Um homem caminha,
e quase que não da pra acompanha-lo.
Há pessoas sujas no caminho e alguns mendigos.
Com seu violão à espera da nota perfeita no case,
continua a caminhar.
Deus, ele diz, há algumas pessoas famintas,
e ele então, tira seu violão da caixa.
Os pássaros em coral.
As mulheres com suas saias a se levantar.
Os bares com alguns mortos, outros nem tanto.
Mortos e meio-mortos.
Sua mulher corre à beira da praia.
Ele está saudoso.
Eis que surgem algumas notas,
e a musica diz: hey, hey, my, my...
É Neil Young no seu violão semi-acustico.
Um livro do Stendhal dentro da caixa do violão.
Outro de Ferlinghetti.
E ele toca seu violão bem alto.
As pessoas continuam sujas.
As saias das mulheres começam a descer.
Todo mundo sabe,
Todo mundo vê:
que os acordes destoados,
que a desafinação da saudade.
Não tem conserto ali.
E não terá senão, à beira da praia. Correndo acompanhado.
Alguém há de dizer que são palavras fortes, mas tamanha é a força do texto de Téo e do seu grito, que não haveria como dizer deles, se não fosse com força. Se você é capaz de enxergar a ternura encoberta pelo mito do forte que tem medo de que percebam sua doçura, então é capaz de amar este blog. por Ana da Cruz.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Bichos, falta de arroz e indigencia.
O cachorro chama teu nome, me culpa por você não estar aqui...
... você não foi por minha causa, foi?
Aqueles discos que você levou, foi pra nunca mais voltar?
E se eu pedir, por favor, você os empresta pra eu ter o que escutar?
E aquela louça que está em cima da pia, é de quando?
Agora, o gato, o gato não, o gato culpa a ti.
Ele diz que foi você quem me desdenhou e me submeteu a isso.
E entre conhaques e cervejas, eu respiro essa porra desse cigarro que você deixou.
Mas os livros, aquele Decamerão, o Cartas na Rua, o On The Road, você levou.
Você deixou o livro do Desassossego e o Morangos Mofados.
Às vezes eu faço duas ou três orações e dou um gole no vinho.
As outras vezes eu somente bebo.
E aquele concerto de Mahler, que você gravou pra mim, você tambem levou.
Porra, aí é exagero, você nem gosta de Mahler.
O pássaro tá piando desde quando você bateu a porta,
E o caralho não para de cantar a quinta sinfonia.
Se você tivesse deixado ao menos arroz pronto
esses animais não me fariam sentir tanto sua falta.
Seria pior se você tivesse dado nomes a eles, mas eles não têm nome;
Nem Bukowski tem nome mais.
Mahler tambem não tem mais nome.
E eu tambem não tenho mais.
... você não foi por minha causa, foi?
Aqueles discos que você levou, foi pra nunca mais voltar?
E se eu pedir, por favor, você os empresta pra eu ter o que escutar?
E aquela louça que está em cima da pia, é de quando?
Agora, o gato, o gato não, o gato culpa a ti.
Ele diz que foi você quem me desdenhou e me submeteu a isso.
E entre conhaques e cervejas, eu respiro essa porra desse cigarro que você deixou.
Mas os livros, aquele Decamerão, o Cartas na Rua, o On The Road, você levou.
Você deixou o livro do Desassossego e o Morangos Mofados.
Às vezes eu faço duas ou três orações e dou um gole no vinho.
As outras vezes eu somente bebo.
E aquele concerto de Mahler, que você gravou pra mim, você tambem levou.
Porra, aí é exagero, você nem gosta de Mahler.
O pássaro tá piando desde quando você bateu a porta,
E o caralho não para de cantar a quinta sinfonia.
Se você tivesse deixado ao menos arroz pronto
esses animais não me fariam sentir tanto sua falta.
Seria pior se você tivesse dado nomes a eles, mas eles não têm nome;
Nem Bukowski tem nome mais.
Mahler tambem não tem mais nome.
E eu tambem não tenho mais.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Panquecas.
Era uma boa padaria, ali estava o lugar em que comera minha melhor panqueca desde os dias em que comi a minha primeira panqueca. Voltava lá a cada 15 dias pra saborear o que chamavam de manjar salgado dos deuses incólumes (não digo sexualmente, porque todos se comiam) das antigas civilizações cicládica.
Fui ao balcão, sentei-me, o Ramon que sempre me atendia, não estava lá, eu olhava pros lados pra procurá-lo e o filho da puta não estava lá! Devia estar num daqueles dias de ressaca e dera o cano no serviço. Atendera-me uma mulher bonita, tinha seus olhos negros e um cabelo tão negro quanto, escorrido pelo corpo, como se estivesse a se aproveitar daquele corpo todo.
Perguntei-a onde estava Ramon, ela disse que havia sido morto dias antes, há uns cinco, com um tiro no meio da testa. Assustei-me, Ramon era um bom homem, sempre me servia um conhaque antes da panqueca pra apurar melhor o apetite do grande e magistral prato que preparava com inexplicável dedicação. Ok - disse. Você pode me servir então uma panqueca, com bastante molho. E um copo de conhaque, por favor. Ela sequer sorriu me parecia uma mulher dura. Precisava talvez de um bom pau ou um bom amor, mas não tinha nenhum dos dois pra servi-la. A panqueca chegou; o conhaque já havia descido, já não queimava mais ou provocava gosto algum. Se com o conhaque havia sido daquela forma, imaginei a panqueca, mas arrisquei. É, era como eu imaginava, não era mais a panqueca do Ramon e agora, havia aquela moça linda ali, a fitar minhas garfadas, com tamanha pretensão, como que se tivesse nojo do ímpeto de minha boca a devorar insanamente aquela panqueca sem gosto e sem vida, o gosto da panqueca - o que podemos chamar de alma - havia morrido junto com o Ramon, ficara somente a massa - que podemos chamar de corpo, que, indolente, não sanava nada alem da fome física.
E eu estava perdido, porque ali, diante dos meus olhos, estava uma prova de Rubem Alves a dizer: É na morte que mora a saudade. - E enfim, eu estava saudoso da panqueca de Ramon que sua morte a alma levara. Levantei, paguei a conta, pedi duas garrafas de conhaque e aquela noite, fora a primeira, de outras tantas que bebi por dor da morte. O conhaque, as panquecas, as mulheres, a morte me levara vários gostos. Alguns que jamais voltaram. A morte já não me preocupava mais, o que me preocupava, era onde agora, me instalaria à procura de algum gosto pra sanar a necessidade de minha alma. Meu gosto também estava sumindo e as pessoas já não se importavam, procuravam outros. Aquela moça não me fitou a fim de sexo ou à procura de amor. Um brinde agora, a mim tambem.
Fui ao balcão, sentei-me, o Ramon que sempre me atendia, não estava lá, eu olhava pros lados pra procurá-lo e o filho da puta não estava lá! Devia estar num daqueles dias de ressaca e dera o cano no serviço. Atendera-me uma mulher bonita, tinha seus olhos negros e um cabelo tão negro quanto, escorrido pelo corpo, como se estivesse a se aproveitar daquele corpo todo.
Perguntei-a onde estava Ramon, ela disse que havia sido morto dias antes, há uns cinco, com um tiro no meio da testa. Assustei-me, Ramon era um bom homem, sempre me servia um conhaque antes da panqueca pra apurar melhor o apetite do grande e magistral prato que preparava com inexplicável dedicação. Ok - disse. Você pode me servir então uma panqueca, com bastante molho. E um copo de conhaque, por favor. Ela sequer sorriu me parecia uma mulher dura. Precisava talvez de um bom pau ou um bom amor, mas não tinha nenhum dos dois pra servi-la. A panqueca chegou; o conhaque já havia descido, já não queimava mais ou provocava gosto algum. Se com o conhaque havia sido daquela forma, imaginei a panqueca, mas arrisquei. É, era como eu imaginava, não era mais a panqueca do Ramon e agora, havia aquela moça linda ali, a fitar minhas garfadas, com tamanha pretensão, como que se tivesse nojo do ímpeto de minha boca a devorar insanamente aquela panqueca sem gosto e sem vida, o gosto da panqueca - o que podemos chamar de alma - havia morrido junto com o Ramon, ficara somente a massa - que podemos chamar de corpo, que, indolente, não sanava nada alem da fome física.
