sábado, 28 de novembro de 2009

Hora de dar no pé!

Já não aguentava mais acordar com a minha companhia. Era fruto podre de um amor desmedido e consequentemente era pouco maduro, suave feito a neve incondicional da rocinha, suave e endemoniada. Eu tinha dores pelo corpo, meu estômago doía, não tinha pra onde ir, parecia um coitado, estudara a vida inteira a fim de... virar mendigo.
Eu não me sentia bem naquela condição, até porque o que me deixava muito confortável eram cobertores, adorava me cobrir e nem isso eu tinha mais, a vida havia se tornado uma gangrena bem da filha-da-puta dentro da alma, e todo dia era como acordar depois de um sonho muito legal e descobrir que aquele presente que você havia ganhado no sono era de mentirinha e que a porra do papai noel não existia, que o coelho da páscoa não podia trazer-lhe os ovos, cara. Coelhos não punham ovos, no saco do papai noel – havia descoberto – que só cabiam duas bolas, era um saco igual a de qualquer outro, papai noel era qualquer um, a máscara divina havia caído sob minhas condições, eu jamais fui digno daquela bobagem toda de homenagem e menage à trois que foi me prestada no decorrer destes anos. Havia agora lugar algum pra ir, havia chances desmoronando, dívidas correndo, curva de rio do caralho que era minha vida agora.
Deus não foi muito legal, havia mantido a idéia de que se ele tivesse evitado o casal de humanos na arca de Noé, talvez a vida fosse diferente, aliás, poderia ter deixado pra trás mais alguns bichinhos comuns e tolos. Cachorros, gatos, baratas, ratos, formigas – formigas são chatas pra caramba – mas sem o sexo ninguem viveria, meu Deus eu não sabia mais criar expectativas, novas idéias, eu estava perdido e como diria Bukowski morrer não era ruim, ruim era estar perdido e pra onde iria agora? Virar um falante de ratês, andar no submundo, em meio a esgotos. Talvez fosse o lugar certo pra mim, porque era o que todas as mulheres que já havia tido agora queriam. Mas um dia eu voltaria pra fodê-las novamente. Uma com cada toque, algumas à base da porrada, pra todas as outras o Téo que merecessem.

3 comentários:

Silvia Mendonça disse...

Vim ler o que escrevestes, a teu convite. Com o ânimo que tens apresentado nos últimos dias, como esperar por algo diferente: resultado da pura frustração com a tua vida. Não sei o que as mulheres que passaram por tua vida te desejam, mas, de algum modo, posso iamginar. Por nenhuma delas manifestastes afeição, apenas desejo... e momentâneo. Nunca amor, pouco carinho, nada de compromisso. A vida, Téo, nos dá o que merecemos... e o que escolhemos. Portanto, não a culpe por estar te levando para a beira do abismo, descrente de ti. A vida é troca, guri. Se tivesse oferecido amor, terias amor agora; assim como carinho; ou até mesmo aquele compromisso que nunca quis e que, provavelmente, te levaria para longe do caos em que te encontras. Quem dá luz, recebe de volta, luz. Quem espalha a ecuridão, no escuro fica. Mas, guri, nunca é tarde para usar o que Deus nos deu de mais precioso e que, infelizmente, poucos sabem usar: livre arbítrio. Faça uma escolha consciente, Téo. Afasta-te do abismo; deixe de olhar para baixo, para as baratas e ratos debaixo da cama; esqueça o papel de mendigo, a entrega à dor, como se nada mais houvesse de bom para ti. Deixe de lado o "velho chapado"; encare o guri, o menino que ainda permanece dentro de ti... e que, lamento informar, acredita em Papai-Noel, sim. Depois me conta o belo presente que Ele deixou naquele velho sapato que esquecestes na janela, quando ainda não vivias no tempo do desencanto.
Beijos da Silvia

Pri Rosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pri Rosa disse...

Quando existia amor dentro de você, o melhor vício que tu tinhas era o corpo da mulher que você amava.

Falta amor nesse corpo... busca ele, conquista.

Não posso mais ver você se esfarelando na minha frente e ficar de braços cruzados.

BEIJOS.