quinta-feira, 29 de março de 2012

doce.

você tem sido como um mingau de aveia, pra minha fraqueza. Você tem me sustentado. Eu tenho medo, talvez receio, de dizer tudo isso. Porque não é justo eu lhe dar toda essa carga, mesmo sem haver promessa alguma.
mas no fundo, não é uma carga, no fundo é um balão azul, outro vermelho, outro verde e um pedaço de bolo com uns docinhos de festa infantil fazendo uma surpresa dentro de mim!

terça-feira, 27 de março de 2012

mentiras, livros e sexo.

Ela desdenhava de mim, dizia que o dia que eu falasse algo que prestasse, ela me pagava uma cerveja, enquanto isso, me pagava um boquete. Daqueles.
E você sabe, menina. Que eu fui um bom homem pra você, que te dei flores, amores, cervejas, sexo - que você sempre elogiou - sempre não, até terminarmos e você dizer que era péssimo, só pra me atacar.
Lembrar-se-á que eu era o homem que te segurava a mão pra atravessar a rua, e quando você for atravessar a rua, com outro homem, ele não vai ser tão protetor quando fora meu corpo.
E você vai saber, que não se pode esquecer, que das coisas mais vis que nos acometemos, o amor era a mais gritante.
E você vai tomar seus cafés e ao olhar para a xícara, verás na boda, que nem os deuses te aprovam com outro protetor.
E você um dia vai ler meus textos, e elogiará enfim, porque nem tudo é musica de Tom Jobim e ao menos, na literatura, não me taxarás mais de desafinado.
E lembrará que teus livros, estes teus escritores prediletos, vieram de minha predileção.
Quando eu escrever um livro, vou contar sobre as palavras que usei em forma de mentira pra te levar pra cama e meu livro nao tera fim!

Mulheres, leis e assédio!

Meu pai dizia que antigamente, no forró, roçar uma mulher era coisa pra cabra-da-peste, que era preciso gana e um pouco de ritmo. E eu me lembro ainda menino, meus amigos mais velhos, assobiando para uma mulher daquelas que passasse na calçada. Com os cabelos escorridos, saia ou calça que faziam com que sua bunda se agigantasse e os homens inspiravam o ar e soltavam um saudoso: fiu-fiu. Não sei se na inocência, mas crime não era. E a mulher sorria, com o canto da boca e passava o dia feliz com os elogios daqueles marmanjos pobres e cervejeiros da minha vila.

Com o passar dos anos, fui aprendendo a elogiar as guapas que passavam à minha frente e com muito esmero, mandava um 'fiu-fiu' pra uma prenda que passasse por ali. E sem falta de respeito e sem o crime, e sem o assédio.

E uma vez uma delas me disse: obrigado, meu rapaz. Mas você é muito novo pra saber o que é uma mulher gostosa ou não.

Eu não ligava, pra mim, no auge da adolescência, mulher gostosa era aquela que não acabrunhava minha mão, que me deixava, em meus pensamentos sólidos, à revelia da minha paixão.

Aprendi a lidar com algumas delas, e uma vez, um tapa no rosto, despertara minha primeira paixão. Os homens malandros, os pedreiros bêbados, os homens do bar mercenários, todos, eram os mesmos quando passava uma mulher vestida como uma deusa. Era ali, uma forma de adoração, o melhor do respeito que os homens podiam doar, o melhor do elogio que elas podiam receber.

Agora leio, que a cantada é assédio, que as mulheres não são objetos - e quem um dia achou que eram? - com certeza um homem que acha isso de uma mulher, jamais a achou gostosa pela bunda, pelos lábios, pelos cabelos ou pelos olhos e quem sabe, por um 'eu te amo' pós-coito.

Fato que as ameaças constitucionais, são tão chatas, tão ridículas e tão feias, que se fosse uma mulher, não receberia um 'fiu-fiu' ou 'gostosa' de homem algum na face da terra. Só de um politico ou outro, talvez!

sábado, 10 de março de 2012

Poema, conhaque e punhetas.

- Bom dia, Téo.
- Bom dia.
Era branca, como descrevia, dois olhos, nariz e boca, nada comuns.
Ana Cristina César, tu me lembras.
Você não acredita. Mas é uma honra.
- Quer um conhaque?
- Não, Téo. É hora do café-da-manhã!
Que tola.
Ela entrava esvoaçante, seus cabelos, iguais.
Você está aí?
Porque parece de mentira.
Duas coisas que precisam ser ditas. A primeira: você não é ruiva natural. Quando eu lia Bukowski, aos 15 anos, no banheiro da escola, cabulando aula, entre um intervalo e outro, eu socava uma bronha pra uma ruiva daquelas que ele citava. E você me pergunta se uma ruiva não natural, tambem merece uma punhetinha - não sei.
A segunda: preciso conhecer mais, pra saber, sobre a punheta. E não basta lê-la.
Você não merece uma punheta agora. Muito menos eu uma siririca.
Você sabe que tua arte é um adendo?
E você assim, entre palavras e ações, entre vertigios e dissimulações, soa-me como uma atriz fadada à morte.
Mas lógico. Com estes olhos. Com estes cabelos. Com estas palavras. Estes textos. Estes contos. Estas prosas. Sexismo todo. Brilho todo. Andar todo. Quase que me esqueço de lembrar que és humana. E és.
Morreremos.
Com ou sem conhaque no café-da-manhã, morreremos.
Com ou sem punheta e poesia, morreremos.
Então, sem perda de tempo, tome sua punheta. A morte pode adiantar tudo, mesmo o gozo.