sábado, 10 de março de 2012

Poema, conhaque e punhetas.

- Bom dia, Téo.
- Bom dia.
Era branca, como descrevia, dois olhos, nariz e boca, nada comuns.
Ana Cristina César, tu me lembras.
Você não acredita. Mas é uma honra.
- Quer um conhaque?
- Não, Téo. É hora do café-da-manhã!
Que tola.
Ela entrava esvoaçante, seus cabelos, iguais.
Você está aí?
Porque parece de mentira.
Duas coisas que precisam ser ditas. A primeira: você não é ruiva natural. Quando eu lia Bukowski, aos 15 anos, no banheiro da escola, cabulando aula, entre um intervalo e outro, eu socava uma bronha pra uma ruiva daquelas que ele citava. E você me pergunta se uma ruiva não natural, tambem merece uma punhetinha - não sei.
A segunda: preciso conhecer mais, pra saber, sobre a punheta. E não basta lê-la.
Você não merece uma punheta agora. Muito menos eu uma siririca.
Você sabe que tua arte é um adendo?
E você assim, entre palavras e ações, entre vertigios e dissimulações, soa-me como uma atriz fadada à morte.
Mas lógico. Com estes olhos. Com estes cabelos. Com estas palavras. Estes textos. Estes contos. Estas prosas. Sexismo todo. Brilho todo. Andar todo. Quase que me esqueço de lembrar que és humana. E és.
Morreremos.
Com ou sem conhaque no café-da-manhã, morreremos.
Com ou sem punheta e poesia, morreremos.
Então, sem perda de tempo, tome sua punheta. A morte pode adiantar tudo, mesmo o gozo.

Um comentário:

que. quem. onde. disse...

Mais uma dose, por favor. Sem gelo nem limão.