quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fritz.

Téo era o nome dele, Téo Fritz, não tinha nada em comum com alemães, mas adorava chopes aos metros. Tinha uma mulher, chamada Gabriela, Gabriela era linda, tinha olhos claros, sorriso quente, língua quente, corpo esbelto, trepava com ela todos os dias, ainda que alguma das duas mãos.
E dizia a ela que poderiam ser quem fossem de forma diferente, trivial, amorável e tudo mais. Bastava crer que a coisa fluía. Tinha alguns quadros nas paredes do quarto, uma parede azul, alguns blocos expostos pelo lado de fora da residência, era temente ao diabo e a Deus, porque nunca soube a diferença de um de outro a não ser as letras maiúsculas.
Téo Fritz sonhava em amar quando menino, tinha um sonho desesperador de encontrar uma amante que pudesse vertê-lo quando grande, mostrá-lo insano, fazê-lo brilhar os olhos, amá-lo enquanto defeituoso, amá-la enquanto defeituosa, aceitar os defeitos, falar de jogos, virtudes, amores, PALMEIRAS! Ah, o Palmeiras.
O amor era uma busca geniosa pro ego de Téo, Téo não queria encontrá-lo se fosse pra nadar na bosta depois de conhecê-lo, Téo não queria o amor de Shakespeare ou Camilo Castelo Branco, era muita melosidade e idiotice pra uma galera só.

- Eu preciso muito de você, Gabriela. Da forma que venho lidando com nossas vidas, é como se eu não precisasse mais de outra pessoa, você não veio pra me completar, já era um inteiro antes de ti, você veio pra me fazer duplo, um homem mais forte, mais capaz, valente por dois, te fiz um poema:

“E como um gato num alojamento
te incomodo.
Se visses quando ouço Tchaikovsky
o quanto de mim vira cisne a te dançar.

Mas você não vê que te amo tanto,
se possível fosse me ver, verias mal e acabado, triste e indolente.

Por mais furtivo que eu seja, o pecado não me rebaixa
a santidade não me enobrece.

Já que você existe, Gabriela. Deixa de ser pimenta e me arder,
apenas deixe, deixe-nos, aconteça-nos”

E ela nada disse.

sábado, 25 de abril de 2009

Eu sei que parece o que não se diz!

- Abre a porta, caralho. Preciso te contar uma novidade, porra.
- Perdi a chave, pode contar daí mesmo.
- Deixa quieto, até mais.

Dormia muito, o dia inteiro, estava sob efeito de algum alucinógeno que vinha do ar, dá água ou dá cerveja. Bebia muita cerveja.
Não consigo pensar que uma das coisas da vida arcaica é ter que se realizar com algo genial que não qualquer bizarrice, rapaz. Sou tão vanguardista que a vida precisa de necessidades especiais pra ser de fato encarada e que vou ter que carregar uma morte de dois mil anos como motivo pra eu manter minha vidinha sob rédeas de alguem a me ensinar que tudo que é bom é pecado, mas que boceta de puta seca essa.
Acordei, fui ao banheiro, tropecei no piso de acesso ao banheiro, estava encharcado de cerveja e cigarros, meus olhos vermelhos, meu pau mole feito caralho velho, uma vontade da porra de mijar, não conseguia mijar, cara. Sentei no vaso, fiquei uns 15 minutos sentado lá, quando mijei, saíram duas ou três gotas com um pouco de porra junto, lembrei que há muito não trepava e que talvez aquilo tivesse secado dentro do meu canal da urina e isso que me dava dor ao mijar. Logo, bati uma punheta, a porra saiu, consegui mijar direito uns dez minutos depois.
Comecei a ler uma revista que havia chegado há três semanas, não havia lido nada, e dizia na capa: O poder do córtex-frontal.
Lembrei que era algo mais ou menos parecido com o amor, o trauma do córtex pré-frontal, lembrei de Henry Miller dizendo o quanto era bom trepar com Anaïs Nin; o quanto traumatizado ficou Henry por ter se fodido grandemente bem, achado uma mulher que de fato vivesse com ele pelo poder de foder, ah, se todos os homens dessem sorte, o poder de FODER, F-O-D-E-R, até que todos saíssem satisfeitos, mas haveria um trauma, o trauma que não faria com que você soubesse a estratégia certa pra usar, o momento certo de usar a sua estratégia, estaria tudo perdido.
É como o amor, nada dá certo com o amor, o amor é uma tolice:

