Ônibus cheio, me sinto estranho a tudo, não há um rosto que me identifique. Uma ressaca brava, plena terça-feira, gente chata, muito barulho e um pulmão que não me deixa em paz. Uma tosse. E o sangue...
- moço, tudo bem contigo?
- tudo bem.
- não é o que parece.
- então sua pergunta tinha que ser outra.
- então; você precisa de ajuda, moço?
- não, obrigado.
- mas moço, você tossiu e sangrou.
- eu sei, estou doente dos pulmões e nãos dos olhos.
- que ignorante você é.
- oh, sinto muito.
Quando levanto os olhos, me surpreendo, ela tem olhos de coruja, me roubam o sentido, fico alguns segundo sem saber o que falar e por fim digo:
- é só a ressaca.
- mas moço, hoje é terça-feira, você foi beber na segunda?
- não há dia pros problemas aparecerem, menina. Os problemas estão aí, soltos no ar, você pode respirá-los e de repente vem um dos grandes e você não tem como se salvar. O álcool é anestesia porque a vida é um processo dolorido.
- então o problema que você respirou lhe fez muito mal, viu? Há muito sangue saindo daí.
Sorri, não havia outra forma de reagir àquela que se preocupara comigo em anos. Tinha um belo cabelo, parecia que um dia tombariam, patrimônio histórico, jamais vira algo igual antes... Vestia uma blusa branca, seu decote era qualquer coisa como: oh, céus. Deus está ali dentro. Tinha um sorriso acanhado, mesmo pela situação ela sorria; talvez de nervoso.
- Qual seu nome?
- Téo.
- prazer, Janaína.
- tive tantas janaínas na minha vida e todas problemáticas. Você me parece ser mais uma.
- não se preocupe, não farei parte da sua vida, Téo.
- Ok, Janaína. Pode me emprestar seu lenço?
Deu-me seu lenço, eu ardia em febre, era chegada minha hora, hora de descer. Então acenei com a cabeça, ela retribuiu... ... era a segunda vez que eu havia perdido o amor, em um mês! Havia sobrevivido há varias mortes, inclusive a do amor.
2 comentários:
Lindo texto...
Romântico ao modo Téo. rs
LIndo texto...
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