Já não aguentava mais acordar com a minha companhia. Era fruto podre de um amor desmedido e consequentemente era pouco maduro, suave feito a neve incondicional da rocinha, suave e endemoniada. Eu tinha dores pelo corpo, meu estômago doía, não tinha pra onde ir, parecia um coitado, estudara a vida inteira a fim de... virar mendigo.
Eu não me sentia bem naquela condição, até porque o que me deixava muito confortável eram cobertores, adorava me cobrir e nem isso eu tinha mais, a vida havia se tornado uma gangrena bem da filha-da-puta dentro da alma, e todo dia era como acordar depois de um sonho muito legal e descobrir que aquele presente que você havia ganhado no sono era de mentirinha e que a porra do papai noel não existia, que o coelho da páscoa não podia trazer-lhe os ovos, cara. Coelhos não punham ovos, no saco do papai noel – havia descoberto – que só cabiam duas bolas, era um saco igual a de qualquer outro, papai noel era qualquer um, a máscara divina havia caído sob minhas condições, eu jamais fui digno daquela bobagem toda de homenagem e menage à trois que foi me prestada no decorrer destes anos. Havia agora lugar algum pra ir, havia chances desmoronando, dívidas correndo, curva de rio do caralho que era minha vida agora.
Deus não foi muito legal, havia mantido a idéia de que se ele tivesse evitado o casal de humanos na arca de Noé, talvez a vida fosse diferente, aliás, poderia ter deixado pra trás mais alguns bichinhos comuns e tolos. Cachorros, gatos, baratas, ratos, formigas – formigas são chatas pra caramba – mas sem o sexo ninguem viveria, meu Deus eu não sabia mais criar expectativas, novas idéias, eu estava perdido e como diria Bukowski morrer não era ruim, ruim era estar perdido e pra onde iria agora? Virar um falante de ratês, andar no submundo, em meio a esgotos. Talvez fosse o lugar certo pra mim, porque era o que todas as mulheres que já havia tido agora queriam. Mas um dia eu voltaria pra fodê-las novamente. Uma com cada toque, algumas à base da porrada, pra todas as outras o Téo que merecessem.
Alguém há de dizer que são palavras fortes, mas tamanha é a força do texto de Téo e do seu grito, que não haveria como dizer deles, se não fosse com força. Se você é capaz de enxergar a ternura encoberta pelo mito do forte que tem medo de que percebam sua doçura, então é capaz de amar este blog. por Ana da Cruz.
sábado, 28 de novembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Cocaína VI!
Pensar na minha vida anterior me matava, eu tinha saudades de quando eu não tinha relação nenhuma com o vício apesar de não lembrar-me muito bem como eu era quando sóbrio. Eu não era mais um homem, não era mais um menino ou um jovem, eu já era velho. Tinha algumas dores que o vício me causava, dores no estômago, nos rins, meus pulmões já estavam condenados há tempos pelo médico, há pelo menos vinte anos eu já sofria de pneumonia eosinofílica crônica; era um caos, eu não sei como permanecia vivo.