E eu estava perdido, porque ali, diante dos meus olhos, estava uma prova de Rubem Alves a dizer: É na morte que mora a saudade. - E enfim, eu estava saudoso da panqueca de Ramon que sua morte a alma levara. Levantei, paguei a conta, pedi duas garrafas de conhaque e aquela noite, fora a primeira, de outras tantas que bebi por dor da morte. O conhaque, as panquecas, as mulheres, a morte me levara vários gostos. Alguns que jamais voltaram. A morte já não me preocupava mais, o que me preocupava, era onde agora, me instalaria à procura de algum gosto pra sanar a necessidade de minha alma. Meu gosto também estava sumindo e as pessoas já não se importavam, procuravam outros. Aquela moça não me fitou a fim de sexo ou à procura de amor. Um brinde agora, a mim tambem.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
à sua morte, Léo!
E então você se foi, cara.
Você morreu.
Você era um homem duro.
Mas morreu homem.
Você era frágil, às vezes.
Isso te infantilizava.
Agora há uma criança aqui,
Que chora ensandecida.
Como se quisesse questionar algo,
E se você estivesse aqui,
Me perguntaria o por quê
Dela chorar assim.
E afloraria seu lado criança.
E eu não saberia responder,
Porque só vocês dois têm
A velha afinidade das crianças,
De querer saber o choro do outro,
Inocentemente a fim de curar a dor.
Mas você não está.
A criança continua a chorar.
E eu espero que você tenha ido,
Não por acreditar em um lugar melhor,
Não, você não era tão criança assim.
E se foi por isso,
Eu juro, que nunca mais,
Pago aquela pinga com mel
Quando te vir novamente.
E aquele velho abraço,
Com um beijo no rosto.
Fará falta.
Assim como sua dureza.
Que impunha na gente
Um pouco de vivacidade.
Você morreu.
Você era um homem duro.
Mas morreu homem.
Você era frágil, às vezes.
Isso te infantilizava.
Agora há uma criança aqui,
Que chora ensandecida.
Como se quisesse questionar algo,
E se você estivesse aqui,
Me perguntaria o por quê
Dela chorar assim.
E afloraria seu lado criança.
E eu não saberia responder,
Porque só vocês dois têm
A velha afinidade das crianças,
De querer saber o choro do outro,
Inocentemente a fim de curar a dor.
Mas você não está.
A criança continua a chorar.
E eu espero que você tenha ido,
Não por acreditar em um lugar melhor,
Não, você não era tão criança assim.
E se foi por isso,
Eu juro, que nunca mais,
Pago aquela pinga com mel
Quando te vir novamente.
E aquele velho abraço,
Com um beijo no rosto.
Fará falta.
Assim como sua dureza.
Que impunha na gente
Um pouco de vivacidade.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Poema de morte e vida.
E aconteceu,
Como num começo, meio e fim,
De um maldito conto de fadas.
O maldito que,
Você se vai.
O príncipe fica.
E você diz que ama.
O Príncipe também.
E não há o que fazer.
A história da melancolia
envolve todos os romances.
O conto de carochinha,
O conto da vovó.
A Bíblia.
Seu deus,
Os deuses.
Todos se vão.
Tudo há de morrer.
Mas neste momento,
Esta lágrima vive.
E este homem ama
o que há de morrer.
Como num começo, meio e fim,
De um maldito conto de fadas.
O maldito que,
Você se vai.
O príncipe fica.
E você diz que ama.
O Príncipe também.
E não há o que fazer.
A história da melancolia
envolve todos os romances.
O conto de carochinha,
O conto da vovó.
A Bíblia.
Seu deus,
Os deuses.
Todos se vão.
Tudo há de morrer.
Mas neste momento,
Esta lágrima vive.
E este homem ama
o que há de morrer.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Dói bulir o desespero.
Tá doendo dessa vez, garotinha. E não é a dor que você está acostumada a ver bulir os meus pulmões. É uma dor nova, você entende? Aquela que quando eu estou prestes a te falar, a tosse, dessa dor do pulmão que você está acostumada a ver bulir-me, me contrai - e eu não falo. Eu não falo. Você foi embora há algumas horas e é como se eu estivesse te sentindo ainda viva. Não que você tenha morrido, entende? Mas eu acho que só lhe veria outra vez após isso que chamamos de vida, ou não, estas coisas costumam nos surpreender, não é? E eu tambem tomei um café hoje que me queimou a língua, eu juro, que imaginei-o conhaque e virei de uma só vez. Não foi involuntariamente como o seu café. Era como se eu esperasse a sua volta numa boda. E foi insípido, mas quente. Não era álcool, nem café, era esperança. O que me queimou a língua como se estivesse ansioso feito o diabo; era esperança.
Estou ansioso pra chegar em casa, e quem sabe, ainda ter a fé, de ter você a me esperar. Mas eu sei, que a fé em algo inexistente, pode expurgar a razão. Estou tão burro diante desse sentimento. Que acho que estou prestes a cometer algum erro. Me declarar, talvez. Ou comprar doces. Chocolates. Me empanturrar de álcool com algum doce. Meu bem, você me acometeu loucuras, estou viciado em doces, porque, confesso, eu não conhecia nada, alem do ázimo da vida. Essa coisa sem gosto e fastienta que me levava à loucura da solidão. Há um pouco de consenso ainda, eu acho que há, porque eu ainda lembro seu nome. Mas o engraçado, é que fora de ti, não há nada tão virtuoso. Nem pasteis de calabresa têm mais o mesmo sabor.
Não que eles fossem iguaria, mas pastéis de calabresa, sempre, em qualquer lugar que fosse, tinham o mesmo sabor. Você passa dias a fio imaginando, que, agora, precisa de uma boa pastelaria, não passa? É. Não passa. Pastéis de calabresa, agora, ou sempre, pouco importam. Eu te desejo sorte, mas não muita, pra que não me esqueça, entende? É preciso um pouco de desventura pra ter-me dentro de você. E cuidado com os carros, eles são sempre traiçoeiros. Se eu pedir pra você voltar, você volta? Claro que não. Por que estou rastejando nestes sintomas todos se eu não sei nem o que você despeja sobre este chão? E se eu pedir pra você voltar, você volta? Talvez. Se os dias tiverem, aos cuidados dos momentos que passamos, talvez. Mas saiba, não será sempre assim. Não lhe farei poemas todos os dias. E nem assistirei sempre os teus filmes. Eu preciso de solidão, às vezes, entende? Eu preciso evoluir e a minha solidão é a minha forma de sinapse; absorvo sempre, minha inteligência, quando paro e me reconheço. Mas eu posso olhar sempre nos teus olhos, beijar sempre seus seios e alisar tuas costas. Eu prometo, e confesso, que é uma das coisas que me fez apaixonar, suas costas são lindas. Eu preciso parar de falar, minha língua queimada ainda dói. Dói não. Arde. O que dói. Não é a dor que você está acostumada a ver bulir os meus pulmões. É uma dor nova, agora você entende. Pressuposto desespero. Um beijo. E felicidades.
Estou ansioso pra chegar em casa, e quem sabe, ainda ter a fé, de ter você a me esperar. Mas eu sei, que a fé em algo inexistente, pode expurgar a razão. Estou tão burro diante desse sentimento. Que acho que estou prestes a cometer algum erro. Me declarar, talvez. Ou comprar doces. Chocolates. Me empanturrar de álcool com algum doce. Meu bem, você me acometeu loucuras, estou viciado em doces, porque, confesso, eu não conhecia nada, alem do ázimo da vida. Essa coisa sem gosto e fastienta que me levava à loucura da solidão. Há um pouco de consenso ainda, eu acho que há, porque eu ainda lembro seu nome. Mas o engraçado, é que fora de ti, não há nada tão virtuoso. Nem pasteis de calabresa têm mais o mesmo sabor.
