Não procriava sinapses, meu cérebro estava fora da realidade, nos bares não encontrava realizações, o meu quarto era em mim a constatação de que o mundo não me servia agora.
A bebida era uma espécie de fuga, mas não havia nada que eu quisesse desbancar, a bebida ja não era fuga então, a bebida era só um êxtase, um caminho, procedimento esperado para alcançar a alquimia. E não havia limites,era o meu remédio, algo que esperava desde sempre que me curasse.
A ausência de mulheres, enfim, estava me fazendo bem. A falta de telefonemas, o excesso de músicas com violões de aço e um contato breve com o mundo cada vez que ia ao banheiro, havia uma janela, o mundo estava vivendo la fora, não o suportava.
A falta de suas saias curtas, suas pernas grossas, suas reclamações sobre a vida, seus amigos idiotas, seus apontamentos sobre o meu humor, suas reclamações por eu
andar pelado pela casa, por cagar de porta aberta, por me masturbar enquanto assistem programas de fofocas na tevê que um dia eu vou vender e elas jamais me amarão novamente.
As mulheres jamais me amarão novamente, creio que qualquer cachorro que eu arrume jamais me amará, qualquer bar que eu vá não haverá alguem pra me salvar. Era isso,as pessoas estavam todas à busca da salvação, mas não havia mais chance. Era assim a vida, você se prepara pra luta, coloca o roupão, o juiz chama teu nome, você sobe no ring, as pessoas te aplaudem, a maioria vaia, a garota passa com a placa do primeiro round, você o suporta, ela sobe no segundo, você com o supercílio cortado, mas ainda consegue ver a bunda redonda dela, aguenta por mais algum tempo e no terceiro round, quando ela sobe no ring, você mesmo joga a toalha. E seu técnico te olha feio, você
perde, por desistência. E vai pra casa humilhado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário