Isso talvez seja um poema.
O primeiro que escrevo sóbrio.
Talvez você não saiba a realidade dele,
porque o poema é um poema,
e viver sem a bebida não é poema.
Não tem copo onde encontrar a dor,
não que toda poesia tenha que ter dor,
não que toda poesia tenha que ter verdade,
não que toda poesia tenha que ser ambígua,
isso tudo reserva-se somente às boas.
Não que toda bebida tenha que
ser despejada em cima das palavras.
Mas não há como molha-las;
não há como hesita-las,
risca-las com um lápis,
sem que haja um novo pensamento melhor por cima.
Não há como ter um pensamento melhor por cima,
sem que haja um conhaque ou um vinho.
Por isso, agora, isso NÃO é um poema.
Porque eu não acredito.
Porque não tem álcool.
Porque não existo sóbrio.
Alguém há de dizer que são palavras fortes, mas tamanha é a força do texto de Téo e do seu grito, que não haveria como dizer deles, se não fosse com força. Se você é capaz de enxergar a ternura encoberta pelo mito do forte que tem medo de que percebam sua doçura, então é capaz de amar este blog. por Ana da Cruz.
terça-feira, 22 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
Wagner, Idílio e aberração.
Era necessário, que a partir daquele momento, eu criasse uma idéia nova, visto que todas as mulheres daquele antro me conheciam e sabiam muito bem das minhas mentiras, mas eu precisava de uma trepada. Ela entrou estonteante, com seus cabelos esvoaçantes, ruivos, hidratados e uma roupa que mais parecia uma camisola, daquelas mais sexys, que não me lembro o nome. Parecia comercial da aloe e vera ou qualquer outra baboseira dessas que enganam as mulheres e as fazem de idiotas num comercial de televisão.
E os homens olhavam, babavam, um cara me tocou e disse: Puta que pariu, que mulher deliciosamente puta. Estes caras quase nunca sabiam como realmente identificar uma puta, as putas eram deusas, essa não era puta, era mais que isso, e não era o andar, nem eram os cabelos, nem era a cor do seu cabelo, muito menos a roupa, talvez fosse o mistério que a tornasse sexy. Vi um por um, chegando nela, pagando cervejas, gin tônica e uísque, até que todos saíam bêbados e ela ainda lá, bebendo, como se fosse a primeira. Talvez houvesse descoberto meu verdadeiro amor, talvez aquilo fosse motivo do meu tesão, meu pau ficou duro praquela mulher, ali, ao balcão, sentado e matutando de que planeta houvera chegado aquela deliciosa aberração.
- Olá, posso me sentar contigo? – eu disse.
- Vais pagar o que pra mim?
- Ah, eu esperava que isso fosse por sua conta.
- Não pago bebidas pra homens!
- E em que isso difere o contrário?
- O orgulho feminino.
- Vocês são todas iguais.
- Te garanto que não.
- Pode ser que não sejam na cama, mas as que não são boas, acabam sendo um dia, dependendo do pau que encontram.
- Vocês homens também são iguais, só pensam em sexo.
- Sim, mas ser homem é mais divertido, melhor pensar no sexo que no amor, os dois machucam, porem um machuca por muito ter e outro machuca por pouco ter.
- O que quer dizer?
- Gosta de Wagner?
- Quem é Wagner?
- Vamos em casa que eu te mostro, gracinha.
Eu já havia tomado algumas boas doses de conhaque, ela muito mais, posso garantir, e pra rivalizar os sexos a cada um que eu pedia, ela pedia dois, era uma filha da puta versão de Golias, mas tanto faz, esperava mesmo é que ela me fizesse gozar. Os caras do bar a viram levantar, ela tinha duas pernas, digo duas pernas maravilhosas, se ela tivesse só uma, já seria ótimo, nem todas as mulheres que eu já havia visto em revistas pornôs ou pessoalmente ainda que tivesse quatro, digo, nem se juntasse todas as mulheres, chegariam num nível de pernas daqueles. Era como um oleiro, doido, pra apalpar sua cerâmica, aquilo era puro barro, pura arte, era como ler Reinaldo Moraes ou Irvine Welsh, era um orgasmo visual e cerebral, tirei meu pau pra fora, embaixo da mesa, iria bater uma pra ela, mas ela me mandou parar de ser idiota, fechou meu zíper, me segurou pela mão e disse ao pé do meu ouvido que tinha gostado de mim e que queria ir pra casa, conhecer o Wagner. Segurou minha mão, jogou uma nota de cem em cima do balcão, disse pro garçom ficar com o troco, todo mundo me olhava, bêbado, tropicando, com uma mulher daquela me segurando pelo braço. Abriu a porta do bar, me jogou no carro dela, não me lembro que carro que era, caminhávamos pelas ruas a dez mil por hora, meu estômago revirava, eu jamais havia achado alguém que bebia mais que eu, não vomitava antes de chegar a minha casa e enfiar o dedo na goela pra ter mais forças pra beber mais.
