Alguém há de dizer que são palavras fortes, mas tamanha é a força do texto de Téo e do seu grito, que não haveria como dizer deles, se não fosse com força. Se você é capaz de enxergar a ternura encoberta pelo mito do forte que tem medo de que percebam sua doçura, então é capaz de amar este blog. por Ana da Cruz.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Sexo, morte e boom...
As pessoas me rodeavam, o bar estava cheio, não sabia ao certo o que havia acontecido, mas havia muito sangue, as cervejas já vazias tremiam sobre a mesa e a mesa, a mesa parecia feita de papel. Ouvia gritos parecia que em algum momento poderia piorar, um homem cortado pela metade ao meu lado, duas mulheres que se beijavam no canto do bar, dois homens que trepavam em cima do balcão e eu no chão. Não sabia como agir, alguns que ligavam pro homem que definhava ao meu lado, alguns que cuspiam na minha cara e outros que elevavam o prazer carnal. Um fetiche, ou estavam simplesmente se despedindo do jeito que podiam. Achara que fosse o fim do mundo, achara que o homem que tocava um folk ao lado de fora estivesse à espera da vinda de Jesus Cristo. E as mulheres que me odiavam estavam todas ali, olhando pra mim, cuspindo em mim, pisando em mim, meus olhos inchados, meu nariz sangrando, o caos, a arte, o desejo, o sexo, as mortes, tudo no mesmo lugar. A humanidade deixara de ser humana há muito tempo e eu me corrompia, gritei ao dono do bar que me servisse a ultima dose de conhaque, ao menos era o que eu achava que seria, você pode fazer qualquer coisa quando acha que está prestes a morte, então faça qualquer coisa como se esperasse a morte; independente do que esteja acontecendo. Se sua saúde estiver boa, se sua fé se mantem intacta, se seus poros não fedem tanto quanto acha que deveriam feder numa situação de morte. Se seu ego não é o mesmo de anos atrás, se você está feliz, se não está feliz, se a morte estiver distante, simplesmente faça. E entrou uma mulher linda, de cabelos ruivos, de olhos grandes e castanhos, de um sorriso imenso e contagioso, com unhas bem feitas, um esmalte bonito, marrom, uma blusa branca, uma calça jeans e um tênis, a roupa pouco importava, porque se não fosse de gala, ainda assim parecia que tudo era uma festa. E ela saca uma arma, aponta pra mim e diz: é na cara, seu filho da puta. Na cara, pra entrar no cérebro, desgraçado. – O cara do bar gritou pra antes esperar eu tomar meu conhaque, trouxe, me segurou pela cabeça, me levantou, me deu o conhaque, se afastou e boom...
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Cerveja, frango e cigarros.
Quando a encontrei sabia exatamente o que queria. Fato é que as cervejas não estavam tão aguadas aquele dia e que o frio posterior ao calor era impactante. Que não existia o diabo, que deus era um ponto de referência e que o amor, ah, o amor, não se podia ter certeza. Numa cidade em que você vive a vida sem muitas relações com as pessoas que se garoam mais que o tema, que escorrem no asfalto, que entram pelo bueiro e somem e depois vai saber se encontra num carnaval, numa praia, depois de uma caminhada pelo rio Tietê! Talvez fosse a primeira vez e ultima. Talvez não fosse nem a primeira vez, você tinha tanta certeza que ali, aquele encontro, entre cervejas e frango a passarinho, cigarros de filtro branco e outros de filtro vermelho, vermelho pelo bairro rodeando o tema japonês, a fim de não sei o que a não ser brilhar teus olhos, você poderia morrer. Agora sim, você pode morrer e eu sorria.
Ter a oportunidade de se lançar ao acaso que ela correspondera, ter a oportunidade de amar uma mulher pelo sorriso e sem ter a exata precisão do corte, sentir seu coração pulsando na palma da mão e perdera aquele seu extinto tão somente libertino pra aprender que agora, agora já não era tão tarde quanto se imaginava, ela segurava minha mão e me dizia que estava com cara de derrotada e não sabia como eu a poderia achar linda. Mas achava.