- Como Shakespeare dizendo em Romeu e Julieta? ‘se essa rosa não se chamasse rosa, o aroma ainda seria o mesmo’

Que coisa mais desvairada, não? O amor é uma idiotice, tolice, o amor é um subjulgamento, o amor é uma variação do humor humano, e humanos envergonham, sou aliado ao espírito-humano, mas o corpo é um lixo, as pessoas sentem com a ponta de seus sexos o amor, o amor na verdade é um dano ao córtex, o amor é um dano ao cérebro, o amor nada é senão uma desculpa pra guerra étnica e religiosa, o amor é bélico, não vou citar o amor quando realmente existir sentimento, o amor é a perda da estratégia do cérebro, é o dano do córtex pré-frontal.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

No mais.

Acho infantilidade o que fizeram no ultimo post, se alguem quiser falar de mim, que me fale, não fique anônimo, é feio.

Essa porra não é um playground, se quiserem se divertir, procurem a casa da mãe.

Triste por muitas coisas, esse é o Téo que de fato existe, querendo conhecerem ou não!

Um beijo, tchau.

"se um homem morre fodendo, quer dizer que tenho que parar de copular? E se Kennedy e Jesus Cristo foram mortos, quer dizer que eu tenha matado? Eu não matei ninguem" Bukowski.

Cof, cof.

Era um purgueiro de primeira, havia uma, duas ou três moscas circulando pelo quarto, extremamente fedido, não havia frigobar, se quisesse pedir uma cerveja pra tomar eles cobravam o dobro, porque era incluso o frete pra ir buscar a cerveja no bar da esquina e levá-la ao quarto.
Tirei um maço de cigarros, havia dois ou três cigarros, meus pulmões faziam cara feia e me atacavam só de pensar em acendê-los, tranquei a porta do quarto, acendi um cigarro, dei um trago, foi tudo perfeito, pedi uma cerveja, dei o segundo trago foi mais perfeito ainda, toc, toc, a cerveja chega, ouço o tilintar do anel no alumínio e bebo um gole, fumo novamente, no ultimo trago tenho um ataque pulmonar, parece-me o King Kong assolando a porra da natureza que são meus pulmões, e tossia, perdia o ar, tranquei a porta, pus o travesseiro sobre a cara pra que ninguem ouvisse aquele terrível incidente, e tossia mais, meus pulmões sangravam, a cama ficou toda ensangüentada, lembrei dos filmes de Zé do Caixão, quase que me verti sangue, quase que tornara-me sangue, até que parou tudo e consegui terminar de beber minha cerveja, quis passear um pouco. Desci ao bar que tinha no subsolo do hotel, havia algumas putas, alguns negros, alguns bêbados, alguns cafetões, como diria Bukowski: Meus mestres estavam todos lá.

- Oi, você não é o Téo?
- Sim, sou!
- Téo, sou sua fã!
- De onde me conhece, guria?
- Uma amiga tem um livro duma edição que você lançou na vergueiro!
- E gosta daquilo?
- Eu adoro, Téo. Sou apaixonada pelo que escreves. Quer uma trepada como aquelas que você descreve de graça?

Eu não estava muito a fim, mas coisas grátis que lhe dão prazer, jamais deverão ser dispensadas.
Enquanto subíamos pro quarto, eu passava mão pelo “dorso” da vagabunda, tinha uma bunda tão redonda e gostosa, eu mal via a hora de enfiar todo meu pau dentro dela. Chegamos no quarto, ela tirou a roupa, enfiou a mão por dentro da minha calça, eu respirava muito mal, meus pulmões estavam extremamente ridicularizados, começou a me chupar, tive um ataque de tosse, tossia demais, sangrava muito, ela ficou com medo, desmaiei, não sabia o que acontecia, preferi não saber, não morri, mas não melhorei, quando acordei ela estava ao meu lado, chorando, como se fosse apaixonada por mim, como se quisesse passar minha doença pra ela!

