terça-feira, 15 de junho de 2010

aespera

Era comum, já havia vivido bastante, conversava com sua ultima mulher como se a moça fosse uma criança. Dizia: já fiz de tudo nessa vida, amiga. As drogas, o sexo, o rock’n’roll, a literatura, as noites em claro com um Celine aberto ao alcance das mãos e mais próximo a mente que o coração. Você não sabe muita coisa, moça. É necessário andar com os dois pés, um passo nunca pode ultrapassar a velocidade da alma, você precisa observar, vivi tanto tempo sem observar as coisas, as cores das casas, as mulheres à espera na janela, os rapazes sambando a noite toda em busca de um rabo-de-saia, vezenquando é necessário paz, deixar o seu corpo descansar, depois de uma noite embebedando-se é necessário se ter a ressaca, pra se ter idéia de que tudo que é divertido tem custo.
Você precisa saber distinguir o vinho a oferecer pro seu companheiro, meu bem. O melhor vinho não é o mais vermelho, o mais doce, o mais branco. O melhor vinho é o que te mata menos no dia próximo, aprenda a controlar o sexo, seu corpo precisa de realização tanto quanto sua mente, menina. Não queira ir direto ao ponto, dê mais tesão ao seu cérebro, não dê sempre no primeiro encontro, almeja ser feliz, um mato, duas paineiras, sim, duas pra estender a rede. Laranjas, cigarro de palha e um bom rio pra se banhar. Esperar a vinda de deus ou do diabo é angustiante, você nunca sabe como se vestir.

Um comentário:

Marianna Rafaella disse...

tomarei as lições.

alguém precisa ser o mártir e escrever essas coisas lindas, pena ser você, amigo