Fumar um cigarro, ter a sorte de reencontrar o ex-namorado dela passando por ali, um amigo, quiçá. E você vai andando pelo pensamento e relembra que muitas vezes teve mulheres num tom esclerosado e que não tinha desejo de deitar ao lado de outras, mas se ela quisesse o colo tava livre, o coração quase cheio dessa felicidade toda. E que a boca era linda, os olhos brilhantes o cheiro como nenhuma outra. Não se pode resistir: Cala a boca. E beijei, é, era mais do que esperava. Era macio, preciso e arredio. Acabei caindo em tentação e não paramos. Por fim, sete cervejas, frango a passarinho, cigarros, frio e um monte de beijinhos. E nos despedimos. “Belezas são coisas acesas por dentro” (Otto) – e o metrô não era chato cheio, o trem não demorou muito e o bar foi o próximo destino, desacompanhado.
Ter a oportunidade de se lançar ao acaso que ela correspondera, ter a oportunidade de amar uma mulher pelo sorriso e sem ter a exata precisão do corte, sentir seu coração pulsando na palma da mão e perdera aquele seu extinto tão somente libertino pra aprender que agora, agora já não era tão tarde quanto se imaginava, ela segurava minha mão e me dizia que estava com cara de derrotada e não sabia como eu a poderia achar linda. Mas achava.
Fumar um cigarro, ter a sorte de reencontrar o ex-namorado dela passando por ali, um amigo, quiçá. E você vai andando pelo pensamento e relembra que muitas vezes teve mulheres num tom esclerosado e que não tinha desejo de deitar ao lado de outras, mas se ela quisesse o colo tava livre, o coração quase cheio dessa felicidade toda. E que a boca era linda, os olhos brilhantes o cheiro como nenhuma outra. Não se pode resistir: Cala a boca. E beijei, é, era mais do que esperava. Era macio, preciso e arredio. Acabei caindo em tentação e não paramos. Por fim, sete cervejas, frango a passarinho, cigarros, frio e um monte de beijinhos. E nos despedimos. “Belezas são coisas acesas por dentro” (Otto) – e o metrô não era chato cheio, o trem não demorou muito e o bar foi o próximo destino, desacompanhado.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Ladainha pra boi-dormir!
Fazia as coisas se aprofundarem mais divinamente, era de fato uma das minhas qualidades, minha imaginação fluía lentamente, como quem quisera conquistar o cabo das tormentas. E se deus não se fazia presente, era minha vez de abençoar a água que pungia minha vida de esperanças: a cerveja.
E todas estavam presentes ali, na minha frente, qual quisesse, entre o amor e a alma, o dilúvio no navio era quase que um dos destinos de Hitchcock. Há muito tempo não pensava em nada que pudesse desfazer minha sensação anestésica, as mulheres, as dividas, o sexo, a dor do corpo, mas chegava uma hora que bastava extirpar e extirpar a mim era a única coisa que não sabia fazer divinamente. Falta de coragem, talvez.
E bebia, a mesa cheia de garrafas vazias e eu pedia mais, e o garçom, muito meu amigo, trazia duas e cobrava uma, ele sabia o que eu passava, na verdade ele havia me dito que fazia isso porque tinha raiva do dono do bar, mais tarde descobri que o dono do bar era ele mesmo. E pensava que todas as pessoas, todos os seres humanos, tinham nojo de si mesmos em algum momento na vida, fosse pelo que fosse e fazia questão de cutucar a ferida pra que a coisa fosse mais realista. Você pode passar pela vida tocando sinos, ouvindo sermões, tentando seguir uma vida mais confortável e ter à frente um motivo pra acreditar que essa clausura é incontestável porque tens o céu logo adiante. Entre o inferno e o céu, qual? Ou você pode simplesmente esquecer tudo isso, deixar de lado, sentir-se bêbado pela cerveja que foi criada pelo homem mais filho-da-puta do mundo e que devo agradecê-lo até a morte. Sentir-se feliz pelas mulheres que desfilam nuas à sua frente na zona que freqüentas desde os seus dezoito anos e cada semana tem uma mulher diferente à sua espera. Você tem que passar a vida com seus problemas, é inevitável, porem, entre martirizar-se à espera do perdão divino e aproveitar enquanto há tempo na sua única chance de viver pra ser o que és de fato, o que fazes? Eis seu “eterno retorno” e Nietzsche há de concordar com essa ladainha dos infernos.