Eu tinha medo de me manter vivo, mas tinha medo de morrer, encontrar todas as mulheres que eu já tivera algo que agora estavam mortas no inferno e elas contarem ao diabo o quão mal fui com elas, eu sofreria retaliações ou seria tratado como um deus no inferno, eu não queria morrer e encontrar a que deixei morrer e fugi, eu havia cheirado muito, meu coração batia a mil, eu estava no mínimo esperando a minha morte, dizendo adeus ao amor, já havia encontrado pessoas boas na vida, que puderam me ajudar a ser um novo homem, um bom homem, sem vícios, acontece que éramos duas vidas andando no juntas no aquário, ou éramos várias, e eu preferi me manter sozinho, feito um predador esperando a presa mais fraca pro meu bote, pro meu prazer, eu tinha prazer em estar com alguem, mas era raro, na hora da trepação, na hora do desabafo. Não tinha mais dinheiro, havia uma carta sobre a cômoda que fazia dias que não abria, resolvi abri, se fosse alguma doação de alguem eu ficaria feliz. Era uma ordem de despejo, por fim eu não tinha pra onde ir, era tudo ou nada, era eu, viciado e a cocaína meu vício, eu não tinha familia, não tinha amigos, não tinha pra onde correr. Fui ao bar, bebi tudo que podia na minha velha nova conta, mais de vinte garrafas de cerveja, mais de dez doses de conhaque. Faltava-me somente o pó. Fui ao caixa do banco, peguei todo o dinheiro que ainda tinha pra um limite de cheque especial, uns trezentos reais, comprei tudo de cocaína, cheirei metade daquilo, coloquei tudo no espelho do banheiro que havia retirado e colocado sobre o chão, sob o teto, aquilo me dominava tanto, eu era tão feliz quando cheirava, eu era tão sobressalente, eu era tão homem, meu coração acelerado ainda mais, sentia minhas mãos tremerem, fedia, fedia muito, não tomava banho há muitos dias, minha barba estava muito grande, meu cabelo ainda maior, via isso pelo reflexo do espelho a cada vez que abaixava pra cheirar, fui à rua, olhei pro céu ainda vivo, minha visão da lua era extremamente única, era como se eu tivesse alcançado-a por namorada, as estrelas eram tão estreitas, me cativavam, deitei na calçada, minha boca borbulhava, passei a mão pelo nariz e não vi nada alem de muito sangue jorrando, meu braço esquerdo adormeceu, um cachorro lambeu meu beiço, achou péssimo o gosto de sangue que escorria do nariz e foi embora, morri ali, por fim, sem condições, sem ter uma vida, sem alcançar meus objetivos, eu sabia que sentiria falta da cocaína no inferno, eu não queria ter morrido tão cedo, queria mulheres, uma ultima trepada, um ultimo delírio, um ultimo beijo, um ultimo abraço da minha garrafa de conhaque, mas nada mais surtira efeito, talvez fosse ser enterrado como indigente, não tinha documentos, ninguem sabia de onde viera, ninguem nunca soube por fim.
Eu tinha medo de me manter vivo, mas tinha medo de morrer, encontrar todas as mulheres que eu já tivera algo que agora estavam mortas no inferno e elas contarem ao diabo o quão mal fui com elas, eu sofreria retaliações ou seria tratado como um deus no inferno, eu não queria morrer e encontrar a que deixei morrer e fugi, eu havia cheirado muito, meu coração batia a mil, eu estava no mínimo esperando a minha morte, dizendo adeus ao amor, já havia encontrado pessoas boas na vida, que puderam me ajudar a ser um novo homem, um bom homem, sem vícios, acontece que éramos duas vidas andando no juntas no aquário, ou éramos várias, e eu preferi me manter sozinho, feito um predador esperando a presa mais fraca pro meu bote, pro meu prazer, eu tinha prazer em estar com alguem, mas era raro, na hora da trepação, na hora do desabafo. Não tinha mais dinheiro, havia uma carta sobre a cômoda que fazia dias que não abria, resolvi abri, se fosse alguma doação de alguem eu ficaria feliz. Era uma ordem de despejo, por fim eu não tinha pra onde ir, era tudo ou nada, era eu, viciado e a cocaína meu vício, eu não tinha familia, não tinha amigos, não tinha pra onde correr. Fui ao bar, bebi tudo que podia na minha velha nova conta, mais de vinte garrafas de cerveja, mais de dez doses de conhaque. Faltava-me somente o pó. Fui ao caixa do banco, peguei todo o dinheiro que ainda tinha pra um limite de cheque especial, uns trezentos reais, comprei tudo de cocaína, cheirei metade daquilo, coloquei tudo no espelho do banheiro que havia retirado e colocado sobre o chão, sob o teto, aquilo me dominava tanto, eu era tão feliz quando cheirava, eu era tão sobressalente, eu era tão homem, meu coração acelerado ainda mais, sentia minhas mãos tremerem, fedia, fedia muito, não tomava banho há muitos dias, minha barba estava muito grande, meu cabelo ainda maior, via isso pelo reflexo do espelho a cada vez que abaixava pra cheirar, fui à rua, olhei pro céu ainda vivo, minha visão da lua era extremamente única, era como se eu tivesse alcançado-a por namorada, as estrelas eram tão estreitas, me cativavam, deitei na calçada, minha boca borbulhava, passei a mão pelo nariz e não vi nada alem de muito sangue jorrando, meu braço esquerdo adormeceu, um cachorro lambeu meu beiço, achou péssimo o gosto de sangue que escorria do nariz e foi embora, morri ali, por fim, sem condições, sem ter uma vida, sem alcançar meus objetivos, eu sabia que sentiria falta da cocaína no inferno, eu não queria ter morrido tão cedo, queria mulheres, uma ultima trepada, um ultimo delírio, um ultimo beijo, um ultimo abraço da minha garrafa de conhaque, mas nada mais surtira efeito, talvez fosse ser enterrado como indigente, não tinha documentos, ninguem sabia de onde viera, ninguem nunca soube por fim.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Ela e o mar.