Não que eles fossem iguaria, mas pastéis de calabresa, sempre, em qualquer lugar que fosse, tinham o mesmo sabor. Você passa dias a fio imaginando, que, agora, precisa de uma boa pastelaria, não passa? É. Não passa. Pastéis de calabresa, agora, ou sempre, pouco importam. Eu te desejo sorte, mas não muita, pra que não me esqueça, entende? É preciso um pouco de desventura pra ter-me dentro de você. E cuidado com os carros, eles são sempre traiçoeiros. Se eu pedir pra você voltar, você volta? Claro que não. Por que estou rastejando nestes sintomas todos se eu não sei nem o que você despeja sobre este chão? E se eu pedir pra você voltar, você volta? Talvez. Se os dias tiverem, aos cuidados dos momentos que passamos, talvez. Mas saiba, não será sempre assim. Não lhe farei poemas todos os dias. E nem assistirei sempre os teus filmes. Eu preciso de solidão, às vezes, entende? Eu preciso evoluir e a minha solidão é a minha forma de sinapse; absorvo sempre, minha inteligência, quando paro e me reconheço. Mas eu posso olhar sempre nos teus olhos, beijar sempre seus seios e alisar tuas costas. Eu prometo, e confesso, que é uma das coisas que me fez apaixonar, suas costas são lindas. Eu preciso parar de falar, minha língua queimada ainda dói. Dói não. Arde. O que dói. Não é a dor que você está acostumada a ver bulir os meus pulmões. É uma dor nova, agora você entende. Pressuposto desespero. Um beijo. E felicidades.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Fada, foda-se, Téo e sinfonias.
Havia chegado em casa não muito bem,
Havia bebidas, bêbado.
Coloquei a terceira do Mahler.
Era uma história incrível.
Via pássaros coloridos,
uma fada verde, nua.
Ela havia vindo me visitar.
Queria o terceiro movimento,
da oitava do Dvorak...
Tananãaaaa, ta nanã, tannãaaa...
e segurava minha mão direita.
quase que valsávamos.
os tambores rugiam.
e tananãaaa, ta nanã, tannãaaa...
meu deus, não me lembro ao certo o que bebi.
trepamos a noite toda, em pé.
ouvindo Mahler e Dvorak.
Ou deus não existia,
ou estava muito ocupado.
porque qualquer um daria tudo pra estar no meu lugar.
E pela manhã, a fada ainda estava lá.
Não era bem uma fada.
a maquiagem estava borrada.
a musica me doía a cabeça.
a ideia de ter uma mulher, atormentava.
coloquei minha roupa.
Levantei. "Vou ao bar."
E quando voltei.
Lágrimas nos lençóis.
Batom no espelho:
"foda-se, Téo" estava concretizado meu conto de fadas.
Havia bebidas, bêbado.
Coloquei a terceira do Mahler.
Era uma história incrível.
Via pássaros coloridos,
uma fada verde, nua.
Ela havia vindo me visitar.
Queria o terceiro movimento,
da oitava do Dvorak...
Tananãaaaa, ta nanã, tannãaaa...
e segurava minha mão direita.
quase que valsávamos.
os tambores rugiam.
e tananãaaa, ta nanã, tannãaaa...
meu deus, não me lembro ao certo o que bebi.
trepamos a noite toda, em pé.
ouvindo Mahler e Dvorak.
Ou deus não existia,
ou estava muito ocupado.
porque qualquer um daria tudo pra estar no meu lugar.
E pela manhã, a fada ainda estava lá.
Não era bem uma fada.
a maquiagem estava borrada.
a musica me doía a cabeça.
a ideia de ter uma mulher, atormentava.
coloquei minha roupa.
Levantei. "Vou ao bar."
E quando voltei.
Lágrimas nos lençóis.
Batom no espelho:
"foda-se, Téo" estava concretizado meu conto de fadas.
terça-feira, 26 de julho de 2011
ônibus, ressaca e sobrevivência.
Ônibus cheio, me sinto estranho a tudo, não há um rosto que me identifique. Uma ressaca brava, plena terça-feira, gente chata, muito barulho e um pulmão que não me deixa em paz. Uma tosse. E o sangue...
- moço, tudo bem contigo?
- tudo bem.
- não é o que parece.
- então sua pergunta tinha que ser outra.
- então; você precisa de ajuda, moço?
- não, obrigado.
- mas moço, você tossiu e sangrou.
- eu sei, estou doente dos pulmões e nãos dos olhos.
- que ignorante você é.
- oh, sinto muito.
Quando levanto os olhos, me surpreendo, ela tem olhos de coruja, me roubam o sentido, fico alguns segundo sem saber o que falar e por fim digo:
- é só a ressaca.
- mas moço, hoje é terça-feira, você foi beber na segunda?
- não há dia pros problemas aparecerem, menina. Os problemas estão aí, soltos no ar, você pode respirá-los e de repente vem um dos grandes e você não tem como se salvar. O álcool é anestesia porque a vida é um processo dolorido.
- então o problema que você respirou lhe fez muito mal, viu? Há muito sangue saindo daí.
Sorri, não havia outra forma de reagir àquela que se preocupara comigo em anos. Tinha um belo cabelo, parecia que um dia tombariam, patrimônio histórico, jamais vira algo igual antes... Vestia uma blusa branca, seu decote era qualquer coisa como: oh, céus. Deus está ali dentro. Tinha um sorriso acanhado, mesmo pela situação ela sorria; talvez de nervoso.
- Qual seu nome?
- Téo.
- prazer, Janaína.
- tive tantas janaínas na minha vida e todas problemáticas. Você me parece ser mais uma.
- não se preocupe, não farei parte da sua vida, Téo.
- Ok, Janaína. Pode me emprestar seu lenço?
Deu-me seu lenço, eu ardia em febre, era chegada minha hora, hora de descer. Então acenei com a cabeça, ela retribuiu... ... era a segunda vez que eu havia perdido o amor, em um mês! Havia sobrevivido há varias mortes, inclusive a do amor.
- moço, tudo bem contigo?
- tudo bem.
- não é o que parece.
- então sua pergunta tinha que ser outra.
- então; você precisa de ajuda, moço?
- não, obrigado.
- mas moço, você tossiu e sangrou.
- eu sei, estou doente dos pulmões e nãos dos olhos.
- que ignorante você é.
- oh, sinto muito.
Quando levanto os olhos, me surpreendo, ela tem olhos de coruja, me roubam o sentido, fico alguns segundo sem saber o que falar e por fim digo:
- é só a ressaca.
- mas moço, hoje é terça-feira, você foi beber na segunda?
- não há dia pros problemas aparecerem, menina. Os problemas estão aí, soltos no ar, você pode respirá-los e de repente vem um dos grandes e você não tem como se salvar. O álcool é anestesia porque a vida é um processo dolorido.
- então o problema que você respirou lhe fez muito mal, viu? Há muito sangue saindo daí.
Sorri, não havia outra forma de reagir àquela que se preocupara comigo em anos. Tinha um belo cabelo, parecia que um dia tombariam, patrimônio histórico, jamais vira algo igual antes... Vestia uma blusa branca, seu decote era qualquer coisa como: oh, céus. Deus está ali dentro. Tinha um sorriso acanhado, mesmo pela situação ela sorria; talvez de nervoso.
- Qual seu nome?
- Téo.
- prazer, Janaína.
- tive tantas janaínas na minha vida e todas problemáticas. Você me parece ser mais uma.
- não se preocupe, não farei parte da sua vida, Téo.
- Ok, Janaína. Pode me emprestar seu lenço?
Deu-me seu lenço, eu ardia em febre, era chegada minha hora, hora de descer. Então acenei com a cabeça, ela retribuiu... ... era a segunda vez que eu havia perdido o amor, em um mês! Havia sobrevivido há varias mortes, inclusive a do amor.
terça-feira, 19 de julho de 2011
Carol, amor e Beethô!
Era um conhaque que eu havia pedido, e ela não estava lá ainda, virei o copo, abaixei a cabeça; tinha dores, senti como se tivesse apagado. Ouvi o barulho da porta do bar, desconexa, andava feito uma maluca, um corpo lindo, magra, olhos claros, cabelos lisos, curtos, uma bunda redonda, uma camiseta azul, de linha-não-sei-o-quê que dava pra ver seus mamilos, negros, à flor da pele. Eu ainda estava vivo e sentia-me vivo.
Sentou ao meu lado, mas não porque queria conversar comigo, o bar estava cheio, pediu uma vodca com soda, tomou em um só gole, não era deus quem estava ali, também não era o diabo, seria sacanagem. Levantou-se pra ir embora o garçom pediu o dinheiro, ela disse: ah, anota na conta desse bêbado aí. E apontou pra mim. Segurei-a pelo braço e disse que eu não pagava bebidas pra vagabundas, me deu um tapa na cara, segurei-a junto ao meu corpo, olhei em teus olhos e disse: vamos pra minha casa. Ela não hesitou, lógico, afinal, eu pagaria a conta.
Chegando a casa, eu queria ouvir Beethô, ela disse que queria ouvir Placebo. Eu queria trepar, ela queria beber. Eu nunca sabia ao certo o que as mulheres queriam e ainda diziam que eu era egoísta. Eu não era egoísta. Não sou.