E todas estavam presentes ali, na minha frente, qual quisesse, entre o amor e a alma, o dilúvio no navio era quase que um dos destinos de Hitchcock. Há muito tempo não pensava em nada que pudesse desfazer minha sensação anestésica, as mulheres, as dividas, o sexo, a dor do corpo, mas chegava uma hora que bastava extirpar e extirpar a mim era a única coisa que não sabia fazer divinamente. Falta de coragem, talvez.
E bebia, a mesa cheia de garrafas vazias e eu pedia mais, e o garçom, muito meu amigo, trazia duas e cobrava uma, ele sabia o que eu passava, na verdade ele havia me dito que fazia isso porque tinha raiva do dono do bar, mais tarde descobri que o dono do bar era ele mesmo. E pensava que todas as pessoas, todos os seres humanos, tinham nojo de si mesmos em algum momento na vida, fosse pelo que fosse e fazia questão de cutucar a ferida pra que a coisa fosse mais realista. Você pode passar pela vida tocando sinos, ouvindo sermões, tentando seguir uma vida mais confortável e ter à frente um motivo pra acreditar que essa clausura é incontestável porque tens o céu logo adiante. Entre o inferno e o céu, qual? Ou você pode simplesmente esquecer tudo isso, deixar de lado, sentir-se bêbado pela cerveja que foi criada pelo homem mais filho-da-puta do mundo e que devo agradecê-lo até a morte. Sentir-se feliz pelas mulheres que desfilam nuas à sua frente na zona que freqüentas desde os seus dezoito anos e cada semana tem uma mulher diferente à sua espera. Você tem que passar a vida com seus problemas, é inevitável, porem, entre martirizar-se à espera do perdão divino e aproveitar enquanto há tempo na sua única chance de viver pra ser o que és de fato, o que fazes? Eis seu “eterno retorno” e Nietzsche há de concordar com essa ladainha dos infernos.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Aznavour e o acaso.
Ela havia acordado num dia diferente de todos os outros. E pensava que ali, aquele momento, num domingo o acaso lhe seria mais grato que o normal. Era vaidosa, tinha mais de 300 tipos de esmaltes, creme pras mãos, cabelos, tinha um espelho grande no quarto, era a fim de soluções diversas pros cabelos, agora, estava dourado. Pintou as unhas com um vermelho inconfundível, abriu as mãos, olhou bem e pensou: muito puta? Claro que não. Depois do banho, uma espichada de Poivre Caron, lingerie negra, mais que provocante, um vestido roxo, uma bela analisada no decote e se diz gostosa o suficiente pra enfrentar o acaso. Frente ao espelho, olha pro teto, como se acreditasse em deus o suficiente pra agradecer pela beleza que houvera feito.
Ele liga pra ela, e diz que não está bem, mas ela não precisa se importar, ela pede pra dizer o que acontece, ele diz que não está bem, e não sabe muito bem de onde vem e que pensar efusivamente tem condicionado o coração a bombar no mesmo sentido. E que ela é apaixonante, que seu cheiro de baunilha vara as madrugadas acompanhado no vento sulista e blablabá e ela desliga o telefone pra não ouvir nada que pudesse desfazer o acaso. Ele ouve o tun-tun-tun como se fossem passos de um bicho na floresta vindo aterroriza-lo, não faz sentido, bebe mais um pouco de uísque, acende um cigarro, sente o corpo fedido, lembra de não tomar banho há três dias e que ela faz tanta falta que parece que já faz parte do passado enquanto azvanour toca “she” no lado oposto do long play e ouve o barulho dos riscos mas que tanto faz também porque agora-é-a-hora-que-deus-castiga-pelo-tormento-do-amor-aquele-que-desdenhou-tanto-tempo-mulheres-em-troca-de-conhaques.