Eu tinha um desejo enorme por ela, não sei se havia me apaixonado. Tinha
alguns desejos insolentes, quando ela tirava a roupa pra mim; eu fazia o que jamais
fizera antes, dizia que a amava, que a curtia, que a aspirava, que queria casar com ela. Mas logo gozava, íamos dormir e no outro dia era a mesma coisa. Jamais casamos.
Num certo dia fui trabalhar logo cedo, ela ficou arrumando a casa, abri o
guarda-roupas, não havia reparado que as roupas dela não estavam lá, mas jamais iria reparar eu a amava sem roupas e quanto menos ela tivesse, melhor era pra mim.
Trabalhei muito aquele dia, tomei duas ou três cervejas no almoço, dois
copos de conhaque. Paquerei a garçonete, comi dois torresmos fritos ao puro óleo, eram óleo puro.
Não queria voltar pra casa, passei na zona, tomei uma cerveja, depois um uísque, meu
dinheiro era escasso, resolvi não gastar com nenhuma trepada, talvez fosse melhor pra
comprar uma garrafa de vodca.
Cheguei em casa, havia uma carta dela dizendo que tinha ido embora pro mar, não sei, talvez ela foi pescar, voltaria alguma hora daquele dia, algum dia daquele mês,
mas voltou num ano dá próxima década.
- Amor, posso voltar e morar contigo?
- Se quiser, ficaí, mas tenho outra mulher.
- Tudo bem, mas eu ainda te amo, voltei por sua casa e vou te reconquistar.
- Tudo bem.
A outra mulher foi embora, eu não queria mais que ela visse a casa com
cheiro salgado de mar que a outra houvera trazido. Peguei a outra, tirei a roupa dela, disse que a amava, trepamos por noites inteiras e dias ativos, sol no céu, quentura na cama. Mas ela voltou tão débil e menina que perdi o encanto.
- faço uma proposta. disse ela.
- não aceito propostas, não quero mais nada.
Ela não havia percebido que era enjoativa, menina e puta. Todas elas eram
putas, algumas gostavam às vezes de alguma adoração. Como diria Anaïs Nin.
alguns desejos insolentes, quando ela tirava a roupa pra mim; eu fazia o que jamais
fizera antes, dizia que a amava, que a curtia, que a aspirava, que queria casar com ela. Mas logo gozava, íamos dormir e no outro dia era a mesma coisa. Jamais casamos.
Num certo dia fui trabalhar logo cedo, ela ficou arrumando a casa, abri o
guarda-roupas, não havia reparado que as roupas dela não estavam lá, mas jamais iria reparar eu a amava sem roupas e quanto menos ela tivesse, melhor era pra mim.
Trabalhei muito aquele dia, tomei duas ou três cervejas no almoço, dois
copos de conhaque. Paquerei a garçonete, comi dois torresmos fritos ao puro óleo, eram óleo puro.
Não queria voltar pra casa, passei na zona, tomei uma cerveja, depois um uísque, meu
dinheiro era escasso, resolvi não gastar com nenhuma trepada, talvez fosse melhor pra
comprar uma garrafa de vodca.
Cheguei em casa, havia uma carta dela dizendo que tinha ido embora pro mar, não sei, talvez ela foi pescar, voltaria alguma hora daquele dia, algum dia daquele mês,
mas voltou num ano dá próxima década.
- Amor, posso voltar e morar contigo?
- Se quiser, ficaí, mas tenho outra mulher.
- Tudo bem, mas eu ainda te amo, voltei por sua casa e vou te reconquistar.
- Tudo bem.
