terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

woman in a box.

Começamos com ela me corrigindo so“m”brancelhas.
Ela estava muito oculta, não sabia de onde vinha. De repente apareceu n’uma caixa de vidro, nossa, era linda. Não era pálida, mas era branca, não era chata, mas era menina, não era mulher, mas tinha corpo de uma, foi aí que usei a palavra certa pela primeira vez:
- Você tem uma sobrancelha linda.
N’ela continha olhos que sorriam, havia um nariz bem desenhado, parecia feito por um compasso, sorriso lindo e a cada expressão lançava um diferente do primeiro. Ela me excitava, cara. Eu tinha nela o contexto que fora falso pra tantas outras mulheres anteriores que eu pude tocar, mas ela estava ali, na caixa de vidro.
Começou a me seduzir; era tremendamente gostosa, tinha uma bunda redonda, seios pequenos, mas duros, não, diria – medianos. E minhas mãos ansiavam a botá-las na palma, mas encostava no vidro, nada sentira, nada sentiria, nada senti. Queria dar-lhe o céu – eu estava apaixonado – ainda que eu ache que pra ela serviria se lhe desse só as estrelas ou meu pau pra lhe satisfazer. Ela estava tão excitada, ela tirou a roupa dentro do vidro, ficou nua, me mostrou a boceta, enfiou um dedo na boceta, ficou de quatro encostada no vidro – me masturbei pra ela.
Tinha vontade de abraçá-la e a cada vez que sorria tomava mais um canto do centro de mim e sentia-me centrado nela. Queria deixar de ler Bukowski aonde eu estava, queria somente ler Manuel Bandeira e dizer a ela: E te amo como se ama um passarinho morto.
Ela conseguia me ouvir por um fone, um microfone sei lá, eu não sabia a qual andava minha consciência, quais eram meus cinco sentidos, estava me sentindo como que um peixe de dois metros, num aquário de um. Eu gritava, ela me ouvia e acenava com a mão pra eu falar mais baixo então eu disse: Você é tão gostosa – Era o máximo que eu conseguia em se tratando de romantismo.
Imaginava-me junto a ela, ali, na caixa de vidro, que parecia ser mais extensa do que o que me parecia, conseguia ver sofás, quadros, cores, a via tão deliberadamente sem pudor, que era a vida que eu tinha sonhado pra mim, mas acho que não ela à ela.
Logo tirou um telefone de não sei aonde. Uai, ela estava nua e de onde viera? Não consegui ver de onde porque houvera virado a cabeça pra tentar me esquivar de mais paixões.
Tocou o meu telefone e alguem me perguntou:
- Quem é você? – com uma voz extremamente sulista e sexy.
- Sou o Téo.
Ela desligou o telefone e nunca mais vi a caixa de vidro, nunca mais vi a guria dentro da caixa, nem fora, nem eu.

4 comentários:

Angélica Maria disse...

Seus contos, poemas, frases, esse seu pensar- inda mais hoje com combinação corpo e alma aqui comigo- sempre deliciosos.

Pati* disse...

Sabe o que me encanta?
Vc não escreve apenas sentimentalismo, nem carrega na forma ou no cultismo ao extremo como vejo muitos fazendo por ai...
A expressão do encanto despertado pela moça do vidro, mas também do tesão - que marcam essa dualidade espírito-carne que existe naturalmente em todo nós.
Quanto ao que chamam de "canalhice",pra mim essa ousadia tanto na temática quanto no vocabulário são as peculiaridades que definem a originaludade do seu estilo literário. Abraços

Luciana Lívia disse...

Poesia e sensualidade... admirei muito.

Beijos grande Téo, sucesso a nós.

L.L.

Dindhy disse...

Sinto muito orgulho em saber que esse poema tão lindo foi inspirado em mim. Muito obrigada, Téo!
Um grande abraço.
A mulher na caixa de vidro.