Deus, eu havia achado o diabo. Você pode sempre achar que sua vida está perdida, que você está afundado na merda e sabe que há muita gente igual a você por aí, que se mexer, pode feder mais. Acontece que pode piorar.
Ela abriu meu zíper, segurando meu pau e dizendo: Pronto, meu brinquedinho, agora me mostre seu Wagner. Porra, não é possível, ela não fez isso, foi como me livrar da bebedeira, num acesso de raiva, levantei, fechei o zíper, coloquei o Idílio pra rolar, ela reconheceu, disse que amava ouvir Mahler, que tocava violoncelo. Começou a falar, falar muito, como todas as outras mulheres, dormi, acordei sem roupa, com muita dor de cabeça – você não pode extrapolar seus limites quando não tem mais 20 anos, você não pode deixar de comer uma mulher porque ela quer conhecer Wagner – o verdadeiro – você não pode dormir quando elas conversam, você não pode confiar sua vida à elas quando bêbado... Ela não estava lá, não havia preparado café amargo e não havia lavado os copos sujos de vinho da noite anterior. Não achava meu Idílio, você não pode confiar seu Idílio a uma mulher, não o de Siegfried.
E os homens olhavam, babavam, um cara me tocou e disse: Puta que pariu, que mulher deliciosamente puta. Estes caras quase nunca sabiam como realmente identificar uma puta, as putas eram deusas, essa não era puta, era mais que isso, e não era o andar, nem eram os cabelos, nem era a cor do seu cabelo, muito menos a roupa, talvez fosse o mistério que a tornasse sexy. Vi um por um, chegando nela, pagando cervejas, gin tônica e uísque, até que todos saíam bêbados e ela ainda lá, bebendo, como se fosse a primeira. Talvez houvesse descoberto meu verdadeiro amor, talvez aquilo fosse motivo do meu tesão, meu pau ficou duro praquela mulher, ali, ao balcão, sentado e matutando de que planeta houvera chegado aquela deliciosa aberração.
- Olá, posso me sentar contigo? – eu disse.
- Vais pagar o que pra mim?
- Ah, eu esperava que isso fosse por sua conta.
- Não pago bebidas pra homens!
- E em que isso difere o contrário?
- O orgulho feminino.
- Vocês são todas iguais.
- Te garanto que não.
- Pode ser que não sejam na cama, mas as que não são boas, acabam sendo um dia, dependendo do pau que encontram.
- Vocês homens também são iguais, só pensam em sexo.
- Sim, mas ser homem é mais divertido, melhor pensar no sexo que no amor, os dois machucam, porem um machuca por muito ter e outro machuca por pouco ter.
- O que quer dizer?
- Gosta de Wagner?
- Quem é Wagner?
- Vamos em casa que eu te mostro, gracinha.