A outra mulher foi embora, eu não queria mais que ela visse a casa com
cheiro salgado de mar que a outra houvera trazido. Peguei a outra, tirei a roupa dela, disse que a amava, trepamos por noites inteiras e dias ativos, sol no céu, quentura na cama. Mas ela voltou tão débil e menina que perdi o encanto.
- faço uma proposta. disse ela.
- não aceito propostas, não quero mais nada.
Ela não havia percebido que era enjoativa, menina e puta. Todas elas eram
putas, algumas gostavam às vezes de alguma adoração. Como diria Anaïs Nin.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Cocaína V!
Eu tinha muita ressaca, aliás, a ressaca me tinha. Resolvi me levantar e ir à casa da Patricia, pedir desculpa pela atitude do dia anterior, claro que por interesse, eu tava morrendo de vontade de trepar com ela, ela de fato fazia falta, era uma das poucas mulheres que me incitavam a mentir só pra eu ter a presença dela. Eu tava com uma puta vontade de cheirar, eu passei na boca, mas era cedo, tive que me virar, pedi pro índio me dar alguma coisa ainda que fosse a sobra. Eu precisava muito, ele me deu, eu disse que pagaria depois. Era um pouco mais que três gramas, daria até a noite, eu esperava que desse mesmo, minha cabeça explodia, eu queria algo pra aliviar. Meu nariz estava doendo, inflamado talvez. Aquele dia não estava legal, era muito sol, muito vento, minha mãe havia ligado, como sempre eu não atendi, o que será que ela continuava pensando de mim? Lembro-me que uma vez ela me disse que eu era diferente dos meus irmãos, que eu era incomum, um bastardo, uma discrepância, que não parecia filho dela, que não tinha futuro, que eu não ligava pros sentimentos dela, nem da família. Aliás, eu não ligava pra sentimento de ninguem, e não era bem assim, eu ligava pros MEUS sentimentos e já era muita coisa.
Cheguei à casa da Patrícia, porta aberta como sempre, barulho de água caindo no banheiro, não quis incomodar, sentei no sofá, havia uma mesa no centro da sala, uma bagunça do caralho, eu era muito organizado, até pra cheirar eu precisava enfileirar bonitinho, enrolar o canudo com uma nota boa, não muito suja, mas a casa dela tava uma bosta mesmo, mas era uma casa muito bonita, como será que ela havia conseguido aquela casa? Ou, ainda que alugada, como ela fazia pra pagar o aluguel? Pensei em mim, se não fosse o dinheiro das coisas que eu escrevia alheio à título, pra qualquer bobagem, até discurso de vereadorzinho de cidade de 200 habitates, se não fosse ao menos isso, eu moraria na rua. Eu tava com vontade de ouvir música, liguei o som da Patricia, tocava Black Sabbath, aquilo me chapava ainda mais.
Ela saiu do banho, tão linda, tão cheirosa, com as bochechas rosadas, coçava o nariz incessantemente, a vagabunda tinha dado um tiro e não me chamou, mas foda-se, saiu do banheiro linda, eu pedi desculpas, ela mandou eu calar a boca, sentou no meu colo, abriu meu zíper, me beijou – ela sabia que beijar me excitava – e meu pau foi ficando duro, ela me beijava, estava pálida, coçou o nariz e desmaiou, vagabunda do caralho, não iria terminar o serviço? Há tanto eu esperava por mais uma trepada e a mina desmaia agora? Começou a tremer, enrolar a língua e quando dei por mim ela sem pulso, fria, e eu lá... com vontade de meter. Olhei pra ela, pensei em dar mais uma antes de lígar pra policia; mas lembrei do Jim do Buk, dar uma com uma viva às vezes já é foda, com uma morta deve ser cruel, liguei pra policia, passei o endereço, saí, encostei a porta, fui pra casa, tomei um conhaque no bar antes. E nunca mais a Patrícia apareceu, não sei se morreu de fato, não sei o que houve, sei que fiquei sem a porra da trepada, punheta não me agradaria aquela noite. E nunca mais conheci uma mulher daquela.
Abri os olhos, lembrei que com 25 anos a vida era melhor que com 48, meu estado era deprimente.