- O que você ainda faz aqui?
- Téo, estava contigo pra cuidar de você!
- Eu não pedi pra você cuidar de mim, puta do caralho. Sai fora.

Ela foi embora, fechou a porta do quarto chorando, parecia que me amava, não era mais paixão, era amor. Recolhi minhas coisas, fui embora pra outro lugar, havia uns 426 reais na minha carteira, dava pra viver por uma semana ainda.

domingo, 12 de abril de 2009

SJDB!

Tenho aspirações neste mundo que surgem quando acabam. Vertia desejos e almas, havia aparecido linda e sorridente, me pediu em namoro e eu não aceitei.
Passei por poucas e boas, recaídas, momentos estranhos, vindas de E.T.’s, martírios, lutas, batalhas, guerras, tudo sempre perdido. Eu nunca ganhei, talvez eu nunca quisesse de fato ganhar.
Acordava com uma vontade de ir sempre alem do que minha alma branca e nua esclarecia na transparência da minha mentira. Mentira bastante, conquistei umas duas ou três com minhas poesias, depois conquistei outras falando sobre rock’n’roll, umas outras falando sobre literatura e o porcelanato bizarro que era a poesia tosca de Pessoa, mas sempre estava feliz.
Acordava, apenas acordava.
Acordei e vivi, senti falta de algo, estava muito escuro, senti que estava com a cabeça doendo, tinha bebido muito na noite passada, tudo virava, olhei pro lado, não havia ninguem que pudesse viver comigo, passar a mão na minha cabeça ou ir até a farmácia me pegar um remédio pra dor, ainda que fosse pra dor errada, se houvesse talvez não teria dor, mas nada.
Corri, na rua havia um asfalto marejado, cheio de pedregulhos pequenos, desencapado, uma lombada, havia chuva, chovia, o telefone estava na esquina, estava longe de mim, fui correndo em direção ao telefone, descalço, desesperado, escorreguei na guia, machuquei meus joelhos, rasguei meu braço, arranquei o tampão do dedo. Mas levantei, levantei e fui direto ao telefone, não lembrava do número, cara. Onde estaria? Havia perdido minha agenda, voltei, cabisbaixo, triste, senti falta de algo, de alguem, quando cheguei em casa o telefone tocava:
- Alô?
- Téo?
- Eu!
- Precisa de alguma coisa? Senti algo estranho, como se estivesse me procurando.
- Sim, fui ao telefone pra te ligar pra perguntar se você ainda me quer.
- Não, Téo. Você não se cuida, como posso desejar alguem que não liga pra morrer?
- Calei-me! - tinha vergonha de dizer que havia precisado dela pra viver e que se ela me quisesse eu amaria, seria feliz, teria vontade de viver - mesmo que a não vontade fosse involuntariamente - que o sorriso dela era lindo, que amava o jeito dela ter um jeito pacífico, que amava ouvir sua voz, suas carícias de desejo, seus decotes, seus sorrisos filantrópicos deixavam meu jeito frívolo de lado, desejava só amar e respeitar, cara, tinha tanto respeito por ela.
Fiz curativos, passei água mercúrio, ficaram duas marcas nos joelhos, o dedo se recompôs, não uso mais o telefone, não fiz mais agendas, continuo sem companhia! Não minto, mas não falo mais a verdade!

domingo, 5 de abril de 2009

Talvez.

