Alguém há de dizer que são palavras fortes, mas tamanha é a força do texto de Téo e do seu grito, que não haveria como dizer deles, se não fosse com força. Se você é capaz de enxergar a ternura encoberta pelo mito do forte que tem medo de que percebam sua doçura, então é capaz de amar este blog. por Ana da Cruz.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Ilusões, fé e gigantismo.
Poderia ver os moinhos, mas jamais via o rocinante! Estava à espera de batalhas, estava começando a trucidar minhas ilusões, moinhos eram moinhos, burros eram burros, de Pedrês a Rocinante e um Dvorak nos intervalos das batalhas, não restavam armas. Não restavam objetivos. Dulcinéia não era mais de Toboso, no coração agora, havia só um nome. E com isso a realidade se construia... ...'Ei, não é por aí. Eles vão nos atacar, volte. Volte'. E não, ninguem desistia, porque por mais que haviam deixado de acreditar, ninguem deixava de lutar. Era um instinto e lá íamos nós, novamente, armados, pra enfrentar os gigantes de vento soprando lascivia nas nossas faces. Rindo das nossas fraquezas e surpreendidos pelo tamanho do sentimento. Não há gigante que supere a arte de acreditar, a arte de ter fé, Davi há de concordar com isso.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Carla, Hernandéz e Cusco.
Ela tinha suas pernas brancas. E entre as pernas, tinha os joelhos mais belos. E um pouco acima dos joelhos, coxas, suas coxas eram brancas, era de um lugar calorento, ensolarado, as pessoas tinham mais cor que ela e quando se olhava no espelho, o que se refletia, nao era o que imaginava que se pudesse ser refletido.
Você poderia reparar em suas coxas, em sua cor branca, em seus cabelos amarelados, talvez ali dentro dela, havia algo mais escuro que seus olhos negros. Mas o que tangia sua vida era um emaranhado de cores mortas, era um emaranhado de desavenças com o ego, era uma mulher tão linda, subterfugiada de seus gostos péssimos, uma música detalhada lhe dava asco.
Hernandéz viera de Cusco, e quase nao falava sua língua, encontrara-se com Carla num beco qualquer e como uma lasca de desespero lhe esvai uma cantada falível: mira que guapa. E Carla vira os olhos, como se vivesse à espera de um mirabolante príncipe basco e nao precisa de mais nada a não ser uma noite de sono, longe de espelhos e de cantadas obtusas.
Henandéz por sua vez, procura mulheres, paga por três delas, se enfia num quarto, trepa até amanhecer e ao meio-dia é encontrado morto. Era o segundo caso de turista morto por prostitutas aquela semana. Uma terça-feira.
Carla acorda, ouve por terceiros o caso do turista. Aquela cidade estava realmente violenta. Pensa em sua carreira, Carla é modelo, pensa em ir embora pra outra cidade, pra outro país, lembra-se de outros casos pífios e violentos tambem em cidades vizinhas, países distantes, quebra seu espelho, lembra-se da cantada de Hernandéz e por sua incólume ávidez pelo desdem que poderia, anversa fosse, ter salvado o turista safado. Abre a janela de seu apartamento, coloca Wagner na sua vitrola, olha a rua, tira a roupa, sobe no parapeito e vê um homem todo de preto na praça, olhando seus seios, suas coxas e lambendo os beiços. Não eram as cidades que estavam violentas, nem os países vizinhos, nem os continentes. Havia ali uma constatação: as pessoas é que se traem, se matam e se deliciam ao palpar a morte. E enfim, Carla voa.
Você poderia reparar em suas coxas, em sua cor branca, em seus cabelos amarelados, talvez ali dentro dela, havia algo mais escuro que seus olhos negros. Mas o que tangia sua vida era um emaranhado de cores mortas, era um emaranhado de desavenças com o ego, era uma mulher tão linda, subterfugiada de seus gostos péssimos, uma música detalhada lhe dava asco.
Hernandéz viera de Cusco, e quase nao falava sua língua, encontrara-se com Carla num beco qualquer e como uma lasca de desespero lhe esvai uma cantada falível: mira que guapa. E Carla vira os olhos, como se vivesse à espera de um mirabolante príncipe basco e nao precisa de mais nada a não ser uma noite de sono, longe de espelhos e de cantadas obtusas.
Henandéz por sua vez, procura mulheres, paga por três delas, se enfia num quarto, trepa até amanhecer e ao meio-dia é encontrado morto. Era o segundo caso de turista morto por prostitutas aquela semana. Uma terça-feira.
Carla acorda, ouve por terceiros o caso do turista. Aquela cidade estava realmente violenta. Pensa em sua carreira, Carla é modelo, pensa em ir embora pra outra cidade, pra outro país, lembra-se de outros casos pífios e violentos tambem em cidades vizinhas, países distantes, quebra seu espelho, lembra-se da cantada de Hernandéz e por sua incólume ávidez pelo desdem que poderia, anversa fosse, ter salvado o turista safado. Abre a janela de seu apartamento, coloca Wagner na sua vitrola, olha a rua, tira a roupa, sobe no parapeito e vê um homem todo de preto na praça, olhando seus seios, suas coxas e lambendo os beiços. Não eram as cidades que estavam violentas, nem os países vizinhos, nem os continentes. Havia ali uma constatação: as pessoas é que se traem, se matam e se deliciam ao palpar a morte. E enfim, Carla voa.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Frio, vinho e santidade.
