Um homem caminha,
e quase que não da pra acompanha-lo.
Há pessoas sujas no caminho e alguns mendigos.
Com seu violão à espera da nota perfeita no case,
continua a caminhar.
Deus, ele diz, há algumas pessoas famintas,
e ele então, tira seu violão da caixa.
Os pássaros em coral.
As mulheres com suas saias a se levantar.
Os bares com alguns mortos, outros nem tanto.
Mortos e meio-mortos.
Sua mulher corre à beira da praia.
Ele está saudoso.
Eis que surgem algumas notas,
e a musica diz: hey, hey, my, my...
É Neil Young no seu violão semi-acustico.
Um livro do Stendhal dentro da caixa do violão.
Outro de Ferlinghetti.
E ele toca seu violão bem alto.
As pessoas continuam sujas.
As saias das mulheres começam a descer.
Todo mundo sabe,
Todo mundo vê:
que os acordes destoados,
que a desafinação da saudade.
Não tem conserto ali.
E não terá senão, à beira da praia. Correndo acompanhado.