terça-feira, 19 de julho de 2011

Carol, amor e Beethô!

Era um conhaque que eu havia pedido, e ela não estava lá ainda, virei o copo, abaixei a cabeça; tinha dores, senti como se tivesse apagado. Ouvi o barulho da porta do bar, desconexa, andava feito uma maluca, um corpo lindo, magra, olhos claros, cabelos lisos, curtos, uma bunda redonda, uma camiseta azul, de linha-não-sei-o-quê que dava pra ver seus mamilos, negros, à flor da pele. Eu ainda estava vivo e sentia-me vivo.
Sentou ao meu lado, mas não porque queria conversar comigo, o bar estava cheio, pediu uma vodca com soda, tomou em um só gole, não era deus quem estava ali, também não era o diabo, seria sacanagem. Levantou-se pra ir embora o garçom pediu o dinheiro, ela disse: ah, anota na conta desse bêbado aí. E apontou pra mim. Segurei-a pelo braço e disse que eu não pagava bebidas pra vagabundas, me deu um tapa na cara, segurei-a junto ao meu corpo, olhei em teus olhos e disse: vamos pra minha casa. Ela não hesitou, lógico, afinal, eu pagaria a conta.
Chegando a casa, eu queria ouvir Beethô, ela disse que queria ouvir Placebo. Eu queria trepar, ela queria beber. Eu nunca sabia ao certo o que as mulheres queriam e ainda diziam que eu era egoísta. Eu não era egoísta. Não sou.
Contou-me que era casada, que não largaria o rapaz pra ficar com qualquer homem. Você pode passar a vida procurando mulheres e nunca encontrará a certa. Um dia a correta lhe encontrará e não será mais a certa pra você! Você pode passar a vida sonhando com olhos azuis, bunda redonda, cabelo liso, curto, mas ao final, jamais terminará com seu sonho. O sonho dura uma noite a realidade dura o tempo todo, e é nela que esta a dor. Você pode sonhar com anjos, gaivotas, passeios nos parques de mãos dadas, comendo pipocas, vestidos longos, festas, bailes, tangos, amor. Mas sempre terminará com mendigos, pombos, praça da sé, pastores em pregação e uma puta queimação no estômago por causa do lanche barato.
Carol, Carol era seu nome, aliás, não era, mas era assim que eu gostava de chama-la. Das milhares de mulheres que apelidei até hoje, nenhuma era Carol, e Carol me excitava. Tirei o pau pra fora e ela não quis mais saber. Tirou Placebo do Play e foi se dirigindo à porta. Abriu, fechou e ouvi seus passos escada abaixo. Coloquei Beethô dessa vez, a terceira, explodiu dentro de mim um big bang, minutos depois a dor, horas depois o vazio e quando acordei, febril, lábios rachados e dizia insistentemente: Ah, como te amei, Carol. A terceira sinfonia já não rolava mais, não havia mais mulher – era assim toda vez. E meu zíper não fechava mais. Era um pau à espera da companheira perfeita. Mas agora, era meu coração quem dava falta.

4 comentários:

Nivea Audrey disse...

Intenso!

MichelCardoso disse...

visceral como tem que ser pra ser bom!

Janaina Cruz disse...

" Camara acredito em tanta coisa que não vale nada..." (Isso é de Sakank viu?! ) rs

Bem, vejamos por onde começo a escrever algo meio lógico aqui.

Intenso e visceral, já falaram antes, eu prefiro colocar aqui: Louco!

Meu marido diz que não confia em ninguém sóbrio, de quebra, ele me chama de in.confiável ( pra não falar não confiável ), eu prefiro não tomar nada que seja alcóolico, já me basta a loucura que me segue mesmo almejando a sobriedade a sanidade um besteirol chamado razão...

Sigo-te!

Abraços

Unknown disse...

Ode à solidão! Me indentifiquei e me vi totalmente no texto quando li!

Você tirou mais do que o pau pra fora da calça, tirou o coração de dentro do peito!

Vc é foda! Vc é viceral!