Como era gostosa
a sensação do frio
subindo pela espinha.
Ela se dizia taça,
eu me oferecia vinho.
Era tudo muito louco,
duas pessoas
se escorrendo pelo outro.
E você não sabia,
muito menos eu.
No entanto,
em breve,
como dois gulosos,
um se embebedaria do outro,
o outro permaneceria são.
E você de longe,
encontraria um terceiro elemento,
quem sabe um anjo mulher,
com a marca de batom na taça,
que remeteria ao desejo,
da tua alma,
a frequentar o mènage
tão santificado.
a sensação do frio
subindo pela espinha.
Ela se dizia taça,
eu me oferecia vinho.
Era tudo muito louco,
duas pessoas
se escorrendo pelo outro.
E você não sabia,
muito menos eu.
No entanto,
em breve,
como dois gulosos,
um se embebedaria do outro,
o outro permaneceria são.
E você de longe,
encontraria um terceiro elemento,
quem sabe um anjo mulher,
com a marca de batom na taça,
que remeteria ao desejo,
da tua alma,
a frequentar o mènage
tão santificado.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Sessão de fotos.
Ela queria uma sessão de fotografias, era morena, tinha uma bunda linda.
Ele era um fotógrafo feliz, qualquer um seria feliz se pudesse tirar fotos daqueles rabo e decote.
- Você quer beber alguma coisa antes de começar, Elisa?
- Eu não bebo, Armando.
- Então eu vou beber.
- Mas não é você quem vai tirar a roupa, Armando.
- Mas sou eu quem vai ter que olhar sua bunda, Elisa, só a trabalho e vou ter que suportar.
- Como você é bobo.
Abriu sua garrafa de uísque, ainda intacta, ela o olhava com um par de olhos que poderia enfrentar qualquer flash. Ele virou o primeiro copo e encheu novamente, deu outro gole.
- Pode tirar a roupa, ja deixei o cenário armado, me confirma se está tudo bem pra você. As cores amarelas e vermelhas se encaixarão à sua pele.
- Pra mim tá ótimo, Armando. Foi exatamente assim que imaginei.
Armando virou o copo novamente. Elisa tirou a roupa. Armando tirou a capa do zoom, a maquina expeliu o zoom, algo crescera tambem em Armando, Armando foi em direção a Elisa, a segurou pelo cabelo, beijou seu pescoço, Elisa tentou resistir, até que Elisa virou e se ajoelhou diante de Armando e Armando continuou sua sessão de fotos, encostou-a no cenário e terminou o que havia começado.
- Nunca mais faça isso, Armando.
- Nunca mais farei, Elisa. Descontarei seu cheque amanhã pela metade e eu agradeço pela sessão.
E recolheu sua máquina, guardou em seu estojo. Elisa o olhava com olhos de quem não suportava mais sequer o flash, nela parecia existir amor, nele parecia existir desespero.
No outro dia Armando não conseguiu descontar o cheque, estava de ressaca, descontou então no próximo, o valor inteiro e nunca mais viu Elisa.
Ele era um fotógrafo feliz, qualquer um seria feliz se pudesse tirar fotos daqueles rabo e decote.
- Você quer beber alguma coisa antes de começar, Elisa?
- Eu não bebo, Armando.
- Então eu vou beber.
- Mas não é você quem vai tirar a roupa, Armando.
- Mas sou eu quem vai ter que olhar sua bunda, Elisa, só a trabalho e vou ter que suportar.
- Como você é bobo.
Abriu sua garrafa de uísque, ainda intacta, ela o olhava com um par de olhos que poderia enfrentar qualquer flash. Ele virou o primeiro copo e encheu novamente, deu outro gole.
- Pode tirar a roupa, ja deixei o cenário armado, me confirma se está tudo bem pra você. As cores amarelas e vermelhas se encaixarão à sua pele.
- Pra mim tá ótimo, Armando. Foi exatamente assim que imaginei.
Armando virou o copo novamente. Elisa tirou a roupa. Armando tirou a capa do zoom, a maquina expeliu o zoom, algo crescera tambem em Armando, Armando foi em direção a Elisa, a segurou pelo cabelo, beijou seu pescoço, Elisa tentou resistir, até que Elisa virou e se ajoelhou diante de Armando e Armando continuou sua sessão de fotos, encostou-a no cenário e terminou o que havia começado.
- Nunca mais faça isso, Armando.
- Nunca mais farei, Elisa. Descontarei seu cheque amanhã pela metade e eu agradeço pela sessão.
E recolheu sua máquina, guardou em seu estojo. Elisa o olhava com olhos de quem não suportava mais sequer o flash, nela parecia existir amor, nele parecia existir desespero.
No outro dia Armando não conseguiu descontar o cheque, estava de ressaca, descontou então no próximo, o valor inteiro e nunca mais viu Elisa.
Assinar:
Postagens (Atom)