Contou-me que era casada, que não largaria o rapaz pra ficar com qualquer homem. Você pode passar a vida procurando mulheres e nunca encontrará a certa. Um dia a correta lhe encontrará e não será mais a certa pra você! Você pode passar a vida sonhando com olhos azuis, bunda redonda, cabelo liso, curto, mas ao final, jamais terminará com seu sonho. O sonho dura uma noite a realidade dura o tempo todo, e é nela que esta a dor. Você pode sonhar com anjos, gaivotas, passeios nos parques de mãos dadas, comendo pipocas, vestidos longos, festas, bailes, tangos, amor. Mas sempre terminará com mendigos, pombos, praça da sé, pastores em pregação e uma puta queimação no estômago por causa do lanche barato.
Carol, Carol era seu nome, aliás, não era, mas era assim que eu gostava de chama-la. Das milhares de mulheres que apelidei até hoje, nenhuma era Carol, e Carol me excitava. Tirei o pau pra fora e ela não quis mais saber. Tirou Placebo do Play e foi se dirigindo à porta. Abriu, fechou e ouvi seus passos escada abaixo. Coloquei Beethô dessa vez, a terceira, explodiu dentro de mim um big bang, minutos depois a dor, horas depois o vazio e quando acordei, febril, lábios rachados e dizia insistentemente: Ah, como te amei, Carol. A terceira sinfonia já não rolava mais, não havia mais mulher – era assim toda vez. E meu zíper não fechava mais. Era um pau à espera da companheira perfeita. Mas agora, era meu coração quem dava falta.
Sentou ao meu lado, mas não porque queria conversar comigo, o bar estava cheio, pediu uma vodca com soda, tomou em um só gole, não era deus quem estava ali, também não era o diabo, seria sacanagem. Levantou-se pra ir embora o garçom pediu o dinheiro, ela disse: ah, anota na conta desse bêbado aí. E apontou pra mim. Segurei-a pelo braço e disse que eu não pagava bebidas pra vagabundas, me deu um tapa na cara, segurei-a junto ao meu corpo, olhei em teus olhos e disse: vamos pra minha casa. Ela não hesitou, lógico, afinal, eu pagaria a conta.
Chegando a casa, eu queria ouvir Beethô, ela disse que queria ouvir Placebo. Eu queria trepar, ela queria beber. Eu nunca sabia ao certo o que as mulheres queriam e ainda diziam que eu era egoísta. Eu não era egoísta. Não sou.
Contou-me que era casada, que não largaria o rapaz pra ficar com qualquer homem. Você pode passar a vida procurando mulheres e nunca encontrará a certa. Um dia a correta lhe encontrará e não será mais a certa pra você! Você pode passar a vida sonhando com olhos azuis, bunda redonda, cabelo liso, curto, mas ao final, jamais terminará com seu sonho. O sonho dura uma noite a realidade dura o tempo todo, e é nela que esta a dor. Você pode sonhar com anjos, gaivotas, passeios nos parques de mãos dadas, comendo pipocas, vestidos longos, festas, bailes, tangos, amor. Mas sempre terminará com mendigos, pombos, praça da sé, pastores em pregação e uma puta queimação no estômago por causa do lanche barato.
Carol, Carol era seu nome, aliás, não era, mas era assim que eu gostava de chama-la. Das milhares de mulheres que apelidei até hoje, nenhuma era Carol, e Carol me excitava. Tirei o pau pra fora e ela não quis mais saber. Tirou Placebo do Play e foi se dirigindo à porta. Abriu, fechou e ouvi seus passos escada abaixo. Coloquei Beethô dessa vez, a terceira, explodiu dentro de mim um big bang, minutos depois a dor, horas depois o vazio e quando acordei, febril, lábios rachados e dizia insistentemente: Ah, como te amei, Carol. A terceira sinfonia já não rolava mais, não havia mais mulher – era assim toda vez. E meu zíper não fechava mais. Era um pau à espera da companheira perfeita. Mas agora, era meu coração quem dava falta.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
bolas de gude, amores platônicos e mulheres.
Primeiro veio o conhecimento, às vezes, na minha infância, a busca pela alquimia se resumia a muito pouco. E muito pouco era quase tudo que eu precisava. Você não precisa de muita coisa pra ser sábio, basta saber, antes dos outros, o que eles querem. E o fato de eu não ser muito bom no convívio social fez com que eu observasse muito, aprendendo muito, e não perdendo tempo em falar de tudo que não tivesse sentido, na sua infância, nada faz sentido, nada alem de quantas bolinhas tens no teu pote ou quantos amores platônicos você coleciona.
É preciso um pouco de maturidade e absorção do divino pra lidar com as criaturas que você emborca. Mulheres de ponta-cabeça; era tudo isso que tinha no meu paladar adolescente, todas elas abaixo da minha cintura, desnivelando o poder democrático que elas buscavam.
No amor, nada acontecia, a falta do mesmo convívio social me fazia quieto demais, inseguro demais, as pessoas sempre me assustavam, as pessoas eram, desde sempre, o bicho que eu mais temia. Ver os amiguinhos pra cima e pra baixo com as meninas mais bonitas do colégio, tambem me causava repulsa. Inveja, talvez. Inveja não, ciúmes. Desde o começo eu sempre quis que todas as mulheres fossem minhas.
Lidou com as mulheres desde a minha infância. eu precisava despistar minha mãe e minha irmã pra sair pra rua em busca de pipas, bolas de gude e futebol. Não correria atrás de nada disso, se eu soubesse que as amigas da minha irmã eram as mais gostosas diversões entre o céu e a terra. Mas eu era muito jovem, talvez eu fosse muito jovem mesmo pra suportar as mulheres. Hoje continuo isolado, com ciumes de alguns caras, e ainda mais jovem pra suportar alguem. Inclua-se nisso. Bolas de gude, amores platônicos e mulheres, não se suporta isso por muito tempo!
É preciso um pouco de maturidade e absorção do divino pra lidar com as criaturas que você emborca. Mulheres de ponta-cabeça; era tudo isso que tinha no meu paladar adolescente, todas elas abaixo da minha cintura, desnivelando o poder democrático que elas buscavam.
No amor, nada acontecia, a falta do mesmo convívio social me fazia quieto demais, inseguro demais, as pessoas sempre me assustavam, as pessoas eram, desde sempre, o bicho que eu mais temia. Ver os amiguinhos pra cima e pra baixo com as meninas mais bonitas do colégio, tambem me causava repulsa. Inveja, talvez. Inveja não, ciúmes. Desde o começo eu sempre quis que todas as mulheres fossem minhas.
Lidou com as mulheres desde a minha infância. eu precisava despistar minha mãe e minha irmã pra sair pra rua em busca de pipas, bolas de gude e futebol. Não correria atrás de nada disso, se eu soubesse que as amigas da minha irmã eram as mais gostosas diversões entre o céu e a terra. Mas eu era muito jovem, talvez eu fosse muito jovem mesmo pra suportar as mulheres. Hoje continuo isolado, com ciumes de alguns caras, e ainda mais jovem pra suportar alguem. Inclua-se nisso. Bolas de gude, amores platônicos e mulheres, não se suporta isso por muito tempo!
quarta-feira, 6 de julho de 2011
tristes, lugares, tristes.
E eu continuo esperando que haja alguem em algum lugar nesse maldito mundo que não seja apenas um desgraçado. Preciso encontrar alguem que me dê força pra continuar e continuar tem sido desastroso. Não há nada pior que acordar às 04:30 da manhã de todos os dias pra ir a um lugar onde há trabalho, acompanhado de fascistas idiotas que lutam por seus empregos subalternos, lisonjeados pela desgraça e despudores. Há tanta gente perdida em seus postos, há tanta maldade em suas cabeças, que ao sair vivo e sem uma discussão é motivo de vitória sobrenatural.
Não se pode cogitar chegar bem ao final de sua vida, se não estiver acompanhado de um bom uísque, uma boa boceta e um bom cigarro. Um livro de poemas, algumas boas musicas e uns três amigos são essenciais tambem pra sobrevida.
Ando vivendo com uns modos cognitivos, não que a vida precisa ter sentido o tempo todo e não que você estará lá toda vez que eu precisar de alguém pra meter o pé na porta. Eu não preciso de você pra meter o pé na porta pra mim, não sou chegado a companhias. Ando sozinho, livre da represália de idiotas tentando apontar caminhos. E não é que eu esteja desesperado, mas é que pode ser até bom viver, mas é tão difícil ser humano.