Ela chega na temakaria, ouvira no táxi que estava bela demais pra estar desacompanhada, mas não esquecera que o acaso estava preparando algo, e que algo seria mais que uma companhia boa e um salton. Comeu um shimeji, limpava delicadamente com guardanapos pra não tirar da boca o desenho que o batom havia feito divinamente, o garçom simplesmente adorava aquela que estava ali sentada, com olhos brilhantes à espera do acaso. Telefone toca e ela olha, pensando que pode ser o idiota novamente querendo se declarar. Atende a fim de exalar menosprezo, mas não, é outro, ela o convida, ele aceita, o acaso estava firmado. Quando chega, senta ao lado dela, da-lhe um beijo no canto da boca, ela olha no espelho pra ver se manchou, sente a calcinha umedecer, pensa no que estava ruim ao telefone, sacode a cabeça, como um gesto possível de esquecer algo que angustia, chama o rapaz pra sair dali, ele diz querer um temaki antes, ela fala que depois, vão pro quarto dele, cheira sexo, bebidas e cigarros, ela o ama, como se fosse o acaso, lisonjeando e o adorando pela chance do prazer, ouvindo save your scissors do Dallas Green que o ouro havia apresentado, mas que agora este lhe estocava unicamente um pinto, que era o único sentido que ela queria naquele domingo.
Acordou dolorida, ressacada e com um gosto de cogumelos na boca. Que shimeji delicioso aquele – refletia, enquanto abria o sorvete corneto que gostava e se deliciava como se fosse criança. E se lembrava d’Ele, com dó, por ter enchido a cara, ouvido Aznavour e ter tido à fora a chance de ter se entregado ao amor, que ela preferia nomear de acaso. Ele fuma o ultimo cigarro, bebe o ultimo gole de uísque, quebra o Aznavour e dorme durante o dia, mais um, sem tomar banho.
Ele liga pra ela, e diz que não está bem, mas ela não precisa se importar, ela pede pra dizer o que acontece, ele diz que não está bem, e não sabe muito bem de onde vem e que pensar efusivamente tem condicionado o coração a bombar no mesmo sentido. E que ela é apaixonante, que seu cheiro de baunilha vara as madrugadas acompanhado no vento sulista e blablabá e ela desliga o telefone pra não ouvir nada que pudesse desfazer o acaso. Ele ouve o tun-tun-tun como se fossem passos de um bicho na floresta vindo aterroriza-lo, não faz sentido, bebe mais um pouco de uísque, acende um cigarro, sente o corpo fedido, lembra de não tomar banho há três dias e que ela faz tanta falta que parece que já faz parte do passado enquanto azvanour toca “she” no lado oposto do long play e ouve o barulho dos riscos mas que tanto faz também porque agora-é-a-hora-que-deus-castiga-pelo-tormento-do-amor-aquele-que-desdenhou-tanto-tempo-mulheres-em-troca-de-conhaques.
Ela chega na temakaria, ouvira no táxi que estava bela demais pra estar desacompanhada, mas não esquecera que o acaso estava preparando algo, e que algo seria mais que uma companhia boa e um salton. Comeu um shimeji, limpava delicadamente com guardanapos pra não tirar da boca o desenho que o batom havia feito divinamente, o garçom simplesmente adorava aquela que estava ali sentada, com olhos brilhantes à espera do acaso. Telefone toca e ela olha, pensando que pode ser o idiota novamente querendo se declarar. Atende a fim de exalar menosprezo, mas não, é outro, ela o convida, ele aceita, o acaso estava firmado. Quando chega, senta ao lado dela, da-lhe um beijo no canto da boca, ela olha no espelho pra ver se manchou, sente a calcinha umedecer, pensa no que estava ruim ao telefone, sacode a cabeça, como um gesto possível de esquecer algo que angustia, chama o rapaz pra sair dali, ele diz querer um temaki antes, ela fala que depois, vão pro quarto dele, cheira sexo, bebidas e cigarros, ela o ama, como se fosse o acaso, lisonjeando e o adorando pela chance do prazer, ouvindo save your scissors do Dallas Green que o ouro havia apresentado, mas que agora este lhe estocava unicamente um pinto, que era o único sentido que ela queria naquele domingo.
Acordou dolorida, ressacada e com um gosto de cogumelos na boca. Que shimeji delicioso aquele – refletia, enquanto abria o sorvete corneto que gostava e se deliciava como se fosse criança. E se lembrava d’Ele, com dó, por ter enchido a cara, ouvido Aznavour e ter tido à fora a chance de ter se entregado ao amor, que ela preferia nomear de acaso. Ele fuma o ultimo cigarro, bebe o ultimo gole de uísque, quebra o Aznavour e dorme durante o dia, mais um, sem tomar banho.
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