Cheguei no bar, eu estava a espera de alguem. Uma mesa de dois lugares. Um deles estava vazio. Uma cerveja e um copo de conhaque.
No telefone uma mensagem: Téo, ja chego. Atrasarei-me um pouco. Essa chuva dessa cidade, esse transito, mas prepare a minha cerveja.
Ela mal imaginava, que ali, na mesa de dois lugares, algo alem da cerveja a esperava com afinco.
- Oi, Téo.
- Olá, meu bem. Como vai?
- Vou bem, Téo.
Levantei-me, dei-lhe um abraço e um beijo.
- Senta-se. - eu disse.
Ela tinha os olhos mais lindos que ja pude ver, e a tua boca dizia 'tu' como nenhuma outra havia dito. E teus olhos, brilhavam cores circenses, guarda-chuvas de frevo e tua boca tinha a carne que meu olhos adoravam.
- Essa cerveja está gelada, Téo.
- Pois é, por isso gosto desse lugar.
Você pode passar dias longe da felicidade e em poucos momentos você pode passar a felicidade de dias.
- Agora que você ja chegou, que ja tomamos a cerveja, poderíamos ir pra minha casa?
- Tudo bem, Téo.
Paguei a conta, recolhi o maço de cigarros da mesa, despedi-me do dono do bar e segurei sua mão.
- Seja bem-vinda.
- Gostei da tua casa vazia.
- Ela fica assim sempre, ficará sempre.
Liguei o rádio, tocava Bach, não era hora, troquei por uma coisa que ela tambem gostava, e Beth Gibbons cantava: give me a reason to love you!
- Separei esse vinho pra gente, Luana. É o meu vinho preferido - casillero del diablo.
Ela sorriu.
- Era tão esperado por ti que eu viesse à sua casa, Téo?
- Era.
Sorriu novamente.
Sentou-se à minha frente no sofá, com um vestido roxo, suas pernas, lindas, talvez havia feito com a intenção de me provocar, visto que eu sempre havia dito que adorava pernas, estavam cada vez mais à mostra.
Dado momento, levantou o vestido um pouco mais.
- Erga mais um pouco teu vestido.
- Ainda mais?
- Sim, ainda mais.
Tomava meu vinho, olhava tuas pernas, nada dizia, o silêncio não incomodava. Fui até o sofá, beijei sua boca, levantei seu vestido, coloquei a mão por dentro da sua calcinha, estava molhada. Beijei sua boca com mais lingua agora.
- Seu beijo é bom, Luana.
- Você quer me engolir, Téo.
Eu era um adolescente, a joguei na cama, de barriga pra baixo, fiz uma massagem em suas costas, beijei-a na mesma intensidade. Trepamos, gozamos, não uma ou duas vezes, infinitas. O cérebro brindava, o coração palpitava na mesma intensidade do pau. Era uma nova descoberta, era um novo homem, com a experiência de um amor falido e com a perspicácia de um homem fodido.
- Você é um puto, Téo.
- Tudo bem.
Beijei sua testa, com mais sensibilidade que quando beijei sua boca ou seus peitos. Não sabia onde estavam meus cigarros, pouco me importava tambem. Havia cinzas demais dentro de mim, era hora de tornar aquele monte de escuridão e torpor, em luz e sorriso. Ela olhou pra mim e junto à Beth Gibbons cantou: give me a reason to be a woman. Virei o restante do meu vinho, direto na garrafa. Olhei nos teus olhos e sorri. Estava ali, em abril, meu primeiro sorriso desde sempre.
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