Vou caminhando, passo a passo, livre, liberto, em bares sujos, zonas repletas de mulheres mortas, mas mais vivas que as empresárias do seu setor fétido, onde há gente grunhindo e matando-te o tempo todo. Ando por aí, praças sem vilões, sem palcos, com garrafas jogadas, vazias – veja, não estamos tão diferentes.
Talvez o fato de eu frequentar tais lugares, lugares algures, sem pretensões, livres da luxuosidade de seus restaurantes, lugares tristes, isso, lugares tristes, seja pelo fato de eu me reconhecer em lugares tristes. Sejam quais forem os lugares tristes, estou lá. Apto a vivê-lo.
Não se pode cogitar chegar bem ao final de sua vida, se não estiver acompanhado de um bom uísque, uma boa boceta e um bom cigarro. Um livro de poemas, algumas boas musicas e uns três amigos são essenciais tambem pra sobrevida.
Ando vivendo com uns modos cognitivos, não que a vida precisa ter sentido o tempo todo e não que você estará lá toda vez que eu precisar de alguém pra meter o pé na porta. Eu não preciso de você pra meter o pé na porta pra mim, não sou chegado a companhias. Ando sozinho, livre da represália de idiotas tentando apontar caminhos. E não é que eu esteja desesperado, mas é que pode ser até bom viver, mas é tão difícil ser humano.
Vou caminhando, passo a passo, livre, liberto, em bares sujos, zonas repletas de mulheres mortas, mas mais vivas que as empresárias do seu setor fétido, onde há gente grunhindo e matando-te o tempo todo. Ando por aí, praças sem vilões, sem palcos, com garrafas jogadas, vazias – veja, não estamos tão diferentes.
Talvez o fato de eu frequentar tais lugares, lugares algures, sem pretensões, livres da luxuosidade de seus restaurantes, lugares tristes, isso, lugares tristes, seja pelo fato de eu me reconhecer em lugares tristes. Sejam quais forem os lugares tristes, estou lá. Apto a vivê-lo.
terça-feira, 28 de junho de 2011
sonho, leite e lambidas.
essa noite tive um sonho,
e não foi um sonho qualquer.
eu era um gato,
que lambia meu rabo por muito tempo,
e dormia por muito tempo.
e vc havia me deixado,
a vizinha me dava comida de gato,
como é ruim comida de gato.
não me lembro de gostar de Wagner,
ela colocava uma música tão chata do apartamento dela,
era engraçado que agora eu ouvia com mais nitidez.
eu odiava ser um gato,
vc sabe que eu jamais gostei de gatos,
não gosto de bichos, cacete.
Por que vc me deixou quando eu mais precisei de você?
E você não voltava,
passava dias a fio,
e me lembro que a única coisa que me identificava enquanto ser humano,
era odiar leite.
eu era um gato que odiava leite.
E a minha barba de gato, fazia cócegas no meu rabo.
Porra, você foi embora e não era o meu rabo que eu queria lamber.
Eu tava doido pra ouvir Dvorak, eu era um gato romântico, cara.
Mas quando eu pedia Dvorak, surgia um miau desconsertante.
Tinha pêlos vermelhos, mas não era um ruivo ativo, era talvez adicto.
E você havia saído pela porta da frente, era o que me contara a vizinha;
Ela pensava que eu era só um gato e ficava me contando da vida imunda,
sua e dela.
E você não voltou, por meses ela reclamou que você não pagou os aluguéis que devia.
E quando eu cagava fora da caixinha, ela me xingava e te xingava,
que você deixou pra trás, alem de dívida, um gato filho-da-puta.
E eu fiquei velho, barrigudo e cri-cri...
Ela não me dava mais comida de gato,
e nem pensava em você como devedora.
Aí não precisava mais de você!
Ela dividia o almoço e às vezes eu tomava a cerveja que ela deixava no chão.
Já bêbada, ia dormir e eu lambia o rabo dela.
aí você me acordou, com um beijo de bom dia. E eu te odiei pro resto da vida.
e não foi um sonho qualquer.
eu era um gato,
que lambia meu rabo por muito tempo,
e dormia por muito tempo.
e vc havia me deixado,
a vizinha me dava comida de gato,
como é ruim comida de gato.
não me lembro de gostar de Wagner,
ela colocava uma música tão chata do apartamento dela,
era engraçado que agora eu ouvia com mais nitidez.
eu odiava ser um gato,
vc sabe que eu jamais gostei de gatos,
não gosto de bichos, cacete.
Por que vc me deixou quando eu mais precisei de você?
E você não voltava,
passava dias a fio,
e me lembro que a única coisa que me identificava enquanto ser humano,
era odiar leite.
eu era um gato que odiava leite.
E a minha barba de gato, fazia cócegas no meu rabo.
Porra, você foi embora e não era o meu rabo que eu queria lamber.
Eu tava doido pra ouvir Dvorak, eu era um gato romântico, cara.
Mas quando eu pedia Dvorak, surgia um miau desconsertante.
Tinha pêlos vermelhos, mas não era um ruivo ativo, era talvez adicto.
E você havia saído pela porta da frente, era o que me contara a vizinha;
Ela pensava que eu era só um gato e ficava me contando da vida imunda,
sua e dela.
E você não voltou, por meses ela reclamou que você não pagou os aluguéis que devia.
E quando eu cagava fora da caixinha, ela me xingava e te xingava,
que você deixou pra trás, alem de dívida, um gato filho-da-puta.
E eu fiquei velho, barrigudo e cri-cri...
Ela não me dava mais comida de gato,
e nem pensava em você como devedora.
Aí não precisava mais de você!
Ela dividia o almoço e às vezes eu tomava a cerveja que ela deixava no chão.
Já bêbada, ia dormir e eu lambia o rabo dela.
aí você me acordou, com um beijo de bom dia. E eu te odiei pro resto da vida.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Amor é afronte.
Talvez você não precise entender nada, porque na verdade, a busca pela resposta é sempre mais dolorida. A ilusão da busca, meu bem, ou das crenças de poemas de amor, faz com que você acabe acreditando em qualquer caráter e não são todos que estão dispostos a lhe ajudar com a dor da esperança ilusória, eu sou um deles.
Vista seus sapatos, primeiro calce as meias, há de ter bolhas caso não vista, entenda que você fica frágil demais nestas situações e isso pode ser perigoso. Calce duas, não dê sorte ao azar.
Entenda, por vez, que é necessário pensar, não deixo o amor ser afronte à sua inteligência, o amor é um afronte à inteligência de todos, olhe ao seu redor, que usa a porra do cérebro quando ama? Pense que não, há tantos paus imaculando por aí, há tantos filhos surgindo de amores bizarros, e quem pensa em ter filhos quando se usa o cérebro, quando sabemos que não há divindade lá, quando forem depositar seus restos mortais?
Talvez você só precise entender que os poemas de amor são escritos na ilusão. Por isso não têm valia. Ou você escreve pela loucura ou pela esperança. A ilusão é só uma forma de chegar mais perto do divino. E não há divindidade lá; onde você deposita seus restos mortais.
Vista seus sapatos, primeiro calce as meias, há de ter bolhas caso não vista, entenda que você fica frágil demais nestas situações e isso pode ser perigoso. Calce duas, não dê sorte ao azar.
Entenda, por vez, que é necessário pensar, não deixo o amor ser afronte à sua inteligência, o amor é um afronte à inteligência de todos, olhe ao seu redor, que usa a porra do cérebro quando ama? Pense que não, há tantos paus imaculando por aí, há tantos filhos surgindo de amores bizarros, e quem pensa em ter filhos quando se usa o cérebro, quando sabemos que não há divindade lá, quando forem depositar seus restos mortais?
Talvez você só precise entender que os poemas de amor são escritos na ilusão. Por isso não têm valia. Ou você escreve pela loucura ou pela esperança. A ilusão é só uma forma de chegar mais perto do divino. E não há divindidade lá; onde você deposita seus restos mortais.
terça-feira, 10 de maio de 2011
à espera!
