terça-feira, 22 de novembro de 2011

Bichos, falta de arroz e indigencia.

O cachorro chama teu nome, me culpa por você não estar aqui...
... você não foi por minha causa, foi?
Aqueles discos que você levou, foi pra nunca mais voltar?
E se eu pedir, por favor, você os empresta pra eu ter o que escutar?
E aquela louça que está em cima da pia, é de quando?
Agora, o gato, o gato não, o gato culpa a ti.
Ele diz que foi você quem me desdenhou e me submeteu a isso.
E entre conhaques e cervejas, eu respiro essa porra desse cigarro que você deixou.
Mas os livros, aquele Decamerão, o Cartas na Rua, o On The Road, você levou.
Você deixou o livro do Desassossego e o Morangos Mofados.
Às vezes eu faço duas ou três orações e dou um gole no vinho.
As outras vezes eu somente bebo.
E aquele concerto de Mahler, que você gravou pra mim, você tambem levou.
Porra, aí é exagero, você nem gosta de Mahler.
O pássaro tá piando desde quando você bateu a porta,
E o caralho não para de cantar a quinta sinfonia.
Se você tivesse deixado ao menos arroz pronto
esses animais não me fariam sentir tanto sua falta.
Seria pior se você tivesse dado nomes a eles, mas eles não têm nome;
Nem Bukowski tem nome mais.
Mahler tambem não tem mais nome.
E eu tambem não tenho mais.