Talvez não fosse como eu pensava, na vida havia acusações ainda mais amplas que as das mulheres.
Não havia felicidade concisa, porque precisava de mais amor, amor era uma coisa consumista, não queria me consumir de forma que meu "eu" pudesse virar um descontrole ainda mais descontrolado do que ja era.
Havia sexo, cigarros, álcool e trabalho, isso já desenfreava o controle do ego, buscava nos alter-egos uma razão social, mas em mim, aqui, tudo soava diferente, todas as formas de poder, todas as formas de contato humano, todo meu respeito, todo meu nome ressoava como nome fantasia. Era eu de fato uma farsa, um Jim de Woody Allen em adultérios, ao menos havia algo de bom, não era nada coerente e Woody diria: Coerência habita mentes fracas! Tinha razão.
Preferia não amar, seria só mais um motivo pra perda do resto da habilidade de viver que eu tinha, que tivera, que tivesse talvez, talvez não.
Desistia com precisão da maioria das coisas de minha vida, sabia que a decisão de não amar pudesse ruir em questão de tempo. Enquanto dizia Jobim que era necessário amar pra viver, continuava eu na duvida de qual amor deveria absorver - por mim ou o romântico?
Era necessário tê-lo pra viver de fato.
Talvez vivesse, talvez morresse sem viver. Talvez tivesse, talvez mendigasse, talvez sim, talvez não!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Yellow Ledbetter

- Estou num hotel, vem pra cá?
- Vou só me arrumar e quando chegar aí, te ligo pra avisar que cheguei, Téo!
Enquanto não chegava, jurava que a vida passava devagarinho, eu mal via a hora de encontrar aquele encanto todo e tê-la em minha boca. Beijar os mais brancos pardos lances de seu corpo, senti-la prestes a por na sua o meu corpo, querer lançá-la ao desejo súbito de trepar desvairadamente.
Tomei alguns goles de vinho, pedi uns copos de run, pedi dois tragos de gin, fumei uns 2 maços de cigarros, era extremamente angustiante a minha espera, doía até em quem via, mas ninguem veria. Não era hora de alguem me ver, com os olhos pesados, um corpo destruído, uma vontade tardia de me recuperar da vida que havia levado, eu amava uma outra, eu amava um amor que não havia sentido antes, tinha minhas limitações, tinha pernas curtas, mentira tanto pra outras que eu já havia virado uma mentira, daí amei de verdade e nada disso impediu que eu pulasse e pulei, mas aí havia a necessidade física, precisaria comer alguem.
Até que o amor ligou:
- Téo, aonde você está?
- Estou comprando tênis!
- Demoras o dia inteiro pra comprar um tênis?
- Ainda há tempo, depois nos falamos, preciso desligar! – E desliguei.
Ela tinha voz linda, um sotaque incrível, eu adorava quando ela me dizia cantando as histórias que ninguem contaria com tanto sigilo ao pé do meu ouvido.
- Téo, cheguei, me busca na porta do hotel? – desci e busquei, ela me deu um beijo no rosto, com carinho, era uma boca rosada, tinha olhos claros, cabelos ruivos, corpo sexy, peitos redondos, tatuagem ao pé da barriga, um nariz desenhado como que quem o tivesse feito tivera muito cuidado em fazê-lo direito.
- Esse quarto é tão pequeno, Téo, como você consegue ficar sempre aqui?
- Não preciso de muito espaço pra fazer sexo, moça.
- Téo, antigamente você era mais amoroso, mais simpático.
- Jura?
- Sim, o que há contigo?
- Nada, cara. Eu sabia que tinha perdido alguma de minhas mentiras, mas não sabia qual, ainda bem que você é inteligente o suficiente pra descobrir. Sou grato.
E como prova de gratidão dei-te muito sexo aquele dia, a fiz estremecer tanto sentada em mim, na minha boca, que creio que aquela paixão que a fez tomar 8 chopes pra poder dizer em um outro encontro qualquer:
- Téo, deixo meu orgulho de lado e assumo que te gosto.
Daí, paguei o hotel, fomos embora, deixei-a na estação do trem, foi embora pra casa, fui embora pra minha, quando cheguei ela já havia entrado em contato com o amor e dissera pro amor que ficamos, e a vida não foi mais a mesma. Não havia matos com gosto de framboesa, traí meu amor, traí o amor, não houve mais perdão, não fiquei mais com a ruiva de olhos claros, não amei outra senão aquela que tanto tento desdizer, mas encontrarás em todas as linhas do que escrevo. Não tenho mais chance, mas sempre nos falamos e sempre dizem:
- Téo, você já foi mais amoroso, mais simpático.
Talvez desaprendi a mentir.