Pode haver um absurdo quando você começa a questionar a vida, mas jamais haverá absurdo se você continuar com a mesma ideia depois de um tempo. Você pode simplesmente apagar suas dúvidas por um funcionamento correto do cérebro, ou você pode, carinhosamente dizer: ah, que besta que sou ao questionar algo tão perfeito! E você vai passando etapas, enfrentando barreiras, pensando que é sua fé em algo que lhe faz caminhar, mas não. Não é sua fé. Quando sua mulher vai embora, quando seu homem chega bêbado em casa, quando seus dias se arruínam com uma doença, não é a fé que lhe faz uma pessoa nova, não é a fé quem renova suas esperanças; é a espera.
Quando você acha que tudo está perdido, talvez se afunde na cerveja à espera de algo que possa lhe ressuscitar, talvez se afunde na Bíblia, talvez você ande de um lado pro outro, essa é a forma mais correta, de um lado e pro outro, pensando no que fazer e não faz nada. Daí vem a espera, a espera é lenta e dolorosa, no meio tempo há coisas que foram feitas pra te iludir, paixões, amores, museus, saraus, este texto e uma porção de outras coisas enganosas. Você acorda, escova os dentes, olha pra privada, levanta a tampa, mija e pensa mais um pouquinho, ah, ah velha cagada antes de ir trabalhar, tão necessária, a sujeira do dia anterior saindo pelo seu reto, alguns guardam por até três dias ou mais, vai saber... ...cagar foi a ilusão mais gostosa que fizeram, sexo foi a mais divertida e prazerosa. Aos frígidos e ressecados sobra o castigo por acreditarem muito em outras coisas que não a espera!
E você trabalha, bebe, alguns trepam, outros não – que vida de merda devem ter. E alguns se apaixonam e amam – que vida de merda devem ter. E vão vivendo, se aposentando, casando e se fodendo e estão sempre à espera. Ou da morte ou da vinda de Jesus ou do próximo copo de cerveja! Ou esperando sua mulher voltar, seu marido voltar sóbrio ou a cura!
Quando você acha que tudo está perdido, talvez se afunde na cerveja à espera de algo que possa lhe ressuscitar, talvez se afunde na Bíblia, talvez você ande de um lado pro outro, essa é a forma mais correta, de um lado e pro outro, pensando no que fazer e não faz nada. Daí vem a espera, a espera é lenta e dolorosa, no meio tempo há coisas que foram feitas pra te iludir, paixões, amores, museus, saraus, este texto e uma porção de outras coisas enganosas. Você acorda, escova os dentes, olha pra privada, levanta a tampa, mija e pensa mais um pouquinho, ah, ah velha cagada antes de ir trabalhar, tão necessária, a sujeira do dia anterior saindo pelo seu reto, alguns guardam por até três dias ou mais, vai saber... ...cagar foi a ilusão mais gostosa que fizeram, sexo foi a mais divertida e prazerosa. Aos frígidos e ressecados sobra o castigo por acreditarem muito em outras coisas que não a espera!
E você trabalha, bebe, alguns trepam, outros não – que vida de merda devem ter. E alguns se apaixonam e amam – que vida de merda devem ter. E vão vivendo, se aposentando, casando e se fodendo e estão sempre à espera. Ou da morte ou da vinda de Jesus ou do próximo copo de cerveja! Ou esperando sua mulher voltar, seu marido voltar sóbrio ou a cura!
terça-feira, 22 de março de 2011
Viscoso, sóbrio e sem graça.
Isso talvez seja um poema.
O primeiro que escrevo sóbrio.
Talvez você não saiba a realidade dele,
porque o poema é um poema,
e viver sem a bebida não é poema.
Não tem copo onde encontrar a dor,
não que toda poesia tenha que ter dor,
não que toda poesia tenha que ter verdade,
não que toda poesia tenha que ser ambígua,
isso tudo reserva-se somente às boas.
Não que toda bebida tenha que
ser despejada em cima das palavras.
Mas não há como molha-las;
não há como hesita-las,
risca-las com um lápis,
sem que haja um novo pensamento melhor por cima.
Não há como ter um pensamento melhor por cima,
sem que haja um conhaque ou um vinho.
Por isso, agora, isso NÃO é um poema.
Porque eu não acredito.
Porque não tem álcool.
Porque não existo sóbrio.
O primeiro que escrevo sóbrio.
Talvez você não saiba a realidade dele,
porque o poema é um poema,
e viver sem a bebida não é poema.
Não tem copo onde encontrar a dor,
não que toda poesia tenha que ter dor,
não que toda poesia tenha que ter verdade,
não que toda poesia tenha que ser ambígua,
isso tudo reserva-se somente às boas.
Não que toda bebida tenha que
ser despejada em cima das palavras.
Mas não há como molha-las;
não há como hesita-las,
risca-las com um lápis,
sem que haja um novo pensamento melhor por cima.
Não há como ter um pensamento melhor por cima,
sem que haja um conhaque ou um vinho.
Por isso, agora, isso NÃO é um poema.
Porque eu não acredito.
Porque não tem álcool.
Porque não existo sóbrio.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Wagner, Idílio e aberração.
Era necessário, que a partir daquele momento, eu criasse uma idéia nova, visto que todas as mulheres daquele antro me conheciam e sabiam muito bem das minhas mentiras, mas eu precisava de uma trepada. Ela entrou estonteante, com seus cabelos esvoaçantes, ruivos, hidratados e uma roupa que mais parecia uma camisola, daquelas mais sexys, que não me lembro o nome. Parecia comercial da aloe e vera ou qualquer outra baboseira dessas que enganam as mulheres e as fazem de idiotas num comercial de televisão.
E os homens olhavam, babavam, um cara me tocou e disse: Puta que pariu, que mulher deliciosamente puta. Estes caras quase nunca sabiam como realmente identificar uma puta, as putas eram deusas, essa não era puta, era mais que isso, e não era o andar, nem eram os cabelos, nem era a cor do seu cabelo, muito menos a roupa, talvez fosse o mistério que a tornasse sexy. Vi um por um, chegando nela, pagando cervejas, gin tônica e uísque, até que todos saíam bêbados e ela ainda lá, bebendo, como se fosse a primeira. Talvez houvesse descoberto meu verdadeiro amor, talvez aquilo fosse motivo do meu tesão, meu pau ficou duro praquela mulher, ali, ao balcão, sentado e matutando de que planeta houvera chegado aquela deliciosa aberração.
- Olá, posso me sentar contigo? – eu disse.
- Vais pagar o que pra mim?
- Ah, eu esperava que isso fosse por sua conta.
- Não pago bebidas pra homens!
- E em que isso difere o contrário?
- O orgulho feminino.
- Vocês são todas iguais.
- Te garanto que não.
- Pode ser que não sejam na cama, mas as que não são boas, acabam sendo um dia, dependendo do pau que encontram.
- Vocês homens também são iguais, só pensam em sexo.
- Sim, mas ser homem é mais divertido, melhor pensar no sexo que no amor, os dois machucam, porem um machuca por muito ter e outro machuca por pouco ter.
- O que quer dizer?
- Gosta de Wagner?
- Quem é Wagner?
- Vamos em casa que eu te mostro, gracinha.
Eu já havia tomado algumas boas doses de conhaque, ela muito mais, posso garantir, e pra rivalizar os sexos a cada um que eu pedia, ela pedia dois, era uma filha da puta versão de Golias, mas tanto faz, esperava mesmo é que ela me fizesse gozar. Os caras do bar a viram levantar, ela tinha duas pernas, digo duas pernas maravilhosas, se ela tivesse só uma, já seria ótimo, nem todas as mulheres que eu já havia visto em revistas pornôs ou pessoalmente ainda que tivesse quatro, digo, nem se juntasse todas as mulheres, chegariam num nível de pernas daqueles. Era como um oleiro, doido, pra apalpar sua cerâmica, aquilo era puro barro, pura arte, era como ler Reinaldo Moraes ou Irvine Welsh, era um orgasmo visual e cerebral, tirei meu pau pra fora, embaixo da mesa, iria bater uma pra ela, mas ela me mandou parar de ser idiota, fechou meu zíper, me segurou pela mão e disse ao pé do meu ouvido que tinha gostado de mim e que queria ir pra casa, conhecer o Wagner. Segurou minha mão, jogou uma nota de cem em cima do balcão, disse pro garçom ficar com o troco, todo mundo me olhava, bêbado, tropicando, com uma mulher daquela me segurando pelo braço. Abriu a porta do bar, me jogou no carro dela, não me lembro que carro que era, caminhávamos pelas ruas a dez mil por hora, meu estômago revirava, eu jamais havia achado alguém que bebia mais que eu, não vomitava antes de chegar a minha casa e enfiar o dedo na goela pra ter mais forças pra beber mais.
