sábado, 13 de novembro de 2010

Vida, morte e merda seca.

Não me disseram jamais a finalidade de trabalhar. Não acordo cedo há décadas, às duas e meio que estou a viver. Não gosto de ser um empregado quando sei que meu dom não é esse. Beber e fumar o inferno é o que tem sido repentinamente exclusivo, isso não me falta, nem às vésperas do despertador que tilinta meu cérebro que dói, depois de beber e fumar o inferno e dormir duas horas diárias. E ao chegar à empresa me dizem: para com isso, Téo. Isso um dia lhe matará. – e quem disse que eu to fugindo dessa desgraça toda? Um câncer, uma cirrose ou um enfisema seria somente uma batalha que eu adoraria por à prova. Ou você pode ou não pode. Daí vem o diagnóstico, ou melhor, o prognóstico – ou se é forte ou se é fraco, pra qualquer um dos dois, o protocolo tem um só resultado: a vida ou a morte que não têm diferença alguma de merda seca.
Você passa a vida toda procurando por explicações pra essa causa, e entre tantas organizações não governamentais, não há nenhuma que te dá assistência mortal. Seria ótimo ter um lugar que te desse coragem pra seguir em frente caso quisesse desistir. Corda, facas, 38, casa com gás encanado, sem janelas, abrir e boom... Estourar seu cérebro com a mesma coragem que encara um copo de cerveja. As pessoas são hostis e burras demais, não há ninguém que encare com naturalidade a perda da vida. Um aborto, uma legalização de droga, qualquer droga, e a política vai acompanhando esse processo de banalização da inteligência, não há um nesse mundo, quem vá contra os princípios caóticos, se preferir; católicos e delinqüentes. Minha mulher me diz que a morte é doída e ingrata e eu a esbofeto toda vez que blasfema em vão. Falar da vida pode, afinal, todo mundo sabe o sentido que essa coisa mais-ou-menos traz pra quem passa, injustiça, trabalho, mulheres apaixonadas e broxadas. Às mulheres deixo minha lápide, ao bar minha conta, aos amigos minha ausência e ao demônio o desafio: tenta sorte.

Um comentário:

Fogo na tigela. disse...

Se eu fosse querer me matar cada vez que me deparasse com uma pessoa burra ou hostil, eu nem teria nascido.