Eu já havia tomado algumas boas doses de conhaque, ela muito mais, posso garantir, e pra rivalizar os sexos a cada um que eu pedia, ela pedia dois, era uma filha da puta versão de Golias, mas tanto faz, esperava mesmo é que ela me fizesse gozar. Os caras do bar a viram levantar, ela tinha duas pernas, digo duas pernas maravilhosas, se ela tivesse só uma, já seria ótimo, nem todas as mulheres que eu já havia visto em revistas pornôs ou pessoalmente ainda que tivesse quatro, digo, nem se juntasse todas as mulheres, chegariam num nível de pernas daqueles. Era como um oleiro, doido, pra apalpar sua cerâmica, aquilo era puro barro, pura arte, era como ler Reinaldo Moraes ou Irvine Welsh, era um orgasmo visual e cerebral, tirei meu pau pra fora, embaixo da mesa, iria bater uma pra ela, mas ela me mandou parar de ser idiota, fechou meu zíper, me segurou pela mão e disse ao pé do meu ouvido que tinha gostado de mim e que queria ir pra casa, conhecer o Wagner. Segurou minha mão, jogou uma nota de cem em cima do balcão, disse pro garçom ficar com o troco, todo mundo me olhava, bêbado, tropicando, com uma mulher daquela me segurando pelo braço. Abriu a porta do bar, me jogou no carro dela, não me lembro que carro que era, caminhávamos pelas ruas a dez mil por hora, meu estômago revirava, eu jamais havia achado alguém que bebia mais que eu, não vomitava antes de chegar a minha casa e enfiar o dedo na goela pra ter mais forças pra beber mais.
Deus, eu havia achado o diabo. Você pode sempre achar que sua vida está perdida, que você está afundado na merda e sabe que há muita gente igual a você por aí, que se mexer, pode feder mais. Acontece que pode piorar.
Ela abriu meu zíper, segurando meu pau e dizendo: Pronto, meu brinquedinho, agora me mostre seu Wagner. Porra, não é possível, ela não fez isso, foi como me livrar da bebedeira, num acesso de raiva, levantei, fechei o zíper, coloquei o Idílio pra rolar, ela reconheceu, disse que amava ouvir Mahler, que tocava violoncelo. Começou a falar, falar muito, como todas as outras mulheres, dormi, acordei sem roupa, com muita dor de cabeça – você não pode extrapolar seus limites quando não tem mais 20 anos, você não pode deixar de comer uma mulher porque ela quer conhecer Wagner – o verdadeiro – você não pode dormir quando elas conversam, você não pode confiar sua vida à elas quando bêbado... Ela não estava lá, não havia preparado café amargo e não havia lavado os copos sujos de vinho da noite anterior. Não achava meu Idílio, você não pode confiar seu Idílio a uma mulher, não o de Siegfried.
terça-feira, 1 de março de 2011
Alquimia de merda.
Estava em pé, na porta do bar, cigarro na mão e um aroma de café que se fosse com conhaque seria ótimo. E eu não sabia o que pensar, estava entre o ser e não ser, atuar ou não, fingir ou não, mas eu sempre fingia. A vida pode passar facilmente entre os dedos ou impregnar no cheiro de cigarro pra que você possa se lembrar dela. A vida pode descer dura feito merda que arromba o teu rabo ou pode passar despercebida como o conhaque que embica em goles com a cerveja pra quebrar a deficiência entre uma bebida e outra – de qualquer forma há de sentires o gosto e a dor da vida. Ou você pode simplesmente acabar na porta do bar, com cigarro na mão, sentindo aroma do café que seria maravilhoso com o conhaque e fingir, fingir a fim de alcançar à perfeição. Se tiveres uma ou duas mulheres, se não tiveres acaba no mesmo lugar, algumas vezes ajoelhado, implorando pra que seja rápido, querendo foder com Max Weber pra ele sentir a real necessidade de uma rola no cu quando se inibe a inteligência de alguém pela burocracia. Não se pode sustentar a inteligência das pessoas com pequenos goles de água e miolos de pão. É necessário muito ardor, muita febre, muita necessidade, muitos caminhos, muitas declarações bizarras, muitos pensamentos pervertidos, muita desunião, muita sinceridade, falta de amigos e o inferno pra se chegar à liberdade. A única igualdade entre beber e sonhar é que se, por algum acaso, queres chegar a algum lugar real, é necessário que se limite, nas duas coisas. Às vezes o excesso de álcool não faz tão mal quanto o excesso de sonhos, mas, ainda assim, controle-se. Não seja monomaníaco, não se confranja com todas as ideologias absurdas que há de encontrar pela frente. Absorva um pouco de cada uma. Não se esquece de que lutar contra ideológicos é mais complicado que lutar contra criminosos, não esteja atento a tudo que está à sua volta, às vezes, diante da surpresa, seu cérebro pensa melhor condizendo ideias. E caminhe, ainda que sem direção... Não pare em pé, na porta do bar com cigarro na mão e um aroma de café que se fosse com conhaque seria ótimo. E não finja sempre. Não sempre...
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