Deus, eu havia achado o diabo. Você pode sempre achar que sua vida está perdida, que você está afundado na merda e sabe que há muita gente igual a você por aí, que se mexer, pode feder mais. Acontece que pode piorar.
Ela abriu meu zíper, segurando meu pau e dizendo: Pronto, meu brinquedinho, agora me mostre seu Wagner. Porra, não é possível, ela não fez isso, foi como me livrar da bebedeira, num acesso de raiva, levantei, fechei o zíper, coloquei o Idílio pra rolar, ela reconheceu, disse que amava ouvir Mahler, que tocava violoncelo. Começou a falar, falar muito, como todas as outras mulheres, dormi, acordei sem roupa, com muita dor de cabeça – você não pode extrapolar seus limites quando não tem mais 20 anos, você não pode deixar de comer uma mulher porque ela quer conhecer Wagner – o verdadeiro – você não pode dormir quando elas conversam, você não pode confiar sua vida à elas quando bêbado... Ela não estava lá, não havia preparado café amargo e não havia lavado os copos sujos de vinho da noite anterior. Não achava meu Idílio, você não pode confiar seu Idílio a uma mulher, não o de Siegfried.
E os homens olhavam, babavam, um cara me tocou e disse: Puta que pariu, que mulher deliciosamente puta. Estes caras quase nunca sabiam como realmente identificar uma puta, as putas eram deusas, essa não era puta, era mais que isso, e não era o andar, nem eram os cabelos, nem era a cor do seu cabelo, muito menos a roupa, talvez fosse o mistério que a tornasse sexy. Vi um por um, chegando nela, pagando cervejas, gin tônica e uísque, até que todos saíam bêbados e ela ainda lá, bebendo, como se fosse a primeira. Talvez houvesse descoberto meu verdadeiro amor, talvez aquilo fosse motivo do meu tesão, meu pau ficou duro praquela mulher, ali, ao balcão, sentado e matutando de que planeta houvera chegado aquela deliciosa aberração.
- Olá, posso me sentar contigo? – eu disse.
- Vais pagar o que pra mim?
- Ah, eu esperava que isso fosse por sua conta.
- Não pago bebidas pra homens!
- E em que isso difere o contrário?
- O orgulho feminino.
- Vocês são todas iguais.
- Te garanto que não.
- Pode ser que não sejam na cama, mas as que não são boas, acabam sendo um dia, dependendo do pau que encontram.
- Vocês homens também são iguais, só pensam em sexo.
- Sim, mas ser homem é mais divertido, melhor pensar no sexo que no amor, os dois machucam, porem um machuca por muito ter e outro machuca por pouco ter.
- O que quer dizer?
- Gosta de Wagner?
- Quem é Wagner?
- Vamos em casa que eu te mostro, gracinha.
Eu já havia tomado algumas boas doses de conhaque, ela muito mais, posso garantir, e pra rivalizar os sexos a cada um que eu pedia, ela pedia dois, era uma filha da puta versão de Golias, mas tanto faz, esperava mesmo é que ela me fizesse gozar. Os caras do bar a viram levantar, ela tinha duas pernas, digo duas pernas maravilhosas, se ela tivesse só uma, já seria ótimo, nem todas as mulheres que eu já havia visto em revistas pornôs ou pessoalmente ainda que tivesse quatro, digo, nem se juntasse todas as mulheres, chegariam num nível de pernas daqueles. Era como um oleiro, doido, pra apalpar sua cerâmica, aquilo era puro barro, pura arte, era como ler Reinaldo Moraes ou Irvine Welsh, era um orgasmo visual e cerebral, tirei meu pau pra fora, embaixo da mesa, iria bater uma pra ela, mas ela me mandou parar de ser idiota, fechou meu zíper, me segurou pela mão e disse ao pé do meu ouvido que tinha gostado de mim e que queria ir pra casa, conhecer o Wagner. Segurou minha mão, jogou uma nota de cem em cima do balcão, disse pro garçom ficar com o troco, todo mundo me olhava, bêbado, tropicando, com uma mulher daquela me segurando pelo braço. Abriu a porta do bar, me jogou no carro dela, não me lembro que carro que era, caminhávamos pelas ruas a dez mil por hora, meu estômago revirava, eu jamais havia achado alguém que bebia mais que eu, não vomitava antes de chegar a minha casa e enfiar o dedo na goela pra ter mais forças pra beber mais.
Deus, eu havia achado o diabo. Você pode sempre achar que sua vida está perdida, que você está afundado na merda e sabe que há muita gente igual a você por aí, que se mexer, pode feder mais. Acontece que pode piorar.
Ela abriu meu zíper, segurando meu pau e dizendo: Pronto, meu brinquedinho, agora me mostre seu Wagner. Porra, não é possível, ela não fez isso, foi como me livrar da bebedeira, num acesso de raiva, levantei, fechei o zíper, coloquei o Idílio pra rolar, ela reconheceu, disse que amava ouvir Mahler, que tocava violoncelo. Começou a falar, falar muito, como todas as outras mulheres, dormi, acordei sem roupa, com muita dor de cabeça – você não pode extrapolar seus limites quando não tem mais 20 anos, você não pode deixar de comer uma mulher porque ela quer conhecer Wagner – o verdadeiro – você não pode dormir quando elas conversam, você não pode confiar sua vida à elas quando bêbado... Ela não estava lá, não havia preparado café amargo e não havia lavado os copos sujos de vinho da noite anterior. Não achava meu Idílio, você não pode confiar seu Idílio a uma mulher, não o de Siegfried.
terça-feira, 1 de março de 2011
Alquimia de merda.
Estava em pé, na porta do bar, cigarro na mão e um aroma de café que se fosse com conhaque seria ótimo. E eu não sabia o que pensar, estava entre o ser e não ser, atuar ou não, fingir ou não, mas eu sempre fingia. A vida pode passar facilmente entre os dedos ou impregnar no cheiro de cigarro pra que você possa se lembrar dela. A vida pode descer dura feito merda que arromba o teu rabo ou pode passar despercebida como o conhaque que embica em goles com a cerveja pra quebrar a deficiência entre uma bebida e outra – de qualquer forma há de sentires o gosto e a dor da vida. Ou você pode simplesmente acabar na porta do bar, com cigarro na mão, sentindo aroma do café que seria maravilhoso com o conhaque e fingir, fingir a fim de alcançar à perfeição. Se tiveres uma ou duas mulheres, se não tiveres acaba no mesmo lugar, algumas vezes ajoelhado, implorando pra que seja rápido, querendo foder com Max Weber pra ele sentir a real necessidade de uma rola no cu quando se inibe a inteligência de alguém pela burocracia. Não se pode sustentar a inteligência das pessoas com pequenos goles de água e miolos de pão. É necessário muito ardor, muita febre, muita necessidade, muitos caminhos, muitas declarações bizarras, muitos pensamentos pervertidos, muita desunião, muita sinceridade, falta de amigos e o inferno pra se chegar à liberdade. A única igualdade entre beber e sonhar é que se, por algum acaso, queres chegar a algum lugar real, é necessário que se limite, nas duas coisas. Às vezes o excesso de álcool não faz tão mal quanto o excesso de sonhos, mas, ainda assim, controle-se. Não seja monomaníaco, não se confranja com todas as ideologias absurdas que há de encontrar pela frente. Absorva um pouco de cada uma. Não se esquece de que lutar contra ideológicos é mais complicado que lutar contra criminosos, não esteja atento a tudo que está à sua volta, às vezes, diante da surpresa, seu cérebro pensa melhor condizendo ideias. E caminhe, ainda que sem direção... Não pare em pé, na porta do bar com cigarro na mão e um aroma de café que se fosse com conhaque seria ótimo. E não finja sempre. Não sempre...
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Mulheres.
E às mulheres não sobra muito tempo da minha fantástica arte de criar sentimentos, só me fazem crer, aos poucos, que há uma distância incrível entre a arte de encarar a Deus e chamar isso de fantástico. Há uma dúvida em todas elas, mulheres e seus extremos às vezes só faz o absolutismo romper minha crença nelas, de fato, mulheres não são nada alem de seres humanos. E vai saber se não são Deus, hein? E se forem Deus e estarem nesse jogo só pra descontar tudo que já promoveram contra ele? E se mulheres forem Deus e nos por à prova de toda judiação que impuseram sobre ele? Mulheres e sua arte insensível de viver a vida contra homens duros, vulgos cafajestes, mulheres são românticas demais, mas não as queira de fato no seu jogo, porque se você perder, haverão pragas sobre sua vida, não uma praga de insetos, muito menos castigo por você adorar uma estátua de bronze, a coisa é bem pior, meu amigo. Pra lidar com as mulheres você tem que ter um ego daqueles ou, pensando bem, um alter-ego idêntico no maior estilo Des Grieux; em “o jogador” do Dostoievski.
