terça-feira, 20 de outubro de 2009

Cocaína III


Acordei, dessa vez eu dormi, não tinha dinheiro pra muito, bebi muito pouco, cheirei menos ainda, logo, tive sono depois de tantos dias sem dormir e dormi.Até sonhei.
Sonhei com a Patricia, acordei com uma vontade do caralho de trepar, ela foi uma das melhores trepadas que tive na minha vida, era uma mulher incrível, inteligente, viera de um estado distante, formada em jornalismo, tentava a vida em São Paulo, mas jamais conseguiu ser uma pessoa bem sucedida, éramos de fato a contrapova da física em que os opostos se atraem, éramos muito parecidos, singelamente ela era capaz de tudo, sinceramente era uma pura vadia.
Certo dia estava bebendo em um bar na Vila Madalena, a vi de longe, era um tesão de mulher, muito bela, branca, bochechas rosadas, cabelo escuro, vermelho pintado, olhos verdes, tatuagem no pescoço, camiseta dos Beatles, bebia cerveja - eu adorava mulheres que bebiam cerveja - eu não era de se jogar fora, só estava, como sempre, com os olhos fundos, nariz coçando, medo de que escorresse algo do meu nariz, limpava de dez em dez minutos, ainda que não estivesse sujo. Peguei um cigarro, pus na boca, procurei incessantemente meu isqueiro, não encontrei, tirei o cigarro da boca, coloquei novamente na mesa, não tinha como acender. Ela percebeu, veio até minha mesa, com passos cautelosos, charmosa, uma calça jeans escura, apertada, mas era mais apertada ainda do joelho pra baixo, usava um tênis branco e tinha os cabelos lisos soltos. Não me disse nada, chegou perto, me ofereceu o isqueiro já aceso em sua mão. Fiquei estático.
Pedi pra ela sentar, me acompanhou em duas cervejas, ela questionou o por quê eu estar sozinho num lugar onde todo mundo tem companhia, por que eu não participava das rodas de conversa das mesas ao lado, e eu disse que morava por ali, a cidade no centro era muito solitária, as pessoas que estavam sentadas às mesas vinham de longe, traziam amigos, mas os moradores da região eram solitários, eu era muito solitário, talvez por isso tenha arrumado esta desculpa, talvez eu tivesse vergonha de falar que não tinha amigos, eu não tinha amigos e a questionei sobre ela estar só, ela me disse que por escolha, pedi a terceira cerveja, a quarta, queria cheirar, mas ficava tímido e ela me disse:
- queria um pó, você usa? Eu adoro cocaína, me deixa bem, feliz, faceira, me deixa com tesão, você gosta de mulheres que dão no primeiro encontro?
Eu fiquei com vergonha, confesso, mas a vergonha não me impediria de comê-la naquela noite, eu era novo, tinha uns 25 anos, tinha toda euforia do mundo, tinha todo tesão do mundo, tinha todo pique, toda droga que quisesse, talvez por eu ser calmo, de poucas amizades, era bem confiado na boca de fumo.
- eu gosto, na real não tenho muita percepção pra isso, a maioria das mulheres que saio, ou quase todas, fica muito louca e dá no primeiro encontro, e se você quer cocaína, vamos à minha casa, tenho um pouco aqui, toma, vá ao banheiro, mas cuidado, ponha na mão, cheire rápido e volte, deixe um pouco pra mim, a gente fica mais um pouco, toma uma cerveja e depois vamos pra casa.
Assim ela fez, ela voltou coçando o nariz e sorridente, me deu um beijo no rosto, colocou o restante na minha carteira de cigarros, fui ao banheiro, na esperança de que ela ainda estivesse na mesa quando eu voltasse, ela era tão linda, tão irreal, que eu achava que não era pra mim. Voltei, ela ainda estava lá, fomos à minha casa depois de mais três cervejas, pedi ao dono do bar que me vendesse mais algumas, me vendeu junto ao litro de conhaque, tomamos algumas cervejas, cheiramos, não conseguimos transar, meu pau não subia, ela chupava, mas nada de render, a masturbei, ela gozou, fiquei acordado, ela conseguiu dormir, dormiu lindamente, rosto rosado, branca, como uma princesa. Mal via a hora da minha brisa passar, pra acordá-la e comê-la, tentei dormir, não consegui, tomei mais conhaque, tomei muito conhaque, tomei todo conhaque. Chapei, dormi, acordei antes dela, na real eu não a entendia, ela não cheirava?
Como ela conseguia dormir tanto? Acordou insaciável, me pegou, fez tudo comigo, o melhor sexo que já tive na vida, eu não queria deixar que ela fosse embora. Pediu mais coca, era insaciável tambem com a droga, éramos de fato um pro outro, trepamos mais umas nove vezes aquele dia, ela disse que precisaria ir pra casa, eu a pedi pra morar comigo, eu disse que a amava, ela sorriu e disse que voltaria mais tarde, pra mais diversão.
Não consegui dormir mais, dessa vez não pela droga, mas pela moça, não exatamente pela moça, mas pelo sexo da moça. Ela fodia tão bem quando as bonecas infláveis que tivera sem nunca ter tocado, sei disso, porque jamais abriu a boca pra falar merda, ela falava tudo que eu adorava ouvir enquanto fodiamos.
Ficamos mais alguns dias indo à minha casa, quase dois meses entre encontros, drogas e muita putaria, me convidou pra ir à sua casa, um purgueiro, uma merda de lugar, não tinha contato com ninguem, não havia família, ela jamais falara de família comigo.



Imagem: Marianna Rafaella!

4 comentários:

Marianna Rafaella disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Patricia, é?
hum.

Anônimo disse...

Patricia, é?
Hum.

norteña disse...

chega a ser sensível a forma com que descreves. adoro.