prestou queixa. Edson foi procurado pela polícia. Foi preso.
   Alguns dias depois, infeliz com a vida e os desamores, Samantha questionara o que procurava. Um clichê absurdo, todo mundo, em todo momento da vida, questiona o que se passa, o por quê dos erros, o por quê das falhas. Samantha então descobrira que o problema não eram os outros, o problema, era seu coração, frio feito gelo seco, ardia e queimava. Samantha então teve uma ideia. Tocou fogo na casa, deitou-se na cama e esperou o fogo, que já ardia a casa, acender seu coração.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Tu, és... por favor.

Não, tu não és a demanda do flagelo. Tu és a minha maior moradia. Tu não és a chama, tu não queimas, tu não se apagas dentro de mim. Não, tu só não és o carinho, muito menos o desejo. Tu não és a porção, muito menos o conteúdo. Não, tu não és os pés suportando o peso. Tu não és o ás em detrimento da perda. Tu não és o jogo, não, tu não és. Tu és a alma, que reluz em brilho na escuridão do meu norte. Tu és o amor, que dana e pretere a tristeza. Tu és essa falta toda de violência. Tu és e sempre será os planos dos meus filhos. Tu és o ontem, tu és o amanhã, a ti pertence o agora. Tu és a folha em seda do meu corpo escrito.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Bar, mulher e saudade.

Estávamos os três na mesa do bar. Algumas garrafas de cerveja no canto da parede, aquilo, já era tudo que havíamos tomado, mais conhaque, mais pinga com mel, mais rock’n’roll e uma dúzia de mulheres vazias, como nós. Estávamos bêbados e discutíamos sobre futebol. Não éramos os mais bonitos do bar, muito menos os mais amáveis, mas tinha algo na gente, que ninguém tinha, eu não sei ainda, mas um dia eu descubro.
Karen chega e nos cumprimenta com beijo no rosto, a mim, é mais receptiva, senta no meu colo e me diz ao pé do ouvido: essa noite posso ser tudo que você quiser.
Levanto, a pego pelo cabelo, e dou um beijo quente em sua boca. Ela sorri, diz que vai sofrer, com cara de safada, querendo sofrer e no meio do bar, coloca a mão por dentro da minha calça, pega no meu pau e ainda dizendo ao pé do meu ouvido: quero brincar com ele hoje. E fomos pra minha casa. Tirou um pouco de cocaína do bolso, cheirou. Eu não quis, não era algo que podia arriscar mais. Disse que com a cocaína ficaria mais elétrica, meteria ainda mais, eu já sabia, não era a primeira vez, mas com ela, tudo parecia primeira vez. Ela me dava calafrios. Era uma mulher de um porte intelectual sem medidas, conhecia de tudo, fazia de tudo, era artista plástica, cantava, dançava, rebolava, como nenhuma outra. Eu era apaixonado por aquela mulher. Mas não sabíamos disso, porque tudo que nos apetecia era sexo e não carinho.
Olhei em teus olhos, segurei seus cabelos, joguei-a na cama, arranquei sua roupa, chupei seus peitos, sua boceta, eu enfiei meu pau o mais fundo que podia e gozei dentro dela. Eu queria aquela mulher, eu tive, gozamos como nunca... Acendi um cigarro, ela cheirou outra carreira de cocaína e então, pedi pra ir embora, já era hora. Rasgou meu ‘mulheres’ do Bukowski, ficou emputecida porque pedi pra ir embora, a puxei pelos cabelos joguei na rua e mandei, implorei, pedi, rastejei pra que nunca mais aparecesse. E nunca mais apareceu. Às vezes o álcool não supre a falta de uma boa mulher, nem amigos feios, nem rock’n’roll, nem pinga com mel ou muito menos o conhaque. Claro que não. O álcool não supre os problemas, mas os incomoda. Nos faz preteri-los em detrimento da dor.
Hoje acordei com febre, chamei teu nome três vezes, pedi pra que alguém a ajudasse, Karen. Meus olhos não funcionam mais tão bem e meus ouvidos não te ouviriam se você quisesse pedir pra eu te comer de novo. Meu pulmão continua sangrando, minha tosse é insuportável. Escute: cuide-se. Pare com a droga, arrumAe um homem que não vá te bater por causa de um livro, mas que te ame tanto quanto aquele que o fez. Perdoa-me, baby... Se eu pudesse escolher viver novamente, sob o efeito do Eterno Retorno, eu viveria. Você me foi um prazer.. Toca agora a musica de Gardel, que tanto gostávamos: Cuantas veces embozada, una lagrima assomada, yo no pude contener.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sem mim.

Eu não tinha escolha,
tinha que sobressair,
de alguns homens do local,
eu era o mais pervertido e o mais feio.
Ofereci um conhaque,
dois cigarros,
uma moeda pro jukebox.
Aceitou-os prontamente.
Tinha pele branca.
Cabelos negros.
Olhos castanhos.
Um corpo bonito,
peitos pequenos,
bunda arrebitada,
eu imaginava minha mão em sua cintura.
E foi assim.
Depois de tudo que dei,
depois de tudo que ela quis,
eu dei.
E me maltratou,
foi-se embora.

Não com algum homem,

mas sem mim.