As artimanhas das mulheres, ao contrário do que muitos pensam, não está somente na boceta, caro amigo. A artimanha maior da mulher, não é o chá de buça, como costumam achar, a artimanha maior de uma mulher é conseguir beber mais que você e por fim, te humilhar por isso. Quando a mulher é dura, não se arrisque, elas podem ser pior que a gente, mais viris, menos inúteis e mais inusitadas. Mulheres não são previsíveis como os homens, mulheres não são iguais, mulheres estão por aí, de todas as formas, com vários sentimentos, com várias indoles, várias formas de foder-te.
No sexo, não vá alem da quarta trepada, quarto encontro ou quarto qualquer coisa, deixe a mulher antes que sua saúde vá pro limbo, elas costumam te jogar lá quando querem, e confesso, que se você chegar ao ponto de só sair do limbo se for por outra mulher, você acabou com a sua vida, então não corra o risco.
No amor, não se arrisque, se quiser faze-las de trouxa, basta que ouvi-las, porque mulheres falam demais, basta citar Caio Fernando Abreu, dar-lhe rosas e manter um pouco de esperança no futuro. Porque mulheres românticas são assim, decepcionantes, talvez valha a pena arriscar com uma dessas pelo sexo, quiçá, a vida pode ter até um gosto melhor, num caso desses, que a solidão.
As artimanhas das mulheres, ao contrário do que muitos pensam, não está somente na boceta, caro amigo. A artimanha maior da mulher, não é o chá de buça, como costumam achar, a artimanha maior de uma mulher é conseguir beber mais que você e por fim, te humilhar por isso. Quando a mulher é dura, não se arrisque, elas podem ser pior que a gente, mais viris, menos inúteis e mais inusitadas. Mulheres não são previsíveis como os homens, mulheres não são iguais, mulheres estão por aí, de todas as formas, com vários sentimentos, com várias indoles, várias formas de foder-te.
No sexo, não vá alem da quarta trepada, quarto encontro ou quarto qualquer coisa, deixe a mulher antes que sua saúde vá pro limbo, elas costumam te jogar lá quando querem, e confesso, que se você chegar ao ponto de só sair do limbo se for por outra mulher, você acabou com a sua vida, então não corra o risco.
No amor, não se arrisque, se quiser faze-las de trouxa, basta que ouvi-las, porque mulheres falam demais, basta citar Caio Fernando Abreu, dar-lhe rosas e manter um pouco de esperança no futuro. Porque mulheres românticas são assim, decepcionantes, talvez valha a pena arriscar com uma dessas pelo sexo, quiçá, a vida pode ter até um gosto melhor, num caso desses, que a solidão.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
A arte que perturba, presta. A outra é de deus.
Com o pensamento um pouco alem da imaginação, saber da inteligência nos causa arrepios, mas até onde a inteligência está proporcionalmente ligada ao nosso convívio? Muito raramente encontra-se gente inteligente, inteligência é amplidão, e se você é inteligente somente nas coisas que te agradam, reprima-se, eis o erro. Para ser inteligente é necessário um prazer constante nas coisas que, inclusive, pouco te satisfazem, ser inteligente nas coisas que te satisfazem está absurdamente ligado à sua preguiça e comodidade. Estou inteiramente convencido de que inteligência passa longe de mim, se nem por mais nem menos, me faz gosto a matemática. Se nem conta de porcentagem, muito menos dois números na chave pra uma divisão, faço conta, não sou inteligente.
E à arte, o que dedicas? A arte que te inibe, a arte que te perturba ou a arte que te santifica e te faz idiotamente impressionado como um Da Vinci ou Botticelli? – Que por sinal são uma porcaria, a arte boa é aquela que te impressiona, que te perturba, arte que santifica é de deus, a outra, é humana. E a deus o que é de deus, aos homens o que é dos homens, portanto, que o Renascença vá ao paraíso enquanto nós vamos ficando aqui, no inferno, com o genial Modigliani. E o Picasso rodando com um espeto no rabo e uma maçã na boca, pra ter o final que merece, por ser um porco sem nenhuma utilidade. Você tem que se impressionar com a arte, a arte precisa te provocar, não há arte sem provocação, não há beleza na arte sem provocação, não há beleza que extravase os olhos se não provocar, à arte que não sabe provocar, sobra indolência, e isso, deixamos aos crus, que não buscam a inteligência, mas a comodidade. E é pra nós, perturbados, que sobra o álcool, pra suavizar essa presença infernal da boa arte na nossa vida, aos deuses o que é deles, a nós o que perturba, a arte não santifica, a arte enlouquece.
E à arte, o que dedicas? A arte que te inibe, a arte que te perturba ou a arte que te santifica e te faz idiotamente impressionado como um Da Vinci ou Botticelli? – Que por sinal são uma porcaria, a arte boa é aquela que te impressiona, que te perturba, arte que santifica é de deus, a outra, é humana. E a deus o que é de deus, aos homens o que é dos homens, portanto, que o Renascença vá ao paraíso enquanto nós vamos ficando aqui, no inferno, com o genial Modigliani. E o Picasso rodando com um espeto no rabo e uma maçã na boca, pra ter o final que merece, por ser um porco sem nenhuma utilidade. Você tem que se impressionar com a arte, a arte precisa te provocar, não há arte sem provocação, não há beleza na arte sem provocação, não há beleza que extravase os olhos se não provocar, à arte que não sabe provocar, sobra indolência, e isso, deixamos aos crus, que não buscam a inteligência, mas a comodidade. E é pra nós, perturbados, que sobra o álcool, pra suavizar essa presença infernal da boa arte na nossa vida, aos deuses o que é deles, a nós o que perturba, a arte não santifica, a arte enlouquece.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
PQB!
O azar não é tão mau quanto pintam, às vezes uma desventura pode caber muito bem na danação da vida. E você pode passar anos lutando contra uma condição ou pretendendo lhe dar objetivos, mas à condição sobra a dor, porque é assim que tem que ser. Entre amar e odiar, o meio termo! Você vai vivendo, percorrendo caminhos, abrindo estradas vicinais, bebendo, trepando, amanhecer num sol escaldante, ter a dor de cabeça da sua ressaca, depois de uma noite trepante com uma mulher que pra você tanto faz se ficaria viva ou morta depois da bebedeira, chama seu amigo, Shakespeare, que mais parecem dois cafetões no inferno enquanto a mesma mulher beija os dois, pica alheia, gosto de porra, gente chata, esquisita, o diabo circulando, cerveja, cigarros e você ainda reclama da vida!
Olho pela janela, as pessoas sobem e descem, todas com seus segredos, o que guardam? Andando no metrô, gente feia pra caralho, na cidade de São Paulo você encontra gente de todo tipo, mas e você, que tipo de gente é? Tenho pensado no fato de ter parado de ter idéias, a mim, sobra quase uma amplidão de existencialismo, o termo fatídico do bom ou mau de Nietzsche, a Paz Perpétua de Kant se corrói aqui, aqui não há paz, não há termos, as três leis são obscuras, na cidade em que eu me crio, na cidade em que crio, a lei é só uma: leges sexum... Não posso observar teus olhos, mas eles estão aberto, caso sim, desista de vez, a vida não é mais lá estas coisas. É, retiro tudo que disse anteriormente.
Olho pela janela, as pessoas sobem e descem, todas com seus segredos, o que guardam? Andando no metrô, gente feia pra caralho, na cidade de São Paulo você encontra gente de todo tipo, mas e você, que tipo de gente é? Tenho pensado no fato de ter parado de ter idéias, a mim, sobra quase uma amplidão de existencialismo, o termo fatídico do bom ou mau de Nietzsche, a Paz Perpétua de Kant se corrói aqui, aqui não há paz, não há termos, as três leis são obscuras, na cidade em que eu me crio, na cidade em que crio, a lei é só uma: leges sexum... Não posso observar teus olhos, mas eles estão aberto, caso sim, desista de vez, a vida não é mais lá estas coisas. É, retiro tudo que disse anteriormente.
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