Ter uma vida vivida num cofre, tentar adivinhar o que a vida tinha de melhor sentido, já não era mais pra mim, que tem gente que confunde luxo com luxuria, sempre fui luxurioso, porém nunca luxuoso.
Já não comia muitas mulheres, aliás, não comia nenhuma, não tinha amor, tinha dois pulmões que me martirizavam, meus livros haviam vencido, a língua que eu falava mudara de sentido, haviam regras que não permaneciam mais, eu queria ler Bukowski, mas Bukowski não tinha mais. Queria uma casa, mas não tinha paredes, nem teto, nem rede. Queria um amor, mas não existia coração, até que não quis mais nada. Só um ou dois cigarros pra eu não passar a noite sem companhia.
Nunca tinha conhecido alguem mais doente que eu, mais debilitado, havia algum momento na vida em que eu tentava levantar, mas era só pra sentar na latrina outra vez e cagar tudo que tinha vivido, eu queria morrer, mas morrer não vingava – era de propósito que Deus me ressuscitava toda vez que eu morria.
Cheguei à casa da Patrícia, porta aberta como sempre, barulho de água caindo no banheiro, não quis incomodar, sentei no sofá, havia uma mesa no centro da sala, uma bagunça do caralho, eu era muito organizado, até pra cheirar eu precisava enfileirar bonitinho, enrolar o canudo com uma nota boa, não muito suja, mas a casa dela tava uma bosta mesmo, mas era uma casa muito bonita, como será que ela havia conseguido aquela casa? Ou, ainda que alugada, como ela fazia pra pagar o aluguel? Pensei em mim, se não fosse o dinheiro das coisas que eu escrevia alheio à título, pra qualquer bobagem, até discurso de vereadorzinho de cidade de 200 habitates, se não fosse ao menos isso, eu moraria na rua. Eu tava com vontade de ouvir música, liguei o som da Patricia, tocava Black Sabbath, aquilo me chapava ainda mais.
Ela saiu do banho, tão linda, tão cheirosa, com as bochechas rosadas, coçava o nariz incessantemente, a vagabunda tinha dado um tiro e não me chamou, mas foda-se, saiu do banheiro linda, eu pedi desculpas, ela mandou eu calar a boca, sentou no meu colo, abriu meu zíper, me beijou – ela sabia que beijar me excitava – e meu pau foi ficando duro, ela me beijava, estava pálida, coçou o nariz e desmaiou, vagabunda do caralho, não iria terminar o serviço? Há tanto eu esperava por mais uma trepada e a mina desmaia agora? Começou a tremer, enrolar a língua e quando dei por mim ela sem pulso, fria, e eu lá... com vontade de meter. Olhei pra ela, pensei em dar mais uma antes de lígar pra policia; mas lembrei do Jim do Buk, dar uma com uma viva às vezes já é foda, com uma morta deve ser cruel, liguei pra policia, passei o endereço, saí, encostei a porta, fui pra casa, tomei um conhaque no bar antes. E nunca mais a Patrícia apareceu, não sei se morreu de fato, não sei o que houve, sei que fiquei sem a porra da trepada, punheta não me agradaria aquela noite. E nunca mais conheci uma mulher daquela.
Abri os olhos, lembrei que com 25 anos a vida era melhor que com 48, meu estado era deprimente.
Ter uma vida vivida num cofre, tentar adivinhar o que a vida tinha de melhor sentido, já não era mais pra mim, que tem gente que confunde luxo com luxuria, sempre fui luxurioso, porém nunca luxuoso.
Já não comia muitas mulheres, aliás, não comia nenhuma, não tinha amor, tinha dois pulmões que me martirizavam, meus livros haviam vencido, a língua que eu falava mudara de sentido, haviam regras que não permaneciam mais, eu queria ler Bukowski, mas Bukowski não tinha mais. Queria uma casa, mas não tinha paredes, nem teto, nem rede. Queria um amor, mas não existia coração, até que não quis mais nada. Só um ou dois cigarros pra eu não passar a noite sem companhia.
Nunca tinha conhecido alguem mais doente que eu, mais debilitado, havia algum momento na vida em que eu tentava levantar, mas era só pra sentar na latrina outra vez e cagar tudo que tinha vivido, eu queria morrer, mas morrer não vingava – era de propósito que Deus me ressuscitava toda vez que eu morria.
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