segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cerveja, frango e cigarros.

Quando a encontrei sabia exatamente o que queria. Fato é que as cervejas não estavam tão aguadas aquele dia e que o frio posterior ao calor era impactante. Que não existia o diabo, que deus era um ponto de referência e que o amor, ah, o amor, não se podia ter certeza. Numa cidade em que você vive a vida sem muitas relações com as pessoas que se garoam mais que o tema, que escorrem no asfalto, que entram pelo bueiro e somem e depois vai saber se encontra num carnaval, numa praia, depois de uma caminhada pelo rio Tietê! Talvez fosse a primeira vez e ultima. Talvez não fosse nem a primeira vez, você tinha tanta certeza que ali, aquele encontro, entre cervejas e frango a passarinho, cigarros de filtro branco e outros de filtro vermelho, vermelho pelo bairro rodeando o tema japonês, a fim de não sei o que a não ser brilhar teus olhos, você poderia morrer. Agora sim, você pode morrer e eu sorria.
Ter a oportunidade de se lançar ao acaso que ela correspondera, ter a oportunidade de amar uma mulher pelo sorriso e sem ter a exata precisão do corte, sentir seu coração pulsando na palma da mão e perdera aquele seu extinto tão somente libertino pra aprender que agora, agora já não era tão tarde quanto se imaginava, ela segurava minha mão e me dizia que estava com cara de derrotada e não sabia como eu a poderia achar linda. Mas achava.
Fumar um cigarro, ter a sorte de reencontrar o ex-namorado dela passando por ali, um amigo, quiçá. E você vai andando pelo pensamento e relembra que muitas vezes teve mulheres num tom esclerosado e que não tinha desejo de deitar ao lado de outras, mas se ela quisesse o colo tava livre, o coração quase cheio dessa felicidade toda. E que a boca era linda, os olhos brilhantes o cheiro como nenhuma outra. Não se pode resistir: Cala a boca. E beijei, é, era mais do que esperava. Era macio, preciso e arredio. Acabei caindo em tentação e não paramos. Por fim, sete cervejas, frango a passarinho, cigarros, frio e um monte de beijinhos. E nos despedimos. “Belezas são coisas acesas por dentro” (Otto) – e o metrô não era chato cheio, o trem não demorou muito e o bar foi o próximo destino, desacompanhado.

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