domingo, 1 de fevereiro de 2009

Cheers.

Descia degrau por degrau com os olhos marejados, estava triste, desesperado, o coração estava a ponto de explodir. Seu corpo tremia, suas mãos suavam – estava cada vez mais distante do que poderia ser naturalidade. Sentia falta de algo que não sabia, buscava esconder-se em algo que não deveria, tentava-se achar em cada lance de escada, jogado no canto, no reboco da parede, no corrimão enferrujado, nos bocais queimados no teto, no forro cheio de cupim, nos brindes sem gosto de vida, na vida com gosto de morte; onde ninguem houvera procurado.
Foi ao bar, tomou cervejas, viu mulheres, escreveu um ou dois poemas num guardanapo, depois amassou-os e tocou fogo com o isqueiro que acabara de acender um cigarro, estava embebedando-se. Arrumou uma companhia, voltou ao quarto – agora subindo os degraus desesperadamente – levantou a saia da moça, comeu até senti-la escorrendo no pau dele e depois pediu pra que ela fosse embora; ela hesitou, mas foi.
Já não entendia o modo como vivia, ia de um lado pro outro sem contar os passos, eram tão compridos e confusos. Amava toda mulher que ficava, mas só na hora do sexo, queria viver tão paradoxalmente que criava algo que não era possível pra ele e bem que sabia. Estava tão entregue a esperança de amar alguem que viesse da lua, estava tão idiota a procura de um romantismo barato, já não fazia boas coisas. E os dias continuavam.
Descia degrau por degrau com os olhos marejados, estava triste, desesperado, o coração estava a ponto de explodir. Seu corpo tremia, suas mãos suavam – estava cada vez mais distante do que poderia ser naturalidade. Sentia falta de algo que não sabia, buscava esconder-se em algo que não deveria, tentava-se achar em cada lance de escada, jogado no canto, no reboco da parede, no corrimão enferrujado, nos bocais queimados no teto, no forro cheio de cupim, nos brindes sem gosto de vida, na vida com gosto de morte; onde ninguem houvera procurado.

2 comentários:

Angélica Maria disse...

'...nos brindes sem gosto de vida, na vida com gosto de morte; onde ninguem houvera procurado.'
É assim.

Luana disse...

" Estava tão entregue a esperança de amar alguem que viesse da lua, estava tão idiota a procura de um romantismo barato, já não fazia boas coisas. E os dias continuavam."